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O trabalho encontra-se organizado, além deste primeiro capítulo introdutório, em quatro capítulos e as considerações finais. O segundo capítulo procura explicitar a origem e desenvolvimento do conceito de empreendedorismo, notadamente, a partir da vertente dos economistas clássicos, com destaque para as contribuições de Richard Cantillon (2002) e Jean Baptiste Say (1983), bem como, de autores de vertente comportamentalistas, formada por administradores, psicólogos e sociólogos, com destaque para Peter Drucker (1970; 1986; 1998; 2002) e David McClelland (1972; 1997). É com base nessas vertentes, notadamente da segunda, que se deu o interesse das pesquisas sobre o empreendedorismo e sua introdução no campo educacional. O empreendedorismo, que nasceu ligado à ideia de negócios, adquiriu novos significados e passou a ser visto como atitude de destemor perante os desafios. Os autores da vertente comportamentalista passaram a dar mais ênfase às atitudes típicas do homem empreendedor e a propor como válidas para todas as dimensões da vida. Assim, o desenho do “perfil empreendedor” passa a ser válido para todas as ações humanas e não meramente para o “homem de negócios”. Ao lado do perfil empreendedor, também houve o desenvolvimento de outros conceitos que giram em torno do empreendedor, como é o caso do “intraempreendedor”, utilizado para designar aquelas pessoas que têm sonhos e realizam em qualquer espaço, sobremaneira, aqueles que criam e inovam algo dentro de qualquer organização; que transformam uma ideia numa realidade lucrativa.

O terceiro capítulo adentra na explicitação de como o empreendedorismo vem sendo incorporado pelo campo educacional em todos os níveis e modalidades, particularmente, na educação básica, por meio da proposta denominada “pedagogia empreendedora”. O capítulo apresenta diversos autores e materiais, com destaque para a apresentação de dissertações e teses que descrevem possíveis avanços para a educação, por meio da adoção de projetos que articulam educação e empreendedorismo. Mesmo que em número bastante inferior, também são apresentados autores e trabalhos que procuram analisar criticamente o significado da relação educação e empreendedorismo.

O quarto capítulo apresenta os dados relativos à investigação feita em Portugal, que institui um projeto nacional para consolidar a educação para o empreendedorismo no contexto da União Europeia. O capítulo procura inicialmente situar a educação para o empreendedorismo naquele contexto, notadamente, a partir das orientações decorrentes da Cimeira de Lisboa17. Nesse sentido, se oferecem dados de diversos documentos oficiais que postulam a educação para o empreendedorismo como requisito fundamental para dinamizar a economia dos Estados membros da UE. O empreendedorismo consolidou-se como uma das competências básicas a ser trabalhada pela educação, desde a tenra idade, em vista do desenvolvimento do espírito empresarial. Além do PNEE, que foi o projeto escolhido para o estudo, encontrou-se em Portugal experiências concretas de educação para o empreendedorismo, realizadas por diversos projetos e entidades portuguesas.

O quinto capítulo apresentará dados referentes à pesquisa no IF- SC. Inicialmente será feita uma apresentação da instituição e apresentar como o empreendedorismo foi e está sendo trabalhado na instituição e as fundamentações legais e orientações pedagógicas para o ensino do empreendedorismo. O dado mais significativo é o fato de o empreendedorismo aparecer como componente curricular ou disciplina da matriz curricular de diversos cursos técnicos de nível médio e dos Cursos Superiores de Tecnologia (CST). Procurou-se analisar os documentos do IF-SC e, principalmente, obter dados em entrevistas com os professores que lecionam a disciplina de empreendedorismo, além de aplicar um questionário com alunos e egressos dos CST. O objetivo das entrevistas com os professores foi o de conhecer o processo de criação e implantação da disciplina de empreendedorismo no IF-SC para analisar as implicações sobre a organização pedagógica, o trabalho docente e a formação dos alunos. Para isso, preparou-se um roteiro de entrevistas, buscando dados acerca da formação dos professores que lecionam a disciplina de empreendedorismo, critérios para a escolha dos professores, capacitação, quando se iniciou o ensino do

17 Cimeira de Lisboa ou Conselho Europeu extraordinário de Lisboa foi o encontro dos

Estados-Membros da União Europeia realizado entre os dias 23 e 24 de Março de 2000 em Lisboa/Potugal que traçou ações para dar mais impulso às políticas comunitárias daquele bloco econômico, notadamente em relação às Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e globalização da economia em que o tema do empreendedorismo foi relativamente salientado.

empreendedorismo e por iniciativa de quem; plano de ensino, documentos pesquisados e atividades propostas e desenvolvidas com os alunos, dentre outras questões. Finalmente, as considerações finais que procuram sintetizar as contribuições dos vários capítulos e apresentar os argumentos que dão sustentação à tese apresentada.

2 HISTÓRICO E CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO

O objetivo deste capítulo é explicitar e historicizar o conceito de empreendedorismo e situar o leitor acerca das diversas compreensões existentes em torno do tema e, ao mesmo tempo, oferecer outros elementos para compreender o tema do empreendedorismo considerando as ideias dos formuladores clássicos em seus originais, bem como, de textos de seus comentaristas.

Pode-se afirmar que existe relativa polissemia do empreendedorismo, e essa constatação pode ser atribuída às diferenças dos próprios formuladores do conceito, uma vez que são oriundos de áreas distintas do conhecimento.

Os estudos do empreendedorismo podem ser agrupados em duas grandes vertentes, a primeira advinda de autores clássicos da economia com a conotação de empreendedorismo articulado às ideias de empresas e negócios; outra formada por autores oriundos das áreas da administração, psicologia e sociologia, com conotações comportamentais e atitudinais. É a partir dessas duas grandes vertentes que os diversos autores do campo da educação fundamentam a necessidade de se educar para o empreendedorismo e articulam e desenvolvem diversos projetos pedagógicos e propõem diversas formas de “inovações curriculares” na perspectiva de se criar o que denominam de pedagogia empreendedora e que será abordada no capítulo seguinte.

Essa apresentação do empreendedorismo em duas grandes vertentes tem caráter meramente didático uma vez que se trata de vertentes com muitos pontos em comum, principalmente no que diz respeito à ideia de empreender como ato de inovar e se distanciam apenas em alguns aspectos relativos a quem é o empreendedor e como ele age. A seguir apresentaremos os expoentes de cada uma delas; antes, porém, serão expostas algumas compreensões do verbete empreende- dorismo.