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Fatores determinantes de sucesso de parques tecnológicos

2.2 PARQUES TECNOLÓGICOS

2.2.1 Fatores determinantes de sucesso de parques tecnológicos

Apesar de parques tecnológicos terem inúmeras vantagens para o desenvolvimento econômico e social de uma região, ainda é necessário considerar vários fatores para sua implantação. Na opinião de Ondategui (2009), a força dos parques tecnológicos e das empresas nele instaladas reside na combinação contínua e conveniente de fatores internos e externos, tais como: (i) as necessidades sociais e industriais; (ii) os problemas do ambiente e qualidade de vida; (iii) a tecnologia a ser desenvolvida para atender essas necessidades;(iv) maior dedicação e envolvimento dos empregadores; (v) vontade dos poderes públicos e privados para levantar e distribuir o crescimento econômico alocando capital produtivo; (vi) formação de recursos humanos, aproximando os mundos díspares nestas latitudes como o teórico e prático, a fim de transferir conhecimentos, ideias ou projetos em ambas as direções .

Para Chen (2006), o sucesso na implantação de um parque tecnológico não só pode desencadear o desenvolvimento econômico, mas também pode atingir o crescimento da região que está inserido, desde que seja desenvolvida uma gestão eficiente dentro do parque tecnológico. Portanto, o sucesso do parque depende de diversos fatores. Varias pesquisas vem sendo realizadas para identificar e conceber as principais características e requisitos que podem ser considerados essenciais e podem se tornar fatores críticos de sucesso para a modelagem e estruturação de Parques Tecnológicos.

A APTE (2005), por meio de um estudo que revisa as experiências internacionais, estabelece um conjunto de fatores que determinam o sucesso dos parques tecnológicos. Estes fatores foram divididos em dois grupos: “hard” e “soft:”.

Os fatores “hard” são aqueles que determinam as condições iniciais do local onde o parque está localizado, tais como:

x infraestrutura de comunicação;

x flexibilidade do mercado imobiliário no ambiente do parque;

x conglomerado inicial de empresas especializadas em um eixo de produção dinâmico;

x conjunto de serviços básicos para o desenvolvimento das atividades das empresas no parque, como os serviços produtivos, serviços de consultoria e serviços especializados, entre outros.

Já os "soft" identificam um conjunto de fatores que explicam a transformação qualitativa e sustentabilidade da experiência como:

x estabelecimento de uma parceria com as principais partes interessadas, tanto econômicos e sociais;

x existência de um plano regional de desenvolvimento e/ou inovação tecnológica que enquadra o trabalho do parque;

x existência de grandes arranjos locais e regionais para a sustentabilidade ecológica da área;

x existência de vários mecanismos para o financiamento de atividades de negócios.

Por sua vez, Chen (2006), considerando os aspectos do desenvolvimento industrial bem sucedido do Parque tecnológico de Hsinchu, no Taiwan, descreve que os pontos focais do sucesso de um parque tecnológico são:

x oferta de financiamento suficiente; x guia e suporte de política industrial; x ambiente profissional;

x formação do cluster industrial; x fundação consolidado de ciência; x treinamento profissional;

x serviço One-Stop.

Segundo Chen (2006), as indústrias de alta tecnologia com infusões de capital altamente densos precisam de considerável assistência. Além de capital de investimento, os empresários necessitam de capital de risco, de empréstimos bancários, ou de ações nos mercados públicos. As empresas de alta tecnologia no Parque Hsinchu, em Taiwan, têm mais acesso a fontes de capital que as outras organizações. Além disso, o governo oferece redução

de tarifas, projetos e políticas de investimento para promover o desenvolvimento industrial. Estas condições favoráveis atraem capital de investimento local e internacional que moldam os pólos de desenvolvimento de alta tecnologia de Taiwan.

Pazos e Badio (2012), a partir do esquema proposto por Kaplan e Norton (2004), elaboraram o mapa estratégico de parques científicos e tecnológicos, ilustrado na figura 3. Assim, relacionam suas principais características de funcionamento com a criação de valor para as partes interessadas do mesmo.

Figura 3 - Fatores determinantes de crescimento de um parque tecnológico

Fonte: Pazos e Badio, 2012 (tradução nossa).

A figura 3 demonstra os fatores determinantes nas perspectivas financeiras, clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento para o alcance do sucesso dos parques tecnológicos. Identificam-se na figura 3 diversos indicadores e variáveis que devem ser considerados na avaliação de desempenho.

Segundo Vedovello, Judice e Maculan (2006), particularmente no Brasil, os projetos de parques tecnológicos têm sido concebidos e desenhados com foco principal à

implementação de uma estrutura física de apoio às empresas e demais parceiros dos empreendimentos. Os autores identificam alguns fatores chaves que podem contribuir para a operação bem sucedida de parques tecnológicos, tais como:

x existência de uma infraestrutura mínima composta de áreas residenciais e empresariais, providas de saneamento básico e urbanismo, facilidades de transportes, telecomunicações e oferta de serviços de valor agregado, que viabilize a atração e o bom funcionamento de um conjunto de agentes sociais para atividades baseadas em tecnologia, universidades com excelência em pesquisa, institutos de pesquisa;

x existência de Universidades e centros/institutos de pesquisa, com elevado grau de excelência e que serão responsáveis pela formação e pelo treinamento de recursos humanos altamente qualificados (cientistas, engenheiros e técnicos), estimulando-os a gerar, absorver e difundir um espírito empreendedor positivo entre seus pares e estudantes, bem como apoiando as atividades desenvolvidas pelas empresas;

x existência de empresas, em particular as micro, pequenas e médias que possuem atividades de P&D como principal motor de suas atividades;

x fomentar o empreendedorismo, que emerge como uma combinação e consequência da qualidade e quantidade de recursos humanos locais, incorporando dinamismo especial, focado em mudanças de cunho tecnológico e comportamental;

x disponibilização de recursos financeiros envolvendo: (i) recursos públicos por parte de diversos governos, devendo atuarem como indutores desse processo seja através de programas específicos ou da utilização do seu poder de compra; (ii) recursos privados, representados pelas empresas, bancos comerciais, que devem complementar os recursos do setor público; (iii) Venture capital, encorajar e privilegiar negócios baseados em alta tecnologia e com potencial de crescimento rápido.

Já Plonski et al.,(2005), a partir dos dados levantados nas entrevistas com os vários stakeholders, envolvidos na sua pesquisa, identificaram as características que podem

ser consideradas essenciais para a estruturação de um parque tecnológico privado no Brasil. Os resultados da pesquisa é ilustrado na quadro 4.

Quadro 4 - Fatores Críticos de Sucesso para um Parque Tecnológico Privado no Brasil Natureza da

Característica

Características Chaves entendidas como Fatores Críticos de Sucesso

Infraestrutura x Infraestrutura adequada para as empresas de base tecnológica, incluindo edificações, utilidades, Infra de TI, áreas de preservação ambiental, etc;

x Fácil acesso e proximidade de rodovias, aeroportos e centros urbanos; x Infraestrutura compartilhada com universidades e institutos de pesquisas. Serviços

especializados x Presença de núcleos especializados em tecnologias e inovação; x Presença de pessoal especializado em estruturação de projetos de desenvolvimento tecnológico via agência de fomento e fundos setoriais.

Gestão do

Parque x Mecanismos de governança próprios com autonomia para decisões; x Modelo de gestão profissional do parque tecnológico com o uso de indicadores de qualidade da prestação dos serviços do parque.

x As propriedades pertencentes ao parque tecnológico devem possuir condições fundiárias favoráveis a instalação do parque.

Econômica e

Financeira x Preços competitivos cobrados pela infraestrutura ocupada e pelos serviços de apoio gerando economia de escala no uso da infraestrutura; x Viabilidade econômica e financeira do parque de forma a assegurar que os

investimentos necessários geram o retorno esperado aos investidores;

x Captação de recursos financeiros via agências de fomentos e fundos setoriais governamentais.

Interação Universidade-

empresa

x Internacionalização do parque tecnológico com a presença de empresas transnacionais com Centros de P&D;

x Acesso das empresas aos pesquisadores, professores, e a mão de obra proveniente da universidade e das instituições de ensino de pesquisa;

x Política formal da universidade e dos institutos de pesquisas nos processos de interação universidade-empresa.

Fonte: Plonski et al., (2005)

O quadro 4 apresenta as características chaves para o sucesso dos parques tecnológicos e evidencia os indicadores que poderão ser utilizados para avaliar sua performance.

Portanto, os parques tecnológicos devem ser capazes de fornecer às empresas todos os tipos de serviços que agregam valor às atividades comumente realizadas no parque para assim garantirem seu sucesso. A imagem e prestígio do parque, a política do parque, a infraestrutura de qualidade, as conexões com universidades, os serviços comuns, os centros de pesquisas, as incubadoras de empresas, os benefícios fiscais, o acesso facilitado de recursos fianceiros, a mão-de-obra qualificada e empreendedora são fatores críticos para os sucesso dos parques tecnológicos. Para Vedovello, Judice, Maculan (2006), a implantação de um parque tecnológico deve ser realizada em um ambiente macroeconômico pró-ativo, gozando de estabilidade política e com uma estrutura regulatória favorável à atividade empresarial.

A fim de proporcionar um local adequado de funcionamento das empresas normalmente os parques tecnológicos obedecem a etapas de desenvolvimento, assunto que será abordado a seguir.