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Etapa 2 - Preparação para coleta de dados

4. METODOLOGIA

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

4.3.3 Etapa 2 - Preparação para coleta de dados

disciplina curricular: a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, que oferece essa disciplina como optativa para os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música; e a Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR (Campus 1), que oferece essa disciplina como obrigatória para os cursos de Bacharelado em Música, e optativa para os cursos de Licenciatura em Música. Por esse motivo, o corpus desta pesquisa restringiu-se a essas duas IES43.

4.3.3 Etapa 2 - Preparação para coleta de dados

Com base no entendimento de que o ensino/aprendizagem da LMPV se consolida em um contexto mais abrangente, em que professores e alunos são responsáveis por esses processos, foram definidos três grupos para participar da pesquisa: um grupo que envolveu os alunos da disciplina; um grupo com os professores da disciplina; e um grupo de músicos profissionais experts em LMPV. Esta etapa foi realizada em duas fases: a primeira envolveu a elaboração de um depoimento preliminar com alunos e professores de LMPV (Apêndices 1 e 2) onde buscou-se apontar como professor e aluno compreendem o ensino e aprendizagem dessa disciplina, e elencar os possíveis desafios e obstáculos que dificultam o desempenho no cumprimento de leituras musicais à primeira vista, descritas pelos entrevistados; a segunda fase, a partir dos resultados obtidos na primeira, envolveu a elaboração do questionário piloto com alunos, professores e instrumentistas experts em LMPV.

4.3.3.1 Primeira Fase da Etapa 2

Esta fase teve como objetivo compreender como professores e alunos compreendem o ensino e aprendizagem dessa disciplina, considerando os desafios encontrados no cotidiano das aulas. Para tal, foi elaborado um questionário inicial denominado Depoimento Preliminar (Apêndices 1 e 2) onde buscou-se reunir informações gerais sobre os processos de ensino e de aprendizagem do ponto de vista dos alunos e dos professores de LMPV.

O formulário do Depoimento Preliminar trazia como cabeçalho uma breve descrição do objetivo ao qual se destinava esse questionário, seguido por três questões que identificavam:

43 O fato de apenas duas universidades em todo o país adotarem a LMPV como disciplina regular de suas grades curriculares, o fato de a LMPV ser uma habilidade exigida frequentemente como habilidade de domínio obrigatório de músicos profissionais, e o fato de os Projetos Político-Pedagógicos dos cursos de Graduação em Música versarem sobre preparar o egresso para o mercado de trabalho, abre campo para discussões a respeito de uma possível reforma curricular que inclua a LMPV como matéria específica e obrigatória nos currículos das universidades brasileiras, ao invés de um conteúdo, diluído em disciplinas afins.

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a) o curso que o respondente frequentava ou para o qual ministrava LMPV;

b) quais eram os desafios encontrados durante a aprendizagem e durante o ensino de LMPV; c) quais desafios o aluno acreditava que o professor enfrentava para ensinar LMPV, e quais desafios o professor acreditava que os alunos enfrentavam para aprender LMPV.

4.3.3.2 Segunda Fase da Etapa 2

Os dados obtidos a partir do Depoimento Preliminar permitiram confirmar que professores e estudantes reconhecem desafios de ensino/aprendizagem. Além disso, os mesmos dados permitiram estabelecer seis subcategorias de análise utilizadas para a elaboração do questionário piloto: MOTIVAÇÃO/AUTOEFICÁCIA (vicarismo, aspectos fisiológicos, êxito e persuasão verbal); AUTORREGULAÇÃO; AVALIAÇÃO; METODOLOGIA DE ENSINO; TEMPO DE AULA; ELEMENTOS MUSICAIS. Essas subcategorias nortearam a elaboração do questionário piloto que avaliou (a) a motivação geral e as crenças de autoeficácia de alunos; (b) os processos autorregulatórios; (c) os processos de autoavaliação de alunos e professores; (d) o impacto das metodologias de ensino; (e) a relação entre tempo de aula e aprendizagem; (f) os desafios de aprendizagem concernentes à tarefa de leitura musical à primeira vista.

Considerando as 7 (sete) subcategorias que surgiram nos Depoimentos Preliminares, foi elaborado um questionário para cada grupo a ser estudado: alunos e professores de LMPV, e experts em LMPV. O questionário final foi construído a partir dos dados levantados na fase anterior, somado às orientações propostas por Bandura (2006) por meio da adaptação de questionários já validados pela teoria social cognitiva. Foram escolhidos os seguintes instrumentos: a Teacher Self-Efficacy Scale – TSES proposta por Bandura (2006) e a Norwegian Teacher Sense of Efficacy Scale – NTSES proposta por Skaalvik (2007) como escalas de referência para a adaptação e elaboração do questionário destinado aos professores de LMPV. A tradução dessas duas escalas (Apêndices 3 e 4) utilizada nesta pesquisa é a proposta e validada por Cereser (2011). Foram escolhidas e adaptadas as questões do TSES e NTSES que mais se aproximavam aos desafios de ensino da LMPV apontados pelos dados encontrados no Depoimento Preliminar, adaptadas a este contexto de ensino/aprendizagem. Os três questionários, resultantes destas adaptações e destinados aos alunos, professores e experts, foram estruturados igualmente em duas partes: a primeira contendo as informações pessoais e a segunda a escala propriamente dita.

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O questionário do aluno de LMPV (Apêndice 5)contém cinquenta e oito questões e foi elaborado a partir do questionário do professor de LMPV, uma vez que entendo os processos de ensino/aprendizagem como mecanismos complementares e indissociáveis para alcançar um aprendizado completo. A escala utilizada para o questionário do aluno de LMPV foi denominada Escala de Autoeficácia do Aluno de LMPV, e mede cinco dimensões das crenças de autoeficácia do aluno, também no contexto do ensino superior: aquisição de leitura musical, motivação para estudar, crenças de autoeficácia em atividades específicas, autorregulação, e avaliação da disciplina.

O questionário do professor de LMPV (Apêndice 6) mescla questões de ambas as escalas (TSES e NTSES), envolvendo trinta questões. A escala utilizada para o questionário do professor de LMPV foi denominada Escala de Autoeficácia do Professor de LMPV e mede cinco dimensões das crenças de autoeficácia do professor no contexto do ensino superior: ensinar LMPV, gerenciar o comportamento dos alunos, motivar os alunos, considerar a diversidade de níveis de conhecimento musical e domínio instrumental dos alunos, lidar com mudanças e desafios.

O questionário dos experts em LMPV (Apêndice 7) contém quarenta e três questões. A escala utilizada para este questionário foi denominada Escala de Autoeficácia dos Experts em LMPV, e mede quatro dimensões das crenças de autoeficácia do expert em LMPV: aquisição de leitura musical, motivação para estudar, crenças de autoeficácia para realizar atividades específicas de LMPV, e autorregulação.

Excetuando-se as questões abertas, para a maior parte das questões optou-se por utilizar uma escala de graduação do tipo Likert44 de cinco pontos (1 – não me sinto motivado; 3 – sinto-me moderadasinto-mente motivado; 5 – sinto-sinto-me totalsinto-mente motivado). Cohen, Manion e Morrison (2007) sugerem que as escalas de sete e nove pontos, como as utilizadas na Norwegian Teacher Sense of Efficacy Scale – NTSES e na Teacher Self-Efficacy Scale – TSES envolvem um grau de detalhamento e precisão que pode ser inapropriado para os itens em questão, comprometendo a avaliação dos respondentes.

44 A Escala Likert não começa pelo algarismo 0 devido ao fato de que, em psicologia, a utilização deste algarismo é incomum, pois raramente se usam medidas ao nível da razão (segundo Moreira, 2004, o algarismo 0 significa a ausência de dimensão). No seu estudo Design And Development Of The Self- Efficacy For Musical Studies Scale, Kathryn Pearson (2003) demonstra que a escala de 1 a 5 ganha as preferências dos alunos de música participantes no estudo, por comparação com a escala de 1 a 100 pontos (muitas vezes referida como de 1 a 10). A autora revela que uma das razões apontadas pelos participantes era que a escala de 10 pontos permitia distinções demasiadas, e quanto mais opções numéricas, logo, mais hipóteses de resposta. Pearson (2003) reforçou ainda a ideia de que uma escala com muitas opções numéricas pode culminar em uma redução da validade, porque os alunos podem, efetivamente, não serem capazes de fazer distinções tão sutis que são requeridas nesse tipo de escala (Pearson, 2003).

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Após a seleção e adaptação das questões para o contexto de ensino-aprendizagem prática da LMPV foi organizado o layout (ver figura 4) dos questionários e a via com que estes chegariam aos respondentes. Para isso, foi utilizado a ferramenta Google Forms, plataforma on line que integra todos os processos para realização de surveys, desde a concepção do questionário até as análises qualitativas e quantitativas. Além disso, essa plataforma cria um link para cada questionário, que pode ser enviado aos respondentes por email, ou quaisquer outros meios de comunicação virtual, e podem ser respondidos em qualquer dispositivo com acesso à internet (tablets, smartphones, notebooks ou PCs). Por essas facilidades oferecidas pela plataforma foi decidido utilizar a web para realizar a coleta de dados. Tal instrumento de avaliação subsidiou a sua aplicação na etapa seguinte.

FIGURA 4 - LAYOUT ADOTADO PARA A ESCALA DE AUTOEFICÁCIA DO PROFESSOR