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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.10 Estrutura Organizacional de Manutenção

A adoção de uma organização de Manutenção adequada em cada indústria depende de muitos fatores, tais como: porte, localização, filosofia operacional, processos de produção, nível de complexidade dos equipamentos, grau de automação, etc. Pela diversidade dos fatores e o caráter circunstancial de muitos deles, a organização deve ser dinâmica, prevendo evoluções que a tornem mais eficiente e racional.

Com base no Plano Gestor adotado por uma empresa podem ser definidas as premissas de uma Estrutura de Manutenção que devem sistematizar um modelo de Gestão de Manutenção visando primordialmente o atendimento aos requisitos do Sistema de Gestão de Manutenção e Confiabilidade, bem como a satisfação dos clientes internos, através de:

Estabelecimento, manutenção e melhoria contínua dos padrões de engenharia, qualidade e segurança;

Otimização de recursos, melhorando a relação custo/benefício;

Visualização dos resultados, através de indicadores compartilhados com as Gerências de processo, envolvendo aspectos de qualidade, atendimento, produtividade, custo, confiabilidade, saúde, segurança, meio ambiente e segurança alimentar;

Otimização dos resultados, mediante a busca da excelência na gestão dos ativos industriais.

Com base nestas premissas as unidades industriais devem organizar-se de tal forma que os Gestores da Manutenção em cada unidade industrial devem ter ainda sob sua responsabilidade a Operação de Utilidades (Geração de Frio, Vapor, etc.), a Manutenção de Áreas Externas e das Áreas Internas, reportando-se ao Gerente de Unidade.

Figura 8 – Premissas e Responsabilidades na Estrutura de Manutenção.

Fonte: Arquivos da Empresa “X”.

O organograma básico prevê a existência de: Suporte Administrativo;

PCM - Planejamento e Controle da Manutenção; Equipe dedicada à execução de Obras e Projetos;

Supervisão para cada unidade industrial, atuando na Manutenção das Áreas Externas nas especialidades de mecânica, elétrica, eletrônica e automação;

Supervisão para cada unidade industrial, atuando na Operação de Utilidades, englobando as áreas de geração de frio, geração de ar comprimido, geração de vapor, estações de tratamento de água e tratamento de efluentes;

Supervisão para cada unidade industrial, atuando na execução de Manutenção das Áreas Internas, podendo estar funcionalmente ligadas diretamente ao Gestor da Manutenção; Coordenação de Meio Ambiente/Eficiência Energética, atuando na gestão de resíduos e

controle dos recursos energéticos (água, energia, vapor, geração de frio).

As atividades de inspeção de equipamentos e monitoramento de condição estão incluídas na supervisão do PCM. O PCM deve ser estruturado de forma a atender às atividades de planejamento, programação e controle dos serviços em cada unidade industrial. Deve também estar dotado de recursos necessários, quando for o caso, para o atendimento às demandas de serviços de paradas. Os serviços de oficina (usinagem, reparos mecânicos, reparos em válvulas, etc.), bem como os serviços complementares de apoio (pintura, isolamento, máquinas de carga, andaimes, etc.) estarão sob responsabilidade da Supervisão de Áreas Externas.

Uma estrutura de Manutenção, independente da forma como for estruturada, deve necessariamente satisfazer o atendimento aos indicadores da empresa. O principal indicador de uma empresa e que determina sua eficiência e de seus processos produtivos, é o valor gasto para produzir dado volume de produto, exemplo: valor em moeda por unidade de produto; ou ainda, valor em moeda por volume de produção. Mede-se desta forma o quanto de esforço financeiro está sendo investido pela empresa para produzir um dado volume de produtos.

A experiência do autor relata que um dos principais indicadores avaliados na empresa se encontra justamente dentro deste cenário. A empresa avalia periodicamente o valor gasto em moeda corrente para cada tonelada de produto acabado, descrito desta forma: R$ / Tonelada de Produto Acabado. Como forma de melhorar a eficiência produtiva da unidade busca-se constantemente reduzir o valor investido, sem reduzir qualidade, evidentemente, para cada tonelada produzida. Inúmeros esforços são realizados neste sentido por todos os setores envolvidos na cadeia produtiva.

A Manutenção tem papel importante neste sentido, na medida em que melhora a eficiência do atendimento aos equipamentos da empresa. Para isso é necessário que haja uma mudança de postura, como já mencionado anteriormente, onde mede-se a eficiência da Manutenção pela sua capacidade de reduzir o número de paradas de equipamentos, bem como a redução dos custos de manutenção; e não a avaliando em sua capacidade de restabelecer o

processo produtivo diante de uma interrupção causado por uma anomalia/falha, conceito considerado já ultrapassado.

Para atingir tal objetivo a Manutenção faz-se de uso de inúmeros recursos, de prática e gestão, que possibilitem inserí-la dentro das necessidades da empresa. A mão-de-obra qualificada, certamente trona-se o grande diferencial, pois requer profissionais, não apenas com conhecimento técnico específico, mas com experiência e que principalmente com atitude proativa diante das demandas de atividades do setor além de comprometimento com os objetivos da empresa.

Outros dois recursos, destacam-se na busca por esta eficiência: a utilização de um método de trabalho e de um sistema informatizado. O primeiro pode ser entendido como a utilização de procedimentos operacionais para trabalhos em máquinas, tais como: instruções de trabalho, lições ponto-a-ponto, a prática da utilização de consulta à manuais de operação e manutenção de equipamentos; rotinas de trabalhos em máquinas que sirvam de orientação aos técnicos. Isso tudo aplicado e replicado ao quadro de técnicos de manutenção sob forma de treinamentos periódicos.

Já o sistema informatizado pode ser entendido como o recurso de informática destinado a armazenar informações relevantes as atividades de manutenção realizadas nos equipamentos, como período de realização das intervenções e ou inspeções; tipo, modelo e quantidade de componentes substituídos, para que possam servir de simples consulta, ou se permitirem a aplicação de uma programação lógica, ainda possam gerenciar a programação de atividades de manutenção obedecendo as necessidades de cada equipamento.

Esta condição de estruturação da Manutenção pode ser explicitada na figura de uma “casa”, onde o indicador objetivado pela empresa seria representado pela cobertura desta “casa”, a Manutenção seria a base da estrutura; e três pilares se formam na sustentação dela: Técnicos de Manutenção, Método de Trabalho e Sistema Informatizado, onde cada um destes pilares possui uma dimensão (representada pela largura de cada um dos pilares), de acordo com a importância que cada pilar assume na estrutura e para aqueles que dela possam fazer parte, o que pode ser visualizado na figura abaixo.

Figura 9 – Estruturação de um Setor de Manutenção.

Fonte: O Autor, 2015.

Nota-se que o pilar representativo da mão-de-obra, Técnicos de Manutenção, tem uma dimensão maior que os outros dois, pois o autor considera que somente este poderia ser suficiente para sustentar a estrutura, subtraindo o Método de Trabalho e o Sistema Informatizado.

Esta realidade já foi vivenciada pelo autor, em diferentes empresas e de alguma forma se sustenta, desde que algumas condições sejam garantidas como as mencionadas acima quanto a qualificação dos Técnicos de Manutenção: conhecimento técnico específico, experiência, proatividade e comprometimento com os objetivos da empresa. Situações assim são possíveis de garantir a eficiência do setor de Manutenção diante das demandas de uma fábrica.

Numa linha de raciocínio semelhante sobre a estrutura acima, poderíamos admitir uma redução da dimensão do pilar “Técnicos de Manutenção”, admitindo desta forma que o quadro de colaboradores do setor Manutenção, não fosse devidamente qualificado, ou não tivesse o comportamento esperado na situação anterior. Situação esta as vezes bastante comum nas empresas, o que também justifica a atitude de muitas organizações de investirem na formação pessoal e profissional de seus funcionários. Assim sendo, poderíamos admitir que os pilares “Método de Trabalho” e “Sistema Informatizado”, seriam suficientes para servir de suporte aos Técnicos, orientando-os e alertando-os das atividades pertinentes e de responsabilidade do setor. Obviamente que neste sentido faz-se necessário a atuação de funcionários do apoio administrativo no sentido de levar estas informações até os Técnicos.

Embora as duas situações acima descritas sejam a realidade de muitas empresas atuantes no mercado, destaca o autor de que a situação ideal é a que está representada na figura 8, pois ela representa a condição máxima de qualificação, comprometimento e suporte ao setor de Manutenção dando assim uma condição favorável para o que este possa dar uma contribuição significativa ao cumprimento das metas da organização.

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