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O método qualitativo de análise é composto de quatro tradições de pesquisa: as etnografias, os estudos fenomenológicos, as grounded theories e os estudos de caso (CRESWELL, 1994). O estudo de caso foi escolhido para pautar a segunda etapa desta pesquisa na medida em que é considerado o mais adequado quando o objetivo é o de compreender processos (MERRIAM, 1998). Com relação a esse aspecto, Yin (2001, p. 21) sugere que os estudos de caso são indicados quando o objetivo da pesquisa é “expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não, enumerar freqüências (generalização estatística)”.

A pesquisa proposta caracterizou seu segundo momento como sendo um estudo de caso. Triviños (1987) destaca que entre os tipos de pesquisa qualitativa, o Estudo de Caso constitui-se num dos mais relevantes. Esse tipo de pesquisa qualitativa configura-se numa categoria cujo objeto é uma unidade que se analisa em profundidade (TRIVIÑOS, 1987; GIL, 1987; GODOY, 1995). De acordo com Bogdan (1982, apud TRIVIÑOS, 1987, p. 134), o tipo de estudo de caso que usado nesta investigação é denominado como “Estudo de caso histórico-organizacional”, caracterizado pelo estudo sobre a vida de uma organização, em determinado aspecto de sua estrutura. A unidade foi uma universidade federal. A análise foi realizada a partir da documentação e dos registros existentes na organização, capazes de subsidiar a fase de entrevistas.

Como esforço de pesquisa, o estudo de caso contribuiu, de forma inigualável, para a compreensão do fenômeno organizacional estudado, tanto em nível individual quanto organizacional. Yin (2001) afirma que no campo onde o estudo de caso é empregado, a necessidade surge do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos, sendo que ele permitiu, pois, uma investigação que preservou as características amplas e significativas dos eventos da vida real, tais como os processos organizacionais e administrativos da UFAM.

Ademais, o estudo ora proposto se enquadrou perfeitamente na estratégia de pesquisa denominada “estudo de caso”, de vez que a questão de pesquisa posta à prova é : “Como ocorre o processo de formação de estratégia à luz da teoria da complexidade?”. A partir dessa compreensão, verificar “Como uma Instituição Federal de Ensino Superior elabora seus Planos de Gestão?”. Segundo Yin (2001, p. 25), questões dessa natureza (“como”) levam a estudos de caso como estratégia de pesquisa escolhida. Isso se deve ao fato de que tal tipo de questão lida com situações operacionais que necessitam ser traçadas ao longo do tempo, em vez de serem encaradas como meras repetições ou incidências. Além

dessa justificativa, some-se o fato de que o estudo de caso é a estratégia mais adequada para se examinar acontecimentos contemporâneos por permitir outras fontes de evidência que alguns estudos não permitem, como: observação direta, aplicação de questionários e realização de entrevistas (YIN, 2001, p. 27).

O estudo de caso aqui empreendido não representa uma “amostragem”, e o objetivo da pesquisadora foi expandir e generalizar teorias (generalização analítica), e não enumerar freqüências (generalização estatística). Assim, a presente escolha por esse método explica-se por tratar-se de uma investigação empírica que investigou um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, buscando estabelecer relação entre os aspectos escolhidos (processo de formação de estratégia, teoria da complexidade e universidades).

Yin (2001, p. 42) indica que, para os estudos de caso, são especialmente importantes cinco componentes de um projeto de pesquisa:

1. A questão de estudo – como ocorre o processo de formação de estratégias em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), expresso em Planos de Gestão, a partir pressupostos da teoria da complexidade?

2. A proposição – conduzir o processo de formação de estratégia nas organizações à luz da teoria da complexidade, faz com que essas organizações estejam mais bem preparadas para enfrentar as incertezas do ambiente, e passem a atuar num espaço que lhes confere mais criatividade, explorando sobretudo a interação e a aprendizagem dos agentes ;

3. A unidade de análise – escolheu-se a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para aplicação do construto elaborado, buscando-se analisar seu processo de formação de estratégias à luz da teoria da complexidade, a partir dos Planos de Gestão elaborados nos períodos de 1993-1997, 1997-2001 e 2001-2005;

4. A lógica que une os dados à proposição – a análise do estudo de caso apontou que a instituição, quando se aproxima dos mecanismos para elaborar estratégias que considere os princípios da teoria da complexidade, ganha vantagem competitiva, pois envolve os agentes organizacionais com a missão institucional, conferindo-lhes atribuição para perceberem as alterações advindas do ambiente e, assim, poderem responder, com prontidão às emergências, através dos mecanismos de agregação, aprendizado, adaptação e auto-organização; e

5. Os critérios para se interpretar as descobertas – as descobertas realizadas pela pesquisadora, tanto em nível teórico quanto no estudo empírico, obedeceram aos princípios expostos na estrutura de referência (capítulo 5) e o construto elaborado para análise do estudo de caso (item 7.1, do capítulo 7). Esses princípios são: o dialógico, o da recursão e o hologramático. Vinculou-se a aplicação desses princípios à prática das variáveis escolhidas para análise: agregação, aprendizado e adaptação e, auto-organização.

Considerando que a investigação ora apresentada comporta todos os cinco componentes indicados, pode-se, então, ter o estudo de caso como método consistente de aplicação do construto, visando cumprir o objetivo delineado.

Além da natureza qualitativa, o presente estudo de caso classifica-se também em pesquisa exploratória uma vez que o mesmo teve a intenção de prover a compreensão dos problemas enfrentados pela pesquisadora, conforme indica Malhotra (200). Esse autor esclarece ainda que a pesquisa exploratória é usada em casos nos quais é necessário definir o problema com maior precisão, identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais, antes que se possa desenvolver uma abordagem propositiva. Num primeiro estágio, as informações foram amplas e o processo de pesquisa, por ser flexível e não estruturado, permitiu que se atingisse o objetivo proposto. A amostra, selecionada para gerar o máximo de discernimento, foi pequena mas representativa de todas as categorias que compõem o estudo (no presente caso, os entrevistados foram: o Reitor, a Vice-Reitora, o Pró-Reitor de Planejamento, os Diretores de Unidades Acadêmicas [10] e a Diretora do Departamento de Planejamento Institucional), cujos integrantes fazem parte da gestão 2001-2005. Os dados primários são de natureza qualitativa, e como tais, foram analisados. Nesse tipo de pesquisa, a criatividade e o engenho da pesquisadora constituíram-se em elementos importantes, mas não os únicos determinantes para uma boa pesquisa exploratória. Ela pode também se beneficiar muito dos seguintes métodos: observação direta, pesquisa qualitativa e análise de dados secundários (MALHOTRA, 2001, p. 106),

Com base igualmente em Malhotra (2001), pode-se afirmar que este foi um estudo transversal único, pois foi extraída uma única amostra de entrevistados da população-alvo e as informações foram obtidas dessa amostra, somente uma vez. Para obter-se as informações desejadas, classificou-se ainda, o processo de pesquisa qualitativa em abordagem direta (os objetivos foram revelados aos respondentes), e a entrevista em profundidade constituiu-se na técnica para obtenção dos dados. Esse tipo de entrevista constituiu uma forma não-estruturada

e direta de obter informações, realizada de forma direta, pessoal, na qual um respondente de cada vez foi instado pela pesquisadora a revelar suas percepções e informações acerca do tema perguntado. Seguiu-se um protocolo previamente elaborado (APÊNDICE A), mas não limitante, usando-se ainda o método da sondagem para aprofundar-se e enriquecer os dados obtidos.

Ratifica-se por conseguinte, que a presente pesquisa teve um segundo momento importante que foi a aplicação do construto elaborado pela autora em uma dada IFES, constituindo-se num estudo de caso único, cuja unidade estudada foi a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), uma instituição federal de ensino superior (IFES) situada na região Norte do país, com sede na cidade de Manaus, onde se buscou estudar o processo de formação de estratégia dessa IFES, de acordo com depoimentos de participantes, na época, responsáveis pela concepção e execução do plano 2001-2005, e com o que os documentos obtidos na Instituição descrevem dos períodos relativos a 1993-1997 e 1997-2001. Em relação ao período 2001-2005, a pesquisa apoiou-se tanto em documentos quanto na percepção sobre o processo, segundo a ótica dos integrantes do Comitê de Gestão (Reitor, Vice-Reitora, Pró- Reitor de Planejamento, Diretores de Institutos e Faculdades da atual administração, além da Diretora do Departamento de Planejamento Institucional) – estudo transversal único –, usando-se a técnica da entrevista em profundidade, com base em um protocolo previamente delineado (vide APÊNDICE A), auxiliado por técnicas de sondagem.

Nesta investigação, o estudo de caso foi utilizado para validar o construto e gerar hipóteses, em um movimento de criação de teorias e de contribuição para o desenvolvimento científico. Com relação à compreensão e à utilização de estudos de caso, ressalta-se que esta investigação não se configurou em uma pesquisa amostral, no sentido de que os resultados alcançados não tiveram o objetivo de prover generalizações para toda a população de organizações do gênero.

Merriam (1998) indica que a escolha do local de estudo deve ser pautada pelo método de amostragem não probabilístico e intencional. Na medida em que a pesquisadora pretendeu desenvolver insights e compreender o fenômeno sob investigação, o local de estudo escolhido foi aquele no qual a pesquisadora tinha a possibilidade de obter mais informações e apreender mais elementos para análise. Merriam (1998) indica ainda, que a unidade de análise pode ser: o indivíduo, um programa, um evento, um grupo, uma organização ou uma comunidade.

A unidade de análise considerada para este estudo, ou o elemento examinado para que o construto pudesse ser testado, foi a organização na qual a pesquisadora desenvolve suas

atividades laborais há vinte seis anos, que é uma instituição federal de ensino superior, denominada Universidade Federal do Amazonas (UFAM).