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3. DA JUSTIÇA MILITAR: DELINEAMENTOS

3.3 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO

3.3.1 Estrutura da Justiça Militar da União

A Justiça Militar da União é organizada pela Lei 8.457/92 que elenca como órgãos da Justiça Militar: I – o Superior Tribunal Militar; II – a Auditoria de Correição; III – os Conselhos de Justiça e; IV – os Juízes-Auditores e os Juízes-Auditores Substitutos67.

Ao Superior Tribunal Militar, dentre outras atribuições, compete processar e julgar, originariamente, Os Oficiais-Generais das Forças Armadas, nos crimes militares definidos em lei; a representação para decretação de indignidade de oficial ou sua incompatibilidade para com o oficialato, penas acessórias previstas no Código Penal Militar; e os pedidos de habeas corpus e habeas datas, nos casos permitidos em lei.

66MOREIRA, Rômulo de Andrade. A lei que alterou a competência da justiça militar da união.

Disponível em, < http://emporiododireito.com.br/leitura/a-lei-que-alterou-a-competencia-da-justica- militar-da-uniao-por-romulo-de-andrade-moreira-1508242671 >, Acesso em: 16 maio 2018.

67 BRASIL. LEI Nº 8.457, DE 4 DE SETEMBRO DE 1992. Disponível em: <

Necessário constatar ainda que, em que pese o art. 112, II, da Constituição ter previsto a existência de Tribunais Militares, tais órgãos não foram criados, cabendo, portanto, ao STM, atuar como órgão de segunda instância e julgar, por exemplo, as apelações e recursos das decisões de primeiro grau.

A composição do Superior Tribunal Militar decorre diretamente do art. 123 da Constituição, in verbis:

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais- generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar68.

Na primeira instância, estão os Conselhos de Justiça, formados por quatro Oficiais das Forças Armadas e pela figura do Juiz Auditor, Titular ou Substituto, conforme as regras de distribuição processual. A presidência do Conselho cabe ao Oficial de maior posto, nunca inferior a Major (Exército e Aeronáutica) ou Capitão de Corveta (Marinha)69.

Insta salientar que os oficiais das Forças Armadas componentes dos Conselhos de Justiça não são juízes de carreira, nem sequer exige-se que possuam formação jurídica.

Os Conselhos de Justiça são formados de acordo com a Força que teve o bem jurídico lesado e o posto ou graduação do réu, de modo que, nas Auditorias existem Conselhos para a Marinha, Exército e Aeronáutica, que, por sua vez, podem ser Permanentes ou Especiais70.

Aos Conselhos Permanentes compete processar e julgar as praças em geral e os civis. São constituídos, segundo o art. 16, II, da Lei 8.457/92, “pelo Juiz-Auditor, por um oficial superior, que será o presidente, e três oficiais de posto até capitão-

68 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm >. Acesso em: 16 maio 2018.

69 BRASIL. LEI Nº 8.457, DE 4 DE SETEMBRO DE 1992. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8457.htm >. Acesso em: 16 maio 2018.

tenente ou capitão71.” A composição desse conselho muda trimestralmente, quando

são sorteados novos militares para funcionarem como juízes.

Aos Conselhos Especiais, noutra senda, compete processar e julgar os oficiais até o posto de Coronel (Exército e Aeronáutica) e Capitão de Mar e Guerra (Marinha). Conforme o art. 16, I, da Lei 8.457/92, o Conselho Especial constitui-se pelo “Juiz-Auditor e quatro Juízes militares, sob a presidência, dentre estes, de um oficial-general ou oficial superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes, ou de maior antiguidade, no caso de igualdade72”.

Os Conselhos Especiais são formados de acordo com o posto ocupado pelo réu, que nunca poderá ser julgado por um inferior hierárquico, o que poderia vir a macular a imparcialidade da decisão. Assim, os Conselhos permanentes mudam sua composição em razão do posto ocupado pelo acusado73.

Em que pese a composição sempre colegiada dos Conselhos de Justiça, chamado de “escabinato”, as atividades administrativas das Auditorias cabem ao Juiz Auditor. Outrossim, em algumas hipóteses de atividade tipicamente judiciária, os Juízes-Auditores atuam monocraticamente, a exemplo das decisões de recebimento de denúncia, pedido de arquivamento, decretação de prisão preventiva, etc74.

Noutro giro, algumas atividades são inerentes aos Conselhos, a exemplo da inquirição de testemunhas, interrogatório, decisão sobre prescrição e julgamento da causa. Importante destacar por fim, que nas decisões de direito atinentes ao colegiado e no julgamento do mérito da causa, os votos de todos os juízes, Militares e Auditor, possuem o mesmo peso75.

Por fim, resta falar da Auditoria de Correição, órgão de fiscalização, exercida pelo Juiz-Auditor Corregedor, com atuação em todo território nacional, “cujas atribuições correcionais compreendem, fundamentalmente, o exame dos processos em andamento, dos livros e documentos existentes no juízo de primeiro grau, submetendo ao plenário do STM as irregularidades apuradas e correição”.76

71 BRASIL. LEI 8.457, DE 4 DE SETEMBRO DE 1992. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8457.htm >. Acesso em: 16 maio 2018.

72 Idem, Ibidem. 73 Idem, Ibidem. 74 Idem, Ibidem. 75 Idem, Ibidem.

76Alexandre Magalhães Seixas. A Justiça Militar no Brasil: estruturas e funções. Dissertação de

mestrado. - Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2002. p. 67. Disponível em, < http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281899 >, Acesso em: 16 maio 2018.