• Nenhum resultado encontrado

R EVISÃO DA L ITERATURA

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 101-106)

IV – Realização da Prática Profissional

4.2. R EALIZAÇÃO DO E NSINO A A TUAÇÃO DO E STUDANTE E STAGIÁRIO E NQUANTO

4.3.2. R EVISÃO DA L ITERATURA

4.3.2.1. MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA (SIEDENTOP,1987)

O objetivo principal deste estudo está centrado na análise pormenorizada do planeamento, realização e aplicação do MED na unidade didática de Andebol. Desta forma este modelo irá ser objeto de uma investigação mais aprofundada, com o objetivo de obter uma maior base de sustentação para a futura estruturação e interpretação dos resultados.

O MED assume-se cada vez mais como uma alternativa comprovadamente válida às abordagens tradicionais, nomeadamente ao currículo de múltiplas atividades, com enfoque dominante na valorização da dimensão humana e cultural do Desporto. Este modelo vai ao encontro da necessidade de conferir um cunho afetivo e social às aprendizagens, oferecendo um plano compreensivo e coerente no ensino do desporto, preservando e reavivando o seu potencial educativo (Mesquita & Graça, 2009).

84

A diferença fundamental do MED em relação às abordagens tradicionais é a sua preocupação extrema em diminuir os fatores de exclusão (Siedentop, 1994), lutando por harmonizar a competição com a inclusão.

4.3.2.2. FUNDAMENTAÇÃO E OBJETIVOS DO MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA

A diferença do MED em relação às outras formas abordagem reside no facto de este modelo se basear no princípio da inclusão, pretendendo desta forma diminuir os fatores de exclusão, procurando harmonizar o fator competição com a inclusão e equilibrar as oportunidades de participação (Siedentop, 1994; Hastie,1998).

O modelo pretende proporcionar aos alunos uma experiência desportiva autêntica e completa, instituindo a organização da atividade em épocas desportivas, a filiação dos alunos em equipas, um quadro competitivo formal articulado com atividades de aprendizagem e treino das técnicas e das táticas, o uso extensivo de registos e estatísticas, um evento culminante e tentando criar um ambiente festivo.

Siedentop et al. (2004) referem que este modelo foi criado para auxiliar todos os alunos a serem bem-sucedidos, entusiasmados e comprometidos na procura do melhor para eles mesmos e para a sua equipa. Os critérios utilizados para a constituição dos grupos tem como objetivo assegurar o equilíbrio competitivo e o desenvolvimento das relações de cooperação e entreajuda na aprendizagem (Siedentop, 1998).

4.3.2.3. CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA

Este modelo dá enfase à socialização desportiva, realçando a distribuição de funções e responsabilização dos alunos no processo de ensino- aprendizagem, comportando a inclusão de três eixos fundamentais: competência desportiva, literacia desportiva e entusiasmo pelo desporto (Siedentop, 1987). Podemos afirmar que o MED estabelece como propósito

85

fundamental a formação do cidadão desportivamente culto, o que quer dizer desportivamente competente, desportivamente instruído e entusiasta da prática desportiva. “Competência desportiva” significa que o aluno domina as habilidades, podendo participar na competição de forma satisfatória, conhecendo, compreendendo e adotando um comportamento apropriado ao nível da prática em que se inclui (Mesquita & Graça, 2009). “Culto” na media em que conhece e valoriza as tradições e rituais associados ao desporto, distinguindo a boa da má pártica (Mesquita & Graça, 2009). “Entusiasta” indica a atração que o praticante nutre pelo desporto, tornando-se num promotor da qualidade e um defensor da autenticidade da prática desportiva (Mesquita & Graça, 2009).

No sentido de aproximar a prática desportiva do modelo formal, as unidades didáticas sãos transformadas em épocas desportivas.

O MED é baseado no conceito de que pequenos grupos com capacidades heterogéneas de aprendizagem, a que nos referimos como equipas, trabalham em conjunto, para que todos os elementos beneficiem e obtenham sucesso na experiência de aprendizagem (Siedentop et al., 2004).

Para Mesquita e Graça (2009), a implementação de um quadro competitivo formal é efetivado logo no início da época pela constituição das equipas, através do estabelecimento de mecanismos promotores de igualdade de oportunidades para participar, nomeadamente pelo premiar da colaboração na aprendizagem e pelo treino no seio de cada equipa. Segundo os mesmos autores o fair-play deve ser enfatizado durante toda a época, havendo pontuação para este valor em separado. A filiação em equipas de pequena dimensão concorre da mesma forma para a inclusão, levando a que o aluno se sinta integrado ao pertencer a uma verdadeira equipa (MacPhail, Kirk & Kinchin, 2004). No entender dos autores acima referidos, o desenvolvimento pluridisciplinar de fatores de afiliação tais como o nome da equipa, a criação do logotipo, a definição dos equipamentos, a cor, a mascote, o grito, a construção dos prémios, é gerado um sentimento de pertença conducente a múltiplas oportunidades de incluir os menos dotados na vida da equipa.

86

4.3.2.4. IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA

A implementação do MED, tem vindo a ser alvo de múltiplos estudos, onde pode ser verificado o impacto positivo que a aplicação deste modelo tem tido.

Peter Hastie (1998), realizou um estudo relacionado com o desenvolvimento da competência e capacidade de jogo dos alunos, tendo verificado que a aplicação deste modelo levou a que estes apresentassem melhorias ao nível da eficiência, não só os que se relacionam com a execução das habilidades motoras, mas também ao nível da tomada de decisão e consciência tática. Por sua vez, Grant (1992), Bennet e Hastie (1997) Hastie (1998), salientam o entusiasmo dos alunos na participação, concluindo que a filiação e a responsabilidade conferida aos alunos na tomada de decisões tem contribuído para o aumento do aspeto referido anteriormente. Os alunos normalmente marginalizados nos programas tradicionais, sentem que trabalham mais e que dão um contributo maior à equipa, aprendendo e divertindo-se mais (Carlson, 1995; Carlson & Hastie, 1997; Hastie, 1998; Alexander & Luckman, 2001).

Embora os testemunhos destes autores confirmem o sucesso deste modelo é necessário referir que segundo Mesquita e Graça (2009), dada a autonomia concedida aos alunos na organização e realização de atividades desenvolvidas nas aulas, a aplicação do MED exige boas competências ao nível de gestão e de organização por parte do professor. Mais ainda, é necessário que estes sejam capazes de aplicar diferentes modelos instrucionais consoante natureza do conteúdo, o nível dos alunos e os objetivos de aprendizagem.

87

4.3.3. METODOLOGIA

4.3.3.1. OBJETIVOS DO ESTUDO

A aplicação do MED constitui-se com um dos grandes desafios encontrados durante o EP. No entender do EE, a utilização deste modelo poderia proporcionar um aumento das competências didático-metodológicas, enriquecendo a competência profissional pedagógica e relacional, mas também potenciar as aprendizagens e aumentar as vivências desportivas dos alunos.

Uma das grandes expetativas do EE era que o emprego deste modelo conduzisse à formação de alunos desportivamente cultos, mais concretamente no domínio das habilidades técnico táticas, no conhecimento e valorização das tradições rituais associados ao desporto, e por fim tornando-os promotores e defensores da autenticidade da prática desportiva. O cunho social que carateriza este modelo, também se apresentava um dos aspetos positivos do desenvolvimento do mesmo, que aliado aos aspetos como a época desportiva, a afiliação, a integração, a inclusão, a cooperação de todos alunos, a competição formal e a festividade, poderia, na opinião do EE, trazer grandes benefícios ao processo de ensino aprendizagem.

Neste sentido, constitui-se o propósito deste estudo a análise pormenorizada do planeamento, realização e aplicação do MED numa UD de Andebol em contexto escolar. A análise foi efetuada a partir de duas perspetivas: a do professor e a dos resultados obtidos pelos alunos. No que diz respeito ao professor, a análise da aplicação do MED efetivou-se a partir dos relatos realizados no “Diário de Bordo”. Foram também aplicados, nos alunos, um teste declarativo e motor, sendo que o primeiro tinha como objetivo específico: a avaliação as alterações relativas ao conhecimento das regras e entendimento inerentes ao jogo de Andebol (tomada de decisão/intenções táticas). A aplicação do teste motor tinha como grandes objetivos:

 Examinar a existência de melhorias significativas na execução das habilidades motoras específicas do Andebol em contexto de jogo.

 Verificar a ocorrência de incrementos quanto à qualidade da tomada de decisão em cada ação de jogo observada.

88

 Averiguar o grau de evolução dos alunos quanto à sua capacidade de jogar e nível de jogo atingido (performance global de jogo), bem como o grau de envolvimento no mesmo.

4.3.3.2. AMOSTRA

O MED foi aplicado numa turma do 8º ano da Escola Básica da Senhora da Hora, no ano letivo 2011/2012 e na modalidade de Andebol. A turma é constituída por 21 elementos, 13 alunos do sexo masculino e 8 do sexo feminino, estando as idades destes compreendidas entre os 12 e os 14 anos. Relativamente aos níveis de execução, a turma apresentava uma elevada homogeneidade, tendo os alunos demonstrado competências respeitantes ao nível introdutório e avançado, na modalidade de Andebol.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 101-106)