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4. A (DES)INFORMAÇÃO PÚBLICA FACE AO INTERESSE GOVERNISTA

4.2 ETAPA 1: ANÁLISE QUANTITATIVA E ESTATÍSTICA

Uma vez demonstrado como o tema Código Florestal foi classificado como notícia jornalística, retomemos os procedimentos metodológicos de modo a caminhar ao encontro de diagnóstico referente a este trabalho.

Com o intuito de verificar a incidência da temática na esfera pública midiática, nossa primeira investida ateve-se à busca quantitativa, no período de 1º. de janeiro a 31 de maio de 2012. Por isso, nesta fase, focamos tão somente à quantidade de citações (grifo nosso) do tema “Código Florestal” e não ao conteúdo das publicações.

Assim, é preciso esclarecer que no contexto que apresentamos nem toda citação seja, necessariamente, uma notícia jornalística85 sobre ou do Código Florestal (grifo nosso). Mas

indica que o assunto esteve presente, de alguma forma, na imprensa. Isto pode ser percebido pela diversidade de editorias86 onde encontramos o tema – o que é relevante para esta fase da

nossa investigação. Nas considerações do jornalista ambiental e pesquisador Wilson da Costa Bueno (2007, p 39) “a pauta ambiental é efetivamente uma pauta multicaderno”87.

85 Cf. seção 4.1 deste capítulo.

86 A terminologia editoria é definida pelo Dicionário de Jornalismo como “um conjunto de jornalistas

responsável por determinado tema em uma redação”. Disponível em:

<http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/search/label/E>.

87 In: Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 15, p. 33-44, jan./jun. 2007. Editora UFPR. Disponível em

Ao optarmos por esse enfoque não significa que desprezamos os conteúdos produzidos pelos periódicos O Globo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Folha de S.

Paulo e pela Agência Brasil. Pensar sob esta perspectiva denotaria uma displicência desta

pesquisadora.

A preferência por este caminho se deu por dois motivos: 1) a abordagem desta pesquisa se relaciona, principalmente, com as teorias de comunicação pública e, neste sentido, b) busca compreender se há uma angulação favorável ao governo na divulgação das notícias pelos veículos de imprensa que estão sob a atribuição da administração pública.

Para uma primeira observação, tomamos quatro dos principais jornais impressos de circulação diária no Brasil e que são representativos para o jornalismo nacional. São eles: três jornais do Estado de São Paulo Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e o periódico carioca O Globo.

Definidos os veículos de imprensa, percorremos o seguinte caminho: a) acesso ao site de cada um dos veículos (site descrito nas tabas abaixo); b) inserção da palavra-chave “Código Florestal” no campo “busca” do site; c) seleção do período: de 1º de janeiro a 31 de maio de 2012.

Na observação quantitativa, foram detectadas 555 citações ao tema “Código Florestal”. Também percebemos que o debate dados apresentados nas tabelas a seguir:

Tabela 4.2.1 - O Globo

Tabela 4.2.2 - O Estado de S. Paulo

Tabela 4.2.4 Folha de S. Paulo

Depois de verificada a incidência do tema nos quatro periódicos, partimos para a checagem no site da Agência Brasil – que compõe o corpus desta pesquisa. Aplicamos o mesmo método de investigação, de forma encontrar uma consonância quantitativa88:

d) acesso ao site da Agência Brasil (http://agenciabrasil.ebc.com.br); e) inserção da palavra-chave “Código Florestal” no campo “busca” do site; f) seleção do período: de 1º de janeiro a 31 de maio de 2012.

Nesta seleção foram identificadas 162 citações ao tema “Código Florestal”, na página da Agência Brasil. Os resultados estão apresentados na tabela a seguir:

Tabela 4.2.5 Agência Brasil

88 Cf. seção 4.2 deste capítulo.

Como mencionado anteriormente, embora não haja necessidade neste momento de esmiuçar o conteúdo publicado por cada um dos periódicos, é preciso reconhecer sua contribuição. Os resultados obtidos pela pesquisa nos permitem cruzamentos de dados, que geram outros resultados e nos instigam a novos olhares para além da cobertura do Código Florestal na imprensa.

Outro ponto que nos motiva a novas pesquisas é que os resultados quantitativos apontam que a pauta ambiental transita em um espaço flutuante, abstrato da cobertura jornalística. Esta intersecção de informações nos indica cenário ambíguo: se por um lado a temática entrou para a agenda-setting da imprensa, por outro a pluralidade de editorias revela que o debate acerca das questões ambientais ainda não encontra um lugar de fala na pauta jornalística. O entendimento se essa dualidade é positiva ou não, caberá ao viés ideológico de uma futura investigação. Mas por hora, voltemos à análise que propõe este trabalho.

Não é preciso muito esforço para constatar que o debate sobre a votação do novo Código Florestal esteve presente mais vezes na editoria de Política89 de 3 dos 4 veículos analisados90. O mesmo se deu nas reportagens publicadas pela Agência Brasil91.

Entre 1º. de janeiro a 31 de maio de 2012, período em que a matéria tramitou entre a Câmara dos Deputados e o Senado, o tema “Código Florestal” foi citado 239 vezes nas editorias de Política dos jornais Valor Econômico, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e na Agência Brasil 92.

89 A saber: no período investigado para esta pesquisa, não foi possível identificar a editoria de Política no jornal

O Globo. Percebemos que os assuntos relacionados à política constavam em editorias do jornal, o que dificultou o enquadramento para esta pesquisa. Mas entendemos que os dados faltantes não comprometem, tampouco invalidam nossa pesquisa.

90 Conforme abordado na seção 4.2 do presente capítulo, os resultados referem-se as citações do tema Código

Florestal na imprensa.

91 Cf. nota 90, deste capítulo. 92 Cf. nota 90, deste capítulo.

4.2.6 - Editoria de Política

Encerrada a primeira etapa de análise quantitativa, passaremos à segunda fase da pesquisa metodológica: uma investigação analítica das reportagens publicadas na Agência Brasil.

4.3 ETAPA 2: ANÁLISE DE CASO - A VISIBILIDADE DADA AO GOVERNO NAS