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Os estudos que envolvem o BES buscam compreender a avaliação que as pessoas fazem de suas vidas. O construto tem tido um crescente interesse por parte dos pesquisadores nos últimos anos e abarca estudos que utilizam as mais diversas nomeações, tais como felicidade, satisfação, estado de espírito, afeto positivo ou mesmo avaliação subjetiva da qualidade de vida (ALBUQUERQUE; TRÓCCOLI, 2004).

O método mais usual de mensuração do BES consiste no auto-relato, onde o indivíduo julga a satisfação que possui com relação a sua vida e relata a frequência de emoções afetivas recentes de prazer e desprazer (FREY; STUTZER, 2002). Mas não é o único método de se investigar o fenômeno, sendo esperado que medidas baseadas em diferentes metodologias correlacionem-se às medidas de relato de bem-estar (ALBUQUERQUE; TRÓCCOLI, 2004). Dessa forma, Frey e Stuzer (2002) afirmam que uma das formas de captar o estado de bem- estar subjetivo nos indivíduos é através de surveys, visto que a auto-avaliação da felicidade se apresenta como melhor indicador desse fenômeno, sendo consistentemente possível as pessoas avaliarem seu próprio estado de bem-estar subjetivo. Isso se verifica porque, a princípio, não é possível efetuar uma observação do fenômeno que esteja “fora” do indivíduo, ou seja, o bem-estar subjetivo reside no interior das pessoas, e o modo de saber se elas se sentem mais ou menos felizes, de maneira mais simplista, é perguntando a elas (FREY; STUTZER, 2002; VAN BOVEN; GILOVICH, 2003). As respostas refletirão, portanto, os padrões que cada pessoa considera ao determinar seu nível de felicidade de acordo com seus próprios critérios, pois somente o indivíduo pode experimentar seus prazeres e dores a partir da sua experiência interna (DIENER; DIENER, 2002).

Albuquerque e Tróccoli (2004) defendem que as medidas de BES podem se constituir de relatos globais de um longo período de tempo, baseado em memórias ou experiências momentâneas. Isso porque, inclusive medidas mais globais do BES que simplesmente perguntam quão satisfeitas ou felizes as pessoas estão têm se mostrado válidas, demonstrando boas propriedades psicométricas adequadas, bons índices de consistência interna, enfim, bons índices psicométricos de validade do construto. Dessa forma, os valores dados ao BES que se propõe estudar podem variar, dependendo do tipo de escala utilizada, a ordem disposta dos itens, o estado de humor no momento de responder ao instrumento e outros fatores situacionais (ALBUQUERQUE; TRÓCCOLI, 2004). Ao passo em que muitas escalas de BES vem sendo construídas, Frey e Sutzer (2002) defendem que a quantidade de dimensões que os índices de felicidade devem conter na pesquisa depende do que exatamente se quer analisar, ou seja, as questões e as escalas mais adequadas para o estudo irão depender da proposta do que se está sendo empregada.

Em tipos de questionários utilizados como base para captação da felicidade do indivíduo, podem ser utilizadas questões de único item ou múltiplos itens (FREY; STUTZER, 2002). Dessa forma, medidas de único item representam uma técnica com boa validade de face, por simplesmente pedir ao entrevistado que classifiquem seu sentimento de acordo com um único construto emocional. Esse construto pode representar tanto uma dimensão emocional global ou uma emoção mais específica, onde a resposta à escala pode variar de entre dois polos (de “não estou feliz” a “extremamente feliz”, por exemplo). As opções de respostas são postas frequentemente em escalas tipo Likert, com formato de cinco, sete ou nove pontos. As vantagens dessas medidas de único item referem-se à simplicidade do construto, à facilidade de entendimento dos participantes e da sua concisa administração. Além disso, praticamente qualquer emoção pode ser ancorada por uma escala de único item, o que a torna tão popular em literatura e em pesquisas experimentais sobre o tema. Já as medidas de múltiplos itens representam uma grande classe de instrumentos de avaliação, onde a maioria dos itens consiste de listas de adjetivos para descrever estados emocionais. Ou seja, é oferecido ao respondente uma série de emoções onde o indivíduo identifica o que está sentindo e o grau desse sentimento (LARSEN; FREDRICKSON, 1999).

Questionários sobre a felicidade e outras variedades de mensuração empregadas pela psicologia são fortemente correlacionadas com comportamentos observados que se associam e se relacionam ao bem-estar das pessoas (FRANK, 2004). Por exemplo, se é detectado um sentimento de felicidade no indivíduo, isso pode significar que ele deve estar mais suscetível a ter mais contatos sociais com os amigos. Ou, caso o nível de felicidade seja avaliado pelo indivíduo como insatisfatório, pode-se inferir que esse indivíduo ainda continua em busca de artifícios ou recursos que lhe tragam mais bem-estar. Ou seja, psicólogos e sociólogos geralmente focam a possível influência de fatores de personalidade (como otimismo, auto- estima) e fatores demográficos (idade, gênero) quando estudam porque as pessoas são felizes ou infelizes (FREY; STUTZER, 2002).

Albuquerque e Tróccoli (2004), ao passo que constroem e analisam os primeiros índices de validade de construto de uma escala brasileira de mensuração de EBES (Escala de Bem-Estar Subjetivo), citam as escalas mais frequentes utilizadas para mensurar o BES na psicologia, como a Escala de Bem-Estar Subjetivo (Subjective Well-Being Scale-SWBS) de Lawrence e Liang (1988), a Escala de Satisfação com a Vida (Satisfaction with Life Scale-

SWLS) de Diener, Emmons, Larsen e Griffin (1985), a Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (Positive/Negative Affect Scale-PANAS) de Watson, Clark e Tellegen (1988). Ainda, sobre os resultados de Albuquerque e Tróccoli (2004), eles defendem que o BES elevado

inclui frequentes experiências emocionais positivas, rara experiência emocional negativa e satisfação não só com vários aspectos da vida, mas com a vida como um todo.

Já sob o ponto de vista econômico, a personalidade e fatores demográficos não tem uma importância primária, visto que os economistas consideram que esses fatores influenciam parcialmente condições econômicas, ou seja, fatores demográficos como idade e gênero, não dependem do estado da economia. Dessa forma, essa área se dedica a avaliar quais e como os fatores econômicos, como renda, emprego e inflação influenciam e se relacionam com o estado de felicidade dos indivíduos (FREY; STUTZER, 2002).