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Etapas de desenvolvimento dos parques tecnológicos

2.2 PARQUES TECNOLÓGICOS

2.2.2 Etapas de desenvolvimento dos parques tecnológicos

Segundo Soly et al., (2012); Spolidoro (1997); FIPASI (2012) o desenvolvimento de um parque tecnológico pode ser dividido em três etapas: (i) planejamento; (ii) implantação e; (iii) operacionalização.

(i) Planejamento

O planejamento do parque tecnológico representa a primeira etapa para o seu desenvolvimento. É nesta etapa que se desenvolve a concepção da ideia do projeto, através da definição da vocação do empreendimento, bem como dos perfis das empresas que ali se instalarão. Define-se também o modelo organizacional e jurídico da instituição gestora do projeto e a seleção do local onde o parque será inserido (SOLY et al.,2012).

Ainda durante a etapa do planejamento, é realizada uma série de estudos de viabilidade técnica e econômica, além da avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais, consequentes da implantação deste tipo de empreendimento. A partir destes estudos, elabora-se o Plano de Negócios detalhado, contendo todas as etapas de faseamento, bem como os projetos urbanísticos e imobiliários do parque tecnológico(SOLY et al., 2012).

Soly et al., (2012), expõem que na fase de planejamento deve-se identificar e definir as entidades públicas e privadas envolvidas em cada fase de desenvolvimento do projeto. Durante a elaboração do Plano de Negócios, devem ser definidas as estruturas provedoras de serviço que estarão presentes no parque, como, por exemplo, as incubadoras de organizações de base tecnológica e os Núcleos de Transferência Tecnológica - NITs, e os serviços que funcionarão como suporte do projeto, além das edificações que serão de uso compartilhado. Isso engloba a proposição de mecanismos que viabilizam a cooperação universidade-empresa, com o objetivo de intensificar os vínculos já existentes e atrair empresas de base tecnológica e centros de pesquisa de grandes empresas.

(ii) Implantação

Na etapa de implantação iniciam-se as atividades de construção de um conjunto de infraestruturas físicas e equipamentos, imprescindíveis para o funcionamento do parque tecnológico, quais sejam:

x infraestruturas básicas – rede de água, energia, telecomunicações, esgoto, gás, rede viária, sinalização, áreas de estacionamento, passeios, tratamento e controle de resíduos, equipamentos de eliminação de resíduos, iluminação exterior, guaritas de segurança, etc.;

x edifícios institucionais – abrigam a organização gestora do parque, associações representativas das empresas, bancos de fomento e agências de desenvolvimento;

x edifícios auxiliares - como, por exemplo, bibliotecas, papelarias, correios e operadores logísticos, restaurantes e lanchonetes, entre outros;

x edifícios de negócios – destinados à locação ou à venda para as empresas que queiram instalar-se no parque; exemplos são incubadoras de empresas e centros empresariais (business centers), escritórios de consultoria e assessoria;

x infraestruturas tecnológicas – compreendendo centros tecnológicos de P&D, laboratórios de pesquisa de uso conjunto, entre outros;

x áreas verdes e sociais – áreas destinadas ao convívio social e a serviços prestados ao indivíduo, que podem ser compostas por áreas de esporte e lazer, academias, creches, restaurantes, cafés, parques ecológicos, etc.(SOLY et al.,2012; SPOLIDORO, 1997; FIGLIOLI; PORTO, 2012).

Na opinião de Noce (2002 p. 89), somente a estrutura física não garante o sucesso de um parque tecnológico, pois são muitas as variáveis que devem ser consideradas na sua etapa de implantação para assegurar sua operacionalização. Entre os principais quesitos de implantação, a autora destaca o comprometimento dos atores envolvidos, a qualificação da gerência e visão da direção, bem como a infraestrutura local de serviços disponível para o uso das empresas. Para a autora, a infraestrutura local significa os serviços que estão disponíveis dentro do parque e os que estão em seu entorno.

Para Horácio (2010, p.8), a relevância da etapa de implantação dos parques tecnológicos está no fato de serem “empreendimentos urbanos de alto impacto”. Assim, a

inserção destas iniciativas aumenta o adensamento urbano e sobrecarrega a infraestrutura da cidade com novas demandas. De acordo com o autor, se ações mitigadoras desses impactos não forem planejadas e executadas ao longo da etapa de implantação, o empreendimento pode se transformar em um problema para as cidades. O autor acrescenta que o sucesso dessa etapa também depende da formação e gestão de uma equipe multidisciplinar, com a presença de arquitetos, engenheiros, biólogos, a fim de transformar um empreendimento de alto impacto em uma intervenção urbana de excelência, que possa revitalizar o espaço urbano do seu entorno e da cidade.

Para o desenvolvimento da etapa de implantação de um parque tecnológico é preciso, entre outras: (i) estimular a formação de novas empresas em setores de ponta e atrair companhias especializadas em tecnologias avançadas; (ii) revitalizar os setores industriais tradicionais da região, por meio da incorporação da região e de novas tecnologias; (iii) promover a vocação empresarial e o trabalho inovador local; (iv) favorecer a independência tecnológica da região mediante a geração interna de novos avanços e aplicações tecnológicas; (v) promover a divulgação do empreendimento para atração de empresas (ANDRADE JUNIOR, 2005).

De acordo com Soly et al., (2012), após a conclusão das estruturas físicas, inicia- se o povoamento das edificações de uso coletivo, bem como o processo de seleção dos empreendimentos que serão instalados no parque, conforme as fases definidas durante a etapa do planejamento. Segundo Andrade Junior (2005), nesta etapa também se inicia a instalação das primeiras empresas que irão operar.

(iii) Operacionalização

Concluída a infraestrutura física de uso coletivo e dos serviços imprescindíveis para o funcionamento do parque tecnológico, começa a etapa da operacionalização do parque tecnológico. Esta etapa abrange a ocupação do empreendimento pelas empresas que geralmente são organizações de base tecnológica, centros de P&D, além dos stakeholders interessados no desenvolvimento dos negócios. A ocupação é decisiva para consolidar o parque tecnológico como espaço destinado à criação de alto valor agregado e de conhecimento científico e tecnológico. É também nesta fase que se inicia o fornecimento dos serviços prestados pela unidade gestora do parque às empresas residentes (SOLYet al.,2012; FIPASE,2005).

É através da operacionalização dos parques tecnológicos, segundo Soly et al., (2012) que tem inicio a arrecadação de receitas tributárias, municipal e estadual, oriundas das atividades ali executadas. Paralelamente, segundo os autores, a entidade responsável pela gestão do empreendimento, realiza esforços contínuos de busca de novos negócios para concluir cada etapa de faseamento estabelecida até a plena ocupação de todo o empreendimento.

Na etapa de operacionalização é necessária a formação de uma forte rede de cooperação entre governos, universidades, centros de pesquisa, instituições de fomento e capital de risco, associação de classe e entidades de apoio ao desenvolvimento empresarial, nacionais e internacionais (NOCE, 2002). O quadro 5 representa a síntese das três etapas de desenvolvimento dos parques tecnológicos.

Quadro 5 - Etapas de desenvolvimento de Parques Tecnológicos

PLANEJAMENTO IMPLANTAÇÃO OPERACIONALIZAÇÃO

ATIVIDADES Planejamento,concepção, estudos de viabilidade e estruturação do parque tecnológico.AMENTO Criação da infraestrutura, ocupação das edificações de uso coletivo e inicio das instalações das primeiras empresas.

Ocupação do parque tecnológico pelas empresas, bem como gestão do empreendimento e oferta de serviços variados.

Fonte:Adaptado de Soly et al., (2012)

O quadro 5 sintetiza as etapas de desenvolvimento dos parques tecnológicos com destaque a etapa de implantação foco deste estudo.

Analisando cada etapa de desenvolvimento dos parques tecnológicos percebe-se que somente após a implantação é que as organizações gestoras, sejam públicos ou privados, possuem possibilidades de retorno sobre os seus investimentos. Conclui-se também que as etapas de desenvolvimento de um parque tecnológico é um processo altamente complexo, que envolve diversas variáveis e, portanto, todas as etapas devem bem geridas.

Assim sendo, precisa-se ter cuidado na escolha da localização, no estabelecimento de parcerias efetivas, na definição de estruturas provedoras de serviço, na contratação de colaboradores, e na execução de obras de infraestrutura, de forma a obter a sinergia necessária para consolidação das etapas. Estas devem ser vistas como um meio de se alcançar eficiência na operacionalização e a consolidação dos parques tecnológicos.

Este estudo busca avaliar o desempenho da etapa de implantação de um parque tecnológico, assunto que será abordado a seguir.