• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – Metodologia da pesquisa

2.2 Contexto da pesquisa

2.3.2 Estudantes de Letras/Espanhol

Estudante 2 - E2

Ingressou na universidade no ano de 2006 e prevê a conclusão do curso no 2º semestre de 2010. Nunca trabalhou como professor de espanhol e não teve a experiência de residir em um país de língua hispânica.

Mantêm ―expectativas positivas‖ quanto à profissão e pretende ―iniciar a docência o mais breve possível‖ mesmo ―que a situação de incentivo do ensino de espanhol por parte do governo não seja boa‖. Entrou no curso de Letras/Espanhol porque estava formado em Linguística e queria cursar uma licenciatura. A opção pelo espanhol foi devido ao fato de ―gostar da língua e por haver a possibilidade de entrada no mercado de trabalho (na época o governo federal ter assinado a lei de implantação do espanhol no ensino médio)‖.

Além das atividades de sala de aula e/ou propostas pelos professores, E2 buscou complementar a sua formação profissional por meio de leituras de pequenos artigos, textos e livros; ouvindo músicas e assistindo a filmes; inteirando-se de técnicas e materiais didáticos; exercitando a língua pela internet; participando de cursos

67

oferecidos como opcionais na própria faculdade que visavam à discussão e à formação do profissional da educação.

Para esse estudante um professor de E/LE ―precisa ter todas as competências (oral, auditiva, escrita, leitora) bem desenvolvidas e em constante aperfeiçoamento‖.

Estudante 6 - E6

Ingressou na universidade no ano de 2004 e prevê a conclusão do curso no 2º semestre de 2010. Já lecionou língua espanhola por cerca de um ano e meio em escolas de idiomas. Fez intercâmbio em Santiago – Chile por quatro meses.

Mantêm boas expectativas enquanto futuro professor de espanhol e espera ―encontrar um campo favorável‖, pois vê o aumento de interesse pelo idioma. Cita como razões para estudar Letras/Espanhol a afinidade com a língua e o oferecimento do curso no noturno.

Além das atividades de sala de aula e/ou propostas pelos professores, E2 buscou complementar a sua formação profissional participando de cursos particulares e cursos oferecidos como opcionais na própria faculdade que visavam à discussão e à formação do profissional da educação; realizando leituras de pequenos artigos, textos e livros; ouvindo músicas e assistindo a filmes; inteirando-se de técnicas e materiais didáticos; exercitando a língua pela internet; fazendo monitorias.

Para esse estudante um professor de E/LE deve ―ter domínio da língua e acima de tudo saber ensinar, que é totalmente diferente de saber manejar o idioma‖.

Estudante 7 - E7

Ingressou na universidade no ano de 2006 e prevê a conclusão do curso no 2º semestre de 2010. Nunca trabalhou como professor de língua espanhola. Já morou na Argentina por seis meses.

68

Encontra motivação para lecionar em escolas de idiomas, mas não em escolas de Ensino Básico, pois, considera a desvalorização do ensino um fator desmotivante para a profissão.

Além das atividades de sala de aula e/ou propostas pelos professores, E7 buscou complementar a sua formação profissional por meio da leitura de pequenos artigos, textos e livros; ouvindo músicas e assistindo a filmes; exercitando a língua pela internet; fazendo monitorias e intercâmbio em país de língua hispânica; participando e apresentando trabalhos em eventos acadêmicos da área.

Para esse estudante um professor de E/LE necessita ―competência no uso da língua, conhecimentos da cultura dos lugares onde se fala o idioma, formação plena em estudos linguísticos e literários e compromisso com a educação‖.

Estudante 9 - E9

Ingressou na universidade no ano de 2006 e prevê a conclusão do curso no 1º semestre de 2011.

Mantêm sua motivação em ensinar, pois quer que seus futuros alunos ―entendam a importância do estudo de língua estrangeira em sua formação‖. Quanto à profissão gosta muito de ―ser professor‖ e acredita ―que é um instrumento de formação de cidadãos mais conscientes‖. Interessa-se principalmente ―por estudos linguísticos e literários‖.

Além das atividades de sala de aula e/ou propostas pelos professores, E9 buscou complementar a sua formação profissional por meio da realização de leituras de pequenos artigos, textos e livros; ouvindo músicas e assistindo a filmes; inteirando-se de técnicas e materiais didáticos; exercitando a língua pela internet.

Para esse estudante, um professor de E/LE deve primeiramente ser criativo, e em segundo lugar, necessita ―esforço e muita pesquisa, pois o professor deve conseguir manter a atenção de cerca de 30 alunos que muitas vezes não estão interessados em estudar ou não gostam, dentro de uma turma heterogênea onde cada um tem uma personalidade e interesses diferentes‖.

69

Estudante 12 - E12

Ingressou na universidade no ano de 2003 e prevê a conclusão do curso no 2º semestre de 2010. Trabalhou como professor de espanhol em escolas de idiomas por quatro anos e já residiu por um ano em Buenos Aires, na Argentina.

Quanto à profissão está com ―muito medo‖; irá voltar para sua cidade/Estado de origem e acredita que terá de procurar ―emprego como atendente de tlmktbilíngue39‖. Optou pelo curso por encontrar nele variedade e ter afinidade com a língua espanhola, pois seu avô é Paraguaio.

Além das atividades de sala de aula e/ou propostas pelos professores, E2 buscou complementar a sua formação profissional realizando leitura de pequenos artigos, textos e livros; ouvindo músicas e assistindo a filmes; inteirando-se de técnicas e materiais didáticos; exercitando a língua pela internet.

Para esse estudante um professor de E/LE ―deve estar apto a ensinar a língua de forma comunicativa, ter uma boa pronúncia e trabalhar com variedade de temas‖.

O perfil dos estudantes de Letras/Espanhol participantes desta pesquisa parece ser heterogêneo em vários aspectos. Quanto à experiência profissional, dois nunca trabalharam e dois já atuam como docentes em espanhol, apenas um não se manifestou a esse aspecto. Três estudantes já residiram e/ou fizeram intercâmbio em algum país de língua espanhola. Três estudantes demonstram ter boas expectativas quanto à carreira docente. E7 explicita que sua motivação se restringe ao trabalho em escolas de idiomas devido à desvalorização social do professor. E7 possivelmente representa um grupo de estudantes que apresenta a preocupação com o futuro quanto à carreira docente, preocupação detectada e exposta por P4.

O que cada um dos cinco participantes pensa em relação ao que consideram como um bom professor de E/LE demonstra diversidade na compreensão desse aspecto formativo. Um bom professor é aquele que tem todas as competências bem desenvolvidas, domínio da língua, boa pronúncia, conhecimentos culturais,

70

linguísticos e literários, sabe ensinar, é criativo, sabe trabalhar com diversidade de temas e se esforça para conseguir manter a atenção de alunos, compromisso com a educação, é pesquisador.

Todos os estudantes dizem ter participado efetivamente das atividades de sala de aula e ter realizado leituras que contribuíram com a formação inicial. Além disso, citam filmes, músicas e internet como recursos para a aprendizagem da língua. Dois estudantes também dizem ter feito monitorias em língua espanhola. A participação em cursos/eventos fora e/ou dentro da universidade foi citada por dois estudantes como atividades complementares da formação profissional.

Ressaltamos também o ano de entrada desses estudantes no curso de Licenciatura: três deles (E2, E7 e E9) iniciaram o curso em 2006, E6 em 2004 e E12 em 2003. Esse fato pode representar uma diferença sobre o que estudaram e com quem estudaram, além de que, pela estrutura curricular flexível do curso, os estudantes podem ter feito as disciplinas em momentos muito diferentes.

A heterogeneidade do perfil dos estudantes participantes da pesquisa demonstra interesses, habilidades e experiências diversas com a língua espanhola, como também, concepções distintas em relação ao trabalho do professor. Consideramos essas diferenças importantes e que podem influenciar diretamente no trabalho que exercerão esses futuros professores.

O perfil dos estudantes participantes da pesquisa não parece corresponder ao perfil exposto pelos professores formadores de estudantes desmotivados e que apresentam dificuldades na aprendizagem da língua. Ao contrário, caracterizam uma parcela de estudantes que consegue avançar no conhecimento linguístico e na consciência sobre a responsabilidade profissional e social de um professor de ensino básico.