• Nenhum resultado encontrado

Material e Métodos

5.1 Exames ultrassonográficos modo b

Todos os animais do experimento foram submetidos ao exame clínico e considerados aptos para o exame ultrassonográfico, uma vez que não apresentavam histórico de claudicação, queda de performance ou estavam sob tratamento de anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais durante pelo menos 30 dias antes do exame.

5.1 Exames ultrassonográficos modo b

As estruturas do canal do carpo mensuradas no modo B foram: tendão flexor digital superficial e profundo, tendão flexor carpo radial, nervos palmar medial e palmar lateral, retináculo flexor e as artérias radial e ramo palmar medial da artéria mediana. Todas essas estruturas foram visibilizadas em ambos os membros dos cavalos. Não foram observados acúmulos de fluidos na bainha dos tendões, intra ou extra articulares, e alterações topográficas por deslocamento das estruturas.

A utilização do corte transversal foi adequada para identificar e mensurar as estruturas tendíneas e o retináculo flexor. Devido ao formato do osso cárpico acessório, há formação de sombreamento acústico, principalmente sobre o tendão flexor digital profundo, o que leva a necessidade de angulação mediopalmar da probe, para adequada avaliação.

O corte transversal e longitudinal também foi utilizado para avaliar as estruturas e, principalmente, para demonstrar a transição gradual das fibras musculares em tendíneas (FIGURA 15 e 16).

Figura 15: Imagem em corte transversal na região distal do rádio e na fileira proximal dos ossos cárpicos observando a transição de fibras musculares para fibras tendíneas.

Figura 16: Imagem em corte longitudinal na região distal do rádio e na fileira proximal dos ossos cárpicos observando a transição de fibras musculares para fibras tendíneas.

5.1.1 Tendão flexor digital superficial

O tendão flexor digital superficial é uma estrutura facilmente visiblilizada no corte transversal e longitudinal, apresentando-se no corte transversal um formato ovalado de ecotextura homogênea e ecogenicidade hiperecoica quando comparado ao TFDP (FIGURA 17). Com relação às faixas etárias, foi possível observar que em potros o TFDS é mais homogêneo do que os adultos jovens, assim como os adultos jovens em relação aos adultos. Além disso, foram observados que alguns animais apresentaram pontos hiperecoicos compatíveis com fibrose, provavelmente decorrentes de alterações crônicas (Figura 18).

Figura 17: Imagens ultrassonográficas em modo B do TFDS de uma égua do grupo adulto jovem em cortes transversal (A) e corte longitudinal (B)

Figura 18: Imagens ultrassonográficas em modo B em cortes transversais do canal do carpo. A imagem A apresenta um animal do grupo de potros com o padrão de normalidades ultrassonográficas encontradas neste grupo. A imagem B é um animal do grupo de adulto jovem apresentando o padrão nessa faixa etária, e a imagem C apresenta um adulto com o padrão encontrado nessa faixa etária.

A média e o desvio padrão das variáveis altura, largura e área do tendão flexor digital superficial (TFDS) no canal do carpo segundo grupo, sexo e membro estão demonstradas na tabela 1.

Tabela 1: Média (desvio padrão) das variáveis; altura, largura e área do tendão flexor digital superficial (TFDS) no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Todas as variáveis estão em unidade de milímetros.

Não foram observadas diferenças estatísticas em relação ao sexo, faixa etária e membros para a variável altura (diâmetro crânio caudal) do TFDS.

Em relação à largura (diâmetro médio lateral) do TFDS obteve-se diferença estatística significativa entre as fêmeas dos grupos potro, adulto jovem e adulto em ambos os membros, sendo que quanto maior a faixa etária maior a largura do tendão. Observou-se também, para mesma variável, uma diferença significativa entre machos e fêmeas no grupo de adultos, sendo que as fêmeas obtiveram um valor maior que os machos no membro direito, no entanto os machos adultos apresentaram maior desvio padrão. Não foi observada diferença estatística ao comparar os membros direito e esquerdo quando fixados os grupos e o sexo dos animais.

A área do TFDS apresentou tendências estatísticas semelhantes à variável largura para as faixas etárias, sendo estatisticamente diferente entre os grupos. Em relação aos membros e ao sexo dos animais não foram observadas diferenças estatísticas significativas.

Grupo Sexo Altura TFDS Largura TFDS Área TFDS

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 9,60(±1,23) aAα 9,79(±0,96) aAα 13,10(±1,68) aAα 12,82 (±1,56) aAα 99,20(±19,40) aAα 99,90(±19,94) aAα Potro Fêmea 9,21 (±0,80) aAα 9,03 (±1,12) aAα 13,02(±1,94) aAα 12,99 (±0,86) aAα 95,90(±22,31) aAα 94,50(±16,04) aAα Adulto jovem Macho 10,03 aAα (±0,75) 9,33 aAα (±1,02) 14,12 aAα (±1,70) 13,29 aAα (±1,00) 113,00 aAα (±15,48) 99,67 aAα (±12,19) Adulto jovem Fêmea 9,26 aAα (±0,76) 9,50 aAα (±0,86) 14,77 aABα (±1,52) 13,54 aABα (±1,66) 108,50 aABα (±13,44) 101,78 aABα (±17,35) Adulto Macho 9,60 (±1,14) aAα 9,20(±0,95) aAα 13,96(±2,51) aAα 13,92 (±2,41) aAα 109,11(±26,69) aAα 104,40(±17,80) aAα Adulto Fêmea 9,79(±0,46) aAα 9,56(±1,48) aAα 15,92(±1,64) bBα 15,06(±1,74) aBα 123,20(±21,22) aBα 115,10(±21,66) aBα

5.1.2. Tendão flexor digital profundo

O tendão flexor digital profundo foi visibilizado em corte transversal e longitudinal, porém apresentou maior dificuldade em ser observado devido à sua profundidade e localização em relação ao osso cárpico acessório. O formato do TFDP no exame ultrassonográfico é ovalado e mais largo em relação ao TFDS, e as características encontradas de ecotextura e ecogenicidade são mais heterogêneos e hipoecoicos quando comparado ao TFDS. Quando observado em diferentes faixas etárias, a ecotextura apresentou característica semelhante ao TFDS, sendo menos heterogêneo em potros e mais em adultos. No entanto, para a ecogenicidade, não foi observada diferença entre as faixas etárias (FIGURA 19).

Figura 19: Imagem de um exame ultrassonográfico em modo B de uma égua adulta jovem evidenciando o TFDP em corte transversal (A) e em corte longitudinal (B).

A média e o desvio padrão das variáveis altura, largura e área do tendão flexor digital profundo (TFDP) no canal do carpo, segundo grupo, sexo e membro estão demonstradas na tabela 2.

Tabela 2: Média (desvio padrão) das variáveis altura, largura e área do tendão flexor digital profundo (TFDP) no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Todas as variáveis estão em unidade de milímetros

Não foram observadas diferenças estatísticas entre o membro direito e esquerdo dentro de cada grupo para todas as variáveis avaliadas para o TFDP. Em relação à altura do TFDP, foi observada diferença estatística entre machos e fêmeas dos grupos adultos jovens e adultos para o membro torácico esquerdo, sendo que os machos apresentavam maiores valores de média em relação às fêmeas.

As fêmeas idosas apresentaram as médias da largura e da área do TFDP significativamente maior do que os machos adultos e do que os demais grupos de faixas etárias para o membro direito.

5.1.3. Tendão flexor carpo radial

O tendão do músculo flexor carpo radial foi facilmente localizado no exame ultrassonográfico em modo B. Foram realizados os cortes transversais e longitudinal nos quais se pode observar que este apresenta dimensões menores do que os demais tendões do canal do carpo (FIGURA 20).

Comparando ao outros tendões flexores, o TFCR é mais arredondado, homogêneo e hipoecoico. Ao comparar as características de ecotextura e

Grupo Sexo

Altura TFDP Largura TFDP Área TFDP

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 9,89(±1,28) aAα 9,75(±1,36) aAα 15,88(±1,68) aAα 16,42(±1,89) aAα 126,30(±22,73) aAα 128,50(27,07) aAα Potro Fêmea 9,47(±1,75) aAα 10,14(±1,00) aAα 15,17(±1,22) aAα 16,00(±1,84) aAα 114,60(±22,94) aAα 131,90(±23,02) aAα Adulto jovem Macho 10,41 aAα (±1,29) 10,62 bAα (±0,90) 16,67 aAα (±1,80) 15,57 aAα (±1,48) 136,89 aAα (±17,16) 133,11 aAα (±17,35) Adulto jovem Fêmea 9,68 aAα (±0,71) 9,24 aAα (±1,00) 17,23 aBα (±1,52) 16,34 aAα (±2,17) 135,90 aABα (±14,90) 123,44 aAα (±14,07) Adulto Macho 9,93(±1,20) aAα 10,19(±1,03) bAα 15,86(±2,12) aAα 15,93(±1,79) aAα 127,44(±34,28) aAα 133,90 (±21,82) aAα Adulto Fêmea 9,99(±0,91) aAα 9,02(±1,21) aAα 18,25(±1,78) bBα 18,10(±0,96) bBα 143,80(±21,79) bBα 131,10(±15,71) aAα

ecogenicidade entre as faixas etárias não foram observadas diferenças entre os grupos.

Figura 20: Imagens ultrassonográficas em modo B para visibilização do TFCR em corte longitudinal (A) e transversal (B).

As médias e o desvio padrão das variáveis altura, largura e área do tendão do músculo flexor carpo radial (TFDP) no canal do carpo, segundo grupo, sexo e membro, estão demonstradas na tabela 3.

Tabela 3: Média (desvio padrão) das variáveis altura, largura e área do tendão do músculo flexor carpo radial (TFCR) no canal do carpo, segundo o grupo, sexo e membro.

Todas as variáveis estão em unidade de milímetros

Grupo Sexo Altura TFCR Largura TFCR Área TFCR

MTD MTE MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 3,64 (±0,30) aAα 3,60(±0,53) aAα 6,44(±0,62) aAα 6,15(±0,92) aAα 19,30(±2,79) aAα 19,20(±3,58) aAα Potro Fêmea 3,56(±0,37) aAα 3,61(±0,42) aAα 5,83(±0,83) aAα 5,76(±0,70) aAα 18,50(±4,48) aAα 17,50(±3,03) aAα Adulto jovem Macho 3,98 aAα (±0,43) 4,08 aBα (±0,33) 7,06 bAα (±0,45) 6,88 aABα (±0,81) 24,22 aBα (±2,77) 20,78 aBα (±4,24) Adulto jovem Fêmea 3,91 aAα (±0,48) 4,17 aBα (±0,68) 6,42 aABα (±0,72) 7,09 aBβ (±0,72) 21,50 aAα (±3,72) 23,67 aBα (±3,43) Adulto Macho 3,88(±0,38) aAα 3,80 (±0,47) aABα 7,14(±0,54) aAα 6,96 (±0,82) aBα 23,22(±1,99) aBα 22,90(±3,76) aBα Adulto Fêmea 3,82(±0,32) aAα 4,00(±0,42) aABα 6,72(±0,70) aBα 6,65(±0,71) aBα 21,60(±3,44) aAα 21,70(±3,44) aBα

Não foram observadas diferenças estatísticas significantes para as variáveis avaliadas entre os membros direito e esquerdo de cada grupo, com exceção do grupo de fêmeas adultas que apresentaram diferença significante entre a largura do TFCR do MTE para o MTD.

Comparados machos e fêmeas, somente o membro direito do grupo de adulto jovems da variável largura do TFCR apresentou diferença estatística, sendo que os machos apresentaram a largura significativamente maior do que das fêmeas.

Em relação às faixas etárias foram observadas diferenças estatísticas significantes na altura do TFCR no membro esquerdo, sendo maior para animais adulto jovem, seguidos dos adultos e então os potros. Embora não tenha sido observada diferença estatística significante, o membro direito apresentou a mesma tendência nos valores das médias nas diferentes faixas etárias.

As médias das áreas do TFCR dos grupos adulto jovem e adulto foram significativamente maiores do que a do grupo de potros. A área do TFCR do membro torácico direito das fêmeas de cada grupo não apresentou diferença estatística, porém apresentou a mesma tendência que o membro contralateral.

5.1.4 Retináculo flexor

O retináculo flexor foi facilmente identificado palmar ao tendão flexor digital superficial. Ultrassonograficamente apresenta-se como uma estrutura de espessura fina, com fibras disposta longitudinais no corte transversal, hipoecogenico e envolve o canal do carpo, para manter as estruturas na topografia adequada. O diâmetro do retináculo flexor em cada grupo esta disposto na tabela 4.

Tabela 4: Médias (desvio padrão) do diâmetro do retináculo flexor segundo o grupo, sexo e membro.

Grupo Sexo Diâmetro retináculo flexor

MTD MTE

Potro Macho 1,43(±0,16) aAα 1,36(±0,24) aAα

Potro Fêmea 1,33(±0,26) aAα 1,44(±0,22) aAα

Adulto jovem Macho 1,51(±0,21) aAα 1,51(±0,19) aAα

Adulto jovem Fêmea 1,36(±0,16) aAα 1,54(±0,22) aAβ

Adulto Macho 1,50 (±0,23) aAα 1,55(±0,17) aAα

Adulto Fêmea 1,40(±0,16) aAα 1,45(±0,23) aAα

Todas as variáveis estão em unidade de milímetros

Somente a média do diâmetro do retináculo flexor do membro torácico direito do grupo de fêmeas adultas jovens foi estatisticamente significativamente em relação ao membro esquerdo do mesmo grupo. No entanto, os valores não apresentaram diferentes entre os grupos e entre sexo, demonstrando variações insignificantes de acordo com sexo e idade.

5.1.5. Nervo palmar medial e nervo palmar lateral

A avaliação ultrassonográfica dos nervos palmar medial e palmar lateral foram possíveis no corte longitudinal com a frequência e o preset padronizados neste estudo. A identificação dos nervos ultrassonograficamente exigiu maior habilidade do operador, devido à proximidade com vasos e o diâmetro reduzido. Ambos os nervos apresentaram-se como duas faixas hiperecoicas paralelas com uma área hipoecóica no interior. O nervo palmar medial foi localizado mais profundamente em relação ao nervo palmar lateral.

Na identificação dos nervos foi imprescindível o auxílio do Doppler colorido que, ao posicionar a caixa colorida sobre a estrutura, permite identificar a presença de fluxo e, dessa forma, diferenciar os nervos de vasos (FIGURA 21).

Figura 21: Exame ultrassonográfico com auxílio do Doppler colorido demonstrando a identificação e mensuração dos nervos palmar lateral (A) e palmar medial (B).

As médias e desvio padrão do diâmetro dorso palmar dos nervos palmar lateral e palmar medial segundo o grupo, sexo e o membro estão apresentados na tabela 5.

Tabela 5: Médias (desvio-padrão) do diâmetro do nervo palmar lateral (NPL) e do nervo palmar medial (NPM) no canal do carpo segundo o grupo, sexo e membro.

Grupo Sexo Diâmetro NPL Diâmetro NPM

MTD MTE MTD MTE

Potro Macho 0,93(±0,15) aAα 0,97(±0,11) aAα 1,36(±0,25) aBα 1,37(±0,25) aBα Potro Fêmea 1,02(±0,19) aAα 1,04(±0,10) aAα 1,38(±0,22) aBα 1,44(±0,20) aBα Adulto jovem Macho 0,96 aAα (±0,10) 1,05 aAα (±0,20) 1,10 aAα (±0,16) 1,10 aAα (±0,19) Adulto jovem Fêmea 1,02 aAα (±0,09) 1,03 aAα (±0,13) 1,23 aABα (±0,13) 1,27 bABα (±0,19) Adulto Macho 1,06(±0,22) aAα 1,09(±0,16) aAα 1,28(±0,27) aABα 1,27(±0,14) aABα Adulto Fêmea 0,99(±0,16) aAα 0,99(±0,14) aAα 1,14(±0,12) aAα 1,18(±0,12) aAα

As médias do diâmetro do nervo palmar medial foram maiores do que as médias do diâmetro do nervo palmar lateral. Para o nervo palmar lateral não ocorreram diferenças estatísticas significantes entre os grupos, sexo e os membros.

Para o nervo palmar medial foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos. Dentre as fêmeas, as adultas apresentaram menor diâmetro em relação as adultas jovens, que apresentaram menor diâmetro em relação as potras. Com os machos, também ocorreu diferença estatística entre os grupos, com maior diâmetro dos potros, seguidos dos adultos e posteriormente, dos adultos jovens.

5.1.6. Artéria radial e artéria palmar medial

O diâmetro da artéria radial e do ramo palmar medial da artéria mediana segundo o grupo, sexo e membros estão descritos na Tabela 6 e 7.

A artéria radial possui menor calibre do que o ramo palmar medial da artéria mediana se localiza mais superficial em relação à mesma, tanto no corte longitudinal quanto no transversal (FIGURA 22).

Figura 22: Exame ultrassonográfico das artérias radial e palmar medial dentro do canal do carpo. A: corte longitudinal do exame ultrassonográfico modo Doppler com a caixa da amostra no ramo palmar medial da artéria mediana. B: Corte transversal do exame ultrassonográfico em modo B do canal do carpo identificando as artérias radial e palmar medial.

No corte transversal foi possível localizar facilmente o ramo palmar medial da artéria mediana localizado medialmente ao TFDP e TFDS.

Não foram observadas diferenças estatísticas significantes para o diâmetro da artéria radial entre machos e fêmeas dentro do mesmo grupo de faixa etária, assim como para o ramo palmar da artéria mediana. No entanto, no membro esquerdo, ambas as artérias apresentaram valores estatisticamente diferentes entre os grupos.

Documentos relacionados