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Material e Métodos

5.2 EXAME ULTRASSONOGRAFICO DOPPLER

Na avaliação das artérias foram utilizados o Doppler colorido e o Doppler espectral que permitiram a identificação das estruturas, assim como caracterizar o fluxo e mensurar os índices de resistividade e de pulsatilidade das artérias radial e ramo palmar medial da artéria mediana.

O ramo lateral da artéria mediana não foi caracterizado neste estudo devido ao seu pequeno diâmetro, que dificultou a obtenção das ondas espectrais e aumentava significativamente o tempo de exame. O aumento do tempo de realização do exame ocasionava estresse nos animais, resultando impaciência e movimentação dos membros, impedindo a realização do exame Doppler.

Em todos os animais foi realizada a correção do ângulo do Doppler espectral entre 55 e 60 no sentido do fluxo no vaso e selecionado todo o diâmetro do vaso o que permitiu a padronização do espectro.

As artérias avaliadas apresentaram um espectro de onda de característica pulsátil similares. No geral, as morfologias de ondas apresentavam um primeiro pico sistólico mais alto, seguida de dois picos menores e com espectro ondulante ao longo da diástole. Embora a morfologia de onda apresenta-se características semelhantes, foram observadas variações na velocidade do fluxo diastólico durante a realização do exame.

O tempo de exame variou entre os animais, visto que o movimento e estresse dos animais dificultavam a realização do exame dopplerfluxométrico e impediam a obtenção adequada do espectro.

A figura 23 demonstra as características da morfologia do espectro de onda encontrado na artéria radial.

Figura 23: A imagem demonstra o espectro de onda da artéria radial de característica pulsátil de um equino do grupo macho adulto jovem com as mensurações do IR e IP de três ondas consecutivas.

As variáveis avaliadas na artéria radial estão demonstradas na tabela 6. Tabela 6: Médias (desvio-padrão) das variáveis: diâmetro, índice de resistividade (IR) e índice de pulsatilidade (IP) da artéria radial no canal do carpo, segundo o grupo, sexo e membro.

Grupo Sexo

Diâmetro artéria

radial IR artéria radial IP artéria radial

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 2,90(±0,23) aAα 2,95(±0,59) aABα 0,84(±0,08) aAα 0,85(±0,10) aAα 2,87(±1,05) aABα 3,05(±1,32) aAα Potro Fêmea 2,89(±0,45) aAα 3,02(±0,52) aAα 0,78(±0,07) aAα 0,83(±0,08) aAα 2,02(±0,71) aAα 2,46(±0,86) aAα Adulto jovem Macho 2,66 aAα (±0,29) 3,06 aBα (±0,67) 0,82 aAα (±0,08) 0,82 aAα (±0,08) 2,46 aAα (±0,67) 2,69 aAα (±0,75) Adulto jovem Fêmea 2,87 aAα (±0,49) 2,92 aAα (±0,44) 0,82 aAα (±0,07) 0,82 aAα (±0,07) 2,52 aAα (±0,89) 2,58 aAα (±0,68) Adulto Macho 2,67(±0,45) aAα 2,54(±0,55) aAα 0,88(±0,06) bAα 0,86(±0,10) aAα 3,73(±1,35) bBα 3,21(±1,49) aAα Adulto Fêmea 2,66(±0,35) aAα 2,59(±0,30) aAα 0,81(±0,08) aAα 0,84(±0,07) aAα 2,22(±0,67) aAα 2,60 (±1,02) aAα

Não foram observadas diferenças estatísticas entre as médias do índice de resistividade da artéria radial entre os grupos e membros. Somente para os grupos de adultos foi observada diferença estatística entre machos e fêmeas, sendo que os machos apresentaram maiores índices. O índice de pulsatilidade também apresentou diferença entre macho e fêmeas no grupo de adultos. Além disso, quando foi comparado o IP entre os grupos também foi encontrada diferença estatística, sendo que os adultos machos apresentaram valores maiores dos que os potros e os potros maiores que os adultos jovens.

As variáveis avaliadas no ramo palmar da artéria mediana estão apresentadas na tabela 7.

A figura 24 demonstra a mensuração do espectro de onda do ramo medial da artéria palmar mediana.

Figura 24: A imagem demonstra o espectro de onda do ramo palmar medial da artéria mediana de característica pulsátil de um equino do grupo macho adulto jovem com as mensurações do IR e IP de três ondas consecutivas.

Tabela 7: Médias (desvio-padrão) das variáveis; diâmetro, índice de resistividade (IR) e índice de pulsatilidade (IP) do ramo palmar medial da artéria mediana no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

A variável de diâmetro está em unidade de milímetros

Não foram observadas diferenças estatísticas na variável de índice de resistividade e pulsatilidade quando se comparou grupos e membros. Somente foi observada diferença estatística entre os machos e fêmeas do grupo de adultos no membro esquerdo para ambas as variáveis.

As médias dos valores de IR e IP variaram pouco entre os grupos e membros, com exceção do grupo de adultos macho que apresentaram maiores valores.

5.3. Histograma

5.3.1 Tendão flexor digital superficial

O programa de computador Adobe photoshop CS4® possibilitou a avaliação da ecotextura e ecogenicidade do tendão flexor digital superficial, tendão flexor digital profundo e tendão flexor carpo radial.

O histograma exige que o exame seja padronizado em frequência, ganho e profundidade para que não haja artefatos nas aferições. No

Grupo Sexo

Diâmetro artéria

palmar medial IR artéria palmar medial IP artéria palmar medial

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 5,14(±0,70) aAα 5,47(±0,84) aAα 0,76(±0,07) aAα (±0,11) 0,77 aAα 2,02(±0,82) aAα 2,33(±1,40) aAα Potro Fêmea 4,85(±0,84) aAα 5,13(±0,89) aBα 0,76(±0,05) aAα (±0,12) 0,79 aAα 1,74(±0,30) aAα 2,02(±0,68) aAα Adulto jovem Macho 4,72 aAα (±0,80) 4,48 aAα (±0,74) 0,72 aAα (±0,08) 0,73 aAα (±0,08) 1,71 aAα (±0,73) 2,08 aAα (±0,67) Adulto jovem Fêmea 4,85 aAα (±0,63) 4,52 aABα (±0,48) 0,78 aAα (±0,11) 0,74 aAα (±0,07) 1,99 aAα (±0,67) 1,77 aAα (±0,53) Adulto Macho 4,92(±0,65) aAα 4,66(±1,02) aAα 0,81(±0,11) aAα (±0,08) 0,84 bAα 2,41(±0,98) aAα 2,73(±1,00) bAα Adulto Fêmea 4,41(±0,66) aAα 4,23 (±0,52) aAα 0,76(±0,10) aAα (±0,09) 0,73 aAα 1,88(±0,69) aAα 1,71(±0,53) aAα

entanto, quando padronizado o exame, em alguns animais a avaliação ultrassonográfica foi dificultada pela impossibilidade de ajustes no aparelho.

As variáveis avaliadas no histograma foram LMEAN que indica a ecogenicidade, a relação NMOST/NALL e o desvio padrão (SD) que se referem à ecotextura dos tendões, sendo que quanto maior a relação e menor o desvio padrão, mais homogênea é a ecotextura.

A figura 25 demonstra a mensuração do tendão flexor digital superficial entre os grupos com o auxílio do programa de computador Adobe Photoshop CS4®.

Figura 25: Histograma do tendão flexor digital superficial. A: potros, B: adultos jovens e C: adultos. Os respectivos resultados da avaliação do histograma seguem abaixo de cada imagem.

As variáveis avaliadas no histograma do tendão flexor digital superficial estão representadas na tabela 8.

Tabela 8: Médias (desvio-padrão) das variáveis do histograma no tendão flexor digital superficial no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Na variável Lmean do TFDS foi observada diferença estatística entre os grupos no membro esquerdo das fêmeas, sendo que os potros obtiveram maiores valores do que as adultas, que foram maiores do que os adultos jovens. Essa diferença não foi observada no membro contralateral.

Na variável de desvio padrão somente foi observada diferença estatística entre machos e fêmeas do grupo de potros no membro esquerdo. No entanto, não foi observada diferença estatística quando comparado os membros direito e esquerdo.

Para a variável relação nmost/nall não foram obtidas diferenças estatísticas relevantes entre grupos, sexo e membros.

5.3.2 Tendão flexor digital profundo

A figura 26 demonstra o histograma do TFDP em diferentes grupos.

Grupo Sexo TFDS Lmean TFDS Desvio Padrão TFDS nmost/nall

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 141,87 (±47,64) aAα 140,62(±40,86) aAα 13,26(±1,97) aAα 13,65(±1,88) aAα 0,12(±0,02) aAα 0,12(±0,02) aAα Potro Fêmea 148,49 (±33,80) aAα 157,80(±36,62) aBα 14,32(±3,35) aAα 17,07(±8,71) bAα 0,11(±0,01) aAα 0,11(±0,01) aAα Adulto jovem Macho 114,62 aAα (±28,48) 106,64 aAα (±30,00) 15,66 aAα (±2,52) 16,08 aAα (±2,66) 0,11 aAα (±0,02) 0,11 aAα (±0,02) Adulto jovem Fêmea 115,14 aAα (±19,62) 97,53 aAα (±40,24) 17,02 aAα (±3,67) 15,54 aAα (±3,58) 0,11 aAα (±0,03) 0,11 aAα (±0,02) Adulto Macho 130,91(±33,32) aAα 122,96(±28,50) aAα 15,14(±4,26) aAα 14,65(±2,75) aAα 0,12(±0,03) aAα 0,11(±0,02) aAα Adulto Fêmea 140,63(±17,98) aAα 126,61(±23,11) aABα 14,81(±2,29) aAα 16,26(±1,69) aAα 0,11(±0,02) aAα 0,10(±0,02) aAα

Figura 26:Histograma do tendão flexor digital profundo. A: potros, imagem B: adultos jovens e C: adultos. Os respectivos resultados da avaliação do histograma seguem abaixo de cada imagem.

As variáveis avaliadas do tendão flexor digital profundo estão representadas na tabela 9.

Tabela 9: Médias (desvio-padrão) das variáveis do histograma no tendão flexor digital profundo no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Grupo Sexo TFDP Lmean TFDP Desvio Padrão TFDP nmost/nall

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 104,68(±41,38) aAα 112,36 (±45,73) aAα 11,87(±2,50) aAα 12,78(±2,61) aAα 0,14(±0,03) aAα 0,13(±0,04) aAα Potro Fêmea 138,74(±38,84) bBα 137,73(±36,55) aBα 13,07(±2,74) aAα 12,30(±1,46) aAα 0,12(±0,03) aAα 0,13(±0,01) aAα Adulto jovem Macho 96,93 aAα (±27,00) 92,80 aAα (±13,42) 13,41 aAα (±3,56) 15,22 aAα (±1,53) 0,12 aAα (±0,03) 0,11 aAα (±0,02) Adulto jovem Fêmea 100,91 aAα (±17,54) 105,42 aAα (±22,14) 13,52 aAα (±2,52) 14,15 aAα (±1,93) 0,13 aAα (±0,02) 0,12 aAα (±0,03) Adulto Macho 110,15(±30,88) aAα 103,21(±26,08) aAα 13,04(±1,77) aAα 12,87(±1,21) aAα 0,13(±0,02) aAα 0,11(±0,03) aAα Adulto Fêmea 120,41(±20,98) aABα 116,23 (±23,42) aABα 13,91(±3,02) aAα 14,13(±2,12) aAα 0,13(±0,02) aAα 0,13(±0,03) aAα

A variável Lmean no TFDP apresentou diferença estatística entre o sexo somente dos grupos de potros no membro direito. Entretanto não houve diferença estatística entre os membros. Quando comparados os grupos foram observadas diferenças estatísticas, sendo que o grupo das potras fêmeas obteve os maiores valores, seguido pelas adultas e adultas jovens, respectivamente. Não foi observada diferença estatística entre os membros na variável Lmean do TFDP.

Não houve diferença estatística entre as variáveis de desvio padrão e relação nmost/nall dentro do TFDP.

5.3.3 Tendão flexor carpo radial

A figura 27 demonstra as mensurações do TFCR pelo histograma em diferentes grupos.

Figura 27: Histograma do tendão flexor carpo radial. A: potros, B: adultos jovens e C: adultos. Os respectivos resultados da avaliação do histograma seguem abaixo de cada imagem.

As variáveis mensuradas no tendão flexor carpo radial estão representadas na tabela 10.

Tabela 10: Médias (desvio-padrão) das variáveis do histograma no tendão flexor carpo radial no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Na variável Lmean do TFCR foi observada diferença estatística entre machos e fêmeas somente no grupo de potros, sendo maiores nas fêmeas. Entretanto, não foi observada diferença estatística entre os membros. Quando comparado os grupos, as fêmeas dos potros apresentaram valores maiores do que os adultos, seguidos pelos adultos jovens. Essa diferença também foi observada no membro esquerdo dos machos, porém não foi observada no membro direito.

Na variável de desvio padrão do TFCR, quando se comparou machos e fêmeas no grupo de adultos jovens, os machos obtiveram maior média no membro esquerdo. Entre os grupos foi observado que os machos apresentaram diferenças estatísticas, sendo que os adultos jovens foram maiores que os adultos e estes maiores que os potros em ambos os membros.

Não foi observada diferença estatística na variável da relação nmost/nall do TFCR.

Grupo Sexo TFCR Lmean TFCR Desvio Padrão TFCR nmost/nall

MTD TEM MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 89,33(±12,86) aAα 113,85(±47,17) aBα 12,84(±2,59) aAα 12,06(±2,61) aAα 0,15(±0,03) aAα 0,16(±0,02) aAα Potro Fêmea 128,32(±41,48) bBα 128,29(±31,95) aBα 12,02(±3,35) aAα 12,96 (±2,28) aAα 0,16(±0,04) aAα 0,16(±0,03) aAα Adulto jovem Macho 78,98 aAα (±15,36) 66,09 aAα (±27,15) 16,44 aBα (±3,92) 15,78 bBα (±3,01) 0,14 aAα (±0,03) 0,14 aAα (±0,03) Adulto jovem Fêmea 81,91 aAα (±31,09) 87,78 aAα (±41,19) 13,95 aAα (±2,79) 12,48 aAα (±2,35) 0,15 aAα (±0,03) 0,16 aAα (±0,02) Adulto Macho 86,16(±44,70) aAα 87,03(±49,78) aABα 16,74 (±8,40) aBα 13,84(±2,36) aABα 0,15 (±0,05) aAα 0,16 (±0,02) aAα Adulto Fêmea 98,19(±26,31) aABα 89,49(±25,55) aABα 14,71(±3,11) aAα 14,17(±2,37) aAα 0,15(±0,03) aAα 0,15(±0,03) aAα

6. DISCUSSÃO

As dificuldades encontradas na avaliação do canal do carpo nos equinos deste estudo por meio da ultrassonografia já foram descritas na literatura por Cauvin e colaboradores em 1997, principalmente em relação ao sombreamento causado pelo osso cárpico acessório sobre o tendão flexor digital profundo. No entanto, em nosso estudo com a angulação da probe mediopalmar foi possível diminuir esse artefato e garantir a qualidade do exame.

Os limites proximal e distal do canal do carpo, assim como a altura da transição das fibras musculares e tendineas ainda são discutidas na literatura (PROBST, et. al.. 2008; STASHAK, 2006; CAUVIN, et. al. 1997) Este estudo considerou o limite proximal do canal do carpo no bordo proximal do osso cárpico acessório e o limite distal próximo ao bordo proximal dos ossos metacarpianos, conforme o estudo de Probst e colaboradores (2008). A transição gradual de fibras musculares para fibras tendineas foi observada dentro do canal do canal do carpo como citado por Reef, (1998).

Segundo Denoix e Busoni (1999), a ecogenicidade dos TFDS e TFDP proximal ao canal do carpo é mais heterogênea devido às fibras musculares envolvidas, já na região do canal do carpo foi observada uma ecogenicidade mais homogênea corroborando com os achados do presente estudo.

Os valores das mensurações da altura dos TFDS e TFDP foram relativamente semelhantes, no entanto, quando comparada à largura e área dos tendões, o TFDP apresentou maiores dimensões em relação ao TFDS. A diferença de área entre o TFDS e TFDP também foi observado por Reef (1998) na região metacarpiana 1A.

O TFCR é uma estrutura facilmente visibilizada, porém a descrição das características ultrassonográficas deste tendão dentro do canal do carpo é pouco relatada na literatura, o que dificulta a comparação dos resultados. Jorgensen et. al. (2010) descrevem o TFCR proximal ao canal do carpo como sendo hipoecogênico, com presença de fibras musculares e localizado próximo ao subcutâneo. Neste estudo foi observado que, dentro do canal do carpo, o TFCR é uma estrutura hipoecogênica, porém apresenta apenas características de fibras tendíneas.

A descrição anatômica e ultrassonográfica do modo B do retináculo flexor, nervos e artérias neste estudo foram compatíveis com as descrições encontradas na literatura (PROBST et. al. 2008; CAULVIN et. al. 1997) O doppler colorido, como sugerido Alexander & Dubons (2003) foi eficiente na diferenciação de vasos e nervos.

Não foi encontrada na literatura a mensuração das estruturas dentro do canal do carpo de equinos hígidos por nenhuma técnica imaginológica. Todos os estudos realizados nesta região estão direcionados para anatomia descritiva e a identificação das estruturas, o que justifica maiores estudos (NAGY &DYSON, 2011; NAGY & DYSON, 2009; PROBST, et. al. 2008 MURRAY, 2007; DENOIX E BUSONI, 1999).

Para todos os tendões flexores, os animais adultos e adultos jovens apresentaram maiores dimensões das estruturas. Essa observação pode ser decorrente do maior tempo de treinamentos que estes animais são submetidos.

Em nosso estudo acreditamos que a comparação com o membro contralateral seja mais fidedigna para quantificar alterações no tamanho das estruturas, visto que não houve diferença estatística significante entre os membros. Contudo, os valores das médias e desvio padrão propostos servem como referência, já que não existem mensurações para o canal do carpo na literatura.

A aparência dos nervos foi compatível com a descrição de Alexander & Dobson (2003), que relatam uma boa relação entre as medidas ultrassonográfica e anatômicas. Os autores sugerem que a grande variação do diâmetro, na maioria dos nervos periféricos de equinos, pode dificultar a aplicabilidade clínica de diferenciar nervos normais de alterados. Dessa forma, a padronização, no presente estudo, favorece a aplicabilidade clínica do exame ultrassonográfico dos nervos do canal do carpo de equinos.

Neste estudo, somente o nervo palmar medial apresentou diferença estatística entre os grupos de faixas etárias diferentes, sendo que as mensurações foram menores nos animais adultos do que nos potros. Segundo Heinemeyer & Reimers (1999), a identificação dos nervos em pacientes humanos idosos é mais difícil devido ao aumento de tecido fibroso adjacente.

A morfologia das ondas espectrais de ambas as artérias estudadas apresentaram poucas variações entre os animais. Cochard e colaboradores (2000) realizaram a padronização do estudo Doppler das artérias mediana, palmar medial, digital palmar lateral e coronária dos membros torácicos de equinos hígidos com faixa etária variando de 5 a 20 anos. Os autores encontraram algumas diferenças entre as características da morfologia de onda dessas artérias. No caso das artérias mais distais, observaram reduções na magnitude e proeminência da altura dos picos, quando comparadas as artérias proximais. Além disso, foram observadas variações na velocidade do fluxo diastólico.

Neste estudo, como as artérias foram avaliadas no canal do carpo não foi possível verificar variações decorrentes da localização mais distal ou proximal no membro. Ambas as artérias apresentaram as características de morfologia de onda com primeiro pico sistólico maior, seguido de dois picos menores com a diástole de aspecto ondulante, corroborando com a descrição de Cochard e colaboradores (2000) e Hooffmann e colaboradores (2001).

O primeiro pico sistólico está relacionado à sístole ventricular, enquanto o segundo e o terceiro picos ocorrem durante a diástole e são fluxos secundários decorrentes da contração dos vasos que resultam em um fluxo tardio prolongado. As características oscilantes da diástole, provavelmente estão relacionadas ao baixo batimento cardíaco dos equinos (KREMKAU, 1995).

Vários fatores podem influenciar as mensurações realizadas pela ultrassonografia Doppler: temperatura do animal e ambiente, uso de fármacos anestésicos, experiência do profissional, repetibilidade do exame, alterações na pressão sanguínea, estresse, temperamento, tempo de exame, movimento dos animais e apoio do membro avaliado no chão (COCHARD et al., 2000; HOFFMANN et al., 2001).

Neste estudo, não foram utilizados fármacos anestésicos, porém não foram padronizadas algumas variáveis como a temperatura do ambiente e a pressão sanguínea. Além disso, assim como no trabalho realizado por outros autores, o tempo de exame foi demorado em alguns animais, o que pode ter

influenciado os resultados, devido ao estresse dos equinos (COCHARD et al., 2000; HOFFMANN et al., 2001).

Provavelmente, devido a grande quantidade de fatores que necessitam de padronização, existe um número de estudos reduzidos relacionados à ultrassonografia Doppler em vasos periféricos em equinos. Além disso, os estudos encontrados utilizam um número de amostras muito reduzido para conseguir a padronização adequada.

O presente estudo foi realizado em propriedades privadas, não sendo possível a realização da padronização dos fatores ambientais e do condicionamento dos animais previamente.

Assim como em humanos, não foram observadas diferenças no exame Doppler entre os membros direito e esquerdo para ambas as artérias avaliadas (BERNSTEIN, 1985). Para artéria radial, as diferenças entre o IR de machos e fêmeas do grupo adulto, podem estar relacionadas ao temperamento dos animais. No entanto, ao considerar o desvio padrão das médias, o intervalo de valores de IR foram muito semelhantes em todas as faixas etárias, o que pode indicar pouca influencia desta sobre o índice de resistividade.

As diferenças do IP no membro direito entre as faixas etárias podem estar relacionadas à maior sensibilidade do IP às variações do fluxo, visto que considera o pico de velocidade sistólica, velocidade diastólica final e velocidade média em sua fórmula, diferentemente do IR que considera apenas o pico de velocidade sistólica e a velocidade diastólica final. Além disso, segundo o Hoffmann e colaboradores (2001), pode ocorrer cerca de 20 a 30% de diferença nos valores dopplerfluxométricos do animal com apoio do peso no membro avaliado.

As médias do IR do ramo palmar medial da artéria mediana apresentaram menores valores quando comparadas ao da artéria radial. Esta diferença de valores pode estar relacionada à diferença de calibre entre os vasos, já que o ramo palmar medial apresenta calibre maior do que a artéria radial, oferecendo menor resistência ao fluxo sanguíneo (KREMKAU,1995).

Em relação ao histograma, o TFDP apresentou menores valores de Lmean do que o TFDS, o que condiz com a observação ultrassonográfica, em que o

TFDP foi menos ecogênico em relação ao TFDS. O TFCR também apresentou resultado do histograma semelhante ao exame ultrassonográfico, com ecogenicidade menor do que os demais tendões flexores.

Neste estudo foi observado que o TFDS se apresentou mais ecogênico do que o TFDP no canal do carpo, o que difere da literatura que relata que o TFDS na região 1A do metacarpo é menos ecogênico que o TFDP. Tsukiyama e colaboradores (1996) relatam que a angulação do transdutor, pressão exercida pelo operador e o apoio do animal durante o exame podem influenciar a ecogenicidade dos tendões. Além disso, Reef (1998) afirma que o brilho dos TFDP e TFDS pode ser semelhante por meio de ajustes no aparelho na região do metacarpo.

Na abordagem do canal do carpo é necessária a angulação da probe, assim como de uma maior pressão aplicada pelo operador, visto que os tendões estão mais internos do que na região do metacarpo e existem vasos localizados mais superficialmente que dificultam a abordagem no local.

Diferentemente do exame ultrassonográfico, não foram observados alterações na ecotextura entre as faixas etárias pelo histograma no TFDP e TFDS. No entanto, a avaliação da ecotextura pelo histograma é restrita as áreas demarcadas, não considerando o tendão como um todo. Ao longo da vida dos equinos é provável que ocorram microlesões e degeneração das estruturas tendíneas, o que leva a pontos dispersos de fibrose, que podem não estar incluídos na área de avaliação do histograma. Como o exame ultrassonográfico modo B avalia toda a área dos tendões, foi possível observar uma maior heterogenicidade em animais mais adultos em relação aos potros.

O TFCR, quando avaliado no exame ultrassonográfico em modo B, não apresentou diferença na sua ecotextura e ecogenicidade, porém ao utilizar o histograma pode-se observar que em potros o TFCR foi mais ecogênico quando comparado aos adultos jovens e aos adultos. Além disso, os adultos apresentaram o TFCR menos homogêneo do que os potros.

O histograma foi eficiente em detectar alterações de ecogenicidade e ecotextura dos tendões, porém deve ser interpretado com cautela e associado ao exame ultrassonográfico modo B.

7. CONCLUSÃO

Baseado nos resultados obtidos foi possível concluir que:

 O exame ultrassonográfico modo B permitiu a avaliação quantitativa e qualitativa e padronização das estruturas do canal do carpo;

 Não há diferenças entre as mensurações realizadas entre o membro direito e esquerdo para o mesmo animal;

 Embora existam diferenças estatísticas entre as mensurações dos tendões, biologicamente essas diferenças são muito pequenas.

 Existe uma tendência dos animais adultos apresentarem tendões maiores e mais heterogêneos do que os adultos jovens e potros;

 O padrão do espectro de onda das artérias radial e palmar medial no canal do carpo é semelhante à descrição encontrada na literatura para outras artérias do membro torácico;

 A artéria radial apresentou a media dos índices de resistividade

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