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3. MÉTODO DO TRABALHO

3.2 Estratégia de pesquisa

O delineamento da pesquisa envolve planejamento, através da análise e da interpretação realizadas a partir da coleta de dados, considerando o ambiente onde são coletados os dados e suas formas de análise (GIL, 1999). A abordagem dos dados desta pesquisa é pautada pela utilização do método predominantemente qualitativo.

Conforme Minayo (1999) a pesquisa qualitativa vai em um nível de realidade que não é possível se usar em números, é um universo de significados que só pode ser estudado e compreendido em sua própria realidade e vivência. Esta perspectiva qualitativa é justamente o que se propõe nesta pesquisa, que visa compreender crenças, valores, processos, relações de fenômenos.

Muitos cientistas e pesquisadores aceitam que o conhecimento unicamente objetivo sem que as percepções, crenças e valores do pesquisador influenciem no trabalho é uma falácia, assim a objetividade que se pode esperar é a exposição à crítica dos pares na comunidade científica (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

A opção metodológica escolhida para este estudo que se encaixava nas possibilidades para investigar o problema de pesquisa dentro da realidade da pesquisa qualitativa foi o estudo de múltiplos casos. Apesar de levar no nome a multiplicidade, o problema é o mesmo para todos os casos, que serão analisados individualmente, mas se agregam para dar mais contribuição à compreensão do fenômeno, os casos se complementam e se alinham para oferecer uma visão mais ampla e profunda (PATAH e CARVALHO, 2009), principalmente neste estudo sobre as alterações culturais em organizações que participam de redes interorganizacionais.

Yin (2005) afirma que o estudo de caso é uma investigação de um contexto social, quando o fenômeno não pode ser destacado de sua realidade onde este acontece. Já em Stake (2000) o estudo de caso é descrito como uma estratégia de pesquisa interessada em casos individuais. Neste autor existem três tipos de estudos de caso: intrínseco (buscando compreender um caso apenas por suas características individuais), instrumental (onde o interesse é buscar em um caso a interpretação que possa oferecer explicação para outros casos parecidos, explicações para um tema específico ou para refutar explicações já oferecidas anteriormente), e o coletivo (onde a pesquisa busca diversos casos para um fenômeno único). Nesta linha de pensamento, este estudo é coletivo, buscando responder a um único fenômeno através de mais de um caso.

Para ser mais completo, o estudo de caso precisa estar centrado em algumas informações que devem ser delineadas ao longo da pesquisa e descritas no estudo, oferecendo ao leitor e à comunidade uma caracterização do caso explicitando a natureza do caso, o histórico, o contexto físico, econômico, político, estético, social, os informantes do caso, as respostas oferecidas pelo caso (STAKE, 2000).

Outro fator que indica o estudo de caso como método desta pesquisa é devido ao reduzido número de questões, problemas. Não que isto faça do estudo de caso menos interessante, mas justamente as investigações nesta modalidade são questões temáticas, buscando compreender relações complexas, situadas em determinado assunto e por isto mesmo o estudo de caso é relevante.

A participação do pesquisador no campo para a coleta de dados é essencial, cobrindo um período de tempo de observação de tudo que ocorre, com audição e visão apuradas para captar o que acontece ao redor e mesmo através de perguntas, coletando documentos, artefatos, imagens, relatos nos diários de campo; tudo o que for possível para conseguir responder às questões que emergem como foco da pesquisa.

A pesquisa qualitativa busca a qualidade em seus resultados, podendo validar seus debates através da teoria, dos construtos a serem estudados, do instrumento sendo válido a priori ou por métodos de triangulação e pela possibilidade de consultar os envolvidos no processo para obter informações sobre a precisão e relevância das formas de coleta dos dados (SYKES, 1990).

Neste sentido, a pesquisa qualitativa, enquanto pesquisa social, visa privilegiar a fala dos atores sociais, dar voz ao indivíduo, permitindo compreender a realidade humana por meio dos discursos de como os indivíduos percebem e entendem o mundo (FRASER e GONDIM, 2004).

Nos estudos de valores organizacionais, usualmente duas abordagens são utilizadas: estudar os valores oficiais da organização através dos discursos, relatórios, documentos, contexto através de estudos qualitativos; ou utilizar métodos quantitativos que estudam os valores de acordo com a percepção dos indivíduos da organização (TAMAYO; MENDES; PAZ, 2000).

De acordo com esta visão dos métodos para a pesquisa de valores organizacionais, YIN (2005) afirma que o estudo de caso é uma estratégia definitiva para as situações em que o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos, quando o foco é em um contexto natural e contemporâneo. Ainda que o estudo de caso às vezes busque informações no passado, através de lembranças e documentos para compreender a atualidade. O estudo pode ser completo, devendo assim buscar compreender o antes e o durante, com uma base teórica científica e documental.

Depois é preciso seguir para o estudo de campo, ainda que a verdadeira pesquisa comece já nas leituras sobre o tema, familiarizando o pesquisador com suas questões de pesquisa. Com diferentes informantes, o pesquisador busca a qualidade de informação, para que sua pesquisa tenha maior profundidade, até ter

literatura, escrever o máximo possível e transcrever o mundo real tão rico em percepções para o mundo das palavras (ROCK, 2001).

Utilizando da pesquisa de campo ou observação, referindo-se a estar inserido na realidade, ter contato face a face com os sujeitos da pesquisa, interagir com eles (SERVA e JAIME JR., 1995). O pesquisador precisa compreender que está entrando em um papel de aprendiz, passando a ser aluno de uma nova realidade, e os elementos do grupo é que o ensinarão o contexto.

Apesar da observação ser um dos métodos importante, o pesquisador pode, de acordo com as necessidades do estudo, complementar a pesquisa com levantamento de dados por outras fontes como documentais, entrevistas informais, bem como imagens fotográficas, de acordo com Serva e Jaime Jr. (1995), toda a pesquisa e dados de acordo com a ética e mantendo o respeito pelos sujeitos de pesquisa.