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3. MÉTODO DO TRABALHO

3.3 Técnicas de coleta de dados

Destarte, através de uma pesquisa exploratória, qualitativa e estudo de caso, o presente trabalho busca verificar o papel das redes interorganizacionais nos valores organizacionais; para tanto a pesquisa qualitativa usa de observação, além de possíveis verificações de documentos e entrevistas.

O uso da documentação, segundo Yin (2005), é uma importante fonte de dados que pode trazer informações que venham a corroborar outros dados adquiridos através de outras fontes. A importância da documentação está no tempo que ela pode relatar com fidedignidade, estando como testemunho de como era no passado e como é hoje, além de uma minuciosa análise dos papéis, da cultura e dos valores da organização expostos na sua forma de desenvolver, organizar e armazenar os documentos.

Todavia as entrevistas são uma fonte de dados onde o investigador solicita respostas mais direcionadas para os temas chaves da pesquisa; um veio de evidências para o estudo de caso que deve ser bem construído para trazer à tona as

respostas de acordo com a realidade do entrevistado e não direcionadas pelo entrevistador (YIN, 2005).

Por fim a observação direta como a visita aos locais de estudo, realizando observações e evidências, provê informações adicionais do contexto conforme este ocorre. Corroborando com os dados coletados através de entrevistas e documentos, a observação traz informações que venham a demonstrar a realidade dos sujeitos pesquisados. Os sujeitos desta pesquisa são as organizações e a rede interorganizacional em que estas estão inseridas, seus colaboradores e o contexto organizacional, bem como a estrutura interorganizacional da rede e a relação com cada um de seus nós organizacionais.

Apesar de o método qualitativo ter muitas vantagens, como o fato de dar voz aos sujeitos, procurando compreender a realidade através dos olhos destes, também é preciso reconhecer que há certo etnocentrismo no trabalho de campo (CAVEDON, 1999). Isto ocorre devido ao fato de que o pesquisador não consegue absorver todos os acontecimentos ao seu redor durante a observação de campo, realizando recortes do que é possível observar, selecionando e interpretando aquilo que se salienta dos demais fatos, ocorrendo um tanto de etnocentrismo. Ainda outro ponto crítico é que muito da pesquisa depende da relação de sensibilidade entre pesquisador e sujeitos, devendo haver empatia entre as partes para fornecer dados ricos, pois a empatia entre as partes influencia muito a coleta de dados. E por fim, é preciso pensar no tempo, pois a profundidade que um estudo exige não suporta um estudo com tempo escasso, e as categorias que emergem no campo precisam em algum momento ser extinguidas pelo pesquisador, pois é preciso tomar ainda tempo para analisar os dados, o que leva tempo, mesmo empregando ferramentas modernas de auxilio para analisar os dados ou transcrever (CAVEDON, 1999).

Buscando transpassar os obstáculos pertinentes da metodologia, como todo método o estudo de caso também possui os seus, mas devido aos pontos positivos que agregam qualidade à pesquisa e se encaixam nos propósitos deste estudo, buscou-se um cronograma e uma clareza para evidenciar a pesquisa que será realizada e procurar o melhor aproveitamento do método.

A pesquisa ocorreu entre os meses de Junho e Outubro de 2013. Neste período foram feitas visitas às 3 redes selecionadas de acordo com o tamanho e região dentro do alcançável e que responderam ao contato de forma aberta, conforme os contatos prévios que foram feitos via website ou telefone, que

aceitaram receber a pesquisa e abrir as informações sobre a rede para esta. Em todas as redes houve um cronograma parecido, que será detalhado mais em cada caso, onde havia o contato preliminar para explicar a pesquisa e verificar se a rede aceitava participar, após então eram feitas visitas na sede da rede, geralmente este primeiro momento com o presidente da rede ou mesmo com a secretária executiva, onde era realizadas observações do local, conversas informais sobre a história da rede, e a pesquisadora pôde checar alguns documentos como atas de reuniões, estatutos, entre outros. Desta observação se seguia geralmente outra mais estruturada, já com algumas perguntas específicas para identificar pontos sobre a rede que não tinham ficado claros anteriormente, e nova observação do local de trabalho da rede, seu funcionamento in loco. Quando possível, havia um espaço nas reuniões gerais da rede onde a pesquisadora podia participar para ver a interação dos associados, bem como apresentar a pesquisa que futuramente contaria com a participação de alguns destes. Este primeiro momento foi anotado através das observações, com o máximo de detalhes possível sobre o local, os acontecimentos, preferencialmente durante o acontecimento ou, em alguns casos, após o término deste.

Após as observações iniciais criou-se um roteiro de entrevista semiestruturado, com perguntas abertas a serem respondidas por alguns associados da rede, de acordo com a disponibilidade e interessem em participar. As entrevistas se davam no local da organização associada, onde a pesquisadora podia observar a empresa, conhecer o local e os funcionários, e realizar a entrevista com o gestor e associado da rede interorganizacional. As entrevistas foram gravadas e transcritas durante o período de coleta de dados.

Todo o material observado e as entrevistas foram então enviados para dentro do software NVivo 10, onde então foram novamente analisados em conjunto, com as categorias de análise já criadas após as observações das redes para a construção das entrevistas, mais as categorias de análise que surgiram durante as entrevistas e foram julgadas pertinentes. Através da análise do conteúdos destes materiais, foi possível responder à pergunta que direciona este trabalho e a compreensão dos casos estudados.

Figura 5 – Redes participantes

Fonte: elaborado pela autora.

Como demonstrado na Figura 5, as redes interorganizacionais estudadas, que estão descritas no próximo tópico, participantes do estudo tinham tamanhos de associados variados, além de serem de setores diversificados e regiões de abrangência diferentes. Em cada rede foram feitas as observações, entrevistas informais com presidente e secretárias executivas, análise de documentos. Além disto, nas Redes A e B foram feitas entrevistas com três associados em cada e na Rede C, com dois associados.

O Quadro 2 representa os dados coletados, demonstrando resumidamente as redes que foram pesquisadas e as suas organizações que participaram da pesquisa também, bem como alguns dados relevantes de cada uma.

REDE ASSOCIADOS ORGANIZAÇÂO TEMPO NA REDE

REDE CNS (10 anos) 19 associadas

Associada 1 (E1) 2 anos Associada 2 (E2) Fundadora Associada 3 (E3) 8 anos

REDE RBE (8 anos) 37 associadas

Associada 4 (E4) Fundadora Associada 5 (E5) Fundadora Associada 6 (E6) 6 anos

REDE IMOBILIÁRIAS (7 anos) 11 associadas Associada 7 (E7) 4 anos Associada 8 (E8) fundadora

Quadro 2: Redes caso de estudo e associadas (entrevistados) Fonte: elaborado pela autora

No decorrer das observações muito do que é visto e observado pode não ser o foco da pesquisa, desta maneira cabe ao pesquisador identificar e analisar as passagens que contribuem para a compreensão do fenômeno, através da interpretação das anotações do pesquisador, da transcrição da realidade, formando o corpus de análise. O pesquisador tem o papel fundamental de fazer o caminho de interpretar os dados colocando-os de frente com a literatura, criando assim as teorias que serão o resultado do trabalho.

Conforme Geertz (1989), através do respeito à diferença busca-se olhar a realidade do outro, investigando as possíveis abordagens. A observação consta do contato direto do pesquisador com a realidade do seu objeto de pesquisa, a inserção no contexto que está sendo estudado.

Este estudo utiliza a pesquisa documental, a observação e as entrevistas com alguns atores das organizações, selecionados de acordo com o seu envolvimento com o problema de pesquisa na realidade do caso estudado. As entrevistas são um recurso semiestruturado para dar uma maior cobertura aos pontos de interesse que emergirem das observações e análise dos documentos. Partindo de um roteiro base, as entrevistas têm perguntas que podem se ramificar e aprofundar de acordo com a resposta dos entrevistados, existindo assim uma interação entre entrevistador e entrevistado.

Deve-se sempre ressaltar que o modelo construído pela pesquisa não é a única resposta possível, quando tem-se casos específicos. É sim uma hipótese a ser testada futuramente ao lado de outras hipóteses, isto é, uma alternativa para uma possível interpretação de um determinado fenômeno.