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Estratégias como diferencial competitivo para as empresas

PARTE I O ADMIRÁVEL MUNDO DO EMPREENDEDORISMO

4 CAPÍTULO IV – À PROCURA DA GESTÃO EMPREENDEDORA

4.2 Estratégias empreendedoras: construindo as bases e erguendo os pilares

4.2.1 Estratégias como diferencial competitivo para as empresas

As estratégias empreendedoras, dependendo de cada paradigma teórico, são fontes de ações que proporcionam uma gestão competente. O processo de estratégia estabelece plano, observa o fluxo do mercado, analisa o ciclo das operações, mensura resultados, reorganiza as rotinas, correlaciona as melhoras práticas administrativas, descobre fatores que determinan o sucesso (lucro e sobrevivência) das empresas (Sarkar, 2010).

O tema estratégia é atual e já foi muito discutido e trabalhado. Por questões de limitação desta tese, apenas serão trabalhados, a seguir, alguns conceitos de estratégias, os tipos de estratégias empreendedoras de Peter F. Drucker, as forças competitivas e as estratégias genéricas da indústria de Michael Porter (1991), adaptadas às atividades de indústria, comércio e serviços das micro, pequenas e médias empresas.

Por fim, o plano de negócio, que é um documento administrativo, se utilizado corretamente, permite conceber uma empresa que produza resultados e desempenhos favoráveis, pois os planos identificam onde as empresas estão e aonde querem chegar, ou seja, determinam os objetivos a serem alcançados, como alçançá-los, com que recursos, as adversidades que devem ser superadas, os meios possíveis, as melhorias incrementais ou radicais, orientação para o cliente, melhoria na logística e que proporcionam uma gestão empreendedora e inovadora (Hisrich e Peters, 2004).

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As empresas iniciantes ou já estabelecidas no mercado têm que incorporar no dia a dia os modelos e premissas da administração empreendedora. O empresário deve conhecer profundamente o ramo em que atua, buscar possibilidades para inovar com produtos que atendam as necessidades e desejos dos clientes, tomar decisões baseadas em informações relevantes e confiáveis, descobrir toda a cadeia de valor, desde o fornecedor até o consumidor final. Esses aspectos auxiliam na construção do plano de negócios e são fatores de permanência das empresas no mercado. Essa ferramenta – plano de negócio – define todas as atividades empresariais a serem desenvolvidas.

A conceituação de estratégia é muito complexa e de inúmeras definições para o enquadramento teórico (Santos, 2008: 111). Nesta tese, não será alargado o debate acadêmico nem serão esgotadas todas as pesquisas sobre estratégia; pelo contrário, limitar-se-á a definir brevemente o que é estratégia e, o mais importante e de forma proveitosa, como a estratégia deve ser utilizada na prática e quais os procedimentos necessários para obtênção de resultados positivos nas atividades empreendedoras.

As estratégias são válidas, quando produzem resultados significativos para as empresas, quando propõem alternativas, para que as organizações se mantenham no mercado muito competitivo, quando permitem visualizar os objetivos organizacionais ou quando sinalizam alterações necessárias, para que os empreendimentos tenham outra escolha nos momentos de crises e perturbações que envolvem o tecido empresarial.

Para que o conceito de estratégia seja percebido, é importante responder as questões de Peter Drucker (1986). Qual o nosso negócio? Qual poderia ser o nosso negócio? Independentemente da resposta, provavelmente serão várias respostas. Toda criação de uma empresa ou um empreendimento estabelecido tem uma strategy. A estratégia formal, sistêmica geralmente é encontrada nas grandes corporações; já nas micro e pequenas empresas, na maioria das vezes, as estratégias formalizadas e escritas são poucas, entretanto nessas empresas, em princípio, existem estratégias informais estruturadas na “mente” do proprietário, sem um plano escrito e organizado, sublinha Filion (1999b: 12).

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“o plano de ação administrativo para conduzir as operações da empresa. Sua elaboração representa um compromisso para adotar um conjunto específico de ações por parte dos gerentes visando ao crescimento da empresa, atrair e satisfazer os clientes, competir de modo bem-sucedido, conduzir operações e melhorar o desempenho financeiro e de mercado. Portanto, ela tem tudo a ver como o modo – como os gerentes pretendem fazer a empresa crescer, como conseguirão clientes fiéis e suplantarão os rivais, como cada área funcional (pesquisa e desenvolvimento, atividades da cadeia de suprimentos, produção, vendas e marketing, distribuição, finanças e recursos humanos) será operada e como o desempenho será melhorado. (Thompson Jr, Strickland III e Glamble, 2008: 10)

Estratégia é “um conjunto de decisões tomadas por uma empresa, definidas a partir de objectivos hierarquizados, articulados entre si e coordenadas ao longo do tempo, num período médio ou longo prazo”, sublinha Echaudemaison (2001: 147).

As empresas devem utilizar as estratégias como uma maneira de manter-se no mercado. Os pequenos e médios negócios podem adotar as estratégias - mesmo informais e não sistematizadas, para assegurar melhores resultados, combater a concorrência, conseguir os objetivos propostos e profissionalizar a gestão das empresas.

As estratégias possibilitam que as empresas superem os crescentes desafios que o mercado impõe diariamente e as tornem mais capacitadas para formular e implementar ações para o atingimento dos objetivos. As estratégias devem ser flexíveis em virtude das alterações verificadas nos ambientes: tecnológicos, econômicos, legais, sociais.

Os autores Thompson Jr, Strickland III e Glamblen (2008: 13) afirmam que “uma estratégia vencedora precisa ajustar-se às situações externas e internas da empresa, criar vantagem competitiva sustentável e melhorar o desempenho da organização”.

As microempresas e as empresas de pequeno porte precisam, urgentemente, incorporar nas suas atividades administrativas os pressupostos que as estratégias oferecem. Não precisa ser de tal forma burocratizada, sistematizada como as grandes corporações, mas necessitam de uma estrutura que permita o empresário de pequeno porte visualizar como a empresa está sendo desempenhada, quais os resultados alcançados, como pode inovar sempre nas atividades desenvolvidas, ter uma visão do ambiente interno e externo a empresa.

Em suma, a estratégia formal e escrita, de certo modo, proporciona um gerenciamento mais eficiente e eficaz das empresas. As estratégias, ao fazerem parte das diretrizes das organizações, tornam possível que os empreendimentos sejam bem-sucedidos – lucro e

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sobrevivência. A Tabela 3 a seguir, retirada dos trabalhos de Santos (2008) e Kreisig, Springer e Petry (2000), identifica alguns autores e seus conceitos de estratégia.

Tabela 3 - Conceitos de Estratégia.

Vasconcelos e Sá

(1996) A estratégia tem a ver com “onde” combater o inimigo (que no caso das organizações é a concorrência) enquanto a táctica tem a ver com “como” combatê-lo.

Adriano Freire (1997) A disposição das tropas como vistas a alcançar a vitória sobre o inimigo, disposição

essa que se traduz na “formulação de um plano [qual plano de campanha militar] que reúne, de forma integrada, os objectivos, políticas e acções da organização, tendentes a criação de uma vantagem competitiva sustentada.

Abreu (2002) A estratégia é a necessidade impiedosa de se obter uma vantagem sobre o Outro e de

que a medida derradeira do sucesso estratégico deve ser o lucro.

William Glueck (1988) Estratégia pode ser definida como o plano destinado a assegurar que os objectivos centrais da organização sejam alcançados.

Rumelt, Schendel e Teece (1994)

Estratégia consiste em criar as condições susceptíveis de assegurar uma renda económica, bem como a descoberta de formas de garantir a sua sustentabilidade. Wit e Meyer (1998) Estratégia é a linha de actuação de uma organização, destinada a atingir os seus

propósitos. Johnson e Scholes

(2002) Estratégia é entendida como a direcção e o âmbito de actuação de uma organização no longo prazo.

Kenichi Ohmae (1982) Estratégia é uma via para alcançar, de forma tão eficiente quanto possível, uma vantagem sustentável sobre a competição.

Kenneth Andrews

(1980)

Estratégia é o padrão de objectivos e das principais políticas para os alcançar, expressos de maneira a definir em que negócio a empresa está ou deverá estar, e o tipo de empresas que é ou deverá ser.

James Brian Quinn

(1980) Estratégia é essencialmente como um padrão de decisões, relativas aos principais objectivos, políticas e sequência de acções, altamente potenciadoras de efeitos sobre a viabilidade e orientação da empresa como um todo, ou que determinam o seu posicionamento competitivo por um período dilatado de tempo.

Henry Mintzberg

(1978) Distingue a estratégia intencionada ou desejada da estratégia efectivamente realizada, definindo a primeira como um plano, um caminho, uma direcção, um guia ou uma linha de acção para o futuro; e a segunda como o padrão num conjunto de decisões e acções.

Michael Porter (1985) Porter (1999)

A estratégia (competitiva) consiste na busca, por uma organização, de uma posição competitiva favorável numa indústria (…) contra as forças que deteminam a competição e rentabilidade nessa indústria.

Estratégia é a criação de compatibilidade entre atividades da empresa.

Hiroyuki Itami (1987) Estratégia é aquilo que determina a estrutura de actividades da organização, bem como

as linhas orientadoras da coordenação daquelas, em ordem a assegurar a adaptação da organização ao seu meio envolvente em constante mutação.

Ansoff e McDonnel

(1993) Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do comportamento de uma organização. Certo e Peter (1993) Estratégia como curso de ação com vistas a garantir que a organização alcance seus

objetivos.

Fonte: Ipsis litteris do trabalho de Santos (2008: 112-119); Ipsis litteris do trabalho de Kreisig, Springer e Petry, (2000).