• Nenhum resultado encontrado

3.2 ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO (ECT)

3.2.3 Estruturas de governança: aspectos contratuais, características e forma de

Segundo Schubert (2012, p. 95), “[...] as estruturas de governança surgem na perspectiva de interpretação microeconômica da firma com um olhar diferenciado, mas não

p , cl c , c f c l z ”.

Para Silveira (2017), um dos elementos centrais da ECT é o contrato, já que ela determina o comportamento das transações, tanto no nível ex-ante quanto ex-post. Com relação aos contratos, Williamson (1989) assinala que existe uma variedade de contratos, e que essa variedade pode ser explicada sob a ótica da ECT, principalmente pelas diferenças dos atributos (formal ou informal) que estão presentes nas transações.

Nesta perspectiva que mostra uma abundância de arranjos contratuais, Williamson (1989) e Zylbersztajn (1995) classificaram os contratos em clássicos, neoclássicos e relacionais. De acordo com Sartorelli (2017, p. 40), estes são:

a) os contratos clássicos: são considerados contratos completos, padronizados e que se esgotam na hora da transação. São utilizados em mercados organizados, não há uma relação de dependência entre as partes que transacionam e a identidade deles é irrelevante, as regras são claras e baseadas em normas jurídicas e documentos formais; b) os contratos neoclássicos: são considerados incompletos, geralmente utilizados em transações de longo prazo por períodos determinados, sendo executados sob condições de incertezas, mas preservando a renegociação do contrato original entre as partes. A identidade é relevante, pois há uma tendência de substituição do litígio pela arbitragem em caso de desacordos. E, como são incompletos, podem sofrer adaptações sempre que surgirem novas circunstâncias que não foram previstas antecipadamente;

c) os contratos relacionais: neste tipo de contrato, a complexidade, a duração e a flexibilidade são características básicas. É considerado como incompleto e só é utilizado em transações que se repetem, não possui um período determinado, sendo resultado do relacionamento e confiança das partes. As renegociações e adaptações podem ou não ser baseadas em contratos já existentes, o ponto de referência aqui é como a relação completa se desenvolveu ao longo do tempo.

De acordo com Zylbersztajn (1995, p. 69), “[...] a utilização da ECT como base analítica para o estudo de formas organizacionais da produção busca relacionar os atributos típicos das transações com as formas de organização mais eficientes em termos de economia c p ”. O autor também chama a atenção para considerar que “[...] as estruturas de governança existem dentro de um ambiente institucional que irá condicionar as formas eficientes de produção em conjunto com os atributos õ ” (ZYLBERSZTAJN, 1995, p. 69).

Para poder classificar as possíveis formas de governança, Williamson (1989), Zylbersztajn, 1995, Ménard (2012) e Sartorelli (2017, p. 40), apresentam cinco formas:

a) governança de mercado: é determinada pelas leis do mercado, no qual prevalecem os mecanismos de preços para a definição da transação. O mercado é especialmente eficaz quando as transações são consideradas recorrentes, já que ambas as partes precisam somente consultar sua própria experiência para tomar a decisão de continuar uma relação comercial, ou buscar outra no mercado. Nesta estrutura, trata-se de relações impessoais e não-específicas, e as questões conflituosas são resolvidas na esfera judicial. Está relacionada dessa forma aos contratos clássicos;

b) governança trilateral: se verifica este tipo de governança quando há algum grau de especificidade dos ativos. Ambas as partes possuem o desejo de cumprir integralmente os termos do contrato, e as disputas legais dão lugar a mecanismos de arbitragem, sendo escolhida uma terceira parte responsável pela resolução destas disputas. Fica evidente a existência de coordenação e a relação de tal governança com os contratos do tipo neoclássicos;

c) governança bilateral: está diretamente ligada com relações de confiança que podem ser construídas entre as partes, assim, a dependência bilateral e o crescimento de reputação entre as partes levam ao aparecimento de estruturas de governanças bilaterais. Observa-se que há um elevado interesse dos agentes em cumprir o contrato para evitar sacrifício de valor das transações específicas. A governança bilateral encontra-se apoiada nos contratos neoclássicos;

d) governança híbrida: é considerada no sentido que, as organizações econômicas não apelam diretamente ao sistema de preços nem à integração vertical (MÉNARD, 2012). Porém, está se configura na passagem tanto pela governança bilateral, como pela governança trilateral, procurando manter a autonomia e garantia dos incentivos do mercado (ZYLBERSZTAJN, 1995). “Assim, em uma relação de autoridade, não se pode ter suas visões sistematicamente prevalecendo sobre as de outros participantes v à p q l j ” (GRASSI, 2003, p. 53).

e) governança unificada (hierárquica): pode ser considerada quando se observa elevada especificidade de ativos e quando as transações não são ocasionais, gerando elevados riscos. Dessa forma, a contratação via mercado dá lugar ao contrato bilateral que por sua vez é substituído pela governança unificada, ou seja, pela organização interna por meio da integração vertical.

S S lv (2017, p. 62) “[...] para auxiliar nessa escolha da melhor estrutura de governança, a ECT lança mão de um modelo conceit l”. Este modelo é chamado de Análise Estrutural de Discreta Comparada (AEDC) e foi proposto por Williamson (1991). De acordo

com Silveira (2017, p. 62), “[...] trata-se de um enfoque comparativo entre estruturas de governança alternativas, de acordo com os elementos teóricos determinantes dessas formas” sem importar quais são as suas características de transação, dos agentes, do ambiente institucional e os contratos. Mas, que tenha critérios de eficiência, o que provoca em um sentido amplo, a diminuição dos custos de transação (Figura 14).

Figura 14 – Esquema de indução das formas de governança

Fonte: Adaptado de Zylbersztajn (1995, p. 23).

A utilização a AEDC nas pesquisas empíricas que tem como base teórica a ECT, é devido a que essa introduz o realismo necessário para dialogar com o sistema produtivo (ZYLBERSZTAJN, 1995), como afirma Silveira (2017), o modelo (AEDC) consegue relacionar os atributos e elementos da ECT. Outro ponto a ser mencionado é que se bem a criação da NEI-ECT não foi para ser aplicado nos estudos do meio rural, na atualidade se tem muitas pesquisas que verificaram a pertinência desta abordagem, por exemplo, nos estudos das cadeias produtivas, as formas de organização econômica da agricultura, as relações dos agricultores com os mercados, entre outros.