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Políticas monetárias no restante período da Segunda Fase

3 Perspectivas económicas e desafios

3.2 Políticas monetárias no restante período da Segunda Fase

Durante os restantes meses da Segunda Fase, o objectivo primordial das políticas monetárias nos onze países seleccionados para participar na área do euro consiste em assegurar a manutenção, em toda a área do euro, da actual conjuntura geral de estabilidade dos preços, proporcionando ao SEBC um ponto de partida favorável.

Tal como é salientado na Secção 2, a maioria dos países escolhidos para participar na área do euro já regista taxas de juro de curto prazo que se encontram estreitamente alinhadas, num nível baixo. As condições observadas nos primeiros meses de 1998 permitiram a consolidação firme desta

posição comum, enquanto que os restantes membros têm conseguido manter a tendência decrescente das suas taxas de juro directoras. Esta situação sugere o aparecimento de uma orientação de política monetária comum de facto nos países seleccionados para a área do euro, num contexto de preços e de taxas de câmbio geralmente estáveis. O mais tardar no final de 1998, as taxas de juro de curto prazo desses países terão convergido para um nível comum, compatível com o objectivo de manutenção da estabilidade de preços na área do euro.

Este padrão global de convergência das taxas de juro de curto prazo é compatível com uma situação na qual as taxas de câmbio de mercado entre os países seleccionados para participar na área do euro são, na véspera do início da Terceira Fase, iguais às taxas de câmbio bilaterais pré-anunciadas, as quais serão utilizadas na determinação das taxas de conversão irrevogáveis em relação ao euro (ver Anexo). As taxas de câmbio bilaterais pré-anunciadas são compatíveis com os fundamentos económicos e com a convergência sustentável.

O enquadramento institucional da evolução acima referida tem naturalmente sofrido alterações. A confirmação nos dias 2 e 3 de Maio de 1998 pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros que irão adoptar a moeda única anuncia o início da fase final da transição para a Terceira Fase, a qual inclui o estabelecimento do SEBC e do BCE e a liquidação do IME. Durante o restante período da Segunda Fase, o Conselho do BCE e a Comissão Executiva do BCE concluirão os preparativos necessários para a condução da política monetária única na área do euro, a partir de 1 de Janeiro de 1999 (ver Capítulo 2). Entretanto, os bancos centrais nacionais participantes conservarão os respectivos poderes em termos das política monetárias nacionais. As alterações institucionais decorrentes do estabelecimento do SEBC e do BCE constituem um enquadramento

adequado no qual os bancos centrais nacionais participantes poderão colaborar estreitamente na coordenação das respectivas políticas monetárias nacionais, a fim de alcançar o objectivo primordial de manutenção da estabilidade dos preços na área do euro. Além disso, de acordo com o disposto no artigo 44.º dos Estatutos do SEBC/BCE, o BCE assumirá as atribuições

do IME que ainda necessitam de ser executadas na Terceira Fase da UEM, dada a existência de Estados-membros que beneficiam de uma derrogação. O Conselho Geral do BCE será responsável pelas relações com os bancos centrais nacionais dos Estados-membros não participantes na área do euro.

Caixa 2

Características da área do euro

A 2/3 de Maio de 1998, com base numa Recomendação do Conselho e de acordo com o Parecer do Parlamento Europeu, o Conselho - reunido a nível de Chefes de Estado ou de Governo - decidiu por unanimidade que onze Estados-membros, Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia cumpram as condições necessárias para a adopção da moeda única a partir de 1 de Janeiro de 1999. Estes países participarão, assim, na terceira fase da União Económica e Monetária.

O quadro apresentado abaixo, mostra diversos indicadores que evidenciam algumas das principais características da área do euro. Este quadro faz uma comparação inicial para o ano de 1997 (ou seja, o último ano com informação disponível) entre a área do euro, a UE-15, os Estados Unidos e o Japão, descrevendo, em termos gerais, a “posição de partida” da área do euro. No entanto, os valores apresentados são estimativas recolhidas de diversas fontes; ainda no decurso do presente ano ou posteriormente, f icarão disponíveis dados agregados mais completos, baseados em estatísticas recentemente compiladas. Em termos globais, os dados mostram uma mudança significativa em relação à conjuntura anteriormente observada em cada país da UE. A introdução do euro criará uma área que será muito semelhante aos Estados Unidos, em termos de dimensão da economia interna e grau de abertura.

Relativamente à população, com cerca de 290 milhões de habitantes, a área do euro é ligeiramente maior do que os Estados Unidos e mais do dobro do Japão. Num contexto global, trata-se de uma “grande economia interna”, cuja percentagem no PIB mundial é de cerca de 20%, tendo, assim, um poder de compra considerável, apenas igualado pelos Estados Unidos. As exportações intra-área do euro representam quase 17% do total das exportações mundiais. Excluindo estas exportações intra- -área, a área do euro ainda representa cerca de 20% das exportações mundiais e, assim, a sua percentagem nas exportações mundiais é superior quer aos Estados Unidos quer ao Japão. Os padrões de produção são muito semelhantes aos dos Estados Unidos e Japão. Contudo, o sector dos serviços é menor do que nos Estados Unidos, mas maior do que no Japão, cuja economia é ainda caracterizada por um sector secundário relativamente predominante. Os dados relativos à receita e à despesa pública revelam que o sector público na área do euro é maior do que nos Estados Unidos ou Japão e a despesa pública corresponde a cerca de 50% do PIB. Os rácios das exportações e das importações em relação ao PIB da área do euro, ambos situados ligeiramente acima de 10%, sugerem que o grau de abertura da área do euro (após correcção do comércio intra-área) é semelhante ao dos Estados Unidos e Japão. Este padrão contrasta com a natureza típica de cada país da UE, ou seja economias pequenas ou médias, com um rácio médio das exportações ou das importações em relação ao PIB de cerca de 25% (embora se verif iquem diferenças assinaláveis entre os países da área do euro). Os valores relativos aos títulos da dívida, capitalização do mercado bolsista e activos bancários revelam que o

peso conjunto dos mercados financeiros na área do euro é signif icativo, embora o peso relativo de cada país varie. Em comparação com os Estados Unidos e o Japão, o peso dos mercados accionistas e de títulos de dívida é menor e a importância relativa do sector bancário é muito maior.

Tomando em consideração algumas variáveis macro-económicas recentes, o crescimento real do PIB no conjunto da área do euro foi de 2.5% em 1997. Reflectindo diferentes posições no ciclo económico, o crescimento do PIB em 1997 foi muito diferente do registado nos Estados Unidos e Japão. A inflação na área do euro, medida com base no índice harmonizado, situou-se em 1.6%, isto é semelhante à do Japão, mas inferior à dos Estados Unidos. A taxa de desemprego foi consideravelmente superior quer à dos Estados Unidos, quer à do Japão. As taxas de juro nominais de curto e longo prazo eram, no quarto trimestre de 1997, mais baixas do que nos Estados Unidos. Os valores médios da dívida e do défice público nos países da área do euro foram de 75.2% e 2.5%, respectivamente (registando-se diferenças consideráveis entre os Estados-membros); em média, estes rácios foram superiores aos dos Estados Unidos, mas inferiores aos do Japão (cujo rácio da dívida ascendeu a quase 100%). Por último, o saldo da balança de transacções correntes, no conjunto da UE, registou um excedente, que foi menor do que o observado no Japão, e que compara com um déf ice nos Estados Unidos.

Área Estados do euro UE-15 Unidos Japão

Área (a) 1 000 Km2 2 365.0 3 234.2 9 372.6 377.8

População milhões 290.4 374.1 267.9 126.0

PIB (em % do PIB mundial) (b) % 19.4 24.6 19.6 7.7

PIB nominal ECU

mil milhões 5 548.1 7 132.3 6 896.5 3 708.4 Sectores de produção (c)

Agricultura, pesca e silvicultura % do PIB 2.4 2.4 1.7 2.1 Indústria (incluindo construção) % do PIB 30.9 30.0 26.0 39.2

Serviços % do PIB 66.7 67.6 72.3 58.7

Sector público administrativo

Total das receitas correntes % do PIB 47.0 46.3 36.7 32.6 Total das despesas % do PIB 49.6 48.7 37.0 36.0 Exportações de bens (d) % do PIB 12.3 9.2 8.1 8.8

Importações de bens (d) % do PIB 11.0 8.6 10.6 6.9

Exportações

(em % das exportações mundiais) (e) % 19.5 . 14.8 9.7

Títulos da dívida (f) ECU mil milhões 5 347.1 6 632.5 8 450.4 4 071.9

% do PIB 102.7 102.8 157.2 103.7

Capitalização no mercado bolsista (g) ECU mil milhões 1 620.7 2 889.4 5 244.0 2 804.4

% do PIB 31.1 44.8 97.6 71.4

Activos bancários (h) ECU mil milhões 10 082.5 12 479.7 4 211.0 6 217.3

% do PIB 202.8 201.2 74.6 157.4

Crescimento real do PIB % 2.5 2.7 3.8 1.0

Inflação do IPC (i) % 1.6 1.7 2.3 1.7

Taxa de desemprego

(em % da população activa) % 11.6 10.6 4.9 3.4 Taxa de juro de curto prazo (j) % 4.4 5.1 5.6 0.7

Taxa de juro de longo prazo (j) % 5.7 5.9 5.9 1.7

Sector público administrativo

Excedente (+) ou défice (-) % do PIB -2.5 -2.4 -0.3 -3.4 Dívida bruta (k) % do PIB 75.2 72.1 63.1 99.7

Saldo da balança de transacções

correntes % do PIB 1.7 1.2 -1.9 2.2

Principais características da área do euro, 1997

Fonte: Comissão Europeia (previsões da Primavera de 1998), salvo indicação em contrário. (a) Fonte: EUROSTAT.

(b) 1996; a preços correntes e em paridades do poder de compra.

(c) 1993; a preços correntes. Fonte: OCDE, Estatísticas Históricas, 1960-1995.

(d) 1996. Fonte: EUROSTAT. Os dados referentes à área do euro excluem o comércio intra-área do euro; os dados para a UE-15 excluem o comércio intra-UE-15.

(e) 1996; excluindo exportações intra-área do euro.

(f) 1995. Fonte: FMI, ”International Capital Markets”, Novembro de 1997. Títulos da dívida nacional e internacional por nacionalidade do emitente. Cálculos do IME.

(g) 1995. Fonte: FMI, ”International Capital Markets”, Novembro de 1997. Cálculos do IME. (h) 1994. Fonte: FMI, ”International Capital Markets”, Novembro de 1997. Cálculos do IME. (i) Área do euro e UE-15: média anual, inflação do IPCH.

(j) 1997 T4. Fonte: dados nacionais. Cálculos do IME.

Capítulo II

T r a b a l h o s p r e p a r a t ó r i o s

p a r a a T e r c e i r a F a s e