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Evolução dos Indicadores Educacionais do Estado do Acre ao longo do

CAPÍTULO 1 – O MOVIMENTO DAS REFORMAS E DAS MUDANÇAS

1.4 Evolução dos Indicadores Educacionais do Estado do Acre ao longo do

No geral, os indicadores educacionais do Acre apresentaram uma evolução positiva nesta última década, refletindo de certa forma, os esforços do governo para melhorar a qualidade do ensino. A evolução das matrículas, as taxas de rendimento e o movimento escolar são elementos dessa afirmação, que ao longo desta década, apresentam significativas mudanças.

Ao longo do período 1999-2009, as matrículas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental reduziram significativamente, conforme se observa na Tabela 5. Essa diminuição é expressiva na educação infantil que em 1999 havia 11.705 alunos matriculados e em 2009, passou a contabilizar 3.755 matrículas. Em contrapartida, as matrículas nas redes municipais, nesse mesmo período e nessas mesmas etapas de ensino, cresceram expressivamente, passando de 4.446 matrículas na educação infantil em 1999 para 17.813 em 2009 e de 37.929 matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental em 1999 para 49.511 matrículas em 2009.

Em compensação, houve um crescimento expressivo na rede estadual do número de matrículas nos anos finais do ensino fundamental, passando de 32.921 matrículas em 1999 para 48.381 em 2009.

Tabela 5 – Evolução de Matrículas da Rede Estadual de Ensino do Acre (1999-2009)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Creche 0 0 171 108 140 0 0 0 0 0 0 Pré-escola 11.705 11.228 11.650 12.864 12.706 13.677 12.907 12.046 6.022 4.405 3.755 1ª a 4ª série 57.894 55.534 53.757 52.096 50.716 52.581 51.817 50.431 48.410 51.193 48.773 5ª a 8ª série 32.921 33.399 35.380 37.729 37.173 38.960 39.421 40.381 42.449 46.269 48.381 Ensino Médio 20.727 22.862 22.585 22.541 26.129 27.335 28.636 29.171 30.587 30.773 32.473 Especial* 661 734 772 671 762 618 756 805 1.500 2.304 2.038 EJA 22.708 44.517 40.237 37.645 38.049 38.747 34.270 28.486 25.038 22.445 20.897 Profissional 630 1.352 1.003 859 1.572 1.675

Fonte: MEC/INEP/CENSO ESCOLAR 1999-2009

*Alunos de Escolas Especiais, Classes Especiais e incluídos.

Essa questão pode ser explicada pelo processo de reordenamento da rede pública que resultou na responsabilização do Poder Municipal pela educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Esse acordo, iniciado em 2005, foi renovado em 2008, no lançamento do programa "Pacto da Educação", consistindo no compromisso assumido entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Rio Branco, no sentido de garantir a oferta e a terminalidade da

educação básica, a partir do reordenamento em curso. A partir de então, o Estado se responsabilizou pelo segmento dos anos finais do ensino fundamental e pelo ensino médio, bem como, pela Educação de Jovens e Adultos e pela Educação Profissional, sendo que, para esta última, várias ações e políticas educacionais vêm sendo implementadas, nos últimos anos, para o seu desenvolvimento.

Nos demais municípios do Estado, o acordo de reordenamento da rede ainda encontra-se em discussão, pois sua adesão nos moldes do modelo firmado na capital encontra resistências e objeções dos diferentes partidos políticos que estão à frente das gestões municipais, e que em sua maioria, não pertencem à coligação da Frente Popular. Na capital, pelo motivo da gestão municipal também ser exercida pelo Partido dos Trabalhadores, esse processo foi facilitado e acelerado.

Cabe destacar que no processo de municipalização do ensino, já uma realidade em Rio Branco, surge uma nova questão acerca dos profissionais docentes, que necessita ainda ser melhor discutida e analisada, pois, os professores da rede estadual na capital, que atuam na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, continuam com seu vínculo empregatício com o Estado (salários, plano de carreira etc.), enquanto o acompanhamento pedagógico em relação ao seu trabalho, aos cursos de formação continuada, à prestação de contas dos resultados de seu trabalho etc. são de competência da Secretaria Municipal de Educação, decorrendo dessa situação, um duplo "controle burocrático" sobre esses profissionais.

Outro indicador educacional que merece destaque e que pode ser melhor visualizado no Gráfico 1, a seguir, diz respeito ao expressivo crescimento de matrículas na Educação de Jovens e Adultos. Em relação ao número de matrículas dessa modalidade de ensino em 1999, que contabilizava 22.708 matrículas, em 2000, esse número praticamente dobrou, passando a contar com 44.517 alunos matriculados. Após 2005, observa-se gradativamente uma redução dessas matrículas, voltando quase ao mesmo número registrado em 1999. Essa redução pode estar sinalizando uma maior inclusão dos alunos que se encontravam em defasagem idade-série escolar, principalmente, dos jovens acima de 15 anos que, por meio de uma série de ações desenvolvidas pelo governo para combater o alto índice de jovens que não concluíam o ensino fundamental, implementou diversos programas e estratégias pedagógicas de aceleração da aprendizagem, tais como, Telecurso 2000, classes de aceleração, parcerias com o Serviço Social da Indústria (SESI), Fundação Roberto Marinho, atendimento intensivo nos três turnos etc.

Gráfico 1 – Evolução de Matrículas na Rede Estadual de Ensino do Acre na Educação de Jovens e Adultos (1999-2009)

Fonte: MEC/INEP/CENSO ESCOLAR

Em relação ao ensino médio, observando o período de uma década, percebe-se que, a partir de 2003, a evolução das matrículas expressa um aumento gradativo, a cada ano, ressaltando uma pequena queda em 2001 e em 2002. No final da década, as matrículas nessa etapa da educação básica voltam a crescer, registrando um aumento de mais de 56%, conforme pode ser visualizado no Gráfico 2:

Gráfico 2 – Evolução de Matrículas na Rede Estadual de Ensino do Acre no Ensino Médio (1999-2009)

Fonte: MEC/INEP/CENSO ESCOLAR

Em relação às taxas de rendimento e movimento escolar no ensino fundamental e médio, conforme pode ser observado na Tabela 6, na primeira gestão do governo Jorge Viana (1999-2002), a taxa de aprovação no ensino fundamental teve um leve acréscimo de 6,2% nesse período de governo, sendo mais expressivo nos anos finais com 7,9% de aumento. No

ensino médio, o acréscimo foi apenas de 2,5%, no mesmo período. Quando se considera o período da segunda gestão do PT (2003-2006) e metade do período da terceira gestão (2007-2008), consegue-se visualizar melhores resultados das ações, dos programas e dos projetos da reforma educacional implementada pelo governo. A taxa de aprovação escolar no ensino fundamental manteve uma média superior a 80% nos últimos dois censos realizados pelo INEP, em 2008 e 2009. No entanto, observa-se uma leve queda da taxa de aprovação de 2009 em relação ao ano anterior em todas as etapas da educação básica. O grande desafio parece estar concentrado no ensino médio, visto que essa taxa caiu significativamente entre 2003 e 2006 – período do segundo mandato de Jorge Viana – recuperando-se um pouco em 2007 e 2008 e caindo novamente, em 2009, em pouco mais de 3%. Em síntese, no período de 1999-2009, a taxa de aprovação no ensino fundamental teve um acréscimo de 14,2% nos anos iniciais e 9,7% nos anos finais. No ensino médio, o aumento da taxa de aprovação foi inexpressivo, alcançando apenas o acréscimo de 1,1%.

Tabela 6 – Taxa de Aprovação no Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual do Acre (1999-2009)

Fonte: MEC/INEP/SEE-AC

*As taxas referentes ao ano de 2009 foram fornecidas pela Secretaria de Estado de Educação.

Em relação às taxas de reprovação (Tabela 7) percebe-se que nos quatro primeiros anos de reforma, entre 1999 e 2002, os números sofreram poucas alterações em relação a esse indicador educacional. Tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio, a redução da taxa de reprovação não chegou a 2%. Em 2002, a taxa de reprovação nos anos iniciais do ensino fundamental praticamente permaneceu a mesma de 1999. Ao longo do período de 1999 a 2009, a redução da taxa de reprovação escolar no ensino fundamental foi de 7,3% nos anos iniciais e 4,1% nos anos finais. No entanto, no ensino médio, a taxa de reprovação escolar se elevou durante esse mesmo período, em quase 3%, sendo que em 2006, registrou-se o pior indicador educacional em relação a essa taxa (13,3%). Talvez, tal situação possa ser explicada devido o aumento de matrículas no ensino médio ao longo desta década (conforme o Gráfico 2) e, principalmente pelo aumento de matrículas no segmento de Educação de Jovens

TAXA DE APROVAÇÃO % 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Ensino Fundamental – anos iniciais 67,4 68,7 69,5 72,4 74,7 73,1 74,8 - 79,0 81,8 81,6 Ensino Fundamental – anos finais 73,4 74,8 77,9 81,3 82,4 81,7 82,1 - 86,1 86,1 83,1 Ensino Médio 73,4 75,6 72,8 75,9 78,1 74,9 74,2 69,5 76,0 77,8 74,5

e Adultos, onde houve um aumento expressivo na primeira etapa dessa modalidade (fundamental).

Tabela 7 – Taxa de Reprovação no Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual do Acre (1999-2009) TAXA DE REPROVAÇÃO % 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Ensino Fundamental – anos iniciais 15,3 14,4 15,9 15,2 14,7 16,4 16,3 - 14,7 13,2 8,0 Ensino Fundamental – anos finais 9,9 9,1 8,7 7,1 7,8 7,9 7,8 - 7,5 7,5 5,8 Ensino Médio 4,9 4,8 5,7 3,8 5,7 6,1 6,9 13,3 9,2 7,9 7,8 Fonte: MEC/INEP/SEE-AC

*As taxas referentes ao ano de 2009 foram fornecidas pela Secretaria de Estado de Educação.

Em relação às taxas de abandono, percebe-se certo avanço no ensino fundamental, pois as taxas decresceram em torno de 5% no final do período dos primeiros quatro anos de governo e ao se levar em conta o período de 1999 a 2009, a queda da taxa de abandono recuou 13,8% nos anos iniciais do ensino fundamental e 11,9% nos anos finais. No ensino médio, a tendência da taxa de abandono é de queda, a partir de 2001, exceto em 2004, que volta a subir um pouco mais de 3% e segue em queda a cada ano. No entanto, de cada 100 alunos matriculados nessa etapa de ensino, 13,1 ainda abandonam a escola, conforme os dados levantados ao fim do período analisado de reforma educacional (1999-2009). A taxa de abandono ainda é muito alta, ultrapassando a média de 16% ao longo desse período.

Tabela 8 – Taxa de Abandono no Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual do Acre (1999-2009) TAXA DE ABANDONO % 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Ensino Fundamental – anos iniciais 17,3 16,9 14,6 12,4 10,6 10,5 8,9 - 6,3 5,1 3,5 Ensino Fundamental – anos finais 16,7 16,1 13,4 11,6 9,8 10,4 10,1 - 6,9 6,4 4,8 Ensino Médio 21,7 19,6 21,5 20,3 16,2 19,0 18,9 17,2 14,9 14,4 13,1 Fonte: MEC/INEP/SEE-AC

*As taxas referentes ao ano de 2009 foram fornecidas pela Secretaria de Estado de Educação.

Quando se trata da evolução do desempenho do Acre no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB e Prova Brasil), os indicadores educacionais do período de 1999 a 2009 evidenciam que não existe rapidez quando se trata da conquista dos resultados esperados pelas políticas educacionais. Nos anos iniciais do ensino fundamental, a proficiência média em língua portuguesa só se apresenta com maior expressividade na

segunda metade de um período de dez anos, pois em 2001, apresentou uma queda em relação à média obtida em 1999, recuperando-se na edição seguinte do SAEB em 2003 e, apresentando em seguida, uma curva ascendente até os últimos dados apresentados em 2009. No final da década, observa-se um crescimento significativo no desempenho dos alunos em língua portuguesa em relação ao início desse período, sendo maior que a média da Região Norte (172,3) e próxima da média nacional (184,3). Nos anos finais do ensino fundamental a média de proficiência em língua portuguesa apresenta uma curva ascendente na primeira metade da década de reforma, registra uma pequena queda em 2007 em relação à avaliação do período anterior (2005) e, na última avaliação (2009), volta a apresentar um significativo aumento na escala de desempenho de 20,1 pontos em relação ao desempenho registrado no início da década. No 3º ano do ensino médio a proficiência média em língua portuguesa vem mostrando uma evolução positiva que passou de 241,6 (em 1999) para 264,3 (em 2009), demonstrando aproximadamente um crescimento de 23 pontos nesse período, conforme se observa no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Evolução do Desempenho do Acre no SAEB/Prova Brasil Proficiência em Língua Portuguesa (1999-2009)

Fonte: MEC/INEP

No que diz respeito à proficiência em matemática, os indicadores educacionais do período de 1999 a 2009, evidenciam uma evolução positiva que passou no ensino fundamental e médio. No entanto, em 2001, no ensino fundamental, as médias de proficiência sofrem uma redução em relação às médias obtidas na edição anterior, em 1999. Em 2005, os resultados da 8ª série do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio sofrem novamente uma redução em relação às médias obtidas na edição de 2003 que registrava uma evolução levando em consideração os resultados de 2001, conforme pode ser observado no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Evolução do Desempenho do Acre no SAEB/Prova Brasil Proficiência em Matemática (1999-2009)

Fonte: MEC/INEP/DAEB

Segundo o representante da gestão educacional, secretário de educação na época, esse quadro se justificou pelos seguintes motivos:

Em 2001 o governo ainda não tinha completado três anos. O primeiro ano foi de ajustes, e o segundo enfrentou as dificuldades naturais de um período eleitoral em um governo que ainda procura a estabilidade. Os professores de nível médio ainda estavam concluindo seus cursos e os de nível superior apenas começando. As desconfianças dos funcionários e professores com a justeza do projeto ainda eram grandes e compreensíveis. E, para completar, os alunos da 4ª série avaliados tinham feito a 1ª. série durante a gestão anterior, em condições extremamente precárias [...] (ALMEIDA JÚNIOR, 2006, p. 157).

Em 2007, o INEP cria o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) que é calculado, a partir dos dados de aprovação escolar, obtidos por meio do Censo Escolar e das médias de desempenho nas avaliações do INEP: o SAEB para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil para os municípios. A divulgação do IDEB provocou, nos gestores estaduais e municipais e diretores de escola, um impacto muito maior em suas ações políticas do que os proporcionados pelos resultados do SAEB. Postula-se que isso tenha ocorrido porque a escala do IDEB é expressa em valores de 0 a 10, tornando assim, a interpretação dos seus resultados mais facilmente assimiláveis pelos diretores e professores das escolas. Diferentemente do que ocorre com a escala do SAEB que varia entre 0 e 500, com cada uma das disciplinas, português e matemática, com uma interpretação específica da escala e que é única para as três séries avaliadas (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio). As médias de proficiência da escala apontam os distintos graus de desenvolvimento de habilidades, competências e aquisição de conhecimentos pelos estudantes ao longo dos anos de estudo.

No Acre a divulgação dos resultados alcançados pelas escolas em relação a esse novo “índice de qualidade” (IDEB) é realizada pela mídia local em um clima de festa em que o governo celebra o alcance de posições cada vez mais elevadas no ranking nacional e o cumprimento das metas estabelecidas pela metodologia desse índice. Os rankings das escolas e dos municípios com seus respectivos desempenhos são também divulgados no Portal da Secretaria de Educação do Estado.

No Acre, pouco a pouco, está surgindo uma tendência de comparação, ainda que tímida, a partir da divulgação das notas do IDEB, visto que, por esse sistema de medida, é possível comparar escolas e municípios. A situação de comparação por meio dos rankings, onde se enfatiza “quem é melhor” e “quem é pior” em termos de qualidade, é preocupante no cenário atual. Se por um lado, essa comparação mostra-se negativa e exagerada, por outro, os dados possibilitam diversas análises da situação educacional no Acre, desde que se considerem algumas questões que condicionam esses resultados.

Em relação a esse novo índice que mostra a evolução na qualidade da educação em todas as etapas da educação básica, as metas de progressão estabelecidas estão sendo superadas pelo Estado do Acre, conforme pode ser verificado na Tabela 9:

Tabela 9 – IDEBs observados em 2005, 2007 e 2009 e Metas para rede Estadual – Acre

Etapas de Ensino IDEB Observado Metas Projetadas29

2005 2007 2009 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Anos Iniciais do Ensino Fundamental 3,3 3,8 4,5 3,7 4,2 4,4 4,7 5,0 5,3 5,6 Anos Finais do Ensino Fundamental 3,5 3,8 4,1 3,7 4,0 4,4 4,7 5,0 5,3 5,5 Ensino Médio 3,0 3,3 3,5 3,1 3,3 3,5 3,9 4,3 4,6 4,8 Fonte: INEP/IDEB

Em 2009, a rede estadual, além de superar todas as metas estabelecidas pelo IDEB para 2009, ultrapassando inclusive as metas projetadas para 2011, 45% das escolas dos anos iniciais do ensino fundamental, obtiveram índices superiores ao índice nacional, sendo que quatro escolas da rede estadual obtiveram um índice maior que 6,0, cuja pontuação é a média

29

As metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) para as escolas e redes de ensino poderão ser revistas a partir da próxima avaliação, já que as metas projetadas têm sido antecipadas nas duas últimas edições do índice.

educacional que têm hoje os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e está prevista a ser alcançada, em nível nacional, apenas em 2021, período estipulado tendo como base a simbologia do bicentenário da Independência em 2022. Para a Coordenadora de Ensino de uma dessas escolas – Escola Estadual de Ensino Fundamental Neutel Maia – Maria Inês Pereira, não existe ensino diferenciado entre as escolas da rede, o que existe é apenas o compromisso com os professores, alunos e seus pais. Ela explica que a escola colabora para o desenvolvimento dos professores, incentivando-os nos cursos de formação continuada promovidos pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), o que reflete na qualidade do ensino e na melhor aprendizagem dos estudantes. Ainda segundo a Coordenadora de Ensino, o comprometimento dos professores com os alunos na sala de aula também favoreceu a obtenção da nota pela escola, pois, cumprem com toda a carga horária prevista e não faltam às aulas. Além disso, a escola oferece provas simuladas de português e matemática para preparar os estudantes para os próximos testes.30

O Acre, atualmente, encontra-se entre os dez estados com os melhores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). No ranking nacional, em relação aos anos iniciais do ensino fundamental, ocupava a 15ª posição em 2005 passando a 10ª posição em 2009; em relação aos finais do ensino fundamental, ocupava em 2005 a 4ª posição, mantendo-se na mesma posição em 2009; no ensino médio, em 2005 ocupava a 9ª posição, passando para a 7ª em 2009. Esses resultados, apresentados à imprensa com efusiva comemoração, são exaltados no sentido de confirmar que os rumos escolhidos para as mudanças educacionais estabelecidas pelo projeto de reforma educacional implementado no Estado.

No entanto, a boa avaliação de um estado no IDEB não garante, necessariamente, uma educação de qualidade em todas as escolas e em todos os municípios. As diferenças entre o desempenho das escolas aumentaram em 14 das 27 redes estaduais nos anos finais do ensino fundamental, apontam um estudo do Movimento “Todos Pela Educação”. A pesquisa foi feita com base em uma comparação do IDEB de 2005 com o de 2009, revelando que os municípios brasileiros com IDEB acima da média nacional apontam desigualdade de até 51% entre a melhor e a pior escola de uma mesma cidade. O mesmo podendo ocorrer com os dados de um estado em relação aos seus diversos municípios.

No Acre, apesar da melhoria educacional registrada, seguidamente, pelo IDEB, os

30Informação verbal obtida a partir de matéria do “Jornal Página 20”, intitulada “Uma escola a frente do seu

tempo” publicada pelo site www.rdnoticias.com.br, no seguinte endereço eletrônico:

http://www.rdnoticias.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=10038:uma-escola-a- frente-de-seu-tempo&catid=17:educa&Itemid=40.

municípios mais isolados e de difícil acesso que apresentam os piores índices econômicos e sociais, também apresentam os menores índices educacionais, conforme pode ser visto no Quadro 4. O quadro revela uma grande variação nos resultados, apresentando município com índice 4,9 e outro com 2,8, como é o caso de Brasiléia e Jordão, respectivamente. O IDEB do Estado na 8ª série/9º ano do ensino fundamental em 2009 foi de 4,1, no entanto, percebe-se, no Quadro 4, que há vários municípios abaixo dessa média. Como o índice avalia a média da escola e dos sistemas, pode haver grandes diferenças internas que o índice encobre. Assim, um município cuja média é 4,9 pode apresentar um desempenho bastante polarizado (escolas com alto desempenho e outras com desempenho muito baixo), enquanto que, em outro município, cujo índice foi 3,8, o nível de desempenho das escolas pode ser mais homogêneo, sem muita diferença entre eles.

Quadro 4 – Escolas estaduais por municípios (8ª série/9º ano do Ensino Fundamental)

Municípios

IDEB Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2007 2009 Brasiléia 3.0 4.0 4.9 3.1 3.2 Feijó 3.6 3.9 4.5 3.7 3.8 Assis Brasil 2.9 3.4 4.3 2.9 3.1 Rio Branco 3.6 3.8 4.2 3.6 3.8 Tarauacá 3.3 3.7 4.2 3.4 3.5 Bujari 3.2 2.4 4.1 3.2 3.4 Cruzeiro do Sul 3.6 3.8 4.1 3.6 3.8 Xapuri 3.6 3.5 4.1 3.6 3.8 Senador Guiomard 4.1 3.9 4.0 4.1 4.3 Sena Madureira 3.2 3.8 3.9 3.2 3.4 Capixaba 3.5 3.3 3.8 3.5 3.7 Epitaciolândia 2.9 3.6 3.8 3.0 3.1 Plácido de Castro 3.4 3.2 3.8 3.4 3.6 Acrelândia 3.5 3.7 3.7 3.5 3.7 Porto Acre 3.5 4.1 3.7 3.5 3.7 Rodrigues Alves 3.4 3.3 3.7 3.4 3.5 Mâncio Lima 3.2 3.3 3.6 3.2 3.3 Manoel Urbano 3.1 3.4 3.6 3.1 3.2 Porto Walter 2.7 3.3 2.8 Jordão 2.8

Fonte: SEE/AC e atualizada pela autora com os dados do INEP (2009)

Ainda em relação ao Quadro 4, é possível identificar municípios que de uma medição (2007) a outra (2009) tiveram um aumento considerável na nota, como é o caso do município de Bujari, que apresentava um índice de 2,4 em 2007 e passou a ter 4,1 em 2009. Em sentido oposto, há municípios que caíram em termos de nota, como o município de Porto Acre e ainda, outros mantiveram o mesmo índice do biênio anterior. Essa desigualdade apresentada pelos resultados entre os municípios mostra que apresentar um bom resultado geral não implica em um bom resultado individual, ou seja, o fato de um estado apresentar um bom desempenho no IDEB não significa que todas as escolas em todos os municípios desse estado também apresentem a mesma tendência de bons resultados.

Todas essas questões remetem ao desafio de inserir nas discussões das políticas de monitoramento e de avaliação de larga escala outros fatores associados aos processos