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5. Produto Final

5.1. Estrutura e envoltória

A escolha para o sistema construtivo ser de taipa de pilão foi inspirado na Mãe Terra, cujo nome direcionou a procura por sistemas alternativos e ecológicos com o uso de terra.

A taipa de pilão foi adotada em todas as paredes, tanto do espaço museológico como dos blocos hexagonais. Trata-se de um sistema rudimentar de construção de paredes e muros que consiste em comprimir a terra em formas de madeira no formato de uma grande caixa onde o barro é compactado e horizontalmente disposto em camadas de aproximadamente 15 centímetros de altura até atingir a densidade ideal para criar uma estrutura resistente e durável.

Figura 81 – Processo construtivo da parede de taipa de pilão

Fonte: www.arquiteturaunimar.wordpress.com

Esse sistema construtivo vem tomando um espaço cada vez maior na construção civil por apresentar uma grande durabilidade e ser uma tecnologia responsável e sustentável.

Como os demais outros sistemas construtivos que utilizam terra crua, a taipa de pilão precisa de uma fundação impermeabilizada. Serão propostas, nesse sentido, sapatas corridas que permitem a distribuição das cargas uniformemente pelo solo e que dificulta a capilaridade (fenômeno natural, onde a água do solo infiltra a base das paredes).

105 O solo ideal deve ter uma proporção de 30% de argila e 70% de areia, e umidade que permita que os materiais estejam agregados. É importante que sejam retirados pedriscos e raízes de todo o terreno. Trazendo um pouco disso para o terreno de intervenção, durante as visitas técnicas, vestígios como raízes, árvores derrubadas e folhas caídas foram encontrados no solo. Isto é, deve-se fazer a limpeza do local para que as sapatas corridas sejam fundadas no terreno, assim como os pilares de madeira que sustentam o deck de madeira elevado.

Figura 82 – Situação atual do terreno de intervenção

Fonte: acervo do autor

Para a montagem das fôrmas, utilizam-se chapas de compensado, preferivelmente do tipo naval resinado. Elas possuem de 1 a 1,5 m de altura, e de 2 a 4 m de comprimento, e podem ser reutilizadas diversas vezes. Quando as paredes atingirem a altura esperada, as fôrmas devem ser desmontadas, retirando-se as tábuas e placas laterais.

Figura 83 – Etapas de construção da parede de taipa de pilão

Fonte: www.casa-rustico-contemporanea.blogspot.com

106 A escolha por esse sistema construtivo permite coberturas de diversas opções e ela deve ser posicionada assim que as paredes estiverem finalizadas. Por esse motivo também foi escolhida a cobertura do tipo borboleta, de modo que esse tipo de telhado permite a captação de água para a rega de plantas.

As principais vantagens da taipa de pilão é o baixo custo, a rápida execução, dispensa mão-de-obra especializada bem como se trata de uma técnica de construção ecológica. As desvantagens, no entanto, dizem respeito à umidade e a limitação vertical. Considerando que o nosso clima é bastante úmido, deve existir uma boa manutenção das paredes pós-construídas. A terra armazena calor assim como outros materiais densos, portanto o barro armazena o calor durante sua exposição aos raios solares e perde-o lentamente quando a temperatura externa estiver baixa. Como o ecomuseu concebido nesse trabalho se mostra mais horizontal, o problema com a verticalidade não se aplica.

Para resolver a questão hidráulica do Café, a parede referente à cuba será excepcionalmente de concreto (Figura 84), uma vez que as instalações não devem ser locadas no interior da parede de terra, pois são autoportantes e impossibilitam os futuros reparos.

Figura 84 – Detalhe da parede hidráulica do Café

Fonte: acervo do autor

107 Além de contribuir na busca pela sustentabilidade no ecomuseu, quando bem empregada, a taipa de pilão possui grande beleza e excelente desempenho.

Figura 85 – Residência feita no sistema construtivo de taipa de pilão

Fonte: www.taipadepilao.blogspot.com

Dentre a diversidade de materiais de construção para a cobertura, a telha de fibra vegetal pareceu a mais atrativa para entrar de acordo com a questão da sustentabilidade explorada no trabalho. Sua matéria-prima principal é a fibra de celulose, extraída de papel reciclado – e não contém amianto. As telhas são impermeabilizadas com betume e protegidas por uma resina especial, contra raios UV, impedindo a escamação da superfície.

Apesar de o processo de produção envolver alta tecnologia, durante a produção, o consumo de energia elétrica e de gás natural é de cerca de 2,8 kw/h por m² de telha, em que o circuito fechado proporciona o reaproveitamento de água, apenas com reposição do que é evaporado.

Por ser utilizada a fibra de celulose extraída do papel reciclado, nenhuma árvore é derrubada para a obtenção de insumo para o produto. Uma tonelada de celulose significa evitar o corte de 30 árvores e resulta na produção de 300 telhas. Além disso, para impermeabilizar a telha, é aplicado betume que, por não ser queimado, não libera gás carbônico para a atmosfera.

O metro quadrado dessa telha custa bem menos do que o de uma telha cerâmica. Tanto em relação a este tipo de cobertura quanto em comparação às telhas de fibrocimento ou cimento amianto, o custo total da cobertura também é reduzido.

108 Não apresentando restrições quanto a aspectos climáticos devido à boa performance na transmissão de calor, ela também é se mostra resistente a intempéries do vento.

Quanto à instalação, a empresa Onduline recomenda o produto aos mais variados estilos de telhado, desde que a inclinação seja maior que 18º para os modelos de 2,00 m x 0,95 m e 2,00 m X 1,05 m; e mais que 27º para as telhas com as medidas 0,50 m X 0,95 m , 0,50 m X 1,05 m e 0,40 X 1,06 m . Segundo a mesma empresa, a quantidade e posicionamento dos fixadores devem estar corretos, assim como é necessário seguir as orientações em relação à paginação das telhas, o beiral e recobrimento máximos permitidos.

As principais vantagens são:

 Fácil manuseio e instalação

 Economia de tempo e material, pois a maioria é mais leve que a telha tradicional, reduzindo os custos da construção (a estrutura é mais leve e o serviço é realizado rapidamente).

 É um material resistente e ao mesmo tempo flexível.

 Não propaga fogo.

 Absorvem muito menos água do que as telhas convencionais, sendo naturalmente impermeabilizantes.

 Promovem o conforto térmico.

 É possível encontrá-las em vários formatos e cores.

 São sustentáveis: geralmente produzidas com fibras e resinas, materiais reciclados (como papel) e não contém amianto (o qual é tóxico);

Figura 86 – Telha de fibra sendo empregada em telhado e detalhe do material

Fonte: www.santosmadeiras.com.br

A inclinação adequada para esse tipo de telha é de 27% (para melhor conforto térmico), no entanto não deve ser instalada com inclinação inferior a 18%.

109 O espaçamento entre os ripões deverá ser de 45cm e 1m entre os caibros.

Para locais mais quentes, o fabricante indica a utilização de lanternim, manta térmica e inclinação mínima de 27%. Já em úmidos, onde há grande variação de temperatura entre o dia e a noite, indica-se o uso de manta térmica ou forro já que poderá ocorrer a condensação da água na face interna da telha, formando pingos.

Vale ressaltar que a telha de fibra será empregada em todos os blocos do ecomuseu, tanto no bloco museológico (retangular) como nos educacionais e banheiros (hexágonos).

As esquadrias escolhidas para compor a envoltória do projeto se tratam de portas-camarão ou sanfonadas em madeira. Elas atribuem um caráter moderno e ao mesmo tempo vernáculo ao projeto, possibilitando a economia de espaços e a flexibilidade na arquitetura.

Essas portas foram majoritariamente utilizadas nos blocos de oficinas para que tornasse o ambiente flexível de acordo com a vontade dos usuários de manter um ambiente mais fechado ou aberto, e ainda economizando espaço e livrando a abertura em direção ao corredor externo do deck de madeira.

Foram adotados dois tipos de porta camarão: uma fabricada somente de madeira com elementos vazados que permitem a ventilação, a entrada de luz natural e a permeabilidade visual com o exterior; a outra também fabricada de madeira, mas também com o vidro para permitir a visão total do exterior. Esse último foi empregado somente em vãos estratégicos os quais desejava-se manter a visão da praça e demais elementos que compõem o ecomuseu, assim como principalmente a entrada de luz natural.

110 Figura 87 – Portas do tipo camarão escolhidas para o projeto

Fonte: acervo do autor

Figura 88 – Perspectiva interna do bloco de oficinas

Fonte: acervo do autor

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