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Passo 1 – Revisão Bibliográfica de Dados Secundários

Nessa primeira etapa foi realizada uma pesquisa bibliográfica que serviu como embasamento para o estudo, com o objetivo de abordar os seguintes temas: aquecimento global, mercado de carbono, dados referentes à cadeia produtiva de suínos e questões relacionadas ao biodigestor e seu funcionamento.

A coleta destes dados ocorreu na biblioteca da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, como também na Internet em revistas e periódicos brasileiros e internacionais, além da consulta em sites governamentais.

Passo 2 – Coleta de dados dos projetos brasileiros de MDL referentes ao setor suinícola

Foram analisados os Documentos de Concepção dos Projetos (DCP`s) das atividades de projetos que estavam disponíveis no site do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) até o dia 31 de dezembro de 2009. Ao total estavam publicados 38 DCP`s, porém 2 documentos foram desconsiderados por apresentarem falhas na apresentação de algumas informações.

Os dados numéricos apresentados nos DCP`s foram tabulados, o que possibilitou a análise estatística descritiva dos seguintes dados: tamanho do plantel, localização geográfica, geração de créditos de carbono (RCE’s). Assim, foi possível dimensionar o total de propriedades que fazem parte dos projetos de MDL, em quais estados elas estão localizadas, quantas há em cada estado, a distribuição geográfica por estado da geração de créditos de carbono e o número de animais por

propriedade. Além disso, averiguou-se a distribuição da freqüência do tamanho do plantel das granjas suinícolas participantes da atividade de projeto do MDL. Para isso, foi utilizada a metodologia proposta por Stenvenson (2001).

Passo 3 – Estudo da metodologia AMS-III.D: Recuperação de metano em sistemas de manejo de estercos (Methane recovery in animal manure management systems - Version 15)

Nesta etapa foi realizada uma análise documental desta metodologia que se encontra disponível no site do UNFCCC. Para um melhor entendimento da atividade de projeto em questão nesse trabalho, foi realizada uma visita técnica nas granjas do Projeto Cotribá, que utilizou esta metodologia.

A visita ocorreu em novembro de 2008 e foi acompanhada por um funcionário da granja e um representante da consultoria especializada no mercado de carbono que foi responsável pela elaboração do DCP do projeto em questão. Detalhes da visita estão descritos na seção 5.

Passo 4 - Cálculo das Reduções Certificadas de Emissões (RCE`s)

• Para o cálculo das RCE`s foram delimitados três cenários: Unidade Produtora de Terminação (UPT), Unidade Produtora de Leitões (UPL) e Unidade Produtora Ciclo Completo (UPC). Em cada um desses cenários foram analisados nove tamanho de plantéis, derivados de: 100, 250, 500, 750, 1000, 1500, 2000, 2500, 3.000, 3.500, 4.000, 4.500 e 5.000 matrizes para os sistemas UPL e UPC e para 500, 1.200, 2.500, 3.500, 5.000, 7.500, 9.500, 12.000, 14.500, 16.000, 18.000, 20.500, 22.500 animais no sistema UPT. Após isso, iniciou-se os cálculos das RCE`s baseadas na metodologia AMS- III.D: Recuperação de metano em sistemas de manejo de estercos, versão 15 (Anexo A).

Os dados utilizados nos cálculos foram retirados 2006 IPCC Guidelines for

National Greenhouse Gas Inventories: Chapter 10 – Emission from livestock and

manure management9. De acordo com esse documento, há três formas de estimar

a emissão do metano dos dejetos animais. A escolha do método está associado a disponibilidade de dados e as circunstâncias do país hospedeiro do projeto, sendo o

Tier 1 o método utilizado nesse estudo. Este é um método simplificado que requer apenas dados referentes a população por categoria animal e dados climáticos da região, como a temperatura, que combinados com os valores padrões do IPCC são suficientes para calcular as emissões.

Como o objetivo é fazer uma avaliação macro da viabilidade econômica dos projetos de MDL no Brasil, utilizaram-se dados dos suínos de origem do oeste europeu, visto que grande parte do plantel brasileiro apresenta essa origem genética.

Passo 5 – Levantamento dos custos envolvidos para a inserção de granjas suinícolas no MDL e para a produção de energia elétrica a partir do biogás.

Nessa etapa foram estimados os custos envolvidos para a implementação e manutenção do biodigestor, os custos específicos decorrentes das etapas do ciclo do projeto das atividades de projeto do MDL - Custos de Transação, ou sejas todas as despesas inerentes a implementação da atividade do projeto e que não existiam no cenário de linha de base, assim como os custos referentes aos grupos de moto geradores necessários para a produção de energia elétrica.

Os custos referentes a implementação do biodigestor e dos flares enclausurados foram baseados nos dados apresentados por um consultor, especialista na implementação de biodigestores para a suinocultura, enquanto os referentes ao equipamento de monitoramento foram obtidos por cotação direta com a empresa LANDTEC.

Os custos de transação foram levantados a partir da literatura assim como entrevistas com especialistas que atuam em empresadas acreditadas para ser uma Entidade Operacional Designada. Para a seleção das mesmas foram observadas nos DCP disponíveis no site do MCT e que estavam alocadas no escopo setorial manejo de dejetos. Nesse processo constatou-se duas organizações: DNV e TÜV SÜD. As entrevistas foram realizadas por telefone de forma semi- estruturada, com perguntas abertas, permitindo ao entrevistado discorrer sobre o tema proposto. Os custos referentes a taxa de registro e de emissão das RCE`s são regulamentadas pelo Conselho Executivo do MDL. Esses valores foram baseados no EB- 37/Annex

20 – Additional Guindance Related to Registration Fee for Proposed Clean

Development Mechanism Project Activities – Version 210.

Os custos referentes aos grupos de motogeradores foram levantados nas empresas: Branco, Grupo Fockink Energia Alternativa e Biogás Motores Estacionários. Para cada cenário analisado neste estudo, foi considerado o potencial da produção do biogás para definir qual modelo de motogerador era adequado e com isso o potencial de produção de energia elétrica.

Para calcular a receita proveniente da economia de energia obtida com o uso do grupo de motogerador, utilizou-se a tarifa média de fornecimento de energia elétrica na categoria rural, apresentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica que é de R$ 192,76 por MWh (ANEEL, 2010). O total de energia elétrica gerada pelo motogerador no ano em MWH foi multiplicado pelo valor cobrado pela ANNEL resultando no valor economizado pelo produtor.

Passo 6 – Averiguar a rentabilidade dos projetos de MDL e para a geração de energia nos sistemas e escalas de produção avaliadas neste estudo.

Para a análise da viabilidade econômica, serão utilizados os indicadores recomendados pelo Centro de Estudos Integrados sobre o Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente no documento publicado em MMA (2002), que trata da Proposta Revisada de Critérios e Indicadores de Elegibilidade para a Avaliação de Projetos Candidatos ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil. Os indicadores são:

(i) Taxa Interna de Retorno (TIR):

, onde:

I0 = Montante do investimento no início do projeto (momento zero);

It = Montantes previstos de investimento em cada momento

subseqüente;

K = Taxa de rentabilidade equivalente periódica (TIR);

FC = Fluxos previstos de caixa em cada período de vida do projeto.

O projeto é economicamente viável quando o TIR for igual ou superior o percentual mínimo determinado pelo investidor (ASSAF NETO, 2005). Além disso, complementa que deve ser incluída nos cálculos do TIR a maior parte dos custos de manutenção que são esperados como necessários durante o período avaliado.

(ii) Valor Presente Líquido (VPL):

, onde:

K = Taxa de desconto do projeto, representada pela rentabilidade mínima equivalente;

I0 = Investimento processado no início do projeto (momento zero);

It = Valor do investimento previsto em cada período subseqüente.

O projeto é considerável atraente financeiramente se o VPL for maior ou igual a zero (ASSAF NETO, 2005).

No presente estudo, optou-se por utilizar a taxa de desconto 10% ao ano, como recomendado por Brasil (2002).

Para aplicação dos indicadores mencionados acima foi elaborado previamente uma planilha de fluxo de caixa para cada cenário estudado, descrevendo suas receitas e despesas relacionadas a sua implementação, considerando o período de 10 anos (APÊNDICES C, D, E).