• Nenhum resultado encontrado

Estudos sobre a Ergonomia do Teclado

No documento Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (páginas 86-88)

5. Aspectos Ergonómicos

5.1. Estudos sobre a Ergonomia do Teclado

As primeiras abordagens ao design e ergonomia no teclado surgiram com o trabalho de Klockenberg & Kroemer. Em 1926 o alemão Klockenberg publicou um livro que visava o design e a concepção da máquina de escrever. Ele descreveu como o layout de teclado obrigava o utilizador a ter uma determinada postura da coluna, cabeça, ombros, braços, e mãos que não eram naturais, mas sim bastante desconfortáveis e fatigantes. Klockenberg sugeriu então determinadas melhorias no layout do teclado, algumas das quais continuam válidos actualmente. Provavelmente, a sua proposta mais relevante terá sido a de separar as secções do teclado, permitindo assim, à mão esquerda e à mão direita aliviarem a tensão no ombro e nos braços do utilizador. Kroemer (1972) viria a publicar então um estudo demonstrando que o layout proposto por Klockenberg produzia de facto melhores resultados (Bailey, 1982, p.301).

Em 1960, porém, Cramer & Trumbo apresentam um estudo em que foram analisados numa experiência, cinco pessoas a quem foram dados durante três períodos diferentes, uma das cinco posições dos teclados durante um período de 20 dias consecutivos. Este estudo trouxe uma descoberta surpreendente de ponto de vista prático que tem a ver com o desempenho re- lativamente pobre do teclado vertical. Este teclado, tinha oito teclas da posição inicial da má- quina de escrever, articulado no meio. A direcção dos movimentos de digitar podia variar de horizontal para vertical. A tarefa consistia na simples alternância tanto dos dedos como das mãos. Os valores apresentados apontavam para a melhor posição intermédia entre o teclado horizontal e o vertical e os erros diminuíam da posição do teclado horizontal para vertical. Alden, Daniels & Kanarick, em contrapartida, apresentaram um trabalho importante sobre o teclado standard que foi publicado em 197211. Segundo os autores, as entradas coordenadas

podem ser mais rápidas que as entradas sequenciais. Ferguson & Duncan (1974), por seu turno, relatam um estudo publicado com o objectivo de explorar o efeito do design nos utiliza- dores e examinar como o layout podia ser alterado de modo a poder minimizar os seus efeitos adversos. O trabalho foi baseado em estudos anteriores sobre descoordenação muscular e dor (cãibra e mialgia) nos telegrafistas que revelaram que o layout do teclado QWERTY e conferia uma distribuição desnivelada para os dedos. Parecia que o layout afectava também a postura do utilizador e demonstrava a forma como podia estar ligado à ocorrência dos sintomas. Vários telegrafistas afectados e não afectados foram analisados neste estudo, que colocou uma ênfase especial na distribuição do trabalho entre os dedos dos telegrafistas. Os autores sugeriram neste estudo a alteração das letras nas teclas, e um novo layout das teclas como forma de reduzir o desvio ulnar. Foram ainda referenciados trabalhos como o de Klockenberg (1926) e Kroemer (1972), e se confirmaram os valores ergonómicos de um teclado dividido.

11 No que se refere ao diâmetro das teclas o estudo revela que os valores mais comuns eram de 1,27 cm e o centro de espaço com valores de 1,81 cm. A força e deslocamento apresentam valores que variam entre 0.9 a 5.3 oz. de força e 0.13 a 0.64 cm de deslocamento como os preferidos pelos utilizadores. A inclinação da su- perfície apontava para 10 a 35 graus como os números aceitáveis para a inclinação da superfície de trabalho.

O primeiro teclado ergonómico para o VDU moderno foi apresentado ao público em Abril de 1983 em Zurich (Buesen, 1984). Este teclado partido foi resultado de um programa de pes- quisa levada a cabo pelo Departamento de Higiene e Trabalho e Trabalho Fisiológico, ETH, Zurich. Os aspectos ergonómicos deste teclado foram bastante convincentes tanto para a im- prensa, fabricantes de computadores, como para os utilizadores. As fases dos modelos deste teclado até ao produto final e os problemas encontrados a nível do design e de engenharia foram bem resolvidos. Terá sido um importante contributo para compreender o tempo dis- tinto entre os resultados científicos de pesquisas e a disponibilidade do produto no mercado. Brigham. e Clark, por sua vez, apresentaram um estudo em 1986 cujo objectivo era utilizar o ISSO para determinar se o teclado ergonómico ISSO12 para determinar se o teclado er-

gonómico STR13 estava em conformidade ISO14. Vinte teclistas experientes participaram no

estudo. Tinham 20 minutos de prática com teclado. Digitaram durante sete sessões de vinte minutos separadas por 5 minutos. O autor reporta: O desempenho no teclado standard é claramente melhor que no teclado ergonómico antes de 2.5 horas de uso. Nenhuma das pes- soas teve melhor desempenho no teclado ergonómico que no teclado standard, no entanto, depois de 2.5 horas, o desempenho no teclado ergonómico continuava a aumentar enquanto no teclado standard decaía de nível. O que talvez surpreende terá sido o nível elevado de aprendizagem que acontecia no teclado standard.

Num estudo publicado por Douglas & Happ (1993), nove empregados de uma agência tem- porária participaram numa experiência em que usaram três teclados, teclado standard IBM PS/2 (IBM Enhanced keyboard) e dois teclados divididos comercialmente disponíveis (refe- ridos como teclados AR e AD). Os participantes começaram por treinar dias antes da sessão experimental iniciar. Durante os treinos, eles disseram ter tido demonstrações em que usavam todos os três teclados. Os testes tiveram lugar durante três dias, os participantes escreviam em cada um dos teclados durante uma hora, um de três textos fornecidos. Posteriormente, a ordem dos teclados era então alterada e em cada dia, usavam todos os três textos. Depois do segundo e da terceira sessão de cada dia, os participantes descansavam durante 10 minutos. A cada 20 minutos de uma sessão os participantes paravam e indicavam num mapa do corpo a região do seu desconforto, usando um rácio de escala de Borg para quantificar a intensi- dade do desconforto de cada região. Os resultados indicavam que os participantes teclavam significativamente mais rápido com o teclado convencional que com o teclado dividido. Os teclistas faziam expressivamente poucos erros com o teclado standard. O teclado AD teve cerca de 10 vezes mais erros que o teclado standard, e o teclado AR teve, cerca de sete vezes mais. Não havia diferenças significativas relativamente aos valores de desconforto entre os três teclados.

Fundamentalmente, o efeito principal da sessão não foi significativo, ainda assim, valores mais satisfatórios dos participantes preferiram o teclado convencional. O resultado deste estudo

12 Draft Proposal Standard for the Assessment of the Ease of Use of Alphanumeric Keyboard -TC 159/SC4. 13 A versão comercial do teclado desenvolvido por Nakaseko et al., 1885.

foi, contudo, similar a um outro estudo protagonizado por Brigham & Clarj (1986), cujo resultado conclui que os participantes tiveram piores desempenhos com os teclados partidos e a grande maioria preferiu o teclado standard. Armstrong, Foulk, & Martin (1994), analisaram a forma como a saúde no trabalho dos profissionais podia estar ligada à força exercida pelos utilizadores de teclado e a possível relação entre essa força e as forças de deslocamento das teclas. Primeiro, três teclados de computadores pessoais com layout standard QWERTY, foram testados como descrito pela ANSI/HSF 100–198815 para determinar o pico de força,

0,47 — 0,89 N, deslocamento inicial, registo da força que as teclas reconhecem 2.0 — 2.5 mm e o total de deslocamento das teclas de 3.3 — 4.3 mm. Segundo, a força de reacção do teclado foi gravada enquanto 10 pessoas digitavam 4 frases alfanuméricos no teclado. Foram detectadas que o pico de força correspondente a cada keystroke era de 2.5 a 3.9 vezes necessária à força de activação, indicando que os sujeitos consistentemente deslocaram as teclas para os seus limites. Foi então concluído que a reacção das forças do teclado pode ser usada como um índice de força dos dedos no acto de teclar. Entretanto, mais estudos são necessários para avaliar o relacionamento entre forças de reacção do teclado e fadiga muscular crónica.

Embora, o design do teclado alternativo tenha sido proposto em décadas anteriores (notavelmente por Klockenberg em 1926, Kroemer nos anos 60 e Grandjean nos anos 70), eles foram baseados em propostas de design que nunca foram manufacturados (Lueder & Grant, 1997). Uma configuração alternativa, o Maltron, tem sido, no entanto, comercializado desde 1975, tendo aumentado consideravelmente a partir dos anos 80 e muitos novos e inovadores teclados tem sido comercializado nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo. Outros são descritos como protótipos, embora nunca produzidos. Nesta medida, muito dos alicerces das recentes inovações no domínio do teclado tem sido atribuído às adversas consequências subjacentes ao próprio acto de digitar, desde um conjunto de efeitos de fadiga e desconforto até aos mais sérios problemas médicos muitas vezes referidos como trauma cumulativo de desordem, como por exemplo as desordens crónicas incluindo síndroma de túnel de carpal, tendinites, tenniselbow e outras doenças.

No documento Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (páginas 86-88)

Documentos relacionados