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Máquina de Escrever

No documento Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (páginas 67-71)

3. Origem e Evolução do Teclado

3.4. Máquina de Escrever

A máquina de escrever é claramente uma daquelas invenções que terá marcado definiti- vamente toda a história das máquinas de introdução e processamento de dados. A ideia da criação de uma máquina capaz de produzir cartas de forma automática remonta já ao século XVIII. Em 1714, a rainha Ana de Inglaterra terá concedido uma patente para um engenheiro chamado Henry Mill, para uma máquina que imprimisse cartas: Uma máquina artificial ou método de imprimir ou transcrever letras, uma atrás das outras, como na escrita manual, pela qual todas as letras podem ser reproduzidas no papel ou pergaminho, tão nítidas e exactas que não se distinguem das impressas.

Já no século XIX com a expansão dos trabalhos nas oficinas e com o uso de documentos que eram feitos de forma manuscrita numa tarefa lenta e bastante aborrecida nos escritórios, se tornava cada mais evidente a necessidade de um processo mecânico de escrita. Em 1829 uma nova patente foi concedida ao inventor dos EUA, William Austin Burt, para uma máquina com os caracteres colocados numa roda semicircular que girava e imprimia contra o papel. Esta primeira máquina de escrever chamada de typographer era na verdade muito mais lenta que a escrita manual. No Brasil o padre José de Azevedo concluiu em 1861 um modelo de máquina de escrever funcional e em condições de ser produzido em escala industrial que foi apresentada em 1861, e pelo qual foi premiado por D. Pedro II, em 1862.

No entanto, apesar das várias tentativas de concepção e produção de uma máquina de escre¬ver que fosse prática durante o século XIX, sobretudo entre os anos 1850 e 1860, só em 1868 quando o tipógrafo americano Cristopher Sholes patenteou a sua máquina de escrever é que se iria de facto conseguir tal feito. Em 1873 a firma E. Remington and Sons, de Illion, Nova York, fabrica o seu primeiro modelo industrial com a designação Sholes &

Gliddens, dando assim início à indústria mundial de máquinas de escrever.

Todas as modernas máquinas de escrever são descendentes directos da máquina de escrever

Sholes & Gliddens. Esta primeira máquina de escrever já apresentava muitas das características

da máquina de escrever moderna. A acção das teclas eram muito lenta, e tinha tendências para saltar com muita frequência. Para resolver esse problema, Sholes obteve uma lista das letras mais usadas em Inglês e reorganizou o seu teclado de uma ordem alfabética para que os pares de letras mais utilizadas surgissem mais perto. Sholes na realidade nunca imaginou que a máquina de escrever alguma vez poderia vir a ser mais rápida que a própria escrita manual. O comum na altura era conseguir-se cerca de 20 palavras por minuto. A primeira máquina de escrever, Sholes

& Glidden usava um teclado QWERTY, e escrevia apenas em letras capitais. Era no entanto uma

máquina bastante lenta e ineficiente, em cinco anos apenas conseguiu vender 5000 exemplares. Em 1878, entretanto, foi introduzida uma nova máquina, a Remington n.º 2, que escrevia tanto em letras maiúsculas como minúsculas utilizando a tecla shift. Esta máquina de escrever tornou-se assim num grande sucesso comercial. Por volta de 1909, as máquinas de escrever eram já tão populares que existiam nos Estados Unidos mais de 89 fábricas e pouco a pouco tornaram-se indispensáveis. Depois do grande êxito das primeiras máquinas de escrever

Sholes-Glidden-Remington, aceites rapidamente por periodistas, escritores e homens de

negócios, surgiram vários novos modelos dos quais se destacam a máquina de escrever de Blickensderfer e a máquina de escrever de Hammond.

As máquinas de escrever portáteis foram introduzidas por volta de 1912 e foram logo adop- tadas por muitas empresas pois ofereciam a maioria das características das máquinas de ofi- cinas de tamanho comum. Para se fazer face ao problema do ruído causado pelo golpe foram introduzidas nos anos que se seguiram a I Guerra mundial a máquina de escrever silenciosa que utilizava o sistema de pressão para efectuar a impressão dos caracteres.

As máquinas de escrever eléctricas, uma das mais significativas inovações surgiram por vol- ta de 1925 desenvolvidas pela International Business Machine (IBM) e tornaram a escrita

mais rápida e cómoda sendo a pressão de cada letra completamente uniforme. Em 1934, a IBM investiu mais de milhão de dólares na pesquisa e desenvolvimento daquilo que seria o primeiro grande sucesso da máquina de escrever eléctrica, a IBM Model 01.

O sucesso comercial da máquina de escrever acontece sobretudo porque ela é inteiramente aceite, no mundo dos negócios sem haver grande resistência. O pós-guerra civil nos Estados Unidos acarretou mudanças profundas na estrutura das empresas, as empresas americanas cresceram bastante, aumentaram e expandiram para novos mercados tanto a nível nacional como estrangeiro. No fundo o volume de papéis de escritório, a documentação e toda a de- manda de apoio a nível de escritórios aumentou de forma radical o que levou ao alargamento considerável da equipa de funcionários de escritório que na altura dispunham apenas de ferramentas obsoletas. A máquina de escrever não só trouxe muitas novas necessidades em termos de mudanças na concepção de escritório como também eliminou uma série de poten- ciais problemas. Esta era quando operado por um dactilógrafo treinado e experiente muito mais rápida (e assim mais barato) que a própria escrita a mão.

A introdução do papel químico fez com que duplicar os documentos se tornasse numa rotina, enquanto simultaneamente eliminava as possibilidades de erro das cópias manuais. A máquina de escrever eliminou assim não só o problema da elegibilidade dos escritos manuais, como também os homens de negócios podiam enviar documentos e correspondências, enquanto mantinham as suas cópias duplicadas. Em 1890, 17 anos após a sua introdução no mercado, a máquina de escrever estava em quase todos os escritórios de negócios, na altura não era comum haver empresas que não tinham adoptado uma máquina de escrever. Para as mulheres dactilógrafas era claramente um passo em frente para subir a nível económico e social. Em 1890 mais de 1300 escolas privadas de estenografia e dactilografia existiam por todo os EUA. A emancipação da mulher no mercado de trabalho bem como o surgimento da profissão de secretária de escritório para as mulheres foi grandemente influenciado pela invenção da máquina de escrever. Ouve na altura uma brusca mudança social marcada sobretudo pelo crescimento e pela complexidade das empresas norte-americanas do pós-guerra. Dos prin- cipais factores podemos então destacar: Os benefícios da adopção da máquina de escrever pelas empresas, o relativo baixo salário das mulheres em relação aos homens, o surgimento das escolas com cursos de dactilografia direccionadas exclusivamente para as mulheres; O estatuto e a responsabilidade do empregado de escritório; a educação das mulheres; a neu- tralidade sexual da escrita da máquina de escrever (Hoke, 1979).

O teclado das máquinas de escrever está disposto de modo a atrasar os dactilógrafos. Quando se inventou a máquina de escrever mecânica, o dactilógrafo conseguia escrever mais rapida- mente do que a capacidade de movimento do mecanismo da máquina, o que fazia com que as barras se entrechocassem. Esse problema deixou de existir com as máquinas electrónicas, pelo que surgiram teclados com disposições diferentes.

O teclado das máquinas de escrever está disposto de modo a atrasar os dactilógrafos. Quando se inventou a máquina de escrever mecânica, o dactilógrafo conseguia escrever mais rapida- mente do que a capacidade de movimento do mecanismo da máquina, o que fazia com que as barras se entrechocassem. Esse problema deixou de existir com as máquinas electrónicas, pelo que surgiram teclados com disposições diferente.

3.5. MÁQUINAS DE COMPOSIÇÃO TIPOGRÁFICA [1887]

As máquinas de composição tipográfica surgidas no final do século XIX já tinham um teclado que permitia compor o texto. A máquina de composição Monotype que foi inventado pelo norte-americano Tolbert Lanston, patenteada em 1887, tinha um teclado enorme de 276 teclas e foi a primeira máquina de compor a gravar os caracteres, sob forma de furos, em uma tira de papel, que iria servir de matriz na máquina em que eram fundidos os tipos, isoladamente, de acordo com a combinação dos furos na tira de papel. Esta máquina de composição tinha duas componentes: uma fundidora de tipos e um módulo de teclado, separado da fundidora. No módulo com o teclado de 276 teclas, que obteve a sua forma definitiva em 1908, uma bobina fornecia a longa fita de papel que era perfurada para registar a sequência dos glifos batidos no teclado. Este registo transmitia à unidade fundidora quais as matrizes a serem fundidas, saindo os textos compostos em linhas justificadas. A máquina Monotype é formada por dois aparelhos: um módulo para a composição, com um enorme teclado; a composição aí feita produz uma fita perfurada uma máquina fundidora que descodifica a fita, produzindo tipos soltos compostos em blocos de linhas justificados. A Monotype era mais adequada para a composição de livros.

Mais tarde surgiu pelas mãos do alemão Ottmar Mergenthaler em 1890 a máquina de Lino-

type1 que trazia um teclado como o da máquina de escrever com o mesmo layout do alfabeto

mas em duplicado, uma destinada as letras minúsculas, com as teclas em preto, posicio- nadas no lado esquerdo do teclado e a outra para as letras caixas alta, as teclas em branco, posicionadas do lado direito do teclado. As teclas azuis do meio são para as pontuações, os números, e os espaços contínuos. O teclado Linotype que era utilizado na impressão era muito pouco eficiente. Consistia basicamente em noventa teclas organizadas em seis filas. As letras minúsculas são direccionadas para a mão esquerda e as letras maiúsculas para a mão direita. Devido às limitações mecânicas das primeiras máquinas de Linotype, as letras mais frequentes são colocadas entre o dedo mais pequeno e indicador. Este arranjo dificulta uma entrada rápida por causadas grandes filas de teclas na vertical em diferentes colunas e o grande número de sucessivos stroke feito pelos dedos mais pequeno e o segundo dedo da 1 Esta máquina de composição foi a que teve o maior sucesso foi a do emigrante alemão Ottmar Mer- genthaler, inventada em Baltimore, nos EUA. Quando Mergenthaler analisou o resultado de um dos primeiros testes exclamou entusiasmado: “A line of type!” Na tipografia tradicional o texto era composto à mão, juntando tipos móveis um por um. Com uma máquina Linotype, equipada com chumbo em ponto líquido, era possível compor uma linha inteira de texto; esta, assim que batida no teclado da máquina, era imediatamente fundida e integrada na composição de colunas e de páginas.

mão esquerda. Este layout rude continua a ser usado nas máquinas Linotype contemporâneas mesmo embora as restrições que originalmente ditavam estas escolhas já não se aplicarem. Na operação correcta do teclado, a mão esquerda do operador opera a tecla do spaceband, e apenas a fileira vertical esquerda das teclas, enquanto a mão direita do operador opera as restantes teclas. A máquina de Linotype funde em bloco cada linha de caracteres tipográficos e era composta por três partes distintas: composição, fundição e teclado integrados na mes- ma máquina. A sua capacidade de produção variava de 6.000 a 8.000 toques por hora. Suas matrizes (superfícies impressoras) eram de baixo-relevo, justapostas em num componente (utensílio no qual o tipógrafo junta à mão, um a um, os caracteres que irão formar as linhas de composição). Equipada com chumbo em ponto líquido, era possível compor uma linha inteira de texto; esta linha, assim que batida no teclado da máquina, era logo fundida. Com esta mecanização, a produtividade do processo de composição aumentou: um operador de

Linotype podia compor o equivalente à produção de 7 ou 8 compositores manuais.

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