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A ligação com a CABH começou com um projeto de avaliação da usabilidade dos jogos de estimulação cognitiva ou motora utilizando a consola Nintendo WII® por pessoas idosas, desenvolvido no mestrado em Ergonomia, sob a orientação do Professor Paulo Noriega. Inicialmente, e com o objetivo de desenvolver um projeto que aliasse a Psicomotricidade à Ergonomia, a Professora Cristina Espadinha sugeriu a realização do estágio de mestrado em Reabilitação Psicomotora na CABH. O projeto no âmbito da Ergonomia não se concretizou, realizando-se apenas o de Psicomotricidade sem a componente da terapia com a Wii, inicialmente prevista.

Assim, o estágio iniciou-se no dia 19 de setembro de 2016 com uma reunião a diretora técnica, apresentação dos espaços e da equipa. Paralelamente, foi também observada a sessão de Fisioterapia, onde a fisioterapeuta apresentou alguns dos residentes e explicou o trabalho realizado com estes. No dia 21 de setembro, a gestora do cliente apresentou todos os residentes da casa, sendo explicado a cada um o início de um novo estágio e de uma nova terapia e, no dia 23, realizou-se uma sessão aberta de GPM para as pessoas idosas que aceitaram participar. É de referir que, e sendo uma sessão inicial, foi realizado o convite aos residentes que, de acordo com a equipa, costumavam integrar atividades com mais frequência. A intervenção com os casos com demências mais avançadas e consequentes maiores dificuldades de comunicação, iniciou-se mais tarde, depois de uma observação mais sistemática e detalhada,

sobretudo nos residentes acamados, onde se fizeram sessões de observação da fisioterapia.

Para a inclusão da GPM na instituição foram tidos, primeiramente, em conta os horários das outras terapias ou atividades já calendarizadas, não só para facilitar a gestão dos recursos, mas também para proporcionar aos residentes a possibilidade de participarem no maior número de atividades, se assim o desejassem.

Quanto à seleção dos casos, a gestão destes encontra-se pormenorizada mais à frente, mas, num momento inicial, os aspetos tidos em conta foram, por um lado, dar a possibilidade de os residentes que têm muito interesse de se manter ativos de ter uma nova terapia e, por outro, incluir os outros que, por motivos de organização, tinham um menor tempo de atividades estruturadas. Estas decisões foram tomadas em equipa pelas profissionais de Psicomotricidade, Fisioterapia e Animação Sociocultural.

Neste processo, é de referir a importância da avaliação formal. Inicialmente, e de forma a dar continuidade às avaliações definidas pela instituição, foi aplicado o

MMSE a todos os residentes, à exceção dos que não conseguiam responder. Nestes

casos, foi realizada uma observação em conjunto com a animadora sociocultural. Para as análises de caso apresentadas em detalhe no relatório, utilizaram-se instrumentos da GPM, nomeadamente o EGP e uma Escala de Observação em

Gerontopsicomotricidade, respetivamente, no caso de intervenção individual e no caso

de intervenção grupal.

Na definição dos aspetos prioritários do trabalho na Psicomotricidade, foi fundamental a observação das sessões de Fisioterapia e de Animação Sociocultural para se perceber que, dentro daquilo que pode ser a resposta terapêutica da Psicomotricidade, quais seriam os objetivos mais em falta na junção das três técnicas. Paralelamente, e pelas questões da utilização digital de gestão de lares, o Ankira, aquando da realização do PIC de cada residente, os objetivos da Psicomotricidade foram integrados no Domínio Psicossocial, acrescentados aos da Animação Sociocultural.

Apesar desta limitação logística de não existir um espaço para o técnico registar as sessões de GPM no Ankira, é útil para os técnicos sobretudo para se ter acesso à totalidade dos comportamentos das pessoas idosas nas suas rotinas diárias. Esta plataforma era usada por toda a equipa técnica, pela encarregada e pelas ajudantes de ação direta. Assim a comunicação entre toda a equipa foi constante, sobretudo em momentos informais, existindo esporadicamente reuniões com a direção.

Gerontopsicomotricidade em Contexto Institucional e Comunitário | Influência dos Materiais na Intervenção

O horário apresentado na tabela 2 traduz a organização das sessões na maior parte do tempo de estágio, sendo que em alguns momentos existiram alterações, nomeadamente por prolongamento de saídas terapêuticas, hospitalização ou condicionantes por parte dos residentes que não permitiam a realização das sessões.

É de reforçar a importância dos momentos de orientação para a realidade, altura em que se realizam perguntas sobre o espaço e o tempo em que a pessoa se encontrava, atualizando-se, também, o calendário de orientação (com indicação do dia da semana, dia do mês, mês e ano) e o tempo entre sessões, privilegiando-se o contacto informal com os residentes da casa, momentos essenciais não só para fortalecer a relação terapêutica, como para compreender o seu comportamento em contexto real e não estruturado, fundamental para delinear os objetivos terapêuticos. Ao final do dia era regular estarem presentes as famílias, altura de contacto informal com as mesmas. No horário está referido um momento de sessão que antecedia a sessão de grupo, uma vez que a participação era livre e, os residentes indicados para a sessão, eram individualmente convidados pela psicomotricista estagiária.

Tabela 2 - Organização dos dias de estágio

Segunda Quarta Sexta

10h00 Orientação para a realidade / Registos

10h30 Sessão individual – Leonor Sessão individual – Leonor Sessão individual - Leonor 11h00 Preparação da sessão de grupo Preparação da sessão de grupo

Saída Terapêutica 11h30

Sessão de grupo Sessão de grupo 12h00

12h30

Apoio ao almoço Apoio ao almoço Apoio ao almoço 13h00

13h30 Almoço da equipa técnica 14h00

Sessões individuais com os

residentes acamados Saída Terapêutica

Sessão individual – Sara

14h30 Sessão individual - Rute

15h00 Sessão individual - Carina

15h30 Apoio ao lanche Apoio ao lanche Apoio ao lanche 16h00

Sessão individual – Sofia Sessão individual – Sofia Sessão individual – Sofia 16h30

17h00 Sessão individual – Ariana Sessão individual – Ariana Sessão individual – Ariana 17h30 Contacto informal com as famílias / Registos

18h00 Orientação para a realidade

O acompanhamento nos momentos da refeição era feito a residentes que eram acompanhadas na Psicomotricidade, sendo fundamentais para compreender a transferência para o quotidiano de alguns dos objetivos definidos, tornando-se este

da equipa técnica assumiram especial importância, na medida em que permitiam comentar os casos e redefinir estratégias comuns de intervenção.

Conforme já referido, todos os dias 7 de cada mês realizava-se o Dia da Família, motivo pelo qual, nesses dias, as tardes eram dedicadas à atividade definida para essa comemoração, alterando-se também a rotina da manhã, caso houvesse necessidade de preparações adicionais.

Paralelamente, e apesar de não estar mencionado no horário por não haver uma hora especificamente definida, foram realizadas reuniões com a Orientadora Académica, por norma, semanalmente.

De seguida, serão apresentados os casos acompanhados no âmbito da GPM. De forma a proteger-se a identidade dos residentes, os nomes dos mesmos são fictícios. Aqui, importa também referir que, não só as pessoas idosas como as pessoas por eles responsáveis foram informadas do início do estágio e das consequentes intervenções.

3 Análise de Caso – Intervenção Individual