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D) Anexos

Anexo 1 Falas dirão a mercado se Lula á ‘louco’, afirma secretário dos EUA (p. 179) Anexo 2 Mudança e equilíbrio (p. 179-80) Anexo 3 Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional (p. 180-1) Anexo 4 O futuro te condena (p.182) Anexo 5 O mau jornalismo e a liberdade de imprensa (p. 182-3) Anexo 6 Para presidente, repercussão foi “corporativismo” (p.183-4) Anexo 7 Expulso em 70, francês se desaponta com Lula (p. 184-5) Anexo 8 Um erro (p. 185) Anexo 9 Governo cancela visto de repórter do ‘NYT’ (p. 186) Anexo 10 EUA criticam Brasil por decidir expulsar jornalista do ‘NYT’ (p. 187) Anexo 11 Chance para Lula (p. 187) Anexo 12 A privacidade do Presidente (p. 187-9) Anexo 13 Uma reação à altura (p. 189) Anexo 14 Hábito de beber do líder brasileiro torna-se preocupação nacional (p. 190-2) Anexo 15 Reação excede a carência dos fatos (p. 192-3) Anexo 16 Chamada de primeira página (p. 193) Anexo 17 Notas e informações (p. 194) Anexo 18 Planalto ‘enxerga’ retratação e perdoa jornalista (p. 194) Anexo 19 Tiro no pé (p. 195) Anexo 20 O herói Larry Rohter (p. 196) Anexo 21 Governo cancela visto do repórter americano (p. 196-7) Anexo 22 O interesse de Lula prevaleceu (p. 197-99) Anexo 23 Mídia e o monólogo dos poderes (p.199-201) Anexo 24 Faltou um despacho saneador (p. 201-2) Anexo 25 O estranho direito de ofender as pessoas (p. 202-4) Anexo 26 O começo de tudo (p. 204-6) Anexo 27 O comunicado da suspensão (p. 207)

Anexo 28 A mídia na berlinda (p. 207-8) Anexo 29 NYT X Lula (p. 208-9)

Anexo 30) NYT X Lula (p. 209) Anexo 31 Liberdade de opinião (p. 209-10)

ANEXOS

TEXTOS Folha de S. Paulo

ANEXO 1

29 de outubro de 2002

Falas dirão a mercado se Lula é 'louco', afirma secretário dos EUA

Em seu primeiro pronunciamento oficial como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a ambiguidade do discurso de campanha e tentou conciliar medidas sociais com a manutenção da austeridade econômica.

Segundo ele, seu primeiro ano de mandato terá o "selo do combate à fome". Para isso, anunciou a criação de uma Secretaria de Emergência Social, que começará a funcionar em janeiro e terá como meta o combate à miséria, com "verbas e "poderes" para a defesa dos "humilhados e ofendidos".

Mais adiante, Lula reiterou o seu compromisso com a estabilidade econômica, o cumprimento dos contratos do país e a responsabilidade para manter o superávit. Intitulado "Compromisso com a Mudança", o texto foi escrito em conjunto pelos coordenadores da campanha, comandados por José Dirceu.

Ontem, Lula falou ao telefone por 15 minutos com o presidente dos EUA, George W. Bush. Segundo o petista, a conversa foi "efusiva". Ao menos 12 líderes internacionais, como Tony Blair, do Reino Unido, ligaram para parabenizar Lula.

O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, disse que o mercado observará os primeiros discursos de Lula e que suas palavras "devem assegurar a eles que não é um louco".

ANEXO 2

29 de outubro de 2002

Mudança e equilíbrio

Findo o segundo turno das eleições para presidente da República e para governador de 14 unidades da Federação, há um saldo de equilíbrio na correlação nacional de forças políticas. A "onda" oposicionista de centro-esquerda que se notara no primeiro turno persistiu o suficiente para garantir a Luiz Inácio Lula da Silva mais de 50 milhões de votos. Mas foi bastante atenuada no âmbito estadual.

Das oito disputas que o PT travou ontem, perdeu sete, com destaque para a derrota no Rio Grande do Sul. Por outro lado, os tucanos, apesar de perdedores no plano federal, conseguiram sagrar-se vitoriosos em cinco das seis eleições estaduais que disputaram no domingo, com destaque para a manutenção do governo paulista. Outro fato do pleito de ontem foi a reemergência do PMDB em Estados importantes. Com a vitória de peemedebistas nos três Estados do Sul, o partido reforça o seu peso nacional e pode ser decisivo para dar maioria parlamentar à gestão Lula.

O PSDB, se decidir fazer oposição no plano federal, terá boas condições de reconstruir um caminho que o torne competitivo em 2006. Contando com uma base política forte (incluindo os governos de São Paulo e de Minas) e com alguns nomes que poderiam disputar a Presidência, os tucanos têm boas chances de tornar-se um forte pólo opositor e de convencer parcelas do PFL e do PMDB a seguir pelo mesmo caminho.

Os peemedebistas, por seu turno, terão de decidir entre a sua aptidão histórica por compor governos e a aposta num projeto de mais longo prazo. Vale lembrar que dois dos governadores do PMDB eleitos ontem (Roberto Requião, no Paraná, e Luiz Henrique da Silveira, em Santa Catarina) apoiaram Lula.

É muito cedo para qualquer prognóstico mais conclusivo sobre o balanço de forças políticas a partir de janeiro de 2003. Mas se pode dizer que, neste momento, há dois atores emergentes com

capacidade de atrair apoios: o PT, escudado pela força do Executivo federal, e o PSDB, em condições de traçar uma estratégia competitiva de reconquista do Planalto daqui a quatro anos.

ANEXO 3

09 de maio de 2004 (tradução)

Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional Larry Rohter

Do "New York Times", em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca escondeu sua inclinação por um copo de cerveja, uma dose de uísque ou, melhor ainda, um copinho de cachaça, o potente destilado brasileiro feito de cana- de-açúcar. Mas alguns de seus conterrâneos começam a se perguntar se sua preferência por bebidas fortes não está afetando suu performance no cargo.

Nos últimos meses, o governo esquerdista de Da Silva tem sido assaltado por uma crise depois da outra, de escândalos de corrupção ao fracasso de programas sociais cruciais.

O presidente tem ficado longe do alcance público nesses casos e tem deixado seus assessores encarregarem-se da maior parte do levantamento de peso. Essa atitude tem levantado especulação sobre se o seu aparente desengajamento e passividade podem de alguma forma estar relacionados a seu apetite por álcool. Seus apoiadores, entretanto, negam as acusações de excesso de bebida.

Apesar de líderes políticos e jornalistas falarem cada vez mais entre si sobre o consumo de bebidas de Da Silva, poucos estão dispostos a expressarem suas suspeitas em público ou oficialmente. Uma exceção é Leonel Brizola, líder do esquerdista PDT, que foi companheiro de Lula na eleição de 1998, mas agora está preocupado que o presidente esteja "destruindo os neurônios de seu cérebro".

"Quando eu fui candidato a vice-presidente de Lula, ele bebia muito", disse Brizola, agora um crítico do governo, em um discurso recente. "Eu o avisei que bebidas destiladas são perigosas. Mas ele não me escutou e, de acordo com que estão dizendo, continua a beber."

Durante uma entrevista no Rio de Janeiro em meados de abril, Brizola argumentou sobre a preocupação que ele havia expressado a Da Silva e que o que ele dissera ter sido desconsiderado. "Eu disse a ele: "Lula, eu sou seu amigo e camarada, e você precisa controlar isso'", ele lembra. "Não, não há perigo, eu tenho isso sob controle", Brizola lembra da resposta de Da Silva, imitando sua voz rouca. "Ele resistiu, ele é um resistente", Brizola continuou. "Mas ele tinha aquele problema. Se eu bebesse como ele, estaria frito."

Os porta-vozes de Da Silva recusaram-se a discutir oficialmente os hábitos de beber do presidente, afirmando que não iriam dar crédito a acusações infundadas com uma resposta oficial. Em uma breve mensagem por e-mail que respondia a um pedido de comentário, afirmaram que a especulação que Da Silva bebe em excesso como "uma mistura de preconceito, desinformação e má-fé".

Da Silva, um metalúrgico de 58 anos, mostrou ser um homem de apetites e impulsos fortes, o que contribui para seu apelo popular. Com um misto de compaixão e simpatia, os brasileiros têm assistido a seus esforços para não fumar em público, a seus flertes com atrizes em eventos públicos e à sua batalha contínua para evitar comidas gordurosas -que fizeram seu peso aumentar muito em pouco tempo desde que assumiu o cargo em janeiro de 2003.

Além de Brizola, líderes políticos e a mídia parecem preferir lidar com isso de forma mais sutil e indireta, mas com com um certo apetite. Sempre que possível, a imprensa brasileira publica fotos do presidente com os olhos avermelhados e as bochechas coradas e constantemente fazem referências tanto aos churrascos de fim de semana na residência presidencial, onde a bebida corre solta, como aos eventos oficiais onde Da Silva parece nunca estar sem um copo de bebida nas mãos.

"Eu tenho um conselho para o Lula", escreveu em março o crítico mordaz Diogo Mainardi, colunista da "Veja", a revista mais importante do país, enumerando uma lista de reportagens contendo referências ao hábito do presidente. "Pare de beber em público", ele aconselhou, acrescentando que o presidente tornou-se "o maior garoto-propaganda para a indústria da bebida" com seu notório consumo de álcool.

Uma semana depois, a mesma revista publicou uma carta de um leitor preocupado com o "alcoolismo de Lula" e seu efeito na habilidade do presidente de governar.

Apesar de alguns sites estarem reclamando de "nosso presidente alcoólico", foi a primeira vez que a grande imprensa nacional referiu-se a da Silva desta maneira.

Historicamente, os brasileiros têm razão para estarem preocupados com sinais de hábitos de abuso do álcool de seus presidentes. Jânio Quadros, eleito em 1960, foi um bebedor manifesto que um dia declarou: "Bebo porque é líquido".

Sua inesperada renúncia, menos de um mês após ter assumido -período considerado uma maratona de excessos- iniciou um período de instabilidade política que levou a um golpe de Estado, em 1964, e a 20 anos de uma rígida ditadura militar.

Independentemente se Da Silva tem um problema com bebida ou não, o tema tem se infiltrado na consciência pública e se tornado alvo de piadas.

Quando o governo gastou US$ 56 milhões no início do ano para comprar um novo avião presidencial, por exemplo, o colunista Claudio Humberto, uma espécie de Matt Drudge da política brasileira, fez um concurso para dar um apelido à aeronave. Uma das escolhas vencedoras, em alusão de que o avião presidencial americano é chamado de Força Aérea Um, sugeriu que o nome do jato de Da Silva deveria ser ""Pirassununga 51" -nome de uma marca popular de cachaça no Brasil.

Outra sugestão foi "Movido a Álcool", um trocadilho com o plano governamental de incentivar o uso de etanol em carros.

Especulação sobre os hábitos de bebida do presidente tem sido alimentada por várias gafes e passos em falso que ele tem feito em público. Como candidato, ele uma vez se referiu aos moradores de uma cidade considerada uma abrigo para os gays chamando-a de "pólo exportador de veados". Como presidente, suas escorregadas em público continuaram e se tornaram parte do folclore político brasileiros.

Numa cerimônia aqui em fevereiro para anunciar um grande investimento, por exemplo, Da Silva duas vezes se referiu ao presidente da General Motors, Richard Wagoner, como presidente da Mercedes- Benz. Em outubro, num dia em homenagem aos idosos do país, Da Silva disse a eles: "Quando vocês se aposentarem, não fiquem em caso aborrecendo sua família. Encontrem alguma coisa para fazer".

No exterior, Da Silva também tropeçou ou foi mal aconselhado. Em visita ao Oriente Médio no ano passado, ele imitou um sotaque árabe falando em português, inclusive com pronúncias erradas. Em Windhoek, na Namíbia, o presidente disse que a cidade parecia tão limpa que "não parece que está num país africano."

A equipe de Da Silva e seus simpatizantes respondem que esses escorregões são apenas ocasionais e previsíveis para alguém que gosta de falar de improviso e não tem nada a ver com seu consumo de álcool, que eles descrevem como sempre moderado. Para eles, Da Silva é visto de um padrão diferente -e injusto- com relação a seus antecessores porque ele é o primeiro presidente brasileiro vindo da classe trabalhadora e estudou apenas até a quinta série."Qualquer um que já tenha estado em recepções formais ou informais em Brasília testemunhou presidentes bebericando uma dose de uísque", escreveu recentemente o colunista Ali Kamel, no diário carioca "O Globo". ""Mas sobre o fato nada se leu a respeito dos outros presidentes, somente de Lula. Isso cheira a preconceito."

Da Silva nasceu em uma família pobre, num dos Estados mais pobres do país e passou anos liderando sindicatos de trabalhadores, um ambiente famoso pelo alto consumo de álcool. Relatos da imprensa brasileira têm repetidamente descrito o pai do presidente, Aristides -o qual ele pouco conheceu e morreu em 1978- como um alcólatra que maltratava suas crianças.

Histórias sobre episódios de beber envolvendo Da Silva são abundantes. Depois de uma noite na cidade onde ele fora membro do Congresso, no final dos anos 1980, Da Silva saiu do elevador no andar errado do prédio onde morava na época e tentou arrombar a porta de um apartamento que ele imaginava ser o seu, de acordo com políticos e jornalistas aqui, incluindo alguns que moravam no mesmo edifício.

"Sob Lula, a caipirinha virou ‘bebida nacional’ por decreto presidencial", escreveu o diário Folha de S. Paulo no mês passado, em artigo sobre a associação de Da Silva com álcool e em alusão a um coquetel feito com cachaça.

ANEXO 4

14 de maio de 2004 Clóvis Rossi

O futuro te condena?

PARIS - O leitor Francisco Bueno joga para o futuro o desgraçado episódio Lula x "The New York Times" ao escrever: "Temo que algum dia possa ocorrer algum acontecimento em que as pessoas digam: "Está vendo? Acho que aquele caso tinha um fundo de verdade...".

"Aí pode ser a desmoralização total", completa ele.

De fato, qualquer acontecimento doravante pode servir para tentativas de desqualificação do presidente, como vítima do álcool. Digamos que o Congresso melhore o reajuste do salário mínimo e que Lula decida vetar o novo valor, tal como prometeu. Os prejudicados dirão: "Bebeu".

É só um exemplo para mostrar o beco sem saída em que o governo se meteu ao dar caráter de grave questão de Estado ao que era uma bobagem, lamentável, mas bobagem.

Sempre se poderá dizer que quem começou tudo foi uma especulação jornalística irresponsável. É verdade, mas é preciso dar dimensão a essa verdade: a especulação caminhava para a relativa irrelevância, a ser eventualmente sacada do coldre pela oposição, quando o governo resolveu retirar o visto do jornalista, amplificando de maneira extraordinária o alcance do texto.

Uma providência cretina, de qualquer ângulo que se olhe. Um deles: textos semelhantes podem ser produzidos de Buenos Aires ou de Miami ou de qualquer outro lugar do mundo se não têm parentesco com a realidade. Expulsar do país todos os jornalistas, nacionais ou estrangeiros, não impediria a repetição do episódio portanto.

Quem foi que tomou uma decisão tão estapafúrdia? Se foi o presidente quem decidiu pela expulsão do jornalista, nada há a fazer. É irremovível até as eleições de 2006. Ele próprio e, com ele, o país pagarão o preço da desmoralização temida pelo leitor.

Se foi alguém do círculo íntimo de Lula, é rezar para que peça demissão, porque visivelmente não serve nem para passar pela calçada de um palácio de governo. Vale idêntico raciocínio para todos os que não se opuseram. Que horror.

ANEXO 5

16 de maio de 2004

O mau jornalismo e a liberdade de imprensa Marcelo Beraba (Ombudsman)

A reportagem "Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional", do jornalista Larry Rohter, correspondente do "New York Times" no Brasil, foi o assunto da semana. Disponível no sábado, 8, no site do jornal americano e publicada no domingo, ela gerou imediata reação do governo brasileiro, que a considerou uma manifestação de "calúnia, difamação e preconceito". Na terça-feira, Rohter teve seu visto de permanência no Brasil cancelado. A discussão, que no início da semana estava centrada no aspecto jornalístico do texto, virou um grande debate sobre liberdade de expressão. Na sexta, o jornalista enviou carta ao governo que foi entendida como uma retratação, e o caso parece encerrado. Antes de analisar o comportamento da Folha no episódio, vou dar a minha opinião sobre alguns aspectos.

1 - O assunto era pertinente? Um jornalista deve se preocupar com os hábitos ou se interessar pela vida privada de um homem público? Acredito que sim. Como escreveu a advogada Taís Gasparian quinta-feira nesta Folha, "como homem público, sua esfera de privacidade é reduzida, pois seus atos importam à nação".

2 - A reportagem do "NYT" foi bem-feita? Não. Sob o ponto de vista, jornalístico ela é malfeita. É uma colagem de opiniões (o que chamamos no jargão jornalístico, pejorativamente, de recortagem), não há informações novas, as fontes citadas não são corretamente identificadas para que o leitor possa julgar o peso de suas opiniões ou informações e não há o relato de nenhum fato que dê consistência às duas afirmações mais relevantes do texto: a de que o hábito de beber possa estar afetando a performance de Lula no cargo e a de que esse hábito tenha virado uma preocupação nacional.

3 - Foi correta a reação do governo brasileiro à publicação da reportagem? Acho que não. Desde o início, sua resposta foi desproporcional e ajudou a inchar um caso que não tinha tido repercussão na imprensa internacional e que, internamente, tinha atraído o repúdio até da oposição. A decisão de cassar o visto de Rohter foi um erro. Não sob o ponto de vista da imagem do governo, porque esse é um problema do governo, mas sob o ponto de vista da democracia e de suas liberdades. O presidente (não a nação) se sentiu ofendido em sua honra e deveria procurar reparação na Justiça.

4 - A reação da imprensa contra a expulsão foi corporativa? Não acho. É um erro considerar as liberdades de expressão e de imprensa privilégios dos jornalistas. São conquistas democráticas, no nosso caso obtidas com muitas dificuldades, que garantem o mínimo de fiscalização sobre governos cada vez mais fortes e sem controle.

E a Folha?

A Folha, como sói, teve bons e maus momentos na cobertura.

1 - O jornal foi surpreendentemente ágil ao dar destaque à reportagem do "NYT" e às primeiras reações do governo, já no domingo. Explico a surpresa: a Folha, em várias ocasiões, não se saiu bem na cobertura de fatos que ocorrem no fim de semana. Às vezes, ela só entra no caso na edição de terça.

2 - Na edição de domingo, 9, foi o único jornal que publicou a íntegra da tradução da reportagem. Seus leitores puderam, portanto, julgar com melhores condições a qualidade do texto e se posicionar. 3 - O noticiário de todos os grandes jornais foi mais ou menos parecido, com pequenas diferenças. 4 - Na edição de quarta, 12, o jornal não deu manchete para o principal assunto da véspera, a expulsão do correspondente do "NYT". Preferiu destacar mais a promessa do ministro Palocci de estudar a possibilidade de algum dia fazer alguma alteração na tabela do Imposto de Renda. 5 - A grande edição da Folha foi a de quinta-feira, 13, e por conta das colunas e artigos que publicou. Embora quase todos fossem desfavoráveis à decisão do governo, teve o mérito de reservar seu espaço mais nobre da seção "Tendências/Debates", na página A3, para a defesa da medida feita pelo porta-voz da Presidência, André Singer.

6 -Se foi ágil no deslanche do caso, no domingo, a Folha demorou a expressar para os seus leitores o que achava da reportagem do "NYT" e da repercussão nacional. Seu concorrente, "O Estado de S. Paulo", já na terça-feira publicava seu primeiro editorial sobre o assunto. "O Planalto reagiu "com o fígado'", uma crítica à reação do governo antes da decisão da expulsão. A credencial do jornalista foi cassada na terça e somente na quinta a Folha publicou o editorial "Um erro".

7 - Grandes casos como esse provocam a participação dos leitores, e é importante que os jornais abram espaços para as manifestações. A Folha publicou, de segunda a sexta, 21 cartas de leitores, sendo que 11 contra a reação e a decisão do governo Lula e dez a favor, um resultado bem equilibrado e bem diferente dos dois outros grandes jornais concorrentes. O "Estado" publicou 34 cartas ao longo da semana, sendo 27 contra o governo, cinco a favor e duas que podem ser classificadas de neutras. E "O Globo" publicou 29 cartas no mesmo período, sendo 18 contra o governo, oito favoráveis, uma resposta oficial e duas neutras. A Folha deveria estudar a possibilidade de, em casos polêmicos como esse, abrir mais espaço para as opiniões dos leitores.

ANEXO 6

14 de maio de 2004

Para presidente, repercussão foi "corporativismo"