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6.1 Estratégias de ensino sobre RCP-N para enfermagem

A produção científica referente às estratégias de ensino e aprendizagem da Ressuscitação Cardiopulmonar Neonatal para enfermagem é vasta, porém a exploração de estudos experimentais, bem delineados, que comparam a utilização de métodos de ensino tradicionais e métodos ativos, participativos e inovadores, neste âmbito demonstrou-se incipiente (LEÓN et al., 2015).

Ademais, em grande parte, os estudos apresentaram nível de evidência 6, considerando artigos descritivos, que relataram a abordagem de uma estratégia educativa para RCP neonatal em determinada realidade (CAROLAN-OLAH et al., 2016; CAROLAN-OLAH et al., 2018; CHARAFEDDINE et al., 2016; PERLMAN et al., 2017 REED et al., 2017; SHEE; GLEESON, 2018; VAIL et al., 2017; VAIL et al., 2018; WILSON et al., 2017).

Em menor número foram identificados estudos quasi-experimentais (ASHISH et al., 2017; BULL; SWEET, 2015; CORDOVA et al., 2018; DRAKE et al., 2019; MALMSTRÖM et al., 2017; SETO et al., 2017; UMAR; AHMAD; JOBLING, 2018) e estudos experimentais randomizados (BRITO et al., 2017; ROVAMO et al., 2015; SAEIDI; GHOLAMI, 2017), contudo apenas um estudo experimental (SAEIDI; GHOLAMI, 2017) demonstrou resultado estatisticamente significativo quanto à efetividade da estratégia educacional escolhida para o ensino da RCP-N.

Esta realidade justifica a necessidade do aprofundamento sobre a temática, por meio do desenvolvimento de estudos experimentais, bem delineados, que apresentem desfechos mais conclusivos sobre a efetividade de uma abordagem educativa em comparação com outras, subsidiando as melhores práticas para a escolha das instituições e educadores (SAEIDI; GHOLAMI, 2017).

Foram elaboradas três categorias diante dos achados, a saber: (1) Estratégias de ensino e aprendizagem sobre RCP neonatal; (2) Efetividade das estratégias de ensino e aprendizagem sobre RCP neonatal; (3) Lacunas no processo de ensino e aprendizagem quanto a estratégia utilizada para RCP neonatal.

Dentre as principais estratégias de ensino e aprendizagem sobre RCP neonatal, destacou-se a Simulação, seja a realizada em laboratório de habilidades em instituições de ensino (ASHISH et al., 2017; CAROLAN-OLAH et al., 2016;

CAROLAN-OLAH et al., 2018; MALMSTRÖM et al., 2017; REED et al., 2017; ROVAMO et al., 2015) ou in-situ (BRITO et al., 2017; VAIL et al., 2018).

Abordagens inovadoras para educação em enfermagem sugerem que o uso de simulação pode ocasionar maior aquisição de conhecimento, confiança e habilidades sem comprometer a segurança do paciente, porém, embora haja a apresentação de resultados favoráveis na adesão desta estratégia, mais evidências são necessárias, para avaliar as lacunas existentes entre teoria e prática e a eficácia da simulação, principalmente no contexto neonatal (PARRY; FEY, 2019).

A simulação in-situ apontou a aplicação de metodologias específicas para o processo de ensino e aprendizagem da Ressuscitação Neonatal, com enfoque no método “PRONTO” (VAIL et al., 2017; VAIL et al., 2018).

A metodologia PRONTO é empregada por uma instituição sem fins lucrativos e possui uma abordagem educativa in-situ para o ensino da Ressuscitação Neonatal que visa superar a lacuna do desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes dos socorristas, com abordagem de baixo custo, de forma realistica e adaptadas a realidade cultural e econômica do local ao qual é empregada, sendo majoritariamente desenvolvida em locais com recursos limitados em todo o mundo (HEALTHY NEWBORN NETWORK, 2021).

O primeiro componente deste treinamento aborda o ensino dos líderes de equipe, após ocorre a capacitação das equipes no próprio ambiente de trabalho, em seguida há a simulação com atores e manequins, enfatizando o trabalho em equipe e a comunicação durante o atendimento de emergência, com utilização de estações de habilidades e aprendizagem baseada em casos (VAIL et al., 2018).

Estudo transversal de abordagem quantitativa, realizado com 658 enfermeiros em Bihar, na Índia, avaliou o impacto de uma simulação in-situ para Ressuscitação Neonatal, baseada na metodologia “PRONTO”, identificando que, o processo de ensino e aprendizado realizado por meio deste método, foi capaz de desenvolver as habilidades essenciais dos profissionais quanto a Ressuscitação Cardiopulmonar, porém é ainda necessária uma avaliação mais profunda desta estratégia (VAIL et al., 2018).

Em seguida, também houve destaque para o Curso “The Helping Babies Breathe” (HBB) (ASHISH et al., 2017; CORDOVA et al., 2018; DRAKE et al., 2019; MALMSTRÖM et al., 2017; PERLMAN et al., 2017; SETO et al., 2017; WILSON et

al., 2017). O curso “The Helping Babies Breathe” é o primeiro módulo de um programa denominado “Helping Babies Survive”, introduzido em mais de 80 países, e configura uma estratégia educacional baseada em evidências pertencente à Academia Americana de Pediatria (AMERICAN ACADEMY OF PEDRIATRICS, 2019).

A maioria dos artigos publicados em países com poucos recursos referiam-se ao programa Helping Babies Breathe, que tem como objetivo ensinar as etapas iniciais da reanimação neonatal a serem realizadas no “Minuto de Ouro” (CORDOVA et al., 2018) e que foi justamente desenhado para esses locais, ou seja, países em desenvolvimento ou com poucos recursos, com aprendizado prático, utilização de simulador NeoNatalie da Laerdal® e cujo material teórico pode ser acessado gratuitamente no site da American Academy of Pedriatrics (AMERICAN ACADEMY OF PEDRIATRICS, 2019). Os materiais abordam temas como preparativos para o parto, avaliação inicial do RN, passos iniciais de estabilização, etapas A e B da RCP-N, reprocessamento de equipamentos básicos de RCP-N e orientações aos formadores (AMERICAN ACADEMY OF PEDRIATRICS, 2021).

A segunda categoria abordou a efetividade das estratégias de ensino e aprendizagem sobre RCP neonatal. Em geral, todas as estratégias de ensino e aprendizagem abordadas nesta pesquisa, apresentaram-se efetivas para melhorar conhecimentos, habilidades, confiança, liderança e trabalho em equipe para a Ressuscitação Neonatal, porém os estudos com desfechos mais conclusivos (BULL, SWEET, 2015; CHARAFEDDINE et al., 2016; LEÓN et al., 2015; SHEE, GLEESON, 2018; UMAR; AHMAD; JOBLING, 2018) apontam a importância de associar as estratégias de ensino para a efetividade do desenvolvimento de competência clínica em enfermagem quanto a Ressuscitação Cardiopulmonar, maximizando o aprendizado.

Corroborando com esta afirmação, estudo transversal de abordagem quantitativa, realizado com 45 profissionais da equipe multidisciplinar de dois hospitais Australianos, sobre Ressuscitação Neonatal, utilizou como estratégia de ensino e aprendizagem um programa educacional denominado NeoResus, que associa uma plataforma online de aprendizagem, curso presencial e aplicação de cenários simulados, demonstrando-se efetivo para o aumento da confiança dos profissionais envolvidos, que apontaram a associação de metodologias como o

principal fator da melhora no aprendizado (BULL, SWEET, 2015; LEÓN et al., 2015). Apesar de demonstrarem-se efetivas, as estratégias educacionais descritas nesta RI, revelam também lacunas no processo de ensino e aprendizagem para RCP neonatal, com destaque para a dificuldade de profissionais e estudantes em reter o conhecimento sobre RCP neonatal a longo prazo (ASHISH et al., 2017; BULL, SWEET, 2015; CAROLAN-OLAH et al., 2016; CAROLAN-OLAH et al., 2018; CORDOVA et al., 2018; DRAKE et al., 2019; LEÓN et al., 2015; MALMSTRÖM et al., 2017; PERLMAN et al., 2017; REED et al., 2017; ROVAMO et al., 2015; SETO et al., 2017; VAIL et al., 2018; WILSON et al., 2017).

Nesta perspectiva, pesquisa experimental, randomizada, realizada em um hospital Americano, com o objetivo de avaliar a eficácia e a frequência ideal da capacitação para RCP in-situ, concluiu que, é necessário realizar sessões curtas de capacitação in-situ, a cada 3 meses, para obter efetividade quanto à retenção de conhecimento e habilidades (SULLIVAN et al., 2015).

Um estudo de revisão integrativa que objetivou responder se existe um método de capacitação mais eficaz para melhorar a retenção de conhecimento em RCP por parte dos enfermeiros, em comparação com o capacitação tradicional realizado pela American Heart Association, sugeriu que, a implementação de um plano de ensino que empregue breve capacitação, de forma frequente e repetitiva, com associação de simulação para melhorar a retenção de conhecimento ao longo do tempo (SULLIVAN, 2015).

Embora a adoção de estratégias de ensino apropriadas para a aprendizagem da RCP-N não sejam responsáveis exclusivamente pela qualidade deste processo, investir no conhecimento e exploração de novas possibilidades, pode provocar uma reflexão por parte de instituições de ensino e saúde, em relação às suas práticas e gerar mudanças, permitindo a elaboração de novas concepções pedagógicas que tenham impacto na assistência neonatal (REED et al., 2017; VAIL et al., 2018; WILSON et al., 2017).

Em suma, faz-se importante compreender que, independente da

estratégia de ensino e aprendizagem adotada para a Ressuscitação

Cardiopulmonar, o método escolhido pelo educador precisa abranger aspectos cognitivos, procedimentais e atitudinais, essenciais na construção do processo ensino-aprendizagem neste âmbito e indissociáveis na concepção do produto final, a

aprendizagem significativa para a enfermagem (KAWAKAME; MIYADAHIRA, 2015). Os dados com relação a distribuição e quantidade de artigos publicados, em caráter mundial, nos permite observar que há uma demanda eminente em relação a produção de pesquisa sobre RCP-N no mundo, tanto para países desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento, onde os recursos são escassos e as ações de capacitação em RCP-N se fazem extremamente importantes e necessárias para a redução da morbimortalidade neonatal (BERKELHAMER; KAMATH-RAYNE; NIERMEYER, 2016).

É possível observar que a maioria dos estudos são decorrentes de programas de capacitação de instituições de saúde ou programas do governo com o intuído de capacitar os profissionais, sendo a estratégia de ensino mais utilizada para o ensino da RCP-N a simulação. É importante ressaltar a necessidade de se perpetuar tais iniciativas e estende-las a nível de formação profissional, elaborando estudos com melhores níveis de evidência.

No Brasil não houve artigos publicados sobre essa temática no período estudado, o que sustenta e reforça a necessidade de se desenvolver pesquisas atualizadas na área da enfermagem sobre RCP-N baseada na diretriz internacional.

6.2 Videoaula e vídeo de simulação de atendimento como