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4. PROGRAMAÇÃO DE ENSINO EM DANÇA EDUCATIVA VOLTADA A CRIANÇAS

4.8 Estratégias de ensino

De forma geral, as crianças com deficiência física não possuem comprometimentos cognitivos acentuados. Sendo assim, são utilizadas estratégias que envolvem as adaptações de atividades e exercícios para que todos possam participar efetivamente do que está sendo proposto durante a sessão. Afinal, o professor deve refletir e reconhecer se o participante conseguirá atingir suas metas e qual a melhor forma para isso.

As estratégias de ensino dependem de cada professor. No caso desse estudo, enfatizou-se o estilo da descoberta guiada, em que o participante explora novos conceitos a partir do questionamento do profissional que converge para o descobrimento do conceito desejado, seguindo um planejamento prévio (GOZZI; RUETE, 2006), respeitando as necessidades individuais e proporcionando a participação efetiva das crianças com deficiência física, no caso específico desse estudo.

Concomitantemente, alguns aspectos devem ser refletidos para o planejamento das estratégias de ensino, como por exemplo, se as sessões serão individuais ou em grupo e quais apoios serão ministrados aos participantes (assistência física, demonstração ou instrução verbal). Quando a sessão é individual, as oportunidades de interação com o outro, por exemplo, ficam limitadas entre professor e aluno. Já as sessões em grupo possibilitam a interação com o outro com mais riqueza e as relações interpessoais são oportunizadas. Quanto aos apoios, é importante que o profissional auxilie o participante sempre que necessário, caminhando para que as assistências físicas diminuam gradativamente, intensificando a frequência de demonstrações visuais e instruções verbais. Aos poucos, espera-se que as demonstrações visuais também diminuam, minimizando também a necessidade de instruções verbais. Além do mais, as atividades devem seguir uma progressão do mais simples para o mais complexo.

Ao refletir sobre a deficiência física e as estratégias/adaptações realizadas no decorrer das atividades, quando há crianças que conseguem deambular com ou sem auxilio de dispositivos, o professor possivelmente desenvolverá inúmeras atividades nos níveis baixo, médio e alto, podendo os participantes explorar movimentos sentados, em pé ou abaixados. Quando há crianças que fazem uso de cadeira de rodas, estas poderão participar da mesma atividade com a cadeira, deslocando-se pelo espaço, levando em consideração o centro do corpo e mostrando a intenção dos níveis. O professor também

poderá propor atividades mais próximas ao chão (nos níveis baixo e médio) para que a criança experimente novas movimentações sem a cadeira de rodas, dispositivo auxiliar que faz uso diariamente. Há que atentar-se também, que provavelmente as atividades serão desenvolvidas mais próximas ao chão para todo o grupo, independentemente da característica, pois crianças com deficiência física tendem a cansar-se e/ou queixar-se de dores em atividades que permaneçam longos períodos em pé. Assim, a aula seria desenvolvida nos níveis baixo e médio, mas haveria a possibilidade de explorar todos os níveis a partir do centro do corpo.

A tática de propor atividades próximas ao chão é de responsabilidade do professor, quem deverá verificar e identificar, a partir das características dos alunos e no decorrer do programa, se há essa necessidade ou não de modificar a situação. A proposta não é restringir-se às atividades próximas ao chão, mas sim, desenvolver o conteúdo da maneira em que todos possam participar, realizando e compreendendo os significados e os movimentos.

Quanto ao deslocamento pelo espaço, os alunos poderão utilizar os níveis de espaço baixo, médio e alto. O professor poderá propor que todos os alunos se desloquem primeiro com os dispositivos auxiliares, em seguida, solicitar que se desloquem sem estes. Nesse caso, poderão ser encontradas crianças que não conseguem se deslocar em pé, assim, o professor poderá solicitar que cada um se desloque da forma como quiser e, em outro momento, solicitar que todos se desloquem no nível baixo (próximos ao chão), para se movimentem no mesmo nível.

Ao desenvolver cada nível de espaço, a princípio, o nível baixo é relacionado a movimentos bem próximos ao chão (deitar, rolar, rastejar, engatinhar), o nível alto é associado aos movimentos em pé e saltos, enquanto o nível médio é considerado um nível intermediário, representando um meio termo entre estar em pé e deitado, tal como andar com o tronco curvado. Entretanto, quando há alunos que não conseguem deslocar- se em pé ou que estão em uma cadeira de rodas, como poderão ser desenvolvidos os níveis de espaço? O professor deverá explicar que os níveis estão relacionados ao centro do corpo de cada indivíduo (região do quadril), quando o centro do corpo está mais próximo ao chão é o nível baixo, quando o centro do corpo está direcionado para cima seria o nível alto e quando centro está direcionado para região intermediária, define-se como nível médio. Assim, os níveis poderão ser desenvolvidos no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência física.

Com esse conhecimento dos níveis em posição sentada ou em pé, juntamente com as direções (frente, lado e trás) e com os lados direito e esquerdo, o professor terá a possibilidade de direcionar atividades com movimentos em níveis e direções específicas, para que o aluno possa compreender todas as possibilidades de movimentação do corpo no espaço, buscando explorar todo o ambiente.

Uma estratégia interessante seria solicitar a criação dos alunos a partir: de cada qualidade de cada fator, da junção das 2 qualidades de cada fator, de mais de um fator, e progressivamente agregar tais elementos até que sejam desenvolvidos todos os fatores com suas respectivas qualidades.

Atividades que envolvem criação e improvisação são fundamentais e importantes para avaliar se os alunos agregaram conhecimentos e se apropriaram de todo o conteúdo, em associação ao desenvolvimento da criatividade, podendo influenciar e desenvolver a expressividade corporal dos alunos.

Dessa maneira, haverá a possibilidade de desenvolver com os alunos movimentos mais criativos, menos restritos, respeitando sua individualidade, levando em consideração sua experiência corporal a fim de proporcionar a consciência no movimento.