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Implicações da deficiência física na infância

Ao tratar-se sobre deficiência física na infância, muito provavelmente, são designadas deficiências que são adquiridas ao nascer ou nos primeiros anos de vida, como por exemplo, a paralisia cerebral ou deficiências de origem congênita, como por exemplo, as malformações.

Independentemente da etiologia, é certo que ela acompanhará todo o crescimento e desenvolvimento do individuo, podendo influenciar na aprendizagem, nas

relações interpessoais e na realização de atividades diárias e físicas ao longo de sua vida, principalmente, durante a infância, fase em destaque nesse estudo.

Desde o nascimento, o bebê toca e explora seu corpo, alcançando primeiro as mãos no nariz e na boca e, mais tarde, nos pés. Essa ação desenvolve a percepção do seu corpo, baseado em sensações visuais, táteis e proprioceptivas. Após essa fase, a criança passa a se relacionar com o mundo a sua volta, desenvolvendo a orientação espacial. Todavia, um bebê que possui limitações acerca de sua mobilidade ou movimentos descoordenados, possuirá dificuldades em explorar seu corpo, influenciando no desenvolvimento de sua percepção corporal, que poderá ser desenvolvida com muita dificuldade ou depois de muito tempo (BOBATH, 1984).

Crianças que possuem alguma limitação motora, decorrente da paralisia cerebral ou de malformações congênitas, provavelmente, segundo Guerzoni et al. (2008), possuirão restrição da amplitude de movimento, alterações de tônus muscular e de sensibilidade. Essas restrições poderão interferir em atividades acerca da funcionalidade, envolvendo a limitação da participação em atividades domiciliares e escolares, como por exemplo, a alimentação, o banho, o vestuário, a higiene pessoal, a comunicação, a marcha, o brincar, a escrita, entre outras.

Essa limitação motora, associada ou não a alterações do tônus muscular ou de sensibilidade, influencia nos padrões básicos de movimentos acerca da forma e do tempo em que este demora a ser realizado, sendo esta uma movimentação diferente das crianças que possuem desenvolvimento típico. Assim, esses padrões de movimentos básicos devem ser ensinados e estimulados para que as crianças que possuem alguma limitação possam experimentar e vivenciar diversas situações motoras (GUERZONI et al., 2008; MATTOS, 2013).

Ao referir-se sobre crianças com deficiência física, a realização de atividades lúdicas dependerá do desenvolvimento cognitivo da cada uma, da maturidade socioemocional e, principalmente, das habilidades motoras, sendo um caminho, a adaptação de materiais e brinquedos de acordo com as necessidades de cada criança. Além disso, são necessários estímulos para que essas crianças brinquem com o próprio corpo e com seus pares com a finalidade de desenvolver as relações interpessoais, podendo estes estímulos ser realizados pelos pais e por profissionais da área da saúde e/ou da educação (ANDERSON, 2007).

Com relação a esses estímulos que permitem a melhoria do quadro da criança com deficiência física, podem ser descritas diversas possibilidades, como por exemplo,

as que envolvem a atuação de profissionais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, professores da escola regular, profissionais da área da Educação Física, entre outros. Ressalta-se que, independentemente do profissional, este deve compreender e entender a situação que se encontra a criança, pois quase sempre, essas possuem menos oportunidade de se movimentar; além disso, deve atentar-se acerca de suas características físicas, emocionais e sociais, para que seja realizado um trabalho adequado e qualificado.

Segundo Greguol (2010) e Mattos (2013), a atuação interdisciplinar desses profissionais é importante, pois a criança se desenvolve de acordo com o seu potencial e os estímulos recebidos, desenvolvendo mais facilmente várias funções e as experiências motoras fundamentais. Estas últimas, segundo as autoras, são importantes serem desenvolvidas junto às crianças com deficiência física desde o nascimento, devendo ser ensinadas por meio de profissionais qualificados, com a finalidade de proporcionar o desenvolvimento das capacidades e das habilidades motoras, dos padrões básicos de movimento e de coordenação.

Dentre as diversas possibilidades de estímulos realizadas pelos profissionais da área da saúde citadas anteriormente, verifica-se o desenvolvimento e melhoria acerca dos aspectos motores, sociais e emocionais das crianças com deficiência física.

Outros estudos e demonstram benefícios da intervenção de atividades em meio aquático para crianças com deficiência física. O estudo de Rosa et al. (2008), apontou melhorias acerca do desenvolvimento motor, principalmente, a habilidade envolvendo o equilíbrio; o estudo de Rossi e Munster (2012), apontou melhorias acerca da autonomia, segurança, relações sociais e autovalor, sendo estes, aspectos valorativos do autoconceito; já Teixeira-Arroyo e Oliveira (2007) apontaram melhorias acerca da funcionalidade das crianças, envolvendo progressos com: a marcha, o equilíbrio, a postura, o passar da posição deitada para sentada e o mudar de posição na cama.

Brianezere et al. (2009) e Freire, Paula e Nabeiro (2010) realizaram estudos envolvendo programas de equoterapia para crianças com deficiência física. O primeiro estudo citado avaliou as habilidades funcionais das crianças, verificando melhorias acerca do desempenho funcional. Já o segundo estudo citado, avaliou o desempenho de habilidades motoras e dos aspectos afetivos, verificando melhoria na postura e nos comportamentos interativos e emocionais da criança.

Além das atividades citadas, a dança também pode proporcionar benefícios às crianças com deficiência física. De acordo com Mauerberg-deCastro (2005), esses

benefícios envolvem aspectos motores, intelectuais, psicológicos e sociais, pois: facilitam o desenvolvimento, a reabilitação e/ou a reeducação do gesto motor; relacionam e desenvolvem os aspectos motores, melhorando na postura, na coordenação, no ritmo, na movimentação articular e no corpo como um todo; proporcionam melhora na autoconfiança e na imagem corporal; aprimoram a comunicação, a cooperação, a inter-relação pessoal.

Ferreira (2000) apresentou em seu estudo contribuições da dança para as pessoas com deficiência física, justificando por meio das possibilidades de movimentos diferentes, do desenvolvimento do autoconhecimento e da exploração de várias formas de comunicação, que influenciam na ampliação do conhecimento do movimento e na descoberta de habilidades motoras que auxiliam nas atividades diárias.

Em suma, a dança pode contribuir para a melhoria do quadro das crianças que possuem deficiência física, pois esta pode proporcionar estímulos que poderão facilitar e auxiliar no crescimento e no desenvolvimento, envolvendo aspectos motores, emocionais e sociais. Além disso, poderá proporcionar melhorias na amplitude de movimento, nas capacidades e habilidades motoras e na aquisição de movimentos que auxiliam em atividades diárias (domiciliares e escolares), influenciando positivamente na funcionalidade dessas crianças.