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4 Análise de Caso – Intervenção em Grupo

4.4 Estrutura das Sessões do Grupo

As sessões deste grupo decorreram duas vezes por semana, às segundas e quartas, entre as 11h15 e as 12h45 sendo que, pontualmente, a sessão foi também realizada à sexta no mesmo horário, nomeadamente, nos períodos de férias da animadora sociocultural, uma vez que, neste tempo, não era possível realizar a saída terapêutica. Assim, as sessões iniciaram-se em 23 de setembro de 2016 e terminaram em 17 de maio de 2017, tendo sido realizadas um total de 67 sessões.

O tempo de sessão foi ao encontro do que Nuñez e González (2012) referem, 1h25, sendo que no tempo de sessão referido está incluída a entrada e saída do ginásio. Quanto ao número de pessoas, nas primeiras sessões, foram cerca de oito a nove participantes, mas, na grande parte do período de intervenção, rondaram as 13/14. Rodríguez (2003) indica 10 pessoas como o número que um grupo deve ter na intervenção psicomotora, salientando que o grupo deve ser mais pequeno à medida que as síndromes demenciais se agravam. Uma vez que os critérios de inclusão no grupo foram a capacidade de compreensão e a inexistência de oscilações comportamentais, um grupo grande não comprometeu a realização das sessões.

As sessões realizaram-se sempre no ginásio da casa. A escolha recaiu sobre este espaço, não só por questões logísticas, mas por aqui ser um ambiente sem estímulos parasita e onde a probabilidade de ocorrer interrupções era menor, aspetos que dificultam a realização de tarefas por parte das pessoas idosas (APA, 2013). Quase sempre foram organizadas em roda e os participantes ficavam sentados na maior parte do tempo, seguindo uma estrutura similar, posteriormente descrita, e que com esta população se torna benéfica, na medida em que, o facto de ter sempre a mesma estrutura, dá maior segurança às pessoas idosas (Vásquez e Mila, 2014).

Num primeiro momento, os residentes indicados para este espaço de intervenção eram convidados a participar na sessão, no ginásio, sendo dada ajuda aos que necessitavam, nomeadamente às pessoas em cadeiras de rodas e às que apresentavam mais dificuldades na marcha. Pontualmente, aconteceu algumas das pessoas idosas não indicadas para o grupo integrarem a sessão, fosse porque manifestavam interesse ou por ser pedido por outros elementos da equipa para que tal acontecesse.

momento mais focado na orientação para a realidade, referindo em que dia estavam, se havia algum acontecimento marcante no dia, mais relacionado com as notícias que tinham visto ou com os aniversários de alguns dos participantes da sessão e que tarefas já tinham feito nessa manhã. Este ritual, comum a todas as sessões, na qual se integrava o momento de orientação, é referido na literatura (Morais, 2007; Olalla, 2009; Rodríguez, 2003; Vásquez e Mila, 2014) bem como o reconhecimento dos participantes, que reforça o sentimento de pertença ao grupo (Vásquez e Mila, 2014).

De seguida, realizava-se um momento de ativação, que se tornou fundamental sobretudo pelo facto do primeiro momento da sessão ser pouco direcionado e, nesta fase, já ser necessário que o grupo fosse capaz de estar atento nas tarefas. Aqui fazia- se, frequentemente, uma coreografia, onde os principais objetivos eram a ativação

neuromuscular, a coordenação, a atenção e a estruturação rítmica. Em alguns

momentos, estimulou-se, também, a memória a curto prazo, quando não se dava às pessoas idosas a hipótese de ter um modelo para copiar na realização da dança. As músicas escolhidas foram, essencialmente, músicas de programas de dança sénior, mas também foram selecionadas algumas músicas temáticas, como na altura do Natal, ou músicas tradicionais portuguesas, que os residentes preferiam. A utilização da dança é reforçada por Olalla (2009), onde a refere como meio para alcançar os objetivos já enumerados.

Num segundo momento da sessão, e pelo facto de se tratar de um ambiente de institucionalização, tornou-se essencial realizar uma atividade que tivesse sempre como objetivo a cooperação. Aqui, privilegiaram-se jogos de equipa e que envolvessem pontuações e a utilização de materiais que implicavam a manipulação de todos, como o paraquedas ou a construção de teias. Dos vários os momentos da sessão, este era o tempo onde mais era necessária a comunicação entre os residentes.

Depois desta atividade, realizava-se outro momento na sessão, mais focada nas competências cognitivas, como a memória a curto prazo, a velocidade de ação

reação, o cálculo simples, as capacidades de leitura e ou linguagem, sendo que aqui já

não estava envolvido todo o grupo em simultâneo, mas era solicitada a participação de uma pessoa de cada vez, possibilitando uma maior adaptação da dificuldade da tarefa. Consequentemente, esta era uma fase mais calma e com menor nível de atividade, iniciando o ritual de saída da sessão.

Estes três momentos, de ativação, de cooperação e de estimulação da cognição, constituíram o momento central da sessão, espaço privilegiado para se trabalharem os

Gerontopsicomotricidade em Contexto Institucional e Comunitário | Influência dos Materiais na Intervenção

objetivos previamente definidos (Rodrígues, 2003) e, tal como indicam os autores, foram sempre suportados por momentos lúdicos (Madera, 2005; Morais, 2007; Olalla, 2009).

Para terminar, era sempre realizada uma conversa onde cada pessoa, à vez, dava a sua opinião sobre o que tinha gostado mais e menos, onde tinha sentido mais facilidade e dificuldade, evocando, consequentemente, os momentos da sessão. A importância desta reflexão sobre o vivenciado é reforçada por Morais (2007), Olalla (2009), Rodríguez (2003) e Vásquez e Mila (2014).

Também aqui era dada a oportunidade de fazer sugestões e decidir-se tarefas que queriam fazer na sessão seguinte. Em concordância com o que referem Nuñes e González (2012), frequentemente, as pessoas idosas preferiram propostas já previamente pensadas pela psicomotricista estagiária, não sugerindo atividades espontaneamente. Ainda assim, com o decorrer das sessões, verificou-se que, com maior facilidade, sugeriam complexificações e variações de atividades previamente propostas, como a utilização do mesmo material para diferente tipo de tarefa.

Por fim, falavam sobre o que iria ser o almoço, que acontecia logo a seguir à sessão. Morais (2007) reforça a importância de explicar as atividades que vão realizar depois de terminarem a sessão, de forma a organizar a rotina. Um exemplo destas sessões está, em detalhe, no anexo E.

Nos diferentes tempos de sessão, os momentos de conversa espontânea entre as pessoas idosas foram valorizados, de forma a criar-se um melhor ambiente em sessão, mas também uma ligação entre estas para a sua vida institucional, aspeto referido por Nuñez e González (2012) e Olalla (2009). O espaço de sessão foi privilegiado para aumentar a frequência e a qualidade das interações entre os participantes, com o benefício de melhorar a coesão entre o grupo (Morais, 2007), dando espaço para que, todas as pessoas que quisessem, partilhassem algo. Este aspeto também foi importante na medida em que, como indica Olalla (2009), melhora as capacidades de escuta e consequente compreensão do outro.

Relativamente às estratégias utilizadas, ao nível da preparação das tarefas, das já referidas pela literatura, pode referir-se o criar situações de aprendizagem sem erros (Matilla-Mora et al., 2016), com base em atividades com um grau de dificuldade, nem muito fácil nem muito difícil, mas que fossem abrangentes (Rodríguez, 2003) fazendo com que a totalidade do grupo participasse em todos os momentos da sessão, com mais ou menos adaptações, conforme salienta Rodríguez (2003).

na totalidade e que o foco de atenção fosse o mesmo. Dentro da roda, optou-se, por colocar pessoas que naturalmente iriam ajudar ao lado das que necessitavam de mais ajuda.

Já no decorrer da sessão, reforçou-se a utilização de feedbacks positivos com regularidade (Matilla-Mora et al., 2016) e a adaptação contínua das ajudas, em função das dificuldades apresentadas, no momento, por aquela pessoa idosa.