• Nenhum resultado encontrado

7.8 EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO DAS TABELAS DE ADUBAÇÃO

Um exemplo de utilização das tabelas de adubação e a recomendação de calcá- rio para cinco glebas (ou cinco lavouras) é detalhado, a seguir, com os resultados de análise apresentados na Tabela 7.3.

Na Tabela 7.4 é dada a interpretação dos resultados da análise de solo das cinco glebas.

7.8.1-

Interpretação de valores de pH do solo e necessidade de calagem

A interpretação dos resultados independe do sistema de cultivo; contudo, a uti- lização dessa interpretação é feita conforme a cultura e o sistema de cultivo. Por exem- plo, no sistema plantio direto, um dos critérios para a recomendação de calagem é o

valor do pH. Quando este for menor que 5,5, interpretado, portanto, como "Baixo" na Tabela 7.4, a calagem é necessária tanto para cultivos no sistema plantio direto como no sistema de preparo convencional. Quando a interpretação for "Médio", somente é necessária a calagem em solos no sistema de preparo convencional e para valores de pH até 5,9. Em solos com valores de pH de 6,0 ou maiores, a adição de calcário não é recomendada1.

Sistema plantio direto

Neste sistema de plantio, definido como "consolidado" quando possuir mais de 5 anos de uso contínuo, os critérios para determinar a necessidade de calagem são o pH em água e a porcentagem da saturação da CTCpH 7,0por bases. Quando necessário,

utiliza-se também a porcentagem de saturação da CTCefetivapor alumínio e o teor de P

Gleba Teor de argila pHágua Índice SMP P K M.O. Ca Mg Al % - - mg/dm3- - % - - - cmolc/dm3- - - - - 1 65 5,4 5,9 2,0 65 4,0 5,7 3,4 0,2 2 63 5,4 5,8 14,5 185 3,8 6,5 3,8 0,2 3 45 5,1 5,9 6,2 50 2,9 2,1 1,4 1,0 4 12 5,8 6,9 12,5 25 1,9 2,0 1,1 0 5 35 6,1 6,5 20,5 75 3,5 4,1 2,6 0

Fósforo e potássio determinados pelo método Mehlich-1.

Tabela 7.3. Resultados da análise de solo de cinco glebas de uma lavoura

Gleba CTCpH 7,0 CTCefetiva Sat CTCpH 7,0 por bases Sat CTCefetiva por Al - - - cmolc/dm3- - - % - - - - 1 14,2 9,5 65 2 2 16,2 11,0 66 2 3 8,5 4,6 43 22 4 4,7 3,2 67 0 5 9,3 6,9 74 0 Tabela 7.3. Continuação

1Com exceção das culturas da alfafa, aspargo e piretro, para as quais a calagem é recomendada

do solo, sendo esses critérios complementares ao pH e à porcentagem da saturação da

CTCpH 7,0por bases.

Assim, pelo exemplo da Tabela 7.4, recomenda-se calagem no sistema plantio direto, apenas para as glebas 1 e 3. Na gleba 1, recomenda-se calagem pelo critério do pH (<5,5), mas não se recomendaria pelo critério da saturação por bases (=65%). Nesse caso, como os dois critérios não são concordantes, é necessária a utilização dos critérios complementares: saturação da CTCefetivapor alumínio e teor de P no solo. Para

que não seja recomendada a calagem, a saturação da CTCefetiva por Al deve ser menor

do que 10% e a faixa de teor de P no solo igual a "Muito alto". Para a gleba 1, o teor de P é "Muito baixo", sendo, portanto, recomendada a calagem para esta gleba no sis- tema plantio direto.

Na gleba 3, os dois critérios principais, pH (5,1) e saturação da CTC por bases (43%) indicam a necessidade de calagem, não sendo necessário utilizar os critérios complementares.

Na gleba 2, é indicada a necessidade de calagem pelo critério do pH em água (<5,5), mas não é pelo critério da saturação por bases (>65%); a saturação por Al é menor do que 10%, e o teor de P é "Muito alto". Nesse caso, a calagem não é recomen- dada no sistema plantio direto.

Para as demais glebas (4 e 5), não será necessário aplicar calcário, pois os valo- res dos dois critérios principais (pH e saturação de bases) estão acima do mínimo exigido.

Gleba

Interpretação dos resultados Classe

textural pH Teor de P Teor de K CTCpH 7,0

Sat. por

bases Sat por Al 1 1 Baixo Muito baixo Alto Médio Médio Baixo 2 1 Baixo Muito alto Muito alto Alto Médio Baixo

3 2 Baixo Médio Médio Médio Baixo Médio

4 4 Médio Baixo Baixo Baixo Médio Muito baixo

5 3 Alto Alto Alto Médio Médio Muito baixo

Tabela 7.4. Interpretação dos resultados das análises de solo das 5 glebas apresentadas

Sistema de preparo convencional

No sistema de preparo convencional ou para culturas em que é recomendado elevar o pH do solo a 6,0, os resultados da Tabela 7.3 e a sua interpretação na Tabela 7.4 indicam a necessidade de calagem para as glebas 1, 2, 3 e 4. Já para a gleba 5 não se recomenda calagem, pois o pH é superior a 6,0.

7.8.2 - Interpretação dos teores de P e de K no solo

As quantidades de fósforo (P2O5) e de potássio (K2O) recomendadas dependem

do teor no solo, da cultura, da expectativa de rendimento e da disponibilidade de recursos financeiros para investimento. Para o caso de potássio, deve ser também con- siderada a CTCpH 7,0(Tabela 5.5). Para a faixa de teor "Muito alto", as recomendações

de P e de K variam de zero até o valor indicado de manutenção. Para a faixa de teor "Alto", a quantidade indicada é a adubação de manutenção2. Para as faixas de teores "Muito baixo"," Baixo" e "Médio", há duas alternativas. Na primeira, aplica-se todo o fertilizante no primeiro cultivo (adubação corretiva total) mais a manutenção da

Tabela 7.5. Quantidades a aplicar de fósforo e de potássio pela adubação de correção total

para as cinco glebas apresentadas na Tabela 7.3, mais as quantidades de adubação de manutenção para as culturas de trigo e de soja com expectativa de rendimento de 2 tonela- das de grãos por hectare para ambas as culturas

Glebas

Adubação corretiva total Adubação de manutenção

Trigo Soja P2O5 K2O P2O5 K2O P2O5 K2O - - - - kg/ha - - - kg/ha - - - - 1 120 0 30 20 30 45 2 0 0 0 0 £ 30 £ 45 3 30 30 30 20 30 45 4 60 60 30 20 30 45 5 0 0 30 20 30 45

(1)A dose efetivamente aplicada depende de vários fatores e pode variar na amplitude dos valores

estabelecidos na tabela.

Para a expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela, por tonelada adicional de grãos:

trigo = 15 kg de P2O5e 10 kg de K2O;

soja = 15 kg de P2O5e 25 de K2O.

cultura; e na segunda, aplica-se a quantidade referente à correção em dois cultivos sucessivos acrescida da manutenção de cada cultura. A escolha de uma ou de outra depende essencialmente dos recursos financeiros disponíveis.

No caso da opção pela adubação corretiva total e adubação de manutenção nas cinco glebas do exemplo dado na Tabela 7.3, as quantidades de fertilizantes para as culturas de trigo e de soja são indicadas na Tabela 7.5.

No exemplo dado, foram escolhidas as culturas de trigo e de soja. No entanto o princípio é válido para qualquer seqüência de culturas. Após a correção, os teores de P e de K deverão estar próximos ao teor crítico, e torna-se suficiente a adição somente da adubação de manutenção (perdas eventuais mais exportação) para cada cultura. Após cada dois ou três cultivos, recomenda-se reamostrar o solo para monitorar os teores de P e de K, assim como os outros indicadores de fertilidade.

Quando for adotada a alternativa de correção gradual da fertilidade da lavoura, as doses de P e de K da correção total são divididas em dois cultivos. Os valores apre- sentados na Tabela 7.6 foram obtidos pela interpretação dos resultados de análise e utilização das tabelas (p. 146 e 151) das respectivas culturas.

Tabela 7.6. Recomendações de adubação corretiva gradual para uma seqüência de dois

cultivos com expectativa de rendimento de 2 toneladas de grãos por hectare (para ambas as culturas) nas cinco glebas da Tabela 7.3

Glebas(1) Trigo no 1º cultivo Soja no 2º cultivo N(2) P 2O5 K2O N P2O5 K2O - - - kg/ha - - - kg/ha - - - - 1 40 - 60 110 20 0 70 45 2 40 - 60 0 0 0 £ 30 £ 45 3 40 - 60 60 50 0 30 45 4 60 - 80 70 60 0 50 65 5 40 - 60 30 20 0 30 45 (1)

Após o segundo cultivo, deve ser coletada outra amostra de solo para análise e recomendação de adubação para as culturas subseqüentes.

(2)

A dose de nitrogênio é função do teor de matéria orgânica e da cultura precedente.

Para a expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela, por tone- lada adicional de grãos:

trigo = 20 a 30 kg de N, 15 kg de P2O5e 10 kg de K2O;

No exemplo dado, as produtividades são relativamente baixas, mas foram utili- zadas por serem os rendimentos referência do sistema, ou seja, são os rendimentos mínimos esperados com a adoção do sistema de recomendação. No entanto, sempre que a expectativa de rendimento for maior do que a indicada, deve-se adicionar as quantidades de N, de P2O5e de K2O que constam nas notas de rodapé das tabelas das

culturas e na Tabela 7.2 (p. 78).

7.9 - ALTERNATIVAS PARA AS RECOMENDAÇÕES DE FÓSFORO E