• Nenhum resultado encontrado

2.3 O BANCO MUNDIAL E O GRUPO BANCO MUNDIAL

2.3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

O Grupo Banco Mundial é uma organização financeira multilateral formada por 188 países membros, os quais primeiramente devem afiliar-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI), para, então, ser membro das instituições que formam o Grupo (PEREIRA, 2010; SILVEIRA, 2007). Cada instituição do Grupo é de propriedade de seus países membros (WORLD BANK, 2013a).

Trata-se a maior fonte global de assistência ao desenvolvimento. Para atender a demanda, o Grupo organiza-se através de uma única presidência e cinco instituições, sendo elas: BIRD, AID, CFI, AMGI e CICDI; as quais possuem sede em Washington, EUA, e contam com mais de quinze mil funcionários, além de possuir mais de cento e vinte escritórios espalhados mundialmente (WORLD BANK, 2013a).

O GBM é uma grande Organização composta por cinco diferentes organismos os quais operam sob um quadro comum, mas com diferentes funções (GILBERT & VINES, 2006).

Os funcionários são o maior recurso estratégico do Grupo Banco Mundial. São especialistas e funcionários administrativos de mais de cento e setenta países. Com o passar dos anos, a proporção de funcionários baseados em escritórios localizados nos países membros aumentou, refletindo uma atuação do GBM cada vez mais próxima de seus clientes. A diversidade cultural dos funcionários gera diferentes perspectivas de ações de combate à pobreza; as quais são a finalidade maior do Grupo (WORLD BANK, 2013a).

A governança do GBM dá-se através do Quadro de Governadores e da Diretoria Executiva. Cada instituição é governada por seus países-membros, que elegem dois representantes, sendo um o governador e o outro substituto para formar o Quadro de Governadores; geralmente são escolhidos para o cargo o ministro das finanças ou o presidente o banco central do país. O cargo tem duração de cinco anos, podendo ser renovado. Além desses representantes, o Grupo possui seis vice presidentes regionais, sendo eles: (1) África, (2) Leste de Ásia e Pacífico, (3) América Latina e Caribe, (4) Meio Leste e Norte da África, (5) Ásia Central e Europa e (6) Sul da Ásia (WORLD BANK, 2013a).

As exceções são a AMGI que elege separadamente os governadores para o seu Conselho de Governadores e o CICDI que possui um Conselho Administrativo ao invés do Quadro de Governadores (WORLD BANK, 2013a).

Os governadores se encontram uma vez ao ano para discutir e revisar as políticas básicas da organização. Dentre as atribuições dos governadores estão: aceitar ou suspender membros da organização, aumentar ou diminuir o capital estocado pelo Banco, fazer acordos formais de cooperação com outras organizações internacionais, etc. (WORLD BANK, 2013a).

Abaixo dos governadores, encontra-se o Quadro de Diretores Executivos, constituído por 25 diretores executivos além do Presidente do Banco designados para atender as operações gerais do Grupo. Os diretores – que são eleitos pelos países membros para um mandato de dois anos – conduzem e decidem sobre a política institucional da organização em encontros realizados duas vezes por semana. Já o presidente, que cumpre um mandato de cinco anos, renováveis por mais cinco, não tem poder de voto e só toma decisões em caso de empates. É determinado pelo Estatuto do Banco Mundial que cinco de seus diretores executivos sejam representantes dos maiores acionistas da organização, são eles: Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Japão. O restante dos países agrupa-se de acordo com seus interesses para apontar um diretor para cada grupo. Já a escolha do presidente do GBM é feita pelo Quadro de Diretores Executivos (WORLD BANK, 2013a).

Os diretores eleitos pelo BIRD são os mesmo que atuam na AID e na CFI. A AID possui, também, a mesma estrutura administrativa que o BIRD bem como o mesmo corpo técnico, procedimentos internos critérios de ação, etc. (PEREIRA, 2010). A AMGI elege seus membros separadamente, entretanto, geralmente são os mesmos que ocupam o cargo nas demais instituições. A única exceção nesse caso é o CICDI, que não possui um Quadro de Diretores (WORLD BANK, 2013a).

Segundo Mason & Asher (1973: 980), as diferenças de organização institucional do BIRD e da AID são mínimas, uma vez que os funcionários que atuam em uma também atuam na outra e a estrutura de voto se distingue ligeiramente. Apesar disso, é equivocado dizer que a maior distinção entre as duas organizações é a contabilidade. Isso porque o critério escolhido para a utilização dos fundos das organizações e a fonte de recursos dos empréstimos é diferente.

O GBM é uma Organização dividida entre os maiores acionistas e os países tomadores de empréstimos, ou seja, não é governada pelo poder do voto (VIANNA, 1998 apud STEPHANOU, 2005).

Os organismos que mais diferem em relação à estrutura organizacional são a AMGI e o CICDI. A AMGI, além do Quadro de Governadores e do Quadro de Diretores Executivos, possui uma Secretaria Corporativa que auxilia os outros segmentos a realizar suas tarefas, bem como age como interlocutor entre esses segmentos e demais funcionários da organização. Já o CICDI, como se trata de uma organização internacional autônoma, tem uma estrutura interna simples composta apenas por um Conselho Administrativo e um Secretariado. O Conselho é responsável pela adoção de regras, pela condução dos procedimentos realizados pelo Centro, pela definição e controle do orçamento e pela eleição do Secretario Geral e de seu substituto. O Secretariado, por sua vez, conta com cinquenta funcionários sob o comando do Secretário Geral – que é o representante legal da instituição. Dentre suas funções estão a de dar suporte aos procedimentos do CICDI, auxiliar a comissão de conciliação e tribunais arbitrais e tribunais ad hoc, além de administrar os procedimentos iniciados pelo Centro e suas finanças (WORLD BANK, 2013a).

A AMGI exige que seus diretores executivos assumam cargos em pelo menos um dos comitês criados para ajudar o Quadro de Diretores a cumprir com suas responsabilidades. Os comitês dividem-se em: auditoria, orçamento, eficácia do desenvolvimento, assuntos administrativos e de governo, e recursos humanos (MULTILATERAL INVESTIMENT GUARANTEE AGENCY, 2013a).

Os governadores e diretores reúnem-se periodicamente na sede do Grupo Banco Mundial, nos EUA, para revisar e decidir sobre os investimentos e estabelecer as estratégias gerais que guiaram as políticas e o funcionamento do Grupo (WORLD BANK, 2013f; WORLD BANK, 2013a).

A tomada de decisões dentro das instituições que compõe o Grupo Banco Mundial é baseada no poder econômico de cada país. Ou seja, o poder de voto de um país dentro de cada instituição depende do capital subscrito pelo mesmo (SILVEIRA, 2007; PEREIRA, 2010). Devido a esse fato, os países procuram se alinhar em grupos para obter mais peso dentro do GBM.

Cada Organização dentro do Grupo Banco Mundial possui sua estrutura de votos. No caso do BIRD, cada membro recebe votos correspondentes a sua parte

de capital subscrito ao Banco mais votos básicos os quais são calculados de modo que soma de todos os votos básicos seja igual a 5.55% da soma de todos os votos básicos e da soma dos votos do capital do BIRD de todos os membros. Já na AID os votos são divididos conforme as regras das reposições de capital decididas em cada resolução de reposição da Associação, sendo que os votos consistem em votos de subscrição e votos de membros da Organização. Na CFI o poder de voto é divido conforme acontece no BIRD. E na AMGI, cada membro recebe votos correspondentes a sua parte de capital subscrito a Agência mais votos de paridade, ou seja, são calculados de modo que agreguem um número de votos das categorias 1 e 2 seja o mesmo; a categoria 1 corresponde aos países industrializados, atualmente totalizando 25 membros e a categoria 2 diz respeito aos países em desenvolvimentos, sendo representados nessa categoria 154 membros (WOLD BANK, 2013a; MULTILATERAL INVESTIMENT GUARANTEE AGENCY, 2013a; WORLD BANK, 2013x).

A economista Jones (2002) defende o fato de que, atualmente, o GBM vive uma realidade que não corresponde com a conjuntura econômica, financeira e desenvolvimentista, pois os países que subscrevem a maior parte do capital do GBM têm menor participação nas decisões da Organização como um todo. Ela aponta, também, que as decisões tomadas pelos Quadros de Governadores são feitas por meio de consenso. No entanto, poucas deliberações formais são votadas e a composição do Quadro e Governadores e o número de Diretores Executivos influenciam na tomada de decisões e no poder de votos dos países membros.

Woods (2001) explica que representatividade dos países membros dentro do Grupo Banco Mundial deveria refletir a relação dos países membros com a Organização. No entanto, ela é defeituosa uma vez que não representa adequadamente todos os membros dando menos voz aqueles com uma relação mais estreita com a mesma e mantendo-se distante dos governos que representa.

Como forma de adequar-se as mudanças do cenário internacional, desde a sua criação o Banco Mundial vem transformando sua atuação para alcançar seu principal objetivo de erradicar a pobreza por meio do desenvolvimento socioeconômico.

O novo papel exercido pelo GBM vem aumentando o número de empréstimos realizados. Os maiores tomadores de empréstimo do Banco Mundial como Índia e Brasil possuem menor poder dentro das Organizações do Grupo

Banco Mundial. No entanto, realizam projetos que estão dentre os mais inovadores do mundo. Para a aprovação do financiamento, os projetos precisam passar por diversos procedimentos conforme será descrito no capítulo a seguir.

Documentos relacionados