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Em geral, os adubos minerais são sais inorgânicos de diferentes solubilidades. A eficiência agronômica depende da sua solubilidade e das reações químicas com o solo. Os fertilizantes nitrogenados são totalmente solúveis no solo, podendo uma parte ser lixiviada. Os fertilizantes potássicos são também solúveis, porém as perdas por lixi- viação são menores do que as dos nitrogenados, pois o íon K+ é retido nos sítios de troca, e a água de percolação retira apenas a fração presente na solução do solo. A solubilidade dos fertilizantes fosfatados no solo é bastante variável, em função do tipo de fosfato e do tratamento térmico ou químico da rocha fosfatada.

A escolha de fertilizantes adequados constitui aspecto muito importante na administração de uma propriedade agrícola. A opção por produtos menos eficientes pode aumentar o custo de produção ou determinar o insucesso da lavoura.

De acordo com a legislação vigente (Brasil, 2004b), os fertilizantes podem ser classificados, quanto à sua natureza, em minerais e orgânicos. A composição em nutrientes, o preço por unidade de nutriente e a eficiência agronômica dessas fontes variam amplamente. Os teores mínimos que os principais fertilizantes devem apresen- tar constam nas Tabelas 8.4 e 8.6.

No Anexo 2, são apresentadas algumas informações referentes à legislação brasileira de fertilizantes e à compatibilidade entre componentes de misturas de fertilizantes.

8.2.1 - Fertilizantes nitrogenados

As principais fontes são a uréia, o nitrato de amônio e o sulfato de amônio (Tabela 8.4). Como o efeito da unidade de N dessas fontes é equivalente em termos de rendimento das culturas, deve ser escolhido o fertilizante de menor custo por kg do elemento posto na propriedade e compatível com a utilização desejada (Anexo 2).

8.2.2 - Fertilizantes fosfatados

Os fertilizantes fosfatados apresentam ampla diversidade quanto à origem, às características físico-químicas e à solubilidade, destacando-se os fosfatos naturais, os termofosfatos e os fosfatos acidulados (solúveis). As informações mais importantes

Tabela 8.4. Teores mínimos de nutrientes dos principais fertilizantes nitrogenados, fosfa-

tados e potássicos

Fertilizantes Garantia mínima Observações

Nitrogenados Uréia 44% de N Sulfato de amônio 20% de N 22 a 24% de S Nitrato de amônio 32% de N Nitrato de cálcio 14% de N 18 a 19% de Ca Fosfatados

Superfosfato simples 18% de P2O5em CNA+água(1) 18 a 20% de Ca e 16% de P2O5em água(2) 10 a 12% de S Superfosfato triplo 41% de P2O5 em CNA+água 12 a 14% de Ca

37% de P2O5em água Fosfato monoamônico

(MAP)

48% de P2O5em CNA+água 9% de N 44% de P2O5em água

Fosfato diamônico (DAP) 45% de P2O5em CNA+água 16% de N 38% de P2O5em água

Fosfato natural 20% de P2O5total(3) 25 a 27% de Ca, parcialmente acidulado 9% de P2O5 em CNA+água 0 a 6% de S e

5% de P2O5em água 0 a 2% de Mg Termofosfato magnesiano 17% de P2O5total 7% de Mg e

14% de P2O5em ácido cítrico(4) 18 a 20% de Ca Fosfato natural 24% de P2O5total 23 a 27% de Ca

4% de P2O5em ácido cítrico

Fosfato natural reativo(5) 28% de P2O5total (farelado) 30 a 34% de Ca 9% de P2O5em ácido cítrico

Escória Thomas 12% de P em ácido cítrico 20 0 29 de Ca e0,4 a 3% de Mg

Farinha de ossos 20% de P2O5total 16% em ácido 1,5% de N £ 15% umidade e £ 6% de matéria orgânica Potássicos

Cloreto de potássio 58% de K2O em água 45 a 48% de Cl Sulfato de potássio 48% de K2O em água 15 a 17% de S Fonte: Brasil (1983a, 1983b).

(1)

Soma da solubilidade em citrato neutro de amônio (CNA) e em água.

(2)Solubilidade em água. (3)

Solúvel em ácidos fortes concentrados.

(4)Ácido cítrico a 2%, na relação fertilizante:solução de 1:100. (5)

sobre os principais fosfatos são apresentadas na Tabela 8.4, e as complementares, incluindo alguns fosfatos menos utilizados (escórias, farinha de ossos, etc.), no Anexo 2.

Fosfatos naturais e termofosfatos

Os fosfatos naturais são produtos que podem ser utilizados como fertilizantes após tratamentos físicos, como moagem, separação mecânica, flotação, etc. O fósforo em todas as rochas fosfatadas, ígneas e sedimentares, está presente na forma de fos- fato tricálcico [Ca3(PO4)2], sendo muito insolúvel.

Em geral, os fosfatos provenientes de rochas ígneas apresentam elevado grau de cristalinidade, sendo muito pouco solúveis. Alguns fosfatos naturais brasileiros (Araxá, Anitápolis, Jacupiranga, Catalão, etc.) enquadram-se nesta categoria, apre- sentando baixos valores de índice de eficiência agronômica (< 50% em culturas anuais) em relação ao superfosfato triplo, utilizado como fonte padrão (Goedert & Lobato, 1984). O uso desses fosfatos não é, portanto, recomendado para culturas anuais.

Os fosfatos naturais denominados "reativos" são provenientes de depósitos recentes de origem sedimentar e de natureza não-cristalina. Sua solubilidade é, por- tanto, maior do que a dos fosfatos naturais de natureza cristalina, aumentando com a redução do diâmetro de partículas. Atualmente são comercializados na forma farelada (partículas menores que 4,8 mm de diâmetro – Anexo 2), não devendo ser empregados para o preparo de formulações granuladas.

Desaconselha-se o uso de fosfatos naturais, que são muito pouco solúveis em água na forma granulada, pois os dados de pesquisa nos Estados do RS e de SC indi- cam que a granulação desses fosfatos diminui muito sua eficiência agronômica nos primeiros cultivos.

Os termofosfatos são obtidos pelo tratamento térmico de fosfatos naturais com adição de compostos magnesianos e silícicos. São praticamente insolúveis em água, mas apresentam alto índice de eficiência agronômica quando aplicados ao solo na forma de pó.

Fosfatos solúveis e parcialmente acidulados

Os fosfatos solúveis são obtidos pela reação de rocha fosfática com os ácidos sulfúrico (superfosfato simples) e fosfórico (superfosfato triplo) ou pela amoniação do ácido fosfórico [fosfato monoamônico (MAP) e fosfato diamônico (DAP)]. São solúveis em solução de citrato neutro de amônio + água e indicados para a granulação e para o preparo de formulações granuladas.

Os fosfatos parcialmente acidulados são provenientes da reação parcial de rocha fosfática com ácidos fortes. Resultados de pesquisa indicam que a eficiência agronômica desses fosfatos é proporcional à fração solubilizada pela reação com o ácido.

Caracterização química de adubos fosfatados

Conforme a legislação, este grupo de fertilizantes deve apresentar na embala- gem os valores das seguintes características (Brasil, 1982; 1983a; 1983b):

a. fosfatos acidulados (superfosfato simples, superfosfato triplo, fosfato

monoamônico, fosfato diamônico e parcialmente acidulados) e misturas que os contenham:

- teor solúvel em citrato neutro de amônio mais água;

- teor solúvel em água, somente para fosfatos acidulados e parcialmente acidu- lados, quando comercializados isoladamente;

- teor total, somente para os parcialmente acidulados, quando comercializados isoladamente;

b. fosfatos naturais, termofosfatos, escórias de desfosforização e farinha de ossos, quando comercializados isoladamente:

- teor total e teor solúvel em ácido cítrico a 2% (relação 1:100).

c. misturas que contenham fosfato natural, termofosfato, escórias de desfos-

forização e farinha de ossos:

- teor solúvel em água e em ácido cítrico a 2% (relação 1:100).

A escolha dos fertilizantes fosfatados deve ser baseada no custo efetivo da uni- dade de P2O5solúvel nas seguintes soluções:

- citrato neutro de amônio mais água, para o superfosfato simples, superfos- fato triplo, fosfato monoamônico, fosfato diamônico e fosfatos parcialmente acidulados;

- ácido cítrico a 2% (relação 1:100) para os termofosfatos, escórias de desfos- forização, farinha de ossos e fosfatos naturais nacionais;

- no caso dos fosfatos naturais reativos, pode ser considerado o teor de P2O5

total, pois o efeito acumulativo, obtido em três ou mais cultivos, é semelhante aos fos- fatos acidulados.

Alguns fertilizantes fosfatados, além do seu efeito como fonte de fósforo às plantas, apresentam efeitos complementares. Os termofosfatos em geral, incluindo as

escórias, apresentam efeitos de correção da acidez do solo, dependendo da quanti- dade usada, do nível da acidez do solo e do cultivo utilizado. Os fertilizantes acidulados com ácido sulfúrico, tais como o superfosfato simples e os fosfatos parcialmente acidu- lados, apresentam enxofre na sua composição, o que poderá ser uma característica desejável em solos deficientes neste elemento. Há também produtos que apresentam micronutrientes em sua composição, geralmente em pequenas concentrações. Essas características, quando desejáveis, devem ser levadas em conta e incluídas no custo do produto. A Tabela 8.5 apresenta as concentrações médias de micronutrientes geral- mente encontradas no calcário, no gesso e em alguns adubos fosfatados.

Os fertilizantes fosfatados, incluindo os fosfatos naturais, a exemplo de outros materiais de origem mineral, como os calcários, contêm concentrações variáveis de metais pesados (Conceição & Bonotto, 2003). Entretanto a contribuição desses ele- mentos para o teor total no solo é relativamente pequena, podendo ser desconside- rada como contaminação do solo, quando usadas as doses de fertilizantes normalmente recomendadas.

8.2.3 - Fertilizantes potássicos

As principais fontes de potássio disponíveis no mercado são o cloreto de potás- sio e o sulfato de potássio, cujas principais características são apresentadas na Tabela 8.4. Deve-se dar preferência à fonte de K que apresente o menor custo por unidade de

Elemento Calcário Gesso DAP MAP SFS SFT TermoP - - - g/t - - - - B 30 3 100 100 30 110 6 Co 25 2 11 3 4 2 Cu 26 8 7 7 20 120 44 Fe 4.599 670 6.565 38.410 Mn 334 15 235 90 155 300 2.220 Mo 1 16 11 14 3 9 7 Ni 19 2 38 24 3.300 Zn 46 9 122 78 810 374 Fonte: Malavolta (1994).

DAP= fosfato diamônico; MAP= fosfato monoamônico; SFS= superfosfato simples; SFT= superfos- fato triplo; TermoP = termofosfato.

Tabela 8.5. Conteúdo médio de micronutrientes em calcário, em gesso e em alguns fertili-

K2O posto na propriedade, caso não haja recomendação específica para a cultura.

Outras informações referentes a adubos potássicos constam no Anexo 2.

8.2.4 - Fórmulas NPK

A análise de solo, a cultura e outros critérios técnicos devem ser utilizados para indicar a fórmula do fertilizante, quando for o caso. Deve-se optar pela fórmula que apresentar o menor custo por unidade de NPK, entregue na propriedade. Nos cálculos, considerar o teor de P2O5solúvel em citrato neutro de amônio mais água ou ácido

cítrico a 2% (relação 1:100), conforme a origem do produto (Tabela 8.4).

A determinação da fórmula adequada para a adubação é feita da seguinte maneira: supondo que a recomendação de plantio seja a aplicação de 10 kg de N/ha, 120 kg de P2O5/ha e de 80 kg de K2O/ha, a proporção básica será: 1:12:8. As fórmulas

adequadas serão, portanto (múltiplos da proporção básica): 2-18-12 (667 kg/ha), 2-24-16 (500 kg/ha) ou 3-30-20 (400 kg/ha), sendo o saldo de N adicionado em cober- tura. No caso de não ser obtida a fórmula mais apropriada, deve-se fazer o ajuste para o nutriente que estiver mais deficiente no solo. Em geral, fórmulas mais concentradas apresentam menor custo de embalagem e de transporte.

8.2.5 - Macronutrientes secundários e micronutrientes

Quando comprovada a necessidade, a aplicação desses nutrientes via solo pode ser feita por fertilizantes simples (sais ou quelatos), por misturas contendo dois ou mais elementos (silicatos ou fritas) ou por fórmulas NPK acrescidas de um ou mais nutrientes. Cabe enfatizar que a utilização de calcário e adubos fosfatados também repõe pequenas quantidades de micronutrientes (Tabela 8.5).

As principais fontes de macronutrientes secundários e de micronutrientes, com as respectivas garantias mínimas, são apresentadas na Tabela 8.6 e no Anexo 2.

Muitos trabalhos de pesquisa conduzidos nos Estados do RS e de SC indicam que as deficiências de nutrientes secundários e micronutrientes são pouco prováveis. A análise do solo para esses elementos indica o grau de sua disponibilidade para as plantas (Tabela 5.7). Em caso de dúvida, aconselha-se a aplicação deles em pequenas áreas, quantificando-se cuidadosamente as diferenças de rendimento que por acaso sejam observadas.

8.2.6 - Fertilizantes foliares

Nos trabalhos de pesquisa com adubos foliares, principalmente com macronu- trientes e bioestimulantes, conduzidos até o momento por instituições de pesquisa dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, as culturas anuais, como trigo, soja,

milho, arroz, feijão, etc., não têm apresentado resposta em rendimento de grãos, não justificando a recomendação generalizada desses insumos. As quantidades totais de micronutrientes contidas nas culturas podem, em geral, ser supridas com uma única aplicação foliar, o que poderá prevenir ou corrigir alguma deficiência já detectada. Entretanto o mesmo não ocorre com os macronutrientes, absorvidos em maiores quantidades pelas plantas, portanto necessitam de várias aplicações para suprir as necessidades.

A adubação foliar poderá ser justificada nos seguintes casos: a) no suprimento de micronutrientes, nos casos de deficiência comprovada; b) em solos alcalinos, em que a disponibilidade de nutrientes, principalmente micronutrientes, não é adequada ao desenvolvimento das plantas; c) em pomares, pela maior eficiência de absorção

Tabela 8.6. Teores mínimos que as principais fontes de micronutrientes e de macronu-

trientes secundários devem apresentar

Fertilizantes(1) Elemento Garantia mínima

(%) Observações

Micronutrientes

Ácido bórico B 17

Bórax B 11

Sulfato de cobre Cu 13 16 a 18% de S

Sulfato de ferro (II) Fe 19 10 a 11% de S

Sulfato de manganês (II) Mn 26 14 a 15% de S

Molibdato de amônio Mo 54 5 a 7% de N Molibdato de sódio Mo 39 Óxido de zinco Zn 50 Sulfato de zinco Zn 20 11% de S Macronutrientes Enxofre elementar S 95

Sulfato de cálcio (gesso) Ca 16 13% de S

Cloreto de cálcio Ca 24

Sulfato de magnésio Mg 9 12 a 14% de S

Kieserita Mg 16 21 a 27% de S

Óxido de magnésio Mg 55

Fonte: Brasil (1983a,b).

(1)

Para os silicatos contendo micronutrientes (fritas), os teores mínimos são: 1% de Cu; 2% de Mn; 2% de Fe; 3% de Zn; 0,1% de Mo; 0,1% de Co e 1% de B; os produtos devem conter no mínimo dois micronutrientes. Os quelatos devem apresentar os seguintes teores mínimos: 5% de Cu; 5% de Fe; 5% de Mn ou 7% de Zn; cada quelato deve conter apenas um micronutriente. As fórmulas NPK com micronutrientes devem conter os teores expressos pelas respectivas garantias.

proporcionada pela grande área foliar por planta; e d) em hortas, devido à rapidez de resposta das plantas, facilidade de aplicação e pelo alto valor da produção.

No caso de adoção dessa prática, podem ser utilizados como fontes de micro- nutrientes e de macronutrientes secundários os produtos que constam da Tabela 8.6.

Exigências específicas de micronutrientes são apresentadas nas recomen- dações das culturas (Capítulos 10 a 14).