• Nenhum resultado encontrado

Estrutura do mercado financeiro brasileiro

As instituições componentes do mercado financeiro nacional podem ser classificadas a partir da separação entre instituições privadas e instituições públicas, estas também se caracterizando pelo exercício de funções reguladoras e administradoras da política econômica.

O órgão máximo do sistema financeiro é o Conselho Monetário Nacional, ao qual compete traçar as normas de política monetária em todos os seus aspectos. Funciona como um conselho da economia brasileira e supervisiona as políticas monetárias, cambial, de investimento, de capital estrangeiro, comércio exterior e fiscal.

Suas principais competências são: a) adaptar o volume interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários a deflacionários; b) regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; c) orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras; d) contribuir para o aperfeiçoamento das instituições financeiras e dos instrumentos financeiros visando a maior eficiência do sistema de pagamentos e mobilização de recursos; e) zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras, coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária e fiscal e gerenciar as dívidas públicas interna e externa; f) avaliar o aumento da participação estrangeira em instituições brasileiras.

Resumidamente, são suas atribuições: a) autorizar as emissões de papel- moeda; b) fixar as diretrizes e normas da política fiscal; c) disciplinar o crédito em todas as suas modalidades; d) regular a constituição, funcionamento e fiscalização das

32

instituições financeiras, bem como a aplicação das penalidades previstas na Lei n° 4.595/64; e) determinar os recolhimentos compulsórios; f) regular e estabelecer normas para as operações de redesconto; g) disciplinar as atividades das bolsas de valores, corretoras e demais componentes do sistema de distribuição. As Comissões consultivas bancárias de mercado de capitais, de crédito rural e de crédito industrial funcionam como suporte ao Conselho Monetário Nacional.

O Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil S/A e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social participam também junto ao Conselho Monetário Nacional, exercendo, respectivamente, funções de agente executivo de suas decisões, executor da política creditícia e financeira e executor da política de crédito de médio e longo prazo. As demais instituições financeiras oficiais estão também sujeitas à disciplina do Conselho Monetário Nacional, embora tenham maior autonomia operacional. O Banco Central do Brasil também exerce importante função de normatização e fiscalização do sistema financeiro nacional.

A Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade principal fiscalizar e regulamentar o mercado de títulos e valores de renda variável.

As Bolsas de Valores são entidades civis sem fins lucrativos onde são realizadas transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários.

Os Bancos de Desenvolvimento Estaduais destacam-se pela prática de operações de empréstimos e financiamentos, arrendamento mercantil, investimentos, depósitos a prazo fixo, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, com o objetivo maior de contribuir para o desenvolvimento da economia do Estado a que pertencem.

As Caixas Econômicas têm como objetivos principais a captação de economias populares para fomento à aquisição de casa própria, à concessão de empréstimos e financiamentos a programas de assistência social e à atuação como órgão executor de política de crédito governamental.

Entre as Instituições Financeiras Privadas, destacam-se:

a) Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento: realizam operações de crédito a médio e longo prazo, destacando-se por prestação de aceite ou aval em títulos cambiais, para concessão de crédito direto ao consumidor;

b) Sociedades Distribuidoras: têm por objetivo principal a subscrição, distribuição e/ou intermediação da colocação de títulos e valores mobiliários para venda, distribuição ou negociação, contribuindo para a captação de poupança no mercado de capitais;

c) Sociedades Corretoras: têm como principal característica operar em bolsas de valores, com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada, comprando e vendendo títulos e valores mobiliários por conta de terceiros;

d) Agentes Autônomos de Investimento: são pessoas físicas que, após credenciamento, realizam operações de colocação ou venda de títulos e valores mobiliários registrados no Banco Central do Brasil e na Comissão de Valores Mobiliários, ou títulos de emissão ou coobrigação de instituição financeira, bem como colocação de cotas de fundos de investimentos;

e) Sociedades Arrendadoras: realizam operações de arrendamento de bens adquiridos junto a terceiros, com a finalidade de uso próprio da empresa arrendatária (arrendamento mercantil);

f) Sociedades de Investimento: realizam operações relacionadas com a gestão de poupança voluntária interna e externa. A aplicação dos recursos é feita em carteira diversificada e selecionada de títulos e valores mobiliários;

g) Bancos Comerciais: são instituições financeiras, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas particularmente em operações de curtos e médios prazos. Essas operações consistem na captação de recursos do público mediante emissões de depósitos à vista e a prazo fixo, para financiamento a curtos e médios prazos à indústria, ao comércio e ao público em geral.

O funcionamento e as operações dos bancos comerciais encontram-se sob o controle e fiscalização permanentes do Banco Central do Brasil. Dessa forma, a ação do Banco Central do Brasil nesses estabelecimentos de crédito visa, especialmente, a orientar aplicação de recursos, e zelar por sua liquidez, a disciplinar o crédito e a regular o seu funcionamento, controlar a expansão da oferta monetária e a punir, quando necessário, aqueles que descumprirem as normas legais a regulamentares emanadas das autoridades monetárias.

34

h) Bancos de Investimento: o objetivo próprio do banco de investimento é a pratica de operações de participação ou de financiamento a prazos médios e longos, para suprimentos oportunos e adequados de recursos necessários à formação do capital de giro de empresas do setor privado, mediante aplicação de recursos próprios e captação, intermediação e aplicação de recursos de terceiros;

i) Bancos Múltiplos: o Banco Central do Brasil autorizou a constituição de bancos múltiplos em 1988. A alteração estrutural permitiu aos bancos comerciais de investimento, de desenvolvimento, sociedades de crédito imobiliário e sociedades de crédito, financiamento e investimento organizarem-se em uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria.

Uma das vantagens propiciadas pela constituição dos bancos múltiplos refere-se à economia de custos e, como exemplo, pode-se citar a unificação da contabilidade com implantação de plano de contas único e demonstrativos financeiros de forma consolidada. Com o advento do banco múltiplo, o sistema de cartas-patentes foi extinto, o que levou a criação de novos bancos e ao aumento da concorrência. Esse aumento reforçou ainda mais a necessidade de o banco conhecer melhor seus pontos fortes e fracos e os riscos decorrentes de sua atividade operacional.