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2. População e amostra

4.1. Estudo exploratório

O estudo exploratório foi realizado em Novembro de 2008, na escola já referida, numa turma do 7º ano de escolaridade com 26 alunos. Dado que a aluna de Necessidades Educativas especiais não frequentava a disciplina de História e um aluno faltou, participaram na experiência 24 alunos, numa aula de Área de Projecto, durante 90 minutos.

Antes do dia da experiência, a investigadora tinha solicitado à professora de História da turma que lhe elaborasse uma lista com 10 grupos de trabalho (5 grupos de dois alunos e 5 de

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três alunos). No dia da experiência, a investigadora preparou a sala de aula, colocando as mesas em U, e colocando uma carpete no centro. Quando os alunos entraram na sala de aula, foi-lhes solicitado que se sentassem no chão (na carpete). A investigadora começou por contextualizar a investigação, explicando a que se destinava e garantindo aos alunos que as suas respostas não visavam fins classificativos e que seria mantido o seu anonimato. Solicitou-lhes também que, ao responderem ao questionário, colocassem todas as dúvidas que lhes surgissem, pensassem antes de responder, trocassem impressões com os outros elementos do grupo e só depois respondessem a cada questão. De seguida, a investigadora retirou os artefactos de uma caixa, colocando-os no chão. Pediu-lhes para não fazerem comentários sobre os objectos, apenas observá-los e analisá-los, pegar neles, dado que teriam de falar sobre eles e as comunidades que os construíram e utilizaram, no questionário ao qual teriam de responder.

Enquanto ia falando um pouco sobre os artefactos, a investigadora ia passando os mesmos pelos alunos, alertando-os para terem cuidado ao manuseá-los, dado que muitos deles eram originais e as réplicas eram construídas com materiais frágeis. Referiu-lhes que foram disponibilizados pelo Museu D. Diogo de Sousa, em Braga, e que foram encontrados fruto de escavações arqueológicas no litoral Minhoto (Esposende, Viana do Castelo), no interior minhoto (Vieira do Minho, em abrigos sobre rocha – espaços protegidos), e na Mamoa de Lamas (Braga). Questionou-os sobre se sabiam o que era uma escavação arqueológica, se sabiam explicar o que eram réplicas e solicitou-lhes que referissem quais os originais e quais as réplicas (cujos originais se encontravam no Museu); os alunos souberam responder às duas primeiras questões mas revelaram algumas dificuldades em distinguir os artefactos originais e as réplicas. Perguntou-lhes também se reconheciam alguns daqueles objectos do manual de História e se se estavam a situar nos períodos históricos em que foram construídos e utilizados, ao que responderam afirmativamente. Foi-lhes reforçado que os instrumentos originais foram construídos há milhares de anos pelos homens e comunidades daqueles períodos e que as réplicas foram feitas actualmente, tentando copiar os originais.

De seguida, foi-lhes dito que cada instrumento estava identificado com um número ou com uma letra. Depois, a investigadora indicou quais seriam os grupos e pediu-lhes que trouxessem para a sua mesa dois objectos, um com um número e outro com uma letra (os artefactos identificados com um número eram do Paleolítico/Mesolítico e com uma letra eram

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do Neolítico), com base nos quais iriam responder ao questionário.

Cada grupo dirigiu-se, então, para uma mesa e, após preencherem o cabeçalho do questionário, a investigadora leu o questionário e explicou as tarefas escritas que teriam de realizar. Pediu-lhes para serem um pouco historiadores e arqueólogos e tal como eles tentar reconstruir, com base nos instrumentos, a vida dos homens/comunidades que os construíram e utilizaram. Foi-lhes solicitado que usassem os artefactos mas também a informação que já possuíssem, nomeadamente das aulas de História, para responder ao questionário.

Os alunos mostraram curiosidade pelos instrumentos mas demonstraram não estar habituados a trabalhar com artefactos e pouca sensibilidade a manuseá-los. Revelaram algumas dificuldades em compreender e responder às questões, em identificar os objectos (alguns eram desconhecidos para eles), em referir o material de que eram feitos, o que poderia ter a ver com o facto de as réplicas não serem feitas no material original, confundindo-os. A investigadora teve de andar pelos grupos, esclarecendo as dúvidas sobre as questões.

Perante as constatações referidas e uma breve análise dos dados, considerou-se necessário remodelar o questionário, retirando ou reformulando algumas questões. Dada a dificuldade em identificar cada um dos artefactos e não ser importante para a investigação que os alunos o fizessem, considerou-se também dever fazer-se algumas mudanças nos procedimentos, nomeadamente em relação à forma como se iriam apresentar os artefactos aos alunos. Concluiu-se ser mais fácil para os alunos apresentar-lhes os instrumentos divididos em dois conjuntos, um conjunto A, constituído por instrumentos do Neolítico, e um conjunto B, constituído por instrumentos do Paleolítico/Mesolítico. Deste modo, os alunos falariam dos artefactos integrados no seu conjunto e não de cada um em particular.

Como foi referido, os alunos revelaram pouca sensibilidade em manusear os objectos. O facto das réplicas terem sido construídas num material muito frágil e a curiosidade dos alunos em mexer nos artefactos levou a dois pequenos estragos em duas réplicas. Pelo que, durante os estudos piloto e final, a investigadora, com algum receio que os alunos voltassem a provocar algum estrago e porque passou a criar dois conjuntos de artefactos, expôs os dois conjuntos em duas mesas no centro da sala, e à sua volta continuou a dispor a sala em U. Os objectos não passaram pelas mãos dos alunos, como no estudo exploratório, mas podiam ser observados e manipulados nas duas mesas. Apenas um objecto escolhido por cada grupo, de acordo com a

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última tarefa escrita, era levado para a mesa de cada um.