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Segundo o último relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia de 31 de maio de 2010, 6.245 projetos encontram-se em alguma fase do ciclo de projetos de MDL (validação, aprovação, registro e RCEs emitidas). O Brasil é o terceiro país com maior número de projetos de MDL, com 453 projetos atrás da China e Índia com respectivamente 2355 e 1.661 projetos. Em termos de reduções de emissões projetadas, o Brasil é responsável pela redução de 389.449.264 tCO2e, o que corresponde a 5% do total mundial, para o primeiro período de obtenção de créditos. A distribuição dos números de atividades de projeto no Brasil por escopo setorial ocorre da seguinte maneira: energia renovável (50,3%), suinocultura (16,6%) e aterro sanitário (7,9%). Desta forma, a suinocultura está em segundo lugar em número de projetos por escopo setorial, com 75 projetos e previsão de redução de 38.998.139t (MCT, 2010) de CO2 para o primeiro período de obtenção de crédito, mostrando o potencial desse setor para venda de créditos de carbono.

Como já mencionado anteriormente, o capital de investimento é considerado como uma das maiores barreiras para adoção da tecnologia mais limpa de tratamento dos dejetos suínos e participação no mercado de carbono. A solução encontrada pelos agentes envolvidos para viabilizar economicamente a elaboração do projeto de MDL, foi à formação de agrupamentos, ou em inglês Budling, entre as granjas para que ocorresse a viabilização econômica da elaboração de um projeto de MDL, visto que os custos de transação são diluídos, situação também mencionada por Liang et al. (2008) nas fazendas da Malásia, onde em sua maior parte é considerada de pequena escala, que vão de centenas a 20.000 animais por fazenda.

O agrupamento de atividades é uma forma de facilitar o processo para projetos de pequena escala que individualmente não conseguiriam por si só aderir ao MDL. Dessa forma, uma única atividade de projeto pode ser composta por diversas unidades menores agrupadas. O agrupamento das atividades pode ser feita por projetos (a) com o mesmo tipo, categoria, e tecnologia; (b) com o mesmo tipo e categoria, porém com diferentes tecnologias; (c) mesmo tipo, no entanto com diferentes categorias e tecnologias e (d) diferentes tipos. Em todos os casos apresentados, após a etapa de aprovação, nenhuma unidade poderá ser acrescentada ou removida. No processo de validação a mesma EOD poderá avaliar todos os projetos do agrupamento e a taxa do registro deve ser paga de forma única de acordo com as previsões anuais de reduções do grupo; e todos os projetos devem necessariamente ter o mesmo período de obtenção dos créditos. Porém, apenas no primeiro caso, poderá ser elaborado o mesmo plano e relatório de monitoramento para todos os projetos, nas demais situações estes devem ser confeccionados individualmente para cada projeto (UNFCCC, 2010b).

Durante a COP/MOP -1, em Montreal, foi implementado uma nova categoria de projetos, compatível com os regulamentos já estabelecidos pelo MDL, denominada como MDL Programático ou Programa de atividade (Programme of

Activities – PoA em inglês). Essa categoria tem como característica incorporar em

um programa um número ilimitado de atividades, denominadas de CPA`s, desde que as mesmas apresentem as mesmas características. O MDL Programático é uma ação conjunta voluntária, de uma entidade pública ou privado, que coordene e implemente quaisquer políticas ou medidas que promovam a redução e a emissão antrópica de GEE ou remoções desses gases pelos sumidouros (UNFCCC, 2009c).

Entre os projetos que se enquadram nesta modalidade está uso de biodigestores. O Programa 3S da Sadia, que utiliza biodigestores na produção suinícola para reduzir a emissão do metano, foi o primeiro projeto do mundo a ser aprovado pela ONU para receber créditos de carbono por essa modalidade (SCHEIDT, 2008).

Para que os os projetos se enquadrem nessa categoria, os mesmos devem seguir algumas regras específicas como a distancia entre os projetos que devem estar separados por um raio mínimo de 1 km, além de todas atividades dos programas utilizarem a mesma metodologia e eleborem seus próprios DCP`s. As regras para aprovação são semelhantes ao MDL tradicional, com a diferença de que há uma agregação dos diversos projetos formando um único para ser submetido a receber o registro da ONU. Diferentemente do agrupamente um CPA pode ser acrescentado ou retirado da atividade do projeto a qualquer momento. A taxa de registro paga por um PoA apresenta como base do total das RCE`s geradas para o número de CPA`s que compõe o projeto (UNFCCC, 2009c; MCT, 2009)

Bartholomeu et al. (2006) verificaram que até fevereiro de 2007, os 40 projetos brasileiros relacionados à captação e queima do biogás em granjas de suínos submetidas ao ciclo de aprovação do MDL abrangiam um total de 429 propriedades, pretendem ao longo de 10 anos, reduzir cerca de 16,5 milhões de tCO2 e estima-se que o setor apresenta potencial de reduzir cerca de 180,5 tCO2 na próxima década, o que representa mais de nove vezes a geração atual de créditos da atividade.

Em uma fazenda na Carolina do Norte, Estados Unidos, com uma produção igual a 4.360 suínos, foi estimado a redução de GEE com a implementação de uma lagoa aeróbia de tratamento de dejetos de suínos que substituiu o antigo sistema que era formado por uma lagoa anaeróbia. Os cálculos foram feitos de acordo com a metodologia AM 006, pela UNFCCC. Os resultados encontrados foram extremamente animadores, já que ocorreu uma redução de GEE de 96,9%, ou seja, passou de 4972 tCO2e/ano para 153 tCO2e/ano (VANOTTI; SZOGI; VIVES; 2007).

No site da UNFCCC encontra-se disponível as últimas versões das metodologias para linha de base, com foco em gestão de resíduos animais, tanto para projetos de pequena escala quanto de pequena. Em ambos os casos, essas já foram aprovadas pelo Comitê Executivo do MDL, e por isso são chamadas de

metodologias consolidadas. A de grande escala é denominada ACM 0010: Metodologia Consolidada para redução de GEE provenientes dos sistemas de manejo de esterco (Consolidated methodology for GHG emission reductions from

manure management systems --- Version 5), enquanto a de pequena escala tem

como título AMS-III.D: Recuperação de metano em sistemas de manejo de estercos (Methane recovery in animal maure management systems - Version 15).