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10 Transição para o euro

Durante o ano de 1997, os trabalhos preparatórios para a transição para a moeda única aceleraram de forma considerável. Em todos os Estados-membros da UE, à excepção da Dinamarca12, foram criados organismos

de coordenação ad hoc e definidos cenários pormenorizados para a transição, foi organizada a coordenação entre as instituições e as partes interessadas e preparado um quadro legal adequado a fim de complementar a legislação comunitária relevante. O IME continuou a acompanhar de perto a evolução relativa à transição, por forma a avaliar se as diferenças nos trabalhos preparatórios para a transição entre os Estados-membros, devidas a ambientes desiguais a nível das organizações e infra-estruturas locais, podem ter implicações para a condução da política monetária única a partir de Janeiro de 1999.

Na área financeira, os preparativos para a transição continuam a ser estimulados por um processo concorrencial, envolvendo os operadores de mercado e centros financeiros, quer a nível interno dos países, quer a nível transnacional. O IME e os BCN conduziram um diálogo contínuo com as respectivas comunidades bancárias e outros operadores dos mercados financeiros sobre questões relacionadas com a introdução do euro. O princípio orientador aplicado pelas autoridades monetárias consiste em atribuir em primeiro lugar aos próprios operadores de mercado a responsabilidade pelas acções de coordenação relacionadas com a transição, estando porém preparadas a prestar apoio, sempre que necessário. O IME e os BCN encorajaram assim os operadores de mercado a considerar a adopção, na União Monetária, de uma normalização orientada pelos mercados.

Nas reuniões entre o IME e os representantes das associações bancárias e financeiras ao nível da UE, foram consideradas, entre outras, as seguintes questões:

a substituição nos contratos de preços de referência que venham a perder significado económico após o início da União Monetária. A partir do início da Terceira Fase, cessará a publicação de taxas nacionais de base pelos BCN, às quais deixarão de se realizar transacções pelos bancos centrais. Os legisladores nacionais poderão aprovar regras vinculativas destinadas a substituir essas taxas obsoletas por novas taxas de referência (de preferência entre as que vierem a ser publicadas pelo SEBC), caso tal seja considerado apropriado;

a substituição das actuais taxas interbancárias (por ex. BIBOR, FIBOR, HELIBOR, MIBOR, PIBOR, RIBOR, etc.) por novas definições de taxas indicativas publicadas para toda a área do euro. Embora a publicação a nível da área do euro daquelas taxas locais não possa ser legalmente proibida, o IME e os BCN encorajaram as associações bancárias e os mercados monetários e cambiais que operam na futura área do euro a procurar uma definição conjunta de indicadores para toda a área do euro. Em 1997, em resposta a esta mensagem de política, a Federação Bancária da União Europeia e a associação profissional de cambistas (conhecida por ACI - Associação dos Mercados Financeiros) anunciaram a sua intenção de calcular e publicar um indicador de taxas interbancárias para toda a área do euro, que será conhecido por EURIBOR13.

O IME apoiou também a criação de padrões de mercado comuns para os

1 2 Na Dinamarca, têm sido desenvolvidos trabalhos

com vista a preparar a situação da Dinamarca como Estado-membro que beneficia de uma der- rogação.

13 A Associação Inglesa de Bancos anunciou a sua

mercados monetários e cambiais de toda a área do euro. As publicações do IME sobre o enquadramento operacional para a política monetária única forneceram aos operadores de mercado interessados informação sobre os procedimentos dos mercados monetários e cambiais a seguir pelo SEBC. Esta informação tornou-se o foco natural para a adaptação dos padrões nacionais e para a elaboração de novos padrões comuns a nível europeu.

Além disso, o IME proporcionou aos mercados uma explicação mais clara relativamente aos pontos que se seguem:

os métodos de cotação do euro nos mercados cambiais;

a publicação pelo BCE de taxas de câmbio de referência;

o calendário de dias úteis para a condução de operações de política monetária e para o funcionamento do TARGET.

A este respeito, as associações bancárias e financeiras a nível de toda a UE submeteram ao IME uma “Declaração conjunta sobre as convenções de mercado para o euro”, que enumera os padrões de mercado a serem aplicados nas transacções e liquidações nos mercados monetários, obrigacionistas e cambiais do euro. A declaração conjunta salienta que é desejável uma harmonização das convenções de mercado do euro, uma vez que promoveria a liquidez e a transparência nos novos mercados e evitaria confusões e litígios envolvendo transacções e liquidações em euro. O Conselho do IME acolheu com agrado e apoiou esta iniciativa, salientando que a adopção destas convenções promoveria a integração e asseguraria maior transparência nos mercados financeiros do euro.

O IME apoiou ainda as associações bancárias e financeiras a nível da UE na criação de uma taxa overnight efectiva para

a área do euro, conhecida por EONIA (índice overnight médio do euro). Os participantes de mercado salientaram que os cálculos privados de uma taxa overnight efectiva seriam problemáticos devido à sensibilidade da informação que seria necessário fornecer por cada banco individualmente para o cálculo dessa taxa. Neste contexto, o Conselho do IME decidiu preparar o cálculo dessa taxa pelo SEBC. Assim, o SEBC será responsável pelos aspectos de cálculo da taxa de referência, com base no painel e metodologia fornecidos pelas associações bancárias para a EURIBOR. As associações bancárias serão responsáveis pela publicação da taxa de referência. Estão em curso discussões entre o IME e as associações relevantes a fim de acordar um procedimento comum.

O IME reconheceu a necessidade de um símbolo codificado distinto para a moeda única e expressou o seu apoio ao símbolo E proposto pela Comissão Europeia como logotipo para o euro. Um símbolo para identificar o euro está de acordo com a utilização habitual de abreviaturas na linguagem escrita. Fornece-se também um sinal distintivo a utilizar em listas de preços e outros documentos incluindo valores monetários que podem ser particularmente úteis durante a fase de transição. O IME encoraja a inclusão do símbolo E no conjunto de caracteres padrão largamente utilizado na indústria da tecnologia da informação.

Uma secção especial sobre as questões relacionadas com a transição foi incluída na informação fornecida na página do IME na rede da Internet (http://www.ecb.int). Por forma a apoiar todas as entidades envolvidas na preparação para a transição, o IME aperfeiçoou a distribuição de informação relevante. Para além dos documentos sobre as questões relacionadas com a transição, aprovados pelo Conselho do IME em 1997, a página da rede inclui uma bibliografia e uma lista de mais de 200 ligações a outras páginas da rede que oferecem

especificamente informação sobre a transição para a moeda única. As ligações dividem-se em onze categorias: bancos centrais; instituições da UE; governos nacionais; associações dos sectores bancário e financeiro; instituições de crédito; bolsas; sistemas de liquidação de títulos e sistemas de pagamentos; associações de empresas, comércio e serviços; empresas de consultoria empresarial; questões relacionadas com a tecnologia da informação; jornais, boletins informativos, revistas e bibliografias; e outros. Para cada ligação é fornecido um resumo da informação disponível na respectiva página. Esta informação é actualizada regularmente, fornecendo assim uma fonte de informação conveniente a todas as entidades envolvidas na preparação para a transição.

Em resposta à crescente procura por parte do público de confirmações relativamente a aspectos específicos da transição, de forma a apoiar os trabalhos preparatórios, o Conselho do IME e o Conselho da UE decidiram, no dia 4 de Novembro de 1997, que as notas e moedas de euro seriam postas em circulação em todos os países participantes a partir de 1 de Janeiro de 2002. Esta decisão foi tomada depois de cuidadosamente consideradas todas as opções possíveis, incluindo a possibilidade de diferentes datas de introdução nos diversos países participantes. Foi realizada uma vasta ronda de consultas, quer a nível nacional, quer a nível da UE, envolvendo todas as partes interessadas.