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Capítulo 2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 Educação aberta e Recursos educacionais abertos

2.1.6 Evolução das principais tendências e desafios identificados (2013 a 2015)

educação, procedemos a uma análise comparativa dos relatórios elaborados pelo NMC Horizon Projectxx (2013 a 2015) que, apesar do seu cariz predominantemente americano, representa um painel internacional de especialistas em educação, tecnologia e outras

xix Disponível em http://www.eadtu.eu/oeii.html xx Disponível em http://www.nmc.org/nmc-horizon/

áreas. O NMC Horizon Report identifica e descreve as tecnologias emergentes que terão um impacto provável no horizonte de cinco anos, na educação a nível global. Não podemos, contudo, deixar de referir que cada relatório é o resultado de um esforço colaborativo entre painéis de especialistas, que diferem de edição para edição, o que, por sua vez, faz com que as tendências reflitam as perspetivas dos especialistas selecionados para cada edição. A série dedicada ao Ensino Superior resulta de um esforço colaborativo com a EDUCAUSE Learning Initiativexxi e analisa o potencial impacto das tecnologias

emergentes no contexto do ensino superior. Por sua vez, esta Iniciativa representa uma comunidade de instituições e organizações de ensino superior, dedicada à aplicação inovadora da tecnologia a este nível de educação.

De seguida, apresentam-se as principais tendências e desafios identificados nos relatórios relativos aos anos de 2013, 2014 e 2015, nomeadamente os que assumem particular relevância para a presente investigação.

Quadro 2.1 – Principais tendências da tecnologia na educação (2013-2015) Principais Tendências

2013 2014 2015

Maior valor atribuído à noção de abertura – conteúdo aberto, dados abertos e recursos

abertos; maior

transparência e acesso aos dados e à informação.

Crescente ubiquidade das redes sociais.

Proliferação dos Recursos Educacionais Abertos.

MOOCs como alternativas e complementos aos tradicionais cursos formais.

Crescente integração de uma aprendizagem online, híbrida e colaborativa, como alternativa viável ao modelo presencial.

Crescente adoção de modelos de blended learning.

As competências exigidas aos diplomados são mais frequentemente adquiridas através de experiências

Instituições veem cada vez mais os seus estudantes

Reorganização dos espaços e ambientes de aprendizagem, de forma a

informais de aprendizagem do que nas universidades.

como criadores e menos como consumidores.

promover a interação e colaboração.

O papel dos educadores continua a mudar, devido aos vastos recursos acessíveis para os estudantes através da Internet.

Modelos e abordagens mais propícios à mudança e à inovação nas instituições.

Culturas mais avançadas, que permitam contextos mais ágeis, que permitam a mudança e inovação.

Johnson et al. (2013)

Quadro 2.2 - Principais desafios da tecnologia na educação (2013-2015) Principais Desafios

2013 2014 2015

Formação dos docentes não reconhece ainda a importância da literacia digital como competência essencial.

Fraca fluência digital dos docentes. Criação de políticas e programas institucionais de desenvolvimento de competências a nível da literacia digital. Emergência de novas formas de autoria, publicação e

investigação, que não é acompanhada de modos de avaliação suficientes e escaláveis.

Mudança no papel dos docentes: de instrutores para facilitadores de processos de aprendizagem que envolvam os estudantes, em experiências personalizadas. Desenvolvimento de estratégias eficazes que

permitam uma

aprendizagem personalizada.

Muitas vezes, são os próprios processos e práticas atuais que limitam a adoção de novas tecnologias. Revisão de políticas institucionais que tradicionalmente sobrevalorizam a atividade de investigação em detrimento das atividades relacionadas com o ensino.

Valorização do ensino na carreira, de forma a promover esforços na

implementação de

Os modelos emergentes de educação representam uma

concorrência sem

precedentes aos modelos tradicionais do ensino superior.

Promoção de estruturas organizacionais que promovam a inovação nos processos de ensino e aprendizagem.

Novos modelos emergentes

de educação que

promovem a colaboração, a interação e a avaliação em grande escala, que questionam a relevância dos modelos tradicionais.

A maioria dos

académicos não utiliza novas tecnologias nos processos de ensino, aprendizagem ou investigação. Expandir o acesso ao ensino superior, combatendo simultaneamente constrangimentos financeiros, falta de capacidade e competências digitais. A conjugação de métodos formais e informais de ensino e aprendizagem.

Fonte: Johnson et al. (2013)

Numa análise comparativa das principais tendências apresentadas na tabela anterior, verifica-se um movimento em direção a uma mudança de paradigma, no sentido de modelos de ensino híbridos, mais inovadores e interativos, com o potencial de desenvolver experiências de aprendizagem que são cada vez mais personalizadas e decorrem em ambientes informais, que questionam o papel dos modelos tradicionais. Contudo, este não é um processo simples nem fácil de colocar em prática, uma vez que existem desafios extremamente importantes e limitadores desta mudança, quer a nível de competências, como é exemplo a falta de literacia digital dos académicos, quer a nível da própria cultura organizacional das instituições, com práticas e processos burocráticos e rígidos, pouco propícios para a implementação de pedagogias adaptadas a contextos de aprendizagem mais flexíveis. Por outro lado, um outro aspeto também enfatizado nos relatórios e intimamente ligado ao presente estudo, está relacionado com a pouca importância atribuída, a nível de progressão na carreira, às atividades de ensino, quando comparadas com as atividades de investigação. Esta não é uma questão recente, sendo praticamente aceite que o estatuto de uma instituição de ensino superior é fortemente determinado pela quantidade e qualidade de investigação dos seus académicos. A conjugação de todos estes fatores leva-nos a concluir que para que as tendências se concretizem de forma

adequada e sustentada, é tão necessária uma mudança de atitudes como uma mudança de políticas institucionais. No entanto, o caminho é no sentido de valores como maior abertura, acesso, transparência, colaboração e inovação.