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3.3 METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO: METODOLOGIA MULTICRITÉRIO DE

3.3.1 Origem e bases conceituais da MCDA-C

O MCDA, conforme Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), é uma ferramenta de apoio ao processo decisório que segundo Lemos (2008) fornece aos decisores um instrumento capaz de ajudá-lo a solucionar problemas de decisão, cujos critérios, em geral conflitantes, devem ser levados em consideração. Para Bana e Costa (1993), a metodologia MCDA tem como foco gerar conhecimento aos decisores por meio de ferramentas cujos valores estão baseados em seus sistemas de valor.

Bana e Costa (1993) informam que a metodologia MCDA possui dois pilares: (i) a convicção da interpenetrabilidade, identificada como uma sequência de fatos conexos entre si (processo de apoio à decisão) e de modo coerente (sistema) e; (ii) o construtivismo, ou seja, a necessidade de aprender, criar e construir conhecimentos do contexto decisório visto que os

atores, na maioria das vezes, não possuem conhecimento real dos problemas. Já Ensslin, Ensslin S. e Carpes (2004) considera a MCDA uma ciência que através do aperfeiçoamento do conhecimento do contexto ajuda na decisão.

Para Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001) na MCDA-C há dinamismo para os decisores, isto porque a decisão realiza-se através de um processo ao longo do tempo e não em um ponto determinado. As decisões são produto de várias interações entre preferências individuais e grupos de influencia, conhecidos como atores do processo, completam os autores. Segundo Lemos(2008) a MCDA-C preocupa-se com a busca da identificação, organização, hierarquização e desenvolvimento e entendimento dos valores dos decisores envolvidos no problema, avaliando os critérios de competitividade da empresa em questão.

A MCDA-C, segundo Churchil (1990) apud Ensslin Montibeller Neto e Noronha (2001), é uma metodologia que se aproxima mais dos contextos onde ocorre o processo de julgamento e escolha, nos quais os objetivos não são claros e as alternativas não estão bem definidas, principalmente em situações complexas e que envolvem:

x incertezas sobre o caminho a seguir; x incertezas sobre os objetivos a alcançar; x diferentes alternativas de solução;

x diferentes grupos de pessoas envolvidos à decisão;

x conflitos de valores e objetivos entre os grupos interessados; x diferentes relações de poder;

x múltiplos critérios na avaliação das alternativas;

x enormes quantidades de informações tanto qualitativas quanto quantitativas; x informações usualmente incompletas;

x soluções criativas e muitas vezes inéditas.

A metodologia Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista – MCDA-C, segundo Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), Bana e Costa, (1995), Roy (1993), pode ser sumarizadas em dois consensos: (i) nos problemas decisórios, existem múltiplos critérios; (ii) buscar uma solução que melhor se enquadre às necessidades dos decisores no contexto decisional como um todo. Neste mesmo sentido, Dutra (2005) apresenta as seguintes relevâncias da MCDA-C: (i) possibilidade de abordar diversos tipos de informações; (ii) possibilidade de capturar e apresentar, de maneira explícita, os objetivos dos tomadores de

decisão; (iii) possibilidade de permitir aos gestores refletir sobre seus objetivos, prioridades e preferências; (iv) possibilidade de desenvolver um conjunto de condições e meios para informar as decisões, em função do que o tomador de decisão considera ser o mais adequado.

Para Lemos (2008) a MCDA-C busca a identificação, organização, hierarquização e desenvolvimento e entendimento dos valores dos decisores envolvidos no problema. Como cada situação é exclusiva ou única gera personalização do processo decisório ou até mesmo a unicidade do modelo a ser desenvolvido. Neste sentido, Roy (1993) informa que a MCDA-C constrói um processo de apoio à decisão que leva em consideração as percepções dos decisores, suas convicções e valores individuais durante o desenvolvimento do modelo de avaliação, permitindo a construção de um modelo único e personalizado ao contexto decisório em que se insere.

A MCDA-C se apresenta como uma ferramenta excelente para avaliar o desempenho das organizações, visto que o aprimoramento do conhecimento do contexto oportuniza a melhor decisão. Uma ciência de ajuda à decisão que procura maior coerência e performance, através do aperfeiçoamento do conhecimento do contexto (ENSSLIN; MONTIBELLER NETO; NORONHA, 2001). Corroborando, Dutra et al., (2008) informam que a MCDA-C constitui-se em uma ferramenta que tem como objetivo o apoio à tomada de decisão dentro de um contexto multicritério, podendo ser sintetizadas pela existência de múltiplos critérios para a resolução de um problema e pela busca da melhor solução que se enquadre nas necessidades e expectativas dos decisores.

A MCDA-C leva em consideração critérios tanto quantitativos como qualitativos e considera os valores dos decisores (LEMOS 2008). O conhecimento gerado nos decisores se refletirá no desenvolvimento de um modelo de avaliação de desempenho e as decisões tomadas a partir desse modelo serão baseadas no que se acredita ser o mais adequado para aquela determinada situação (ROY, 1990).

Mas há alguns senões à MCDA-C que segundo Ensslin et al. (2005) se refere a: (i) consumir elevada quantidade de tempo; (ii) consumir grande esforço intelectual e mental por parte de todos no processo e; (iii) falta de disposição dos envolvidos na situação decisional analisada em investir tempo e dinheiro. Superando estas questões a MCDA-C se apresenta como um instrumento excelente para avaliar o desempenho das organizações visto que o aperfeiçoamento do conhecimento do contexto oportuniza a melhor decisão (ENSSLIN; MONTIBELLER NETO; NORONHA, 2001).

Para Dutra (2005), a vantagens da MCDA-C podem ser identificadas como: (i) possibilidade de abordar informações qualitativas e quantitativas; (ii) possibilidade de

capturar e apresentar, de maneira explícita, os objetivos e valores dos decisores; (iii) possibilidade de permitir aos decisores refletir sobre seus objetivos, prioridades e preferências; e, (iv) possibilidade de desenvolver um conjunto de condições e meios para informar as decisões, em função do que os decisores acharem mais adequado.

Já Ensslin et al., (2010b) destaca que a MCDA-C possibilita estruturar a decisão em ambientes: (i) complexos por envolver múltiplas variáveis julgadas relevantes pelos decisores e gerar percepções distintas do que seja a situação quando vista por diferentes pessoas; (ii) conflituosos por possuir diferentes interesses dos atores envolvidos no contexto e; (iii) incertos pela carência de conhecimento acerca dos aspectos quantitativos e qualitativos envolvidos, para os quais os decisores desejam criar escalas mensuráveis e que, segundo suas percepções, sejam fiéis ao que se propõem a medir.

A escolha da MCDA-C para esta pesquisa se justifica principalmente pela capacidade da metodologia em produzir conhecimento e estabelecer uma estrutura para apoiar a decisão para etapa de implantação do Sapiens Parque, visto ser um processo complexo, incerto e com vários autores envolvidos. Soma-se a estes fatores o feito da MCDA-C possuir na fase avaliação a possibilidade de transformar as escalas de ordinais em cardinais, além de permitir a substituição das taxas, ponderando-as e oportunizando maior subsídio para a avaliação global de desempenho. Segundo Bortoluzzi (2009), essa possibilidade de ter a informação da avaliação global de desempenho, por meio da agregação aditiva de todos os indicadores é fundamental e podem ser utilizadas para apoiar os decisores na avaliação de diferentes caminhos estratégicos, podendo avaliar a relação custo-benefício da implantação de diferentes estratégias econômico-financeiras.

O principal objetivo da MCDA-C, segundo Bortoluzzi, Ensslin e Ensslin S. (2010), é desenvolver conhecimento da organização no decisor cujo método pode ser construído por meio de três fases: (i) da estruturação, (ii) da avaliação e (iii) da elaboração de recomendações. As três fases estão ilustradas e demonstradas a seguir.