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Apêndice I Questões Norteadoras Grupo Focal (Etapa 2)

CAPÍTULO 2. CAMINHOS METODOLÓGICOS

2.3 Descrição das Etapas da Pesquisa

2.3.1 Etapa 1: O diálogo e a observação

A primeira parte de nossa pesquisa de campo ocorreu no ano de 2013, quando iniciamos uma “garimpagem” acerca da possibilidade de construção de dispositivos de acompanhamento de estagiários. Para tanto utilizamos as técnicas da observação e do grupo focal.

a) Observação

Inicialmente nosso contato foi com a Supervisora, em fevereiro de 2013, quando apresentamos nosso projeto de pesquisa e a convidamos a colaborar com nossos estudos. Como a pesquisa de mestrado foi realizada com a mesma professora e já a conhecíamos, o contato e a aceitação na participação da pesquisa ocorreram de maneira positiva e receptiva, tornando um trabalho de trocas e em parceira. A Supervisora tem grande interesse pela temática, sendo também um de seus campos de estudo, o que facilitou nossos diálogos acerca do projeto.

Inicialmente, nosso plano foi observar as aulas dos estagiários no curso de Licenciatura em Pedagogia, nas disciplinas de “Planejamento, Acompanhamento e Noções Teóricas de Prática de Ensino nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental” e “Estágio Supervisionado de Prática de Ensino nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental”. As observações tinham como principal foco identificar as demandas

que os estagiários apresentavam durante o estágio. Assim, nos utilizamos de um caderno de campo (Apêndice B) contendo questões que orientaram o nosso olhar para o espaço da universidade.

Ambas as disciplinas são de responsabilidade da Supervisora, sendo que a primeira tem carga horária de 45 horas e é oferecida na universidade como apoio e complemento da segunda voltada para a instituição escolar com carga horária de 105 horas (divididas em 70 horas na escola e 35 horas de atividades de pesquisa e elaboração de aulas, planejamento etc.).

No primeiro dia de aula, a Supervisora apresentou a pesquisadora aos estudantes e esta, por sua vez, explicou o projeto de investigação e solicitou permissão para observar e acompanhar as aulas e atividades na universidade, com a liberdade de participar quando houvesse necessidade. Todos consentiram a presença e a possibilidade da pesquisa.

Havia 47 estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia, sendo três do sexo masculino e 44 do sexo feminino, idades entre 19 e 40 anos, com predomínio de jovens entre 20 e 25 anos. Além dos estagiários, nas aulas também havia uma monitora (professora da rede municipal e estudante de mestrado em situação de estágio docência) que auxiliava a Supervisora nas correções de projetos de estágio, questões burocráticas como contratos e fichas de estágio, dentre outras atividades.

Acompanhamos as aulas da disciplina desde o início até sua finalização, sendo oito encontros de quatro horas, totalizando 36 horas de observação no período noturno, às sextas-feiras.

As aulas seguiam uma dinâmica peculiar de acordo com um cronograma estabelecido pela Supervisora. A seguir apresentamos um quadro síntese dos dias observados e tópicos das atividades desenvolvidas.

Quadro 6- Síntese da disciplina na universidade – (Etapa 1 - 2013)

Datas Atividades

08/03/2013

- apresentação da disciplina;

- Orientações e dúvidas sobre aspectos burocráticos do estágio; - orientações sobre a chegada à escola;

- dúvidas sobre o desenvolvimento do estágio.

15/03/2013

- duvidas sobre aspectos burocráticos do estágio;

- dúvidas relacionadas a aspectos do desenvolvimento do estágio;

- leitura e discussão sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental I e a Reorientação Curricular do Município.

- troca de experiências com a monitora da disciplina.

05/04/2013

- diálogo e troca de experiências sobre os estágios; - orientações acerca dos desafios do estágio;

- orientações sobre o Plano de Trabalho a ser entregue;

- Trabalho em grupos acerca dos conteúdos da Reorientação Curricular do Município

19/04/2013

- diálogo sobre aspectos burocráticos dos estágios;

- troca de experiências sobre os trabalhos realizados em grupos na aula anterior; - relatos e troca de experiências sobre o desenvolvimento do estágio;

- orientações acerca do relatório de estágio; - explicação sobre Plano de Aula.

03/05/2013100 - Orientações sobre uma proposta para os estagiários analisarem suas práticas.

10/05/2013

- Trabalho com livros didáticos – questionamentos, discussões e troca de

experiências acerca do tema;

- Em grupos manipulam os livros didáticos;

- Socialização coletiva dos aspectos observados nos livros.

17/05/2013

- Trabalho em grupo – escolha de um caso do estágio;

- Orientações sobre o trabalho a ser desenvolvido (Análise de Práticas); - Socialização dos casos escolhidos;

- Diálogo e troca de experiências sobre os estágios;

28/06/2013 - Entrega dos relatórios de estágio

16/08/2013

- Diálogo com os estagiários sobre as aulas; - socialização sobre a finalização dos estágios;

- sugestões e críticas sobre o desenvolvimento dos estágios

- Retorno dos relatórios – entrega das notas.

100A pesquisadora não participou deste encontro, pois estava em um congresso.A aula foi relatada à

As observações realizadas no período de março a agosto foram anotadas em um caderno e em seguida transcritas (APÊNDICE C), respeitando o limite de até 48 horas após a realização da observação, como sugerido para pesquisas que contemplam esse tipo de trabalho de campo.

Nossa permanência durante as aulas foi bem aceita pelos estudantes, visto que no final do semestre havia uma grande interação com a pesquisadora, momentos em que os estudantes tiravam dúvidas acerca das aulas e dos próprios estágios, realizavam comentários de suas aulas de regência, dentre outros.

b) Grupos Focais

Nesta etapa da pesquisa, também realizamos Grupos Focais em três escolas (Escola A; Escola B; Escola F)101, seguindo os princípios metodológicos estudados.

A partir de nossos objetivos, elaboramos um roteiro com questões norteadoras (APÊNDICE D) que pudessem nos apoiar.

Para realizar pesquisas nas escolas do município, a Secretaria Municipal de Educação (SME) exige uma carta de autorização (APÊNDICE E), além da aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética.

Com a pesquisa autorizada pela SME, contatamos as coordenadoras das escolas por telefone. Marcamos um encontro pessoalmente para apresentar a pesquisa e realizar o convite. De prontidão as coordenadoras aceitaram fazer parte e se dispuseram às nossas necessidades quanto ao contato e convite aos professores. A relação correu de forma tranquila, já que estas escolas participaram da pesquisa que realizamos no mestrado (2010-2012).

Quando dissemos que precisaríamos de um dia para conversar com um grupo de professores e equipe gestora, as coordenadoras pensaram em diversas estratégias para não prejudicar os horários de trabalho e descanso dos professores, e ao mesmo tempo em que pudessem colaborar na pesquisa.

Cada escola se organizou de uma maneira. A coordenadora da Escola A elencou duas professoras que recebem estagiários da Supervisora há mais de cinco anos e que vão à escola às segundas-feiras no período noturno cumprir horário de trabalho do Estado, já que são funcionárias estatais emprestadas ao município.

101

Não foi possível agendar horário com as outras escolas por conta do tempo previsto para esta etapa da pesquisa. Neste ano, os professores do município e os estagiários entraram em greve. Mais detalhes no tópico 2.4.

Assim, não atrapalharia o horário de trabalho delas e nesse período de tempo elas estariam disponíveis para a pesquisa. Ambas as professoras, muito solícitas, aceitaram participar.

Nas outras escolas, as coordenadoras preferiram que todas as professoras fossem convidadas. Então a pesquisadora sugeriu o horário de HTPC e esse espaço foi concedido.

O convite foi realizado, os professores que atendiam aos critérios estabelecidos pela pesquisadora – ter um contato próximo com a questão do estágio e receber ou já ter recebido estagiários enviados pela Supervisora –manifestaram o interesse em participar tanto no momento do HTPC quanto posteriormente para a coordenadora.

A pesquisadora retornou às escolas para uma conversa pessoal e individual com os professores, agendada para o momento do HTPI. Com os professores da Escola F o contato ocorreu por e-mail, por escolha deles, pois já conheciam o trabalho e a pesquisadora. Combinamos a data e o horário melhor e comum aos grupos para a realização do grupo focal.

A seguir, apresentamos um quadro com as datas de contato e encontros com as escolas e professores.

Quadro 7 - Contatos e Encontros com as escolas – (Etapa 1 - 2013) Contatos

Escolas

Primeiro

contato Individuais Diálogos em HTPC Convite Grupo Focal

Escola A 11/03 14/03 ocorreu Não 22/04; 06/05 Escola B 11/03 10/06 17/06 12/09; 23/09

Escola F 10/04 03/06 10/06 02/09

Escola G 14/03 18/04102 21/10 ocorreu)(não 103

102 Outros dias foram contatos via telefone e e-mail. 103

O GF da Escola G não foi realizado, pois estávamos no final do ano letivo e decidimos respeitar este momento da escola que possui neste período trabalhos de avaliações (externas e internas) dos alunos; fechamento de notas; conselho de classe; festas de encerramento do ano letivo; atribuição de aulas para o próximo ano etc. Pensamos em realizar o GF no início de 2014, porém a escola também passa por um período de reorganização e adaptação de alunos; planejamento anual; carnaval etc. Logo após este período os estágios iniciaram, não fazendo sentido irmos à escola realizar o GF desta etapa que correspondia a um mapeamento sobre o que esperam do estágio.

Antes de iniciarmos os grupos focais, tiramos dúvidas dos participantes quanto à pesquisa e à questão metodológica. Explicamos como o grupo focal ocorre, diferenciando-se da entrevista, técnica que a maioria dos participantes já conhecia.

Os Grupos Focais (GF), nomeados de GF1 e a letra da escola correspondente (GF1-A; GF1-B e GF1-F), foram realizados no ambiente escolar, no horário após o término das aulas do período vespertino, escolhido pelos participantes. À pedido dos professores, estipulamos um horário de término das discussões. Sendo assim, combinamos que caso não terminássemos as discussões, marcaríamos outra data e todos consentiram.

Nas Escolas A e B foram necessários dois encontros para a discussão. Os encontros na Escola A104 tiveram duração total de 120 minutos. Na Escola B as discussões foram gravadas em áudio, com duração total de 110 minutos. Na Escola

F a duração foi de 90 minutos.

Posteriormente, as gravações foram transcritas (com o limite de até 48 horas após a realização) e enviadas aos participantes para que pudessem complementar, caso necessário. Alguns participantes somente corrigiram o texto na forma culta da língua. Outros não realizaram nenhuma correção e consentiram o uso da maneira que estava.

Como gostaríamos que a participação nessa etapa da nossa pesquisa fosse voluntária e por interesse na temática, não estabelecemos um número fechado de participantes por grupo105. Assim, cada grupo ficou com uma composição diferente.

Ao todo participaram 11 pessoas: seis professoras e um professor, três coordenadoras106 e um diretor. Segue um quadro para ilustrar a divisão de

participantes por escola.

104

Os participantes deste grupo não autorizaram a gravação em áudio. Assim, a pesquisadora esteve acompanhada de seu orientador fazendo os registros das falas em um notebook, recolhendo o máximo de informações das falas. Os registros foram enviados aos participantes para que pudessem complementar com os dados pertinentes.

105

Para respeitar a técnica adotada (GREENBAUM, 1998), somente se excedesse 6 pessoas faríamos mais de um grupo por escola. Mas não ocorreu.

106

Correspondem aos Professores-Coordenadores (para a Rede Municipal de Rio Claro é o professor que da escola responsável por coordenar questões pedagógicas de ensino-aprendizagem e da formação de professores). Em outras redes de ensino pode ser conhecido como coordenador pedagógico.

Quadro 8 - Distribuição de participantes por escola – (Etapa 1 - 2013)

Participantes

Escolas Professor Coordenador Diretor Total

Escola A PA-1 PA-2 CA-1 - 3 Escola B PB-1 PB-2 CB-1 CB-2 - 4 Escola F PF-1 PF-2 PF-3 - DF 4

Após a realização desta etapa, passamos ao segundo momento da pesquisa que utilizou destes dados para se constituir.