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Esta seção apresenta a estrutura base do modelo de referência decomposta nas seguintes subseções: requisitos à elaboração do modelo; desenvolvimento da estrutura do modelo e contribuições da estrutura do modelo.

4.2.1

Requisitos à Elaboração do Modelo de Referência para o PDMA

Como o propósito do modelo de referência para o PDMA é de explicitar o conhecimento acerca do processo estudado, a sua elaboração exigiu o desenvolvimento de uma estrutura capaz atender aos seguintes requisitos:

♦ Uma representação baseada na visão de processo144 e em consonância com o plano estratégico de negócios

144 Outras visões possíveis incluem, segundo Vernadat (1996): dados – define a semântica dos modelos em termos de uma estrutura de

relacionamentos e de dados (sistema de banco de dados); organização – define a estrutura organizacional da empresa, a estrutura física dos equipamentos e dos recursos; controle – relaciona as visões anteriores através do conceito de evento, que integra funções (processos) e dados, funções e organização, organização e dados.

e de produtos da organização.

♦ A visão de todo o processo de desenvolvimento do produto através da unidade visual de representação gráfica e descritiva.

♦ Subdivisão do processo em macrofases e fases.

♦ Indicação da seqüência lógica das fases e atividades.

♦ Apresentação do que deve ser feito ao longo do processo, ou seja, as atividades e tarefas, apoiadas nos princípios da engenharia simultânea e nas diretrizes do processo de gerenciamento de projetos.

♦ Indicação dos domínios de conhecimento envolvidos na realização de cada tarefa.

♦ Definição das informações necessárias à realização das atividades, apresentadas sob a forma de documentos, métodos, ferramentas, insumos, etc.

♦ Definição das avaliações que marcam o término das fases, e que definem os resultados desejados para a mudança de fase.

♦ Implementação de melhorias ao modelo de referência.

♦ Emprego de uma ferramenta computacional de fácil acesso e utilização.

4.2.2

Desenvolvimento da Estrutura do Modelo de Referência

Foi desenvolvida, primeiramente, uma representação gráfica genérica do modelo de referência, apresentada na Figura 4.1. O “processo” a ser modelado é representado por um único pentágono, que se subdivide em “n” pentágonos, representando as macrofases do processo, as quais se decompõem em “n” fases. O número de macrofases e de fases varia de acordo com o processo estudado. Ao final de cada fase tem-se losangos representando os pontos de avaliação dos resultados das fases e as saídas desejadas.

MACROFASE

MACROFASE

MACROFASE

PROCESSO

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas

Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação

MACROFASE

MACROFASE

MACROFASE

MACROFASE

MACROFASE

MACROFASE

PROCESSO

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

FASE

Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas

Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação

Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas Saídas

Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação

A partir da representação gráfica, foi estabelecida uma estrutura genérica para o modelo de referência sobre uma planilha eletrônica, com a mesma unidade visual, constituída de “n” planilhas, cada uma representando uma fase do processo estudado, conforme ilustra a Figura 4.2.

Figura 4.2 – Representação descritiva genérica do modelo de referência.

Cada fase é descrita através de sete elementos: entradas, atividades, tarefas, domínios, mecanismos, controles e saídas. O leiaute dos elementos na planilha eletrônica é ilustrado na Figura 4.3. As atividades e tarefas representam o trabalho a ser realizado. As entradas, mecanismos, controles e saídas são as dimensões básicas modeladas. Os domínios indicam as áreas de conhecimentos a que pertencem as tarefas. As saídas esperadas da fase são descritas na base da planilha.

Entradas Atividades Tarefas Domínios Mecanismos Controles Saídas

Saídas

FASE

Leiaute dos elementos do modelo na planilha

Figura 4.3 – Representação descritiva do modelo de referência: leiaute dos elementos.

As dimensões envolvidas em cada tarefa descrita no modelo de referência seguem a recomendação dada pela metodologia IDEF0145 (NIST, 1993). Seus elementos são definidos como segue (Figura 4.4):

145 De acordo com Vernadat (1996), a metodologia IDEF0 é a mais difundida e a mais empregada na modelagem de empresas, sendo

considerada mais simples de ser utilizada (poucas regras e formalismos), sendo de fácil emprego em função de ter sido desenvolvida dentro de um contexto de aplicação prática. A família IDEF foi desenvolvida no início da década de 80 por um programa de integração da manufatura auxiliada por computador (ICAM) da Força Aérea Americana. É uma extensão do método de modelagem SADT (Structured

♦ Entradas (E) – são as informações ou objetos físicos a serem processados ou transformados pela tarefa.

♦ Mecanismos (M) – são os recursos físicos e/ou informações necessários para a execução da tarefa (por exemplo: metodologias, técnicas, ferramentas).

♦ Controles (C) – são as informações usadas para monitorar ou controlar a tarefa.

♦ Saídas (S) – são as informações ou objetos físicos processados ou transformados pela tarefa (entregas produzidas). CONTROLES SAÍDAS ENTRADAS MECANISMOS Tarefa

Figura 4.4 – Dimensões envolvidas na estrutura do modelo de referência.

A dimensão saída (S) é usada como entrada de outras tarefas. Quando na forma de informação – por exemplo: as especificações de projeto – é usada como entrada (E) ou na forma de controle (C) ou mecanismo (M) de outras tarefas. Quando a saída (S) é um objeto físico – por exemplo: um protótipo do produto, uma maquete, etc. – é usada somente como entrada (E) ou mecanismo (M) de outras tarefas.

As tarefas descritas no modelo de referência são classificadas por domínios de conhecimento, cujo propósito é de auxiliar na identificação das pessoas e das habilidades necessárias para a realização da tarefa. Na maioria dos casos, os domínios de conhecimento estão relacionados aos departamentos funcionais de uma organização, como por exemplo: Gestão Empresarial – identificando as tarefas cuja natureza envolve tomada de decisão da diretoria da empresa; Gerenciamento de Projeto – identificando as tarefas cuja natureza envolve a iniciação, o planejamento, a execução, o controle e o encerramento do projeto; Marketing – identificando as tarefas cuja natureza envolve a pesquisa de mercado, o planejamento de marketing, a propaganda e a venda do produto; Projeto do Produto – identifica as tarefas cuja natureza envolve o desenvolvimento e a validação do projeto do produto; entre outros.

Devido à natureza multidisciplinar do processo de desenvolvimento de produtos, as tarefas podem, em alguns casos, estar ligadas a mais de um domínio de conhecimento, ou seja, envolver representantes de várias áreas da organização, quer contribuindo para a tarefa propriamente dita, quer tomando decisões em conjunto.

Um dos recursos que pode ser utilizado sobre a estrutura do modelo de referência em planilha eletrônica, é a aplicação de filtros aos elementos descritos em cada fase (entradas, atividades, tarefas, domínios, mecanismos, controles e saídas), permitindo localizar e trabalhar com um subconjunto de informações. O potencial deste recurso pode ser observado quando um determinado domínio é filtrado, permitindo a

visualização de todas as tarefas relacionadas ao mesmo, ao longo das fases do processo. Outro exemplo é na identificação da ocorrência de um determinado mecanismo ou controle, bem como, na verificação da consistência do modelo.

4.2.3

Contribuições da Estrutura do Modelo de Referência

Esta forma de representação permite, através da visualização do todo num único documento, o estudo de melhorias e a reformulação do processo de desenvolvimento de produtos a fim de se estabelecer um ambiente propício e uma metodologia de trabalho que suportem a sua execução. Entre outras contribuições destacam-se: nivelamento do entendimento das diversas áreas da empresa sobre o processo, melhorando a interação e a comunicação entre os envolvidos; maior eficiência na identificação das habilidades necessárias, seleção, treinamento e adaptação do pessoal ao processo; compartilhamento, pelos membros da equipe, de objetivos comuns definidos pelas saídas desejadas.

Sob o enfoque do gerenciamento de projetos, através das diversas possibilidades de arranjos de visualização, geradas a partir da filtragem de informações nas planilhas eletrônicas, tem-se condições de estabelecer as atividades necessárias à condução do processo de desenvolvimento, independente do tipo de produto, no que se refere à integração, ao escopo, ao tempo, aos custos, à qualidade, aos recursos humanos, às comunicações, aos riscos, aos suprimentos, conforme recomenda a NBR ISO 10006 (ABNT, 2000).

Além disso, este tipo de representação permite a atualização fácil e rápida do seu conteúdo, e a partir dela podem ser elaborados fluxogramas, manuais, apresentações, etc., a serem utilizados para o gerenciamento dos processos, facilitando o planejamento, a comunicação, o treinamento, a análise, a síntese, a tomada de decisão e o controle dos projetos.

No que se refere aos princípios da engenharia simultânea, a estrutura para representação de modelos de referência para o processo de desenvolvimento de produtos permite utilizar um processo simultâneo visível, através da seleção de atividades que possam ser realizadas paralelamente, como por exemplo, o projeto do produto e o plano de manufatura, entre outras, facilitando a obtenção de um bom projeto para a manufaturabilidade e apoio logístico.

As contribuições apresentadas apóiam-se, sobretudo, na visão de todo o trabalho que envolve o processo de desenvolvimento de produtos. Essa visão só é possível com a implementação de uma estrutura que torne todas as atividades transparentes, ou seja, uma estrutura que apresente, claramente, onde cada área atuará, quando e como. A estrutura para representação de modelos de referência para o processo de desenvolvimento de produtos apresentada atende esta condição.