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ESTILOS DE PENSAMENTO DOS AUTORES DAS PESQUISAS SOBRE A

3 A EPISTEMOLOGIA DE FLECK NA COMPREENSÃO DAS TESES,

3.3 ESTILOS DE PENSAMENTO DOS AUTORES DAS PESQUISAS SOBRE A

Após o levantamento das temáticas dos trabalhos realizamos uma nova classificação, em que as temáticas puderam formar as categorias de compreensão. Tais categorias surgem na intenção de constituir e situar as dimensões em que as pesquisas apresentam semelhanças e diferenças em torno do tema ES na escola, ou seja, apontar níveis de sintonia entre as publicações.

A definição das categorias identificadas baseou-se no proposto por autores de referência nas discussões sobre a ES na escola, como: Almeida (2012), Candeias (1997), Carvalho e Jourdan (2014), Mohr (2002), Saboga-Nunes (2014), Sorensen (2013) e também pelo disposto em documentos oficiais.

Conforme a Política Nacional de Promoção da Saúde (2010) do Ministério da Saúde são consideradas ações específicas de Promoção da Saúde: a alimentação saudável; a prática corporal e atividade física; a prevenção e controle do tabagismo; a redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool ou outras drogas; a redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito; a prevenção da violência e estímulo à cultura de paz e a promoção do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010).

Seguindo esses princípios, as temáticas que se encaixam na categoria da “Promoção da Saúde” são: Saúde Ocular; Saúde Mental; Saúde e Ambiente; Violência; Políticas Educacionais; Educação Escolar e Hospitalar; Segurança;

Educação Física; Saúde Bucal; Esporte e Atividade Física;

Drogas/Álcool/Fumo/Sono; Ação Inter Setorial; Programas de Saúde; Educação Sexual; Alimentação e Promoção da Saúde. Portanto esta categoria representa 53,33% do total das pesquisas analisadas.

Os autores Saboga-Nunes et al. (2016, p. 59) demonstram a importância das Escolas Promotoras de Saúde para o desenvolvimento da ES ao apontarem que suas ações incluem “o currículo formal e informal em saúde, a criação de um ambiente escolar saudável, a prestação de serviços de saúde apropriados e o envolvimento da família e comunidade ampliada nos esforços promotores de saúde”. Para os autores o conceito de Promoção da Saúde envolve a:

Capacidade de atualização sobre questões de saúde; capacidade de compreender a informação relacionada com a saúde e o seu significado; capacidade de interpretar e avaliar as informações sobre questões relacionadas com a saúde; capacidade de formar uma opinião consciente sobre questões de saúde (SABOGA-NUNES et al., 2016, p. 70).

Sorensen (2013) em seus estudos sobre o tema da ES propõe os conceitos de Autocuidado e de Prevenção de Doenças. Entre os textos analisados apareceram 16,66% que se encaixam na categoria “Autocuidado”: Fisioterapia; Corpo; Fonoaudiologia, Psicologia e Saúde Docente. Silva et al. (2009, p. 699) definem autocuidado como:

Uma atividade do indivíduo apreendida pelo mesmo e orientada para um objetivo. É uma ação desenvolvida em situações concretas da vida, e que o indivíduo dirige para si mesmo ou para regular os fatores que afetam seu próprio desenvolvimento, atividades em benefício da vida, saúde e bem- estar.

O conceito autocuidado assemelha-se ao conceito de cuidado de si, porém Silva et al. (2009, p. 702) distinguem os dois, ao definir que:

(...) o autocuidado está vinculado ao objetivismo do processo saúde- doença, enquanto o cuidado de si encontra-se permeado pelo subjetivismo do referido processo. Respectivamente, um termo nos conduz ao condicionamento do ser humano a um plano assistencial que dita como o mesmo irá se adaptar a uma situação vivida; o outro está centrado no diálogo com a pessoa, reconhecendo como única conhecedora da situação vivida. Por tal motivo, é necessário implementar um plano de cuidados pautado na vivência do outro, buscando a sua qualidade de vida.

Conforme Lieder et al. (2016, p. 137) “o cuidado tem relação com estilos e hábitos de vida, que necessitam ser acompanhados e orientados pela equipe, prevenindo a instalação da doença”. Esses autores reafirmam a importância da atuação dos profissionais da Saúde como condição para o sujeito alcançar o Autocuidado. Os autores Hansen, Coser e Garces (2016, p. 154) também compartilham a ação dos profissionais da Saúde como educadora, uma vez que entendem que “pela diversidade regional, cultural, social e econômica que encontramos nas comunidades nas quais o profissional atua e/ou atuará é extremamente necessário que este seja também o (co)responsável pela prevenção às doenças”.

Na categoria “Prevenção de Doenças” aparecem as temáticas: Antropometria; Conceitos de Cura/Doença/Higiene e Doenças Crônicas, ou seja, 10% do total das pesquisas. Alguns pesquisadores da área, como Piasetzki et al. (2016, p. 107) sinalizam a abordagem da prevenção das doenças no ensino escolar como algo construtivo do conhecimento em Saúde, uma vez que consideram a adolescência como:

[...] um período adequado para se colocar em prática medidas preventivas, com objetivo de impedir que os maus hábitos alimentares adquiridos pelos estudantes persistam por toda a vida adulta. Realizar estudos sobre o assunto em questão e retornar os resultados aos estudantes pode contribuir de alguma forma para a prevenção de futuros problemas de saúde.

As mesmas autoras ainda acrescem que “o diagnóstico precoce de alguns hábitos impróprios pode evitar uma série de complicações se ocorrerem mudanças nos hábitos alimentares e estilo de vida, bem como possibilitar a construção de saberes escolares” (PIASETZKI et al., 2016, p. 116). A Prevenção de Doenças por fazer parte do currículo escolar, e também dos conhecimentos com foco na Saúde; fortalece o trabalho de ES na escola ao mesmo tempo em que promove a interação entre o sujeito e os saberes científicos.

Essas 3 categorias que foram expostas (Promoção da Saúde, Prevenção das Doenças e Autocuidado) correspondem ainda ao proposto por Saboga-Nunes e Sorensen (2013) como domínios da Saúde essenciais para a qualidade de vida. Os autores Saboga-Nunes et al. (2016, p. 62), apontando nesta mesma direção, colocam que:

A procura da saúde (quer seja pela via da cura ou prevenção da doença) ou a sua promoção, levam-nos para a busca das origens da saúde quando se coloca a ênfase na conscientização, isto é, na ação consciente em prol da promoção da saúde.

Além disso, por perceber a presença de temáticas que discutiam a Saúde por meio de temas, propusemos a categoria “Abordagem por Temas”, identificada a partir das temáticas: Obesidade; Envelhecimento; Desempenho Escolar; Distúrbios de Aprendizagem; Currículo e Inclusão (20%). Optamos por definir a Abordagem por Temas como categoria, frente ao respaldo teórico dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que consideram a presença das temáticas no ensino como

oportuno, uma vez que sugerem a abordagem da Saúde como Tema Transversal; e também apoiados em pesquisadores do campo da Saúde e do Ensino de Ciências, como Gobbo, Krieger e Busato (2005, p. 1418) consideram que a “organização do trabalho das áreas em torno de temas relativos à saúde permite que o desenvolvimento dos conteúdos possa se processar regularmente e de modo contextualizado”.

O estudo feito até aqui evidenciou os diferentes temas abordados nas publicações, bem como as categorias de compreensão emergidas destes. Também demonstrou a existência de circulação de ideias, aproximações teóricas entre as pesquisas e seus autores, bem como seus estilos de pensamento. O último subcapítulo a partir dessas análises identifica os possíveis coletivos de pensamento dos trabalhos científicos.

3.4 COLETIVOS DE PENSAMENTO DOS AUTORES DAS PESQUISAS SOBRE A