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3 ANÁLISE DE DADOS

3.3 OS PROJETOS NO BRASIL

Em 2012, de acordo com o site da ONU (Organização das Nações Unidas), quatro projetos brasileiros foram inclusos em uma lista de 100 mais inovadores mundialmente falando. Dentre os critérios utilizados para a escolha estavam: viabilidade, complexidade técnica ou financeira, inovação e impacto social (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013b).

A diretora do Banco Mundial no Brasil, Debbie Wetzel, explicou que os projetos são inspiradores porque utilizam meios modernos de financiamento para a resolução de problemas de infraestrutura e melhorias nas condições de vida da população brasileira (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013b).

Um dos projetos incluso nessa lista é fruto da primeira parceria público- privada na área da saúde no Brasil. Em 2009, o governo baiano contatou a CFI, órgão que faz parte do Grupo Banco Mundial, para construir o primeiro hospital público na região de Salvador em um período de 20 anos, o Hospital do Subúrbio. O governo pretendia, com essa parceria, garantir um serviço de saúde de qualidade para toda a população (KPMG, 2013; WORLD BANK, 2013q; (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013e).

O Hospital atende onze bairros, totalizando 25% da população da capital baiana. Aproximadamente 280 mil pessoas já foram atendidas desde sua inauguração e foram realizados cerca de 1,8 milhão de procedimentos (G1, 2013).

A Corporação Financeira Internacional auxiliou o governo do Estado da Bahia a preparar a parceria público-privada bem como realizou estudos técnicos e análises de viabilidade do projeto, estruturou a transação e esboçou os documentos legais além de gerenciar o processo de leilão do consórcio (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013e). O Grupo Banco Mundial entende que o sucesso da parceria é resultado do que se consegue fazer quando o GBM trabalha com o Estado, trazendo a experiência do setor privado para oferecer serviços de qualidade aos mais necessitados (WORLD BANK, 2013a).

Uma empresa brasileira, a Promedica, e outra francesa, a Dalkia ganharam o consórcio sobre a obra. A Promedica é uma companhia líder em cuidados com a saúde no nordeste brasileiro tendo como foco a medicina preventiva. Já a Dalkia é uma companhia especializada soluções inovadoras de gerenciamento e líder global em serviços energéticos (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013c; DALKIA, 2013; PROMEDICA, 2013).

As empresas pretendem investir, até o final da concessão, US$ 32 milhões dos quais vinte e três milhões foram empregados ao longo do primeiro ano. Enquanto o governo da Bahia contribuiu com US$ 27 milhões (WORLD BANK, 2013q). O projeto foi estruturado de maneira que a empresa privada tenha um contrato de concessão de dez anos sobre as operações hospitalares e gerenciais, incluindo serviços médicos e não médicos. Ao mesmo tempo, a empresa será responsável por equipar e manter o hospital, garantindo que os padrões hospitalares se igualem ao dos melhores hospitais particulares do País (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013e).

Sendo uma parceria público-privada, o setor privado projeta, constrói e assume a operação, bem como administra o Hospital e o Estado se responsabiliza pelo pagamento mensal do serviço (G1, 2013).

O Hospital foi aberto em 2010 com 289 leitos para atendimentos emergenciais de saúde. Desde essa data já realizou quase dois milhões de procedimentos médicos, incluindo 680.000 procedimentos emergenciais. A equipe médica é formada por 1.200 profissionais nas mais diversas áreas, sendo as especializadas a ortopédica, a traumatológica e a cardíaca (WORLD BANK, 2013q).

Em 2013, o Hospital do Subúrbio recebeu o prêmio Parcerias Emergentes – da Corporação Financeira Internacional e do Infrastructure Journal – concedido aos 10 melhores projetos de parcerias público-privadas da América Latina e do Caribe. A unidade foi premiada mediante análise de aspectos como inovação financeira e tecnológica, bem como o impacto do desenvolvimento das obras (G1, 2013).

A diretora do Hospital, Lícia Cavalcanti explica que a unidade se especializou em atendimentos de situações de risco, sendo a prioridade a gravidade dos pacientes (G1, 2013).

No ano de 2010 foi aprovado um financiamento no valor de US$ 60 milhões para o Estado da Bahia com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil e materna. O Projeto Integrado de Gestão Água e Saúde promoverá o abastecimento de água potável, saneamento básico e cuidados essenciais de saúde. A previsão para conclusão do projeto é 31 de dezembro de 2015 (WORLD BANK, 2013o).

De acordo com o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop, o governo baiano atribui grande importância à redução da mortalidade infantil e materna. O projeto financiado pela Organização é inovador e pretende integrar intervenções multissetoriais para alcançar seu objetivo, bem como pretende ampliar os resultados em relação a uma abordagem descoordenada (WORLD BANK, 2013d).

O objetivo do projeto é através de uma ação coordenada entre o aumento do acesso a água e serviços de saneamento e serviços básicos de saúde, reduzir em torno de duas mil mortes, o que reduzirá os atuais indicadores que estão entre os piores do país (WORLD BANK, 2013o).

Através da implantação do projeto, o Banco Mundial pretende atender pelo menos 10 municípios mais afetados por doenças infecciosas do intestino. Dentre as ações pretendidas estão: campanhas de vacinação, criação de equipes de saúde a família da família e melhoria na prestação de serviços em 25 hospitais do estado, além de ampliar e modernizar o setor de saúde, água e planejamento (WORLD BANK, 2013d).

Além disso, esse projeto ampliará a capacidade técnica das instituições envolvidas com o apoio do Tribunal de Contas da Bahia que irá monitorar e analisar as ações de investimentos. O empréstimo feito pelo BIRD será ofertado durante

cinco anos e deverá ser pago em um período de 29 anos, incluindo quatro anos de carência (WORLD BANK, 2013d).

A preparação do Projeto Integrado de Água e Saúde foi baseada em outros projetos bem sucedidos, porém com aspectos inovadores que se encaixariam nas necessidade especificas do País, de acordo com as prioridades e realidades do governo (WORLD BANK, 2013s).

A prefeitura de Belo Horizonte procurou a CFI para realizar a parceria público-privada no setor educacional no valor de US$ 200 milhões com o intuito de construir 37 novas escolas públicas no município, sendo 32 para o ensino infantil e cinco para crianças a partir de seis anos (KPMG, 2013, KOIKE, 2013).

A cidade é a terceira maior do Brasil e investe na educação básica como forma de melhorar a competitividade de sua força de trabalho. A CFI oferecerá apoio para o investimento do setor privado e suporte de especialistas para expandir e reforçar o sistema pré-escolar e de educação primária (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013d).

Algumas limitações financeiras e técnicas dificultaram o município de levar o projeto com recursos próprios. A escassez de escolas, recursos financeiros e de recursos administrativos para a aquisição de serviços de construção fez com que Belo Horizonte buscasse no setor privado (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013d).

O consórcio Educar, feito pela Odebrecht – uma empresa líder do setor de construção, deverá durar 20 anos e a empresa será responsável pela construção das escolas e pelo gerenciamento dos serviços não pedagógicos, enquanto a CFI é responsável pelo estudo de viabilidade econômica, técnica e jurídica do projeto. A parceria expandirá o acesso à educação primária e incluirá outras dezoito mil crianças, além de criar novos postos de trabalho no setor educacional. Enquanto a prefeitura se responsabilizará por fornecer os locais para instalações de novas escolas e outras facilidades relacionadas, a empresa privada é encarregada da construção e operação dos serviços não pedagógicos como limpeza, manutenção e gerenciamento (INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, 2013d).

Com o auxilio da empresa privada na gestão das escolas, os diretores terão mais tempo para cuidar das questões pedagógicas (KOIKE, 2013). O projeto oferece grande potencial para ser recriado em outros Estados e municípios brasileiros.

A região metropolitana de São Paulo vem sofrendo com a pouca infraestrutura do transporte público. Nos últimos essa região vem sendo procurada por trabalhadores que buscam melhores condições, esse cenário resultou em maiores congestionamentos e piora na qualidade do serviço prestado. Por essa razão, o governo do Estado procurou uma parceria público-privada junto ao Banco Mundial para ampliar e melhorar o atendimento especificamente nas linhas de metrô (WORLD BANK, 2013v).

O objetivo do projeto é melhorar a qualidade do serviço oferecido aos usuários do transporte público urbano nas áreas influenciadas pela nova linha de metrô – a extensão do projeto favorece os bairros do Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis-Mackenzie e Vila Sonia, bem como facilitar a integração entre metro e ônibus nessa região (WORLD BANK, 2013r).

Desde 2002 o Banco Mundial proporcionou US$ 304 milhões para a construção e ampliação das linhas de metrô, sendo que uma parte desse valor foi utilizada para a assistência técnica de gestão e supervisão do projeto. Além disso, o Banco Japonês de Cooperação Internacional (BJCI) concedeu mais US$ 304 milhões e o governo do Estado de São Paulo mais US$ 922 milhões (WORLD BANK, 2013r).

Atualmente, está em andamento a fase 2 da linha 4 do metrô também financiados pelo Banco Mundial e pelo BJCI no valor de US$ 130 milhões cada, além de contribuições do governo do estado e da concessionária (WORLD BANK, 2013j). O Brasil terá 30 anos para pagar esse empréstimo, com direito a 5 anos de carência (WORLD BANK, 2013r).

A linha 4 do metrô beneficiará centenas de milhares de cidadãos, reduzindo o tempo de viagem e o diminuindo o congestionamento na cidades. O projeto, que foi aprovado em 4 de maio de 2010, tem como data de conclusão o dia 30 de junho de 2014 (WORLD BANK, 2013s).

A rede de transporte público da região metropolitana de São Paulo foi positivamente afetada com o projeto financiado pelo BIRD. A interconexão o metrô já existente com trens de passageiros e ônibus, melhora constantemente a qualidade, a sustentabilidade do transporte publico a longo prazo, bem como melhora a mobilidade e acessibilidade de milhares de passageiros todos os dias (WORLD BANK, 2013s).

Segundo Maktar Dhiop, o projeto beneficiará principalmente os usuários de baixa renda, melhorando a mobilidade urbana, a competitividade econômica e a qualidade de vida na região (WORLD BANK, 2013r).

A redução do congestionamento e a melhoria da acessibilidade do transporte a pessoas de baixa renda fez com que a Linha 4 do Metrô de São Paulo se encaixasse nos critérios de viabilidade, complexidade, inovação e impacto na sociedade e fosse eleita pelos resultados alcançados como um dos projetos mais inovadores do mundo (WORLD BANK, 2013r).

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