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Evolução dos números de beneficiários e valores de transferência

4. BOLSA FAMÍLIA – ANÁLISE DOS NÚMEROS

4.2 Evolução dos números de beneficiários e valores de transferência

Observando-se a tabela abaixo, verifica-se o crescimento no número de beneficiários do PBF, ao contrário do que ocorre com os demais benefícios.

Fonte: IPEA (2007) e MDS. Quantidade de beneficiários dos Programas de Transferência de Renda do Governo Federal, durante o período do Governo Lula.

Conforme Tabela abaixo, no fim de 2004 eram 6.571.839 famílias beneficiadas pelo PBF. Em 2006, demonstrando a sua expansão, esse número chegou perto dos 11 milhões; enquanto isso, em 2007 houve um decréscimo, alcançando 10.749.655 de famílias.

Evolução do número de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família326

Período Famílias Beneficiadas 2004 6.571.839 2005 8.700.455 2006 10.965.810 2007 10.749.655 2008 10.842.708 2009 10.491.427 2010 12.308.386

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social

326 Consulta pública do Bolsa Família SIBEC - Disponível em:

<https://www.beneficiossociais.caixa.gov.br/consulta/beneficio/04.01.00-00_00.asp>. Acesso em: 07 nov. 2010.

Bolsa

Família Escola Bolsa Alimentação Bolsa Auxílio Gás Alimentação Cartão

2004 6,6 milhões 3 milhões 54 mil 4,2 milhões 108 mil

2005 8,7 milhões 1,8 milhões 24 mil 3,4 milhões 84 mil

2006 11 milhões 123 mil 5,7 mil 728 mil 37 mil

Em 2004, o Bolsa Família contou com o apoio do Banco Mundial que lhe emprestou a quantia de US$ 572 milhões, no intuito de auxiliar no desenvolvimento do principal programa de proteção social do Brasil, fortalecendo-o e expandindo-o. Na mesma linha, constata-se que:

Desde 2003, o país fez progressos significativos na redução da pobreza, da desigualdade e para melhorar as oportunidades de desenvolvimento de sua população vulnerável. Mas o Bolsa Família recentemente também se revelou fundamental como uma importante rede de proteção para reduzir o impacto sobre os pobres dos aumentos nos alimentos e no petróleo, e mais recentemente da crise financeira e recessão global.327

Atualmente, o Programa atinge 12,7 milhões de famílias, o que significa cerca de 50 milhões de pessoas, e está entre os mais eficientes programas de proteção social do mundo. O Bolsa Família foi um dos responsáveis pela retirada de cerca de 20 milhões de pessoas da condição de pobreza, entre os anos de 2003 e 2009, ao passo que se reduzia de forma significativa a desigualdade de renda.328

Em 2006, o Brasil investiu 0,5% do seu PIB, cerca de R$ 8,5 bilhões, no PBF. Inegavelmente, tal número é bastante significativo, mas, torna-se bem menos expressivo quando comparado aos 9,8% do PIB gastos com despesas sociais totais. Destaque para as despesas com déficit do sistema de aposentadoria do setor público que concentra os maiores gastos sociais. Em 2009, os recursos investidos, cerca de 11,3 bilhões, representaram 0,39% do PIB de 2008, o que aponta para um custo relativamente baixo do Programa, tendo em vista os seus objetivos no tocante à redistribuição de renda, ao combate à pobreza e à inclusão social.329

Constata-se que no Brasil, cerca de 20% do seu PIB destina-se ao gasto social, o que inclui os gastos com previdência, saúde e educação. Rocha afirma que a persistência da pobreza não tem a ver com a insuficiência do gasto público, mas com a mudança na natureza do gasto social, bem como com melhoria na sua eficiência.330

Apesar do montante do gasto social parecer expressivo, quando visto em valor absoluto relacionado ao PIB, constata-se que ele não é suficiente para dar conta das necessidades sociais insatisfeitas da população brasileira, resultado de

327 BANCO MUNDIAL. Disponível em: <http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/HOME

PORTUGUESE/EXTPAISES/EXTLACINPOR/BRAZILINPOREXTN/0contentMDK:22709242~menuPK :3817263~pagePK:1497618~piPK:217854~theSitePK:3817167,00.html>. Acesso em: 07dez. 2010.

328 Idem. Ibidem.

329 WEISSHEIMER, Marco Aurélio. op. cit., p. 35. 330 ROCHA, Sonia.op. cit., 2006, p.193.

uma histórica exclusão social e da não efetivação dos direitos sociais da população. Contudo, o fato do Brasil ser composto por significativo e diversificado universo de pessoas que precisam ser atendidas pelo Estado, do que resultam elevados custos, não deve ser impedimento para o cumprimento da obrigação estatal da garantia do mínimo existencial.

Assente-se no sentido de uma necessária reestruturação do gasto social e de redesenhar-se os mecanismos direcionados aos pobres, especificamente. No contexto da operacionalização de políticas antipobreza, é imprescindível a utilização de recursos em políticas públicas focalizadas nos mais necessitados, garantindo-se eficiência operacional a essas políticas que amenizam os sintomas da pobreza, mas também que tenham o poder de romper com o seu vicioso círculo de forma definitiva.331

Na segunda fase do PBF, os objetivos a serem alcançados estão focados, ainda mais, no âmbito da redução da desigualdade social e do combate à pobreza e, além deles, na promoção da efetivação dos serviços de educação e de saúde, sobretudo, com vista ao atingimento da população de baixa renda. Para esse segundo momento, fora aprovado pelo Banco Mundial um empréstimo de US$ 200 milhões. Nesta segunda fase, “(...) o programa vai apoiar a ligação com atividades geradoras de qualificação e renda, fortalecendo a sustentabilidade em médio prazo dos impactos do Bolsa Família na redução da pobreza”.332 Requer-se tempo para que resultados consistente sejam obtidos, considerando-se que o enfrentamento da problemática da pobreza não é tarefa simples.

É um fato o alcance do PBF nas demandas mais urgentes, como a fome. Mas, a questão é se um programa assim será suficiente para dar as respostas aos graves problemas que envolvem as questões sociais do país. Para aqueles que não o vislumbram como passo para superação dessas questões, os principais obstáculos concentrar-se-iam na falta de referência a direitos a todos os indivíduos, sem distinção, e na possível perpetuação de dependência e acomodação dos beneficiários por meio de uma porta de entrada em relação a sua aceitação e submissão ao programa sem a real promoção da cidadania, contribuindo para a

331 Ibid., p.193.

332 BANCO MUNDIAL. Disponível em: <http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/HOME

PORTUGUESE/EXTPAISES/EXTLACINPOR/BRAZILINPOREXTN/0contentMDK:22709242~menuPK :3817263~pagePK:1497618~piPK:217854~theSitePK:3817167,00.html>. Acesso em: 07dez. 2010.

percepção do benefício tão somente como uma ajuda do governo e não um direito a que fazem jus.

Para esses, o Programa estaria desfavorecendo o desenvolvimento das capacidades dos seus beneficiários como agentes autônomos de suas próprias vidas. Enquanto isso, para aqueles que nele acreditam, diz-se tratar-se de uma política pública com efetividade a longo prazo, considerando as condicionalidades que lhe são associadas e por meio das quais se desenvolverá o capital humano, culminando-se na interrupção do histórico ciclo intergeracional da pobreza.

A eficácia do PBF estaria relacionada à progressividade dos seus benefícios, direcionados aos mais pobres, atingindo-se o objetivo da redução da desigualdade. Em contrapartida, o seu impacto seria pequeno no tocante à redução da proporção dos pobres, fato atribuído ao baixo valor dos benefícios transferidos, aqueles que estão abaixo da linha da pobreza.

4.3 Crescimento econômico e reversão da pobreza, a partir do Programa