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Existem no Brasil o Tribunal de Contas da União, os Tribunais de Contas dos Estados, o Tribunal de Contas do Distrito Federal e os Tribunais de Contas dos Municípios. O parágrafo 4º, do art. 31 da Constituição Federal de 1988 veda a criação de tribunais, conselhos e órgãos de contas municipais. Mas, os municípios que já tinham sido criados anteriormente a Constituição foi permitido mantê-los. Os demais municípios passaram a ter o controle externo da Câmara Municipal realizado com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados e pelo Ministério Público.

O Tribunal de Conta da União está estruturado respeitando o disposto na Carta Constitucional de 1988 e conforme o art.73, dois terços dos membros são indicados pelo Congresso Nacional, enquanto o Presidente da República indica apenas um terço, sendo que dois, alternadamente, entre membros do Ministério Público junto ao Tribunal e Auditores, e apenas um membro em princípio estranho ao TCU. Esta composição fortaleceu a Corte de Conta assegurando-lhes maior autonomia em relação ao Executivo. (CAVALCANTI, 2006, p.9).

Em alguns Estados da Federação têm apenas um Tribunal de Contas do Estado, sendo este responsável pela análise das contas estaduais e municipais. Assim, os Tribunais de Contas Estaduais são responsáveis por julgar as contas dos municípios situados em seus respectivos Estados.

Os Tribunais de Contas dos Estados são estruturados de acordo com o disposto nas Constituições Estaduais são integrados por sete conselheiros, sendo quatro escolhidos pelas Assembleias Legislativas Estaduais e três pelos Governadores dos Estados, conforme Súmula do STF nº 653. Em outros Estados há o Tribunal de Contas dos Estados separados totalmente dos Tribunais de Contas dos Municípios e este é o caso dos Municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde os estes Tribunais analisam as contas apenas das capitais estaduais e julgam as contas na esfera municipal e emitem parecer a respeito das contas apresentadas pelo Prefeito Municipal, que são julgadas pela Câmara de Vereadores.

Nos Estados da Bahia, do Ceará, de Goiás e do Pará foram criados a figura dos Tribunais de Contas dos Municípios, mas estes são órgãos pertencentes à

Estrutura do Estado e Colegiados Estaduais e são responsáveis por julgar as contas dos Governos dos Municípios, enquanto os Tribunais de Contas do Estado julgam as demais contas dos Governos destes referidos Estados. Quanto ao Distrito Federal, o Tribunal de Contas atende à sua especificidade e não tem municípios sob sua jurisdição, sendo similar aos Tribunais de Contas dos Estados.

A partir da simetria que a Constituição Federal consagrou aos entes da federação, se compreende que a competência entre os Tribunais de Contas da União, Estados e Municípios deverá guardar similaridade, respeitando-se as suas peculiaridades e as determinações especiais da Carta Magna. Ampliou-se, assim, a integração entre as esferas de controle estatais e não estatais principalmente com a adesão de sistemas informatizados obrigatoriedade de prestações de contas.

No Seminário ―Os Tribunais de Contas e a Lei de Acesso à Informação‖ ocorrido em maio de 2012, em Palmas-TO, no Evento IRB/Atricon/Promoex, foi aprovada a Carta de Recomendações aos Tribunais de Contas. Dentre as Recomendações, destacam-se:

1. definir resolução administrativa estabelecendo critérios para a publicidade das informações, uma vez que a premissa é a de que toda informação é pública e o sigilo é exceção;

2. garantir o acesso às informações sob a sua tutela;

3. criar e estruturar Serviços de Informação ao Cidadão (SIC) e, 4. estabelecer regras de divulgação ativa por meio dos respectivos sites oficiais, dentre outros serviços.

A seguir, mostraremos alguns resultados, não tendo como ênfase apontar dados estatísticos. Assim, foi apresentado um breve histórico sobre a origem, bem como alguns serviços selecionados prestados pelas Cortes de Contas pesquisadas. Salientamos, ainda, que o escopo desta pesquisa não pretendeu esgotar o tema. Pelo contrário, expomos que essa temática requer muitos estudos a contribuir para o desenvolvimento da atuação das Cortes de Contas Nacionais.

8 RESULTADOS

Objetivamos aqui apresentar os resultados, relacionando sequencialmente: a) a apresentação dos dados, ou seja, a descrição do corpus, composto pela apresentação dos tribunais de contas investigados;

b) a análise ―orgânica‖ dos tribunais perante Lei de Acesso à Informação.

Alertamos, inicialmente, a dificuldade de sistematização dos dados, em razão de duas grandes barreiras, uma resultante do processo de pesquisa, a outra resultante do objeto de estudo. No que diz respeito à primeira, o espaço-tempo de desenvolvimento deste estudo dificultou a compreensão do todo documental e aplicado; esta questão espaço-temporal teve sua dificuldade multiplicada em razão do objeto: a diversidade, as singularidades e os desníveis em termos de avanço teórico e tecnológico de cada Tribunal justificam, igualmente, o delineamento difícil dos resultados.

O leitor, deste modo, encontrará informações pertinentes a um ou outro Tribunal em cada tópico analisado, mas verificará também a ausência de informações sobre um Tribunal específico em alguns casos, em razão dos problemas com o próprio acesso às fontes. Mesmo no caso das fontes históricas, os dados disponíveis para um possível estudo comparado, ou para a compreensão de ―semelhanças de família‖ na ―forma de vida‖ que se institui a partir da ―vivência‖ dos Tribunais, o problema se manteve. Ou seja, em alguns casos, obtivemos um grande número de dados documentais, nos outros, não. Naturalmente, estas questões se tornam, no ponto de vista da pesquisa, também resultados objetivos da investigação, uma vez que sua orientação está direcionada à informação ―viva‖ nos Tribunais e seus fluxos.

Assim, reconhecidas as singularidades de cada Tribunal e das experiências distintas de apropriação da LAI (o que já se torna diretamente objeto e ponto de inflexão analítico de nosso estudo), em alguns casos a comparação dos órgãos só pode ser realizada a partir de ―semelhanças‖ (e nunca ―espelhamentos‖), no sentido wittgensteiniano, uma vez que as nuances locais claramente se apresentam.

Dadas as barreiras, o percurso de descrição dos resultados foi descrito do seguinte modo: em um primeiro momento, procuramos pontuar os Tribunais no tempo, momento este em que já podemos reconhecer, em parte (abordando cada

órgão de controle como sendo, também, uma instituição informacional, na medida em que seu foco está na política de transparência das contas públicas), as configurações históricas dos estados da amostra que levam à percepção de uma preocupação pública com a informação.

Em seguida, procuramos pontuar a relação entre o conceito de informação entre a Lei de Acesso à Informação e os Tribunais, ou seja, o modo como ―cada‖ órgão (quando for o caso), ―manipulou‖ o conceito presente na LAI e o apresentou em sua resolução. Esta apropriação se torna fundamental para os objetivos deste estudo, na medida em que coloca em questão a centralidade da ―informação‖ nos processos de transparência.

Por fim, chegamos as margens potenciais de interpretação da relação entre a LAI, os Tribunais e os modos de ―vivência‖, ou aplicabilidade, da política de transparência através de uma cultura informacional no contexto dos órgãos. Trata-se do momento de compreender as formas de acesso à informação dos Tribunais. Por isto, analisamos o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), os serviços de Ouvidoria nos Tribunas de Contas e o Serviço de Jurisprudência.

8.1 Tribunais de Contas do Brasil e Serviços para Garantia do Acesso à