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Capítulo 6. Compreensão dos atores sociais sobre a Alternância: uma formação construindo novos temas, a sustentabilidade presente

4. Estruturação do Trabalho

Este trabalho, em sua estrutura formal, é organizado em duas partes interligadas: a primeira privilegia a discussão da Educação do Campo por meio das políticas educacionais brasileiras. Esta parte refere-se ao primeiro capítulo, no qual estas políticas são situadas historicamente no contexto das constituições brasileiras, visando subsidiar a análise sobre a conjuntura atual. Para esta análise, toma-se o debate do Movimento de Articulação Nacional por uma Educação do Campo como referência, em torno das mudanças por outra política educacional.

Também como elemento para subsidiar a discussão, é brevemente abordada a política para a educação básica, da década de 1990 no Brasil, pontuando algumas dimensões e as marcas dos embates para o seu desenvolvimento, no que concerne à do Campo, por meio das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo.

Visando complementar a discussão, é feita uma análise sobre a configuração do cenário regional, no âmbito do Pará, privilegiando alguns momentos para a divulgação/implementação das Diretrizes, por meio dos Seminários Estaduais das Diretrizes Operacionais, promovido pelo MEC, assim como por parte da Secretaria de Educação do Estado e do Fórum Paraense de Educação do Campo, nesse processo de busca por outra política educacional.

Na segunda parte, é analisado o Programa da Pedagogia da Alternância da Transamazônica, em Uruará, abordando os capítulos II, III, IV, V, VI e VII. No segundo capítulo, é pontuado o conceito de alternância, procurando situar o contexto geral de seus fundamentos, das tendências e das especificidades

Para essa compreensão, considera-se algumas referências documentais e empíricas da realidade, a configuração estrutural e conjuntural do Programa, em suas diversas relações, com o Estado e com as Instituições públicas, como Secretarias de Educação, Conselho Estadual de Educação e Universidade. Busca-se apontar os nexos entre as diretrizes do Programa e as falas dos alunos, pais e monitores.

No terceiro capítulo, é feita a descrição da trajetória do Programa de Alternância das Maisons Familiales Rurales, relacionando-a com o contexto brasileiro das experiências das Casas Familiares Rurais (CFRs), dando o recorte para o cenário no Estado do Pará.

No quarto capítulo, são pontuadas algumas considerações sobre o conceito de sustentabilidade, tendo como compreensão a importânciada da ecologia no conhecimento, na cultura escolar, motivando os jovens para a importância da responsabilidade sobre a preservação da biodiversidade e da reprodução da vida humana, de uma forma contextualizada. Faz-se uma breve reflexão sobre a importância da relação entre sustentabilidade, educação e o espaço regional na cultura escolar, tecendo alguns pontos sobre a colonização da Transamazônica, sobre o papel do Movimento pela Sobrevivência da Transamazônica (MPST), em torno da educação das Casas Familiares Rurais (CFRs).

No quinto capítulo, faz-se um estudo sobre o Programa de Alternância da Casa Familiar Rural de Uruará, Transamazônica, Pará, nos âmbitos de suas diretrizes documentais, de sua operacionalidade e da – articulação – com o Movimento Social pela Sobrevivência da Transamazônica e Xingu, na encruzilhada e complexidade de seu contexto, de uma área de fronteira, para apreciação de seus resultados.

No sexto capítulo, esse Programa é estudado, também, a partir da opinião dos entrevistados que o integram e das implicações decorrentes.

Põe-se em destaque, nesses dois últimos capítulos, a importância de referências teóricas e empíricas para uma compreensão do movimento, da natureza das finalidades e da prática do Programa das CFRs. Para tanto, destaca-se as informações, entre os Planos de Alternância, o instrumental pedagógico, a metodologia, a relação pais, monitores e educandos, a relação desta Casa Familiar Rural com o Estado do Pará e alguns resultados desta experiência.

Ainda nesse capítulo sexto, procura-se mostrar a avaliação e as perspectivas dos alunos envolvidos, procurando respeitar as suas compreensões. Assim, vale privilegiar o conteúdo de suas falas e o significado atribuído por esses educandos à experiência de Alternância, seja nas atividades escolares, seja nas atividades das unidades familiares produtivas. Também tenta-se fazer uma relação entre as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e o fazer pedagógico do Programa de Alternância das CFRs no decorrer dos capítulos, considerando o contexto que lhe sustenta.

No sétimo capítulo, considerando a importância das demandas dos pais e alunos, pontua-se algumas reflexões, com recorte para as proposições em torno do processo de construção/reconstrução do Programa das CFRs, inclusive a dimensão política de seus

pressupostos. Como ponto de partida deste trabalho, o compromisso, como registra Chartier (2005, p. 24) é saber como pensar uma nova maneira para a escola e o trabalho educativo, em uma sociedade em que prevalece valores antiéticos. É necessário “[...] se desfazer da representação escolar da cultura, tão apegada a obras inscritas numa transmissão obrigatória controlada. Se a cultura não está em produtos, mas em gestos e ações, se ela é um – fazer - de sentido, deve ser pensada, constantemente na perspectiva dos atores”. A autora ressalta que a cultura escolar é conduzida pelas estratégias institucionais, enquanto as táticas se movem na região do instituinte, pelos atores; mas estes constróem a cultura na inter-relação com o outro.

Finalmente, são feitas algumas reflexões – considerações conclusivas -, visto que o tema e a experiência estão em curso, interligando o movimento entre o cenário nacional, regional e local, e entre os capítulos, visando contribuir para o debate sobre a educação básica por meio da alternância.

Capítulo 1 – Políticas educacionais do campo: um retrato do cenário no contexto da transição do século XX ao XXI.