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2.3 O BANCO MUNDIAL E O GRUPO BANCO MUNDIAL

2.3.1 Histórico do Banco Mundial

Na década de 40, o mundo sofria as consequências de duas Grandes Guerras. Houve uma diminuição drástica de emprego, produção e, consequentemente, comércio. Tal situação causou desgaste no sistema capitalista vigente, o qual precisava, urgentemente, ser reconstruído a partir de uma política econômica internacional regulada por meio de regras (BARRETO, 2009).

Durante esse período havia certo receio de que os problemas vividos na década anterior, com o Crash da Bolsa de Nova Iorque em 1929, retornassem e a guerra seria apenas uma interrupção dessa situação (CARVALHO, 2004).

Foi então que, antes do final da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano começou a idealizar um novo sistema financeiro internacional. Para tanto, os EUA mantiveram negociações com o governo britânico, principalmente entre Harry Dexter White – assessor chefe do secretário do Tesouro norte americano – e John Maynard Keynes – assessor principal do tesouro britânico. Ambos elaboraram propostas para reestruturar a economia mundial, onde a criação de instituições multilaterais cooperadas economicamente evitaria novas guerras. Os focos eram: a estabilidade econômica através de práticas intervencionistas e a cooperação financeira internacional sustentada por regras e responsabilidades dos membros que aderissem a esses novos organismos (EICHENGREEN, 2000 apud PEREIRA, 2010).

De acordo com o departamento de História do governo americano, o meio encontrado para alcançar tais objetivos era o estabelecimento de taxas de câmbio fixas e a expansão do comércio internacional. Além disso, tais instituições garantiriam que os países não tomassem medidas protecionistas e voltassem a operar com taxas de câmbio flutuantes (US DEPARTMENT OF STATE: OFFICE OF HISTORIAN, 2013).

Na época, os Estados Unidos eram a potência hegemônica mundial uma vez que a Europa encontrava-se destruída pela guerra; e era esse o ponto de divergência entre as propostas norte-americana e britânica. A Inglaterra pretendia fazer da sua moeda, a libra esterlina, como uma zona de interesses privilegiados, a qual os EUA participariam menos ativamente. No entanto, o país europeu encontrava-se endividado e necessitaria do financiamento norte-americano. Já os Estados Unidos, almejava transformar o dólar na moeda internacional o que afirmaria a influência global do poder político e financeiro norte-americano (AGLIETTA & MOATTI, 2002 apud PEREIRA, 2010).

Keynes focava o seu projeto em dois pontos: a concepção de um banco central internacional com uma moeda de reserva mundial que proporcionasse a estabilização financeira e crescimento econômico, e a criação de um fundo de reservas financiado pelo então banco central internacional para reconstruir os países destruídos pela guerra, e depois ampliados para a promoção do desenvolvimento econômico (PEREIRA, 2010).

A ideia central de Keynes era a criação de uma moeda escritural, presente nos livros do banco central internacional, onde seriam registradas as operações entre os bancos centrais dos países membros da instituição. Tal organismo centralizaria todos os pagamentos referentes ao comércio exterior, além de registrar todas as entradas e saídas de recursos estrangeiros (CARVALHO, 2004).

No entanto, foram as propostas de White que formaram a base do novo sistema financeiro internacional. A sua ideia era criar um banco e um fundo internacional para estabilizar a política econômica no pós-guerra (SILVA, 1999).

Horsefield (1969 apud MASON & ASHER, 1973) descreveu White como um pragmático que explorava a posição de força e influência que os Estados Unidos possuíam para negociar ajuda financeira internacional que o país poderia oferecer ao final da Segunda Guerra.

No documento apresentado em 1942, White expôs suas preocupações: prevenir a ruptura de câmbios estrangeiros e o colapso do sistema monetário e do sistema de crédito; assegurar a restauração do comércio internacional e suprir o grande volume de capital necessário para a reconstrução mundial (HORSEFIELD, 1969).

O professor Fernando J. C. de Carvalho (2004), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considera que tal projeto possibilitou os países de atingirem níveis sustentados de prosperidade econômica nunca vistos antes. De outra parte, os países teriam que ceder a algumas decisões sobre suas políticas domésticas com o objetivo maior de alcançar a estabilidade macroeconômica.

Como meio de concretizar essas ideias, em 1944, os países aliados aos EUA na guerra foram convidados para a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas em Bretton Woods – nos EUA, para discutir e aprovar as propostas desse novo sistema financeiro internacional (KAPUR et al., 1997 apud PEREIRA, 2010).

Os assuntos chave da reunião eram: como estabelecer um sistema estável de câmbio e como pagar pela reconstrução da economia dos países devastados pelas guerras mundiais que tiveram como palco a Europa (SCHIFFERS, 2008).

Durante a Conferência, o foco foi a elaboração do acordo que constituiria o Fundo Monetário Internacional. Contudo, percebeu-se ao longo das negociações, que seria necessário um fundo para a reconstrução, principalmente dos países europeus, pois esses não teriam condições de contribuir de maneira significativa com os organismos financeiros recém-criados (KAPUR et al., 1997 apud PEREIRA, 2010).

Assim sendo, Bretton Woods resultou na criação de instituições financeiras multilaterais, o FMI – que regularia o câmbio e concederia empréstimos em caso de déficit no balanço de pagamentos, e o BIRD – que, primeiramente, promoveria garantias e empréstimos para os países afetados pela guerra (WORLD BANK, 2013a).

O cenário mundial foi modificado no pós-guerra com o surgimento da bipolarização mundial: a Guerra Fria. Os EUA estavam pressionados pela ameaça comunista que se expandia mundialmente. O mundo passava, também, por um período de descolonização e alguns dos países periféricos passaram a ganhar importância nas questões diplomáticas. Porém a maioria desses países agora independentes e alguns países periféricos não se encaixavam nas políticas de crédito do FMI e do BIRD (HOBSBAWM, 1995; KAPUR et al., 1997 apud PEREIRA, 2010).

Foi então que se sentiu a necessidade da expansão dos critérios de elegibilidade do Banco Mundial (MASON & ASHER, 1973 apud PEREIRA, 2010). A medida mais segura encontrada foi a criação de novos organismos do Banco: a CFI (Corporação Financeira Internacional), a AID (Associação Internacional de Desenvolvimento), o CICDI (Centro Internacional para a Conciliação de Divergências em Investimentos) e a AMGI (Agência Multilateral de Garantias de Investimentos). Juntos, esses organismos forma o Grupo Banco Mundial (GBM). As Organizações que compõe o Grupo serão explicitadas no capítulo a seguir.

2.3.2 A AMPLIAÇÃO DA ATUAÇÃO DO BANCO MUNDIAL – O SURGIMENTO

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