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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS AÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO IBAMA.

DA TAREFA AO COMPARTILHAMENTO DE AÇÕES

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3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS AÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO IBAMA.

3.4.1 Ibama: criação e estrutura

Fruto da fusão de quatro outros órgãos públicos – Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), Superintendência da Borracha (Sudhevea) e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) – o Ibama é uma entidade autárquica de regime especial, com autonomia administrativa e financeira, dotada de personalidade jurídica de direito público, com sede em Brasília, criada pela Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, e vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Ele tem como finalidades: a) executar as políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições

federais permanentes, relativas à preservação, à conservação e ao uso sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e controle; e b) executar as ações supletivas da União, de conformidade com a legislação em vigor e as diretrizes daquele Ministério.

De acordo com o regimento interno2, a presidência do órgão é composta por três assessorias: internacional, parlamentar e de comunicação. Diretamente vinculada à presidência, há ainda a Auditoria (composta pela Ouvidoria e pela Coordenação de Resultados Institucionais) e a Procuradoria Geral (Proge), que tem por atribuições a coordenação do contencioso judicial, dos processos disciplinares e dos estudos e pareceres ambientais.

Em seguida, estão as diretorias, divididas em: órgãos específicos singulares (Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental, Diretoria de Florestas, Diretoria de Ecossistemas, Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, Diretoria de Proteção Ambiental) e órgãos seccionais (Diretoria de Gestão Estratégica e Diretoria de Administração e Finanças). É sobre elas que se descorrerá agora.

O desenvolvimento estratégico no Ibama fica a cargo da Diretoria de Gestão Estratégica (Diget), que está assim constituída: Coordenação Geral de Articulação e Desenvolvimento Organizacional (CGADE), Coordenação Geral de Planejamento, Orçamento e Controle (CGPLO) e Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEAM). O orçamento e o plano plurianual de toda a instituição são elaborados nessa Diretoria. Compete à Diget a formulação, a supervisão e avaliação das atividades de planejamento e orçamento, articulação institucional, educação ambiental e gestão da informação.

Relativo à banda operacional, a execução orçamentária e financeira do órgão é realizada pela Diretoria de Administração e Finanças (Diraf), que entre outras finalidades, tem por atribuição específica a gerência institucional: do patrimônio, dos recursos humanos, dos serviços gerais, das finanças, da contabilidade, das receitas e do controle de arrecadação institucional. Todas as notas de crédito e repasses financeiros, para as outras diretorias, é de responsabilidade da Diraf.

A Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental (Diliq) responde pelo controle e qualidade ambiental, pela avaliação e controle de substâncias químicas, pelo licenciamento ambiental e pela avaliação de impactos e riscos ambientais.

A Diretoria de Florestas (Diref) coordena as atividades de gestão dos recursos florestais (normalização, monitoramento e controle florestal) e de gerenciamento e de planejamento de florestas nacionais. Em síntese, ela é responsável pela coordenação, supervisionamento, regulamentação e orientação da execução das ações federais referentes ao reflorestamento,

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acesso, manejo e uso sustentável dos recursos florestais e florísticos, bem como a Proposição de criação e gestão das florestas nacionais.

A Diretoria de Ecossistemas (Direc) é responsável pelos estudos de representatividade ecológica, pela conservação de ecossistemas e pelo planejamento e gestão de unidades de conservação (UC). Cabe a ela coordenar, supervisionar, regulamentar e orientar a execução das ações referentes à proposição de criação, regularização fundiária e gestão das unidades de conservação federais, a proteção e manejo de ecossistemas e o controle do uso do patrimônio espeleológico.

A Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros (Difap) coordena a gestão do uso e a proteção de espécies da fauna, assim como disciplina o ordenamento, os estudos e as pesquisas pesqueiras.

A Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), a mais aquinhoada de dotação orçamentária no Ibama, coordena as ações de normalização de fiscalização, as operações de fiscalização, o zoneamento e o monitoramento ambiental. O Prevfogo e o Proarco estão nessa diretoria, bem como o Centro de Monitoramento Ambiental (Cemam). O Núcleo de Operações Aéreas (NOA), que apóia as ações de fiscalização e as atividades de prevenção e combate ao fogo, também pertence a essa diretoria.

Compõem ainda a estrutura institucional os órgãos descentralizados:

a) as Gerências Executivas, localizadas nos estados da Federação, às quais competem a operacionalização e a execução, em suas respectivas áreas de abrangência, das atividades relacionadas à gestão ambiental federal, bem como a supervisão técnica e administrativa dos Escritórios Regionais;

b) os Escritórios Regionais, localizados nos municípios estaduais, aos quais competem executar as atividades finalísticas do Ibama, bem como prestar o pronto atendimento das demandas de gestão ambiental federal encaminhadas pela sociedade, viabilizando respostas e soluções e prestando as orientações necessárias;

c) as Unidades de Conservação Federais, as quais competem gerir e manter a integridade dos espaços territoriais federais especialmente protegidos sob responsabilidade do Ibama, estando administrativamente vinculadas às Gerências Executivas e tecnicamente às Diretorias correlatas; e

d) os Centros Especializados, aos quais competem executar ações, programas, projetos e atividades relacionadas à informação; à pesquisa ambiental aplicada à conservação e manejo de ecossistemas e espécies; à preservação do patrimônio natural; gestão dos recursos pesqueiros e da aquacultura; ao desenvolvimento tecnológico e telemática; desenvolvimento e capacitação de recursos humanos; desenvolvimento, indução e

aplicação de tecnologias de uso sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais; monitoramento ambiental e prevenção de incêndios florestais.

Como exemplos de Centros Especializados, entre outros, têm-se:  Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios-RAN;  Centro de Informação, Tecnologias Ambientais e Editoração-Cnia;  Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais-Cepta;

 Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste-Cepene;  Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável-CNPT;  Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais-Prevfogo;  Laboratório de Produtos Florestais-LPF;

Conforme apresentados no organograma divulgado no site institucional, há discrepâncias entre o que está disposto na figura (organograma – ANEXO B) e como realmente funciona (em termos de subordinação) o órgão. Salienta-se até que há setores que não constam (caso do CEMAM – na Dipro – e da Coordenação de Regularização Fundiária, da Direc, esta já publicada em Portaria do órgão) da referida estruturação organizacional e outros que deveriam subordinar- se diretamente à presidência e que estão vinculados a outras diretorias (caso do Prevfogo).

Sobre a estruturação do Ibama, há três decretos que fundamentam (difusamente) a estrutura organizacional3. Hoje, o funcionamento da instituição está baseado em regimento obsoleto, em vias de ser revogado por nova normalização em gestação na Diget.

Interessante perceber ainda que a Ouvidoria, no Ibama, é parte da Auditoria. Parece um grande equívoco, pois as ouvidorias funcionam como instrumentos de acompanhamento e retificadores da execução, elas não têm caráter punitivo nem de fiscalização.

Outro detalhe interessante é que o Prevfogo tem por finalidade realizar o monitoramento ambiental e a prevenção de incêndios florestais. No entanto, para o Proarco, instituído por Decreto4, foi criada uma nova Coordenação, paralela ao Prevfogo, ambas subordinadas à Dipro.

3.4.2 Prevfogo: criação e atuação

Em 19895, fruto das propostas da Comissão Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Conacif), foi criado o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo. Inicialmente, abordava somente que a prevenção de IF seria

3 O Decreto nº 3.233/2001, que originou o regimento atual, o Decreto nº 4.548/2002, que revogou o anteriormente citado e tratou de remanejamentos de cargos em comissão do Grupo-Direção de Assessoramento Superiores (DAS) entre o Ibama e a Secretaria de Gestão/MP, mas que não originou regimento interno, e o Decreto nº 4.756/2003, que tratou de remanejamentos de cargos em comissão do Grupo-Direção de Assessoramento Superiores (DAS) entre o Ibama e a Secretaria de Gestão/MP e que – provavelmente – fundamentará a nova estrutura regimental da casa 4

Decreto nº 2.959, de 10 fev. 1999. 5

promovida pelo aludido sistema e que o combate aos IF seria exercido pelos Corpos de Bombeiros Militares (CBMil) e grupos de voluntários organizados pela comunidade ou brigadas.

Por finalidade, só na redação do Decreto n.º 2.661 (que ratificou o sistema e revogou o decreto anterior), de 08 de julho de 1998, é que houve a clarificação dos intentos, que são: desenvolver programas, integrados pelos diversos níveis de governo, destinados a ordenar, monitorar, prevenir e combater incêndios florestais, cabendo-lhe, ainda, desenvolver e difundir técnicas de manejo controlado do fogo, capacitar recursos humanos para difusão das respectivas técnicas e para conscientizar a população sobre os riscos do emprego inadequado do fogo. Adicionalmente, ele ainda tinha a responsabilidade sobre as avaliações e seus efeitos sobre os ecossistemas, a saúde pública e a atmosfera.

Em 2001, o Prevfogo tornou-se um Centro Especializado6 dentro da estrutura do Ibama (regimento interno em vigor), com autonomia técnica, administrativa e financeira, responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas com campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento, e pesquisa e manejo de fogo nas unidades de conservação administradas pelo Ibama.

A atuação do Prevfogo deveria abranger, como previsto pelo Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, todo o território nacional, no entanto, insuficiências de recursos humanos e orçamentários limitaram essa abrangência. Ele atua nas UC e entorno e, basicamente, naquelas 74 UC elencadas com alta incidência de IF. O trabalho do Prevfogo é realizado em estreita cooperação com as gerências executivas estaduais do Ibama com os chefes das Unidades de Conservação Federais. O Prevfogo conta atualmente com 28 representantes nas Gerências Executivas e nas Unidades de Conservação que atuam não apenas como colaborador, mas, principalmente, como elos entre o Prevfogo e as entidades públicas e privadas, procurando desta forma estabelecer uma linha de ação capaz de atender as necessidades específicas de cada uma das distintas áreas geográficas. Internamente às UC, criou- se o gerente de fogo, que atuará permanentemente nos eventos e ações voltadas a essas questões no manejo da área e seu entorno.

Finalizando, destaca-se que o Prevfogo possui 28 elos (disciplinarmente subordinados às GEREX e tecnicamente vinculados ao Prevfogo) nos estados brasileiros e estes se direcionam a zelar pelas UC, naquilo que tange ao fogo e seu uso, assim como atuar junto às Gerencias Executivas do Ibama (Gerex), no que se refere ao controle de queimadas (vistorias de áreas e autorizações de queima).

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3.4.3 Proarco: criação e atuação.

Frente à inexistência de atividade ou órgão direcionado a prevenir e combater os IF na AL, fora das UC, e preocupado com as externalidades negativas e desgastes com os órgãos, associações e ong ambientais (nacionais e internacionais) provocados pelo IF de Roraima, em1998, foi desenhado um programa para atuar nas localidades com maior incidência de IF no perímetro da Amazônia Legal. O Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal (Proarco) foi criado por Decreto7 com o objetivo de: a) identificar áreas de maior risco de ocorrência de incêndios florestais, por meio de sistema de monitoramento e previsão climática; b) controlar o uso do fogo ao longo da região, por meio das ações de fiscalização das autorizações de queima controlada; c) informar os produtores e as comunidades rurais quanto aos riscos dos incêndios florestais, por meio de campanhas educativas de mobilização social, conscientização e treinamento; d) estruturar e implantar núcleo estratégico com capacidade institucional de mobilizar força-tarefa para atender a emergências em combate a incêndios florestais de grandes proporções.

O Proarco subordinou-se à Dipro, desde o início, e responsabilizou-se pela coordenação das ações de monitoramento, prevenção, educação ambiental e de formação de brigadas para combate a incêndios florestais na Amazônia Legal, em articulação com os órgãos estaduais competentes.

A Secretaria Especial de Políticas Regional, integrante do antigo Ministério do Orçamento e Gestão, cuja defesa civil (Departamento de Defesa Civil) era uma de suas atribuições, coube a coordenação e a articulação de apoio ao combate a incêndios florestais que fugissem ao controle dos órgãos locais. Hoje, toda a demanda e as ações, fora das unidades de conservação (UC), sobre incêndios florestais são coordenadas pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional (MI).

No mesmo decreto de instituição do Proarco foi criada a Força-Tarefa para combater IF na Amazônia Legal (AL), a qual seria coordenada pela Secretaria Especial de Políticas Regionais, com a participação do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira e do MMA. Hoje, o Comandante do Batalhão Florestal, do Corpo de Bombeiros Militar do DF, é o Comandante da Força-Tarefa.

3.5 GESTÃO COMPARTILHADA: COMPROMISSO, INTERDISCIPLINARIDADE E