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3. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

3.2. Estrutura biológica

Grabowski e Tortora, Guyton e Hall (apud Machado, 2000, p.67) em seus tratados de fisiologia e neuro-fisiologia são unânimes ao descrever o que há de mais

atual sobre a assimetria das funções cerebrais e o conceito de hemisfério dominante. Embora o cérebro seja razoavelmente simétrico os lados apresentam certas diferenças anatômicas e, portanto, funcionais. As funções interpretativas gerais da área de Wernicke e também das funções das áreas de controle motor e da fala, são geralmente muito mais altamente desenvolvidas num hemisfério que no outro. Por isso, esse hemisfério é chamado de hemisfério dominante. Em cerca de 95% de todas as pessoas o hemisfério esquerdo é o dominante. Em mais da metade dos recém-nascidos, a área do córtex que finalmente se tornará a área de Wernicke (área que interpreta o significado da fala, reconhecendo a palavra falada traduzindo em pensamentos, alem disso contribui para a comunicação verbal por adicionar entonações que podem ser interpretadas pela emoção) é até 50% maior no hemisfério esquerdo que no direito. Portanto, é fácil compreender porque o lado esquerdo do cérebro pode-se tornar dominante sobre o lado direito. No entanto, se por alguma razão essa área do lado esquerdo for lesada ou removida na primeira infância, o lado oposto do cérebro pode desenvolver plenas características dominantes.

Na realidade, sabe-se que, se o hemisfério esquerdo é mais importante do ponto de vista da linguagem e do raciocínio matemático, o direito é “dominante” no que diz respeito ao desempenho de certas habilidades artísticas como música e pintura, à percepção de relações espaciais ou ao reconhecimento da fisionomia das pessoas.

Em 96% dos indivíduos destros, o hemisfério dominante é o esquerdo, mas nos indivíduos canhotos ou ambidestros esse valor cai para 70%. Isso significa que em um canhoto é mais difícil prever o lado em que se localizam os centros da linguagem.

Segundo Machado (2000), o Corpo Caloso, estrutura cerebral que faz a conexão entre os dois hemisférios tem papel fundamental em transmitir as informações entre eles.

De forma esquemática a distribuição de funções entre os hemisférios é como se segue:

Lado esquerdo:

1. Palavra escrita e falada

2. Habilidades numéricas e científicas

4. Racionalidade Lado Direito:

1. Consciência musical e artística 2. Percepção de padrões e espaços

3. Reconhecimento de faces e expressões faciais (emocional) 4. Geração de linguagem emocional

5. Geração de imagens mentais para comparações emocionais e de relacionamentos.

Segundo Guyton e Hall (1998), estudos psicológicos realizados em pacientes com lesão no hemisfério não-dominante sugerem que este hemisfério deva ser especialmente importante para a compreensão e a interpretação da música, experiências visuais não-verbais (especialmente padrões visuais), relações espaciais entre a pessoa e o ambiente que a cerca, para o significado da “linguagem corporal” e das entonações das vozes das pessoas, e provavelmente também para as muitas experiências somáticas relacionadas ao uso dos membros e das mãos.

Assim Guyton e Hall (1998), realinham o conceito de dominância afirmando que mesmo apesar de falarmos em hemisfério “dominante”, esta dominância refere-se primariamente para a linguagem ou para funções intelectuais relacionadas com o simbolismo verbal; o hemisfério chamado de “não-dominante” é na realidade dominante para alguns outros tipos de inteligência.

Sabe-se que desde pequeno o indivíduo é acostumado a pensar verticalmente. Na escola, como em casa, sempre se ensina que se deve fazer tudo “certinho”, que se deve ser objetivo, prático, eficaz, e que a “ousadia” é um perigo que pode custar muito caro.

Cientificamente, isto quer dizer que somos educados para utilizar exclusivamente o lado esquerdo do cérebro – o lado da razão e do raciocínio lógico. Porém, e o lado direito – o da imaginação, da intuição, da inventividade? Nessa abordagem, Edwards (1984) diz que as escolas, com a sua seqüência de aulas verbais e numéricas, não estavam equipadas para ensinar a modalidade de processamento de informações características do hemisfério direito. Afinal, o hemisfério direito não tem controle verbal muito bom. Não é capaz de emitir proposições lógicas como “Isto é bom e aquilo é mau, pelas razões a,b e c”. “Eu não pinto as coisas como as vejo, mas sim como as penso”. Pablo Picasso

Ainda hoje, embora os educadores se mostrem cada vez mais interessados na importância do pensamento intuitivo e criativo, os sistemas escolares em geral continuam estruturados em torno da modalidade típica do hemisfério esquerdo. O ensino é seqüencial: os alunos passam do primeiro ano para o segundo, depois para o terceiro, etc., numa direção linear. As principais matérias que eles estudam são verbais e numéricas: aprendem a ler, escrever e contar. As carteiras são arrumadas em filas. As respostas são estereotipadas. Os professores dão notas. E todos sentem que alguma coisa está faltando.

Edwards (1984) diz que o hemisfério direito – o sonhador, o artífice, o artista – sente-se perdido em nosso sistema educacional e pouco aprende. Talvez encontremos, aqui e ali, algumas aulas de arte, de artesanato, algo chamado de “redação criativa” e talvez alguns cursos de música; mas provavelmente não encontraremos cursos de imaginação, de visualização, de aptidões perceptivas ou espaciais, de criatividade como matéria à parte, de intuição, de inventividade. No entanto, estas são aptidões às quais os educadores dão valor; aparentemente, esperam que os alunos desenvolvam sua imaginação, percepção e intuição como conseqüência natural do ensino de matérias verbais e analíticas.

É exatamente esta a dificuldade apontada por Edwards (1984): a maioria das pessoas pensa somente com o lado esquerdo do cérebro. Poucas pessoas usam também o lado direito. Assim, quando se deparam com um problema de difícil solução, ficam com a mente paralisada, sem alternativa. É preciso aprender a usar o lado direito do cérebro. É justamente nesse lado que se concentram todas as nossas potencialidades criativas. Para que o espírito criativo apareça é preciso que o cérebro tenha recebido informações, ou seja, que tenha uma quantidade de informações suficientemente grande para que as idéias possam surgir na mente, através do processo de transformação destes conhecimentos. Depois, é só seguir o conselho do grande Thomas Edison: "qualquer homem pode alcançar o êxito se dirigir seus pensamentos numa direção e insistir neles até que faça alguma coisa". O que vale, é que se tem dentro da mente, o mais poderoso computador do mundo, o que é capaz de transformar todas as informações em algo novo e muitas vezes, sem igual, o que não tem limites para modificações e muito menos para resultados. Então pode-se imaginar este computador interno, sem limites, interagindo com o externo!

Dessas muitas visões expostas sobre criatividade, pode-se concluir que a sua abordagem não envolve um conceito específico, é necessário, pois analisá-la a

partir de múltiplas variáveis, que se inicia no "aprender a desaprender”, livrando-se dos aprendizados que permanecem aprisionados a velhos conceitos e práticas rotineiras, e antigos conceitos, e estimulando o potencial criativo.

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