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CAPÍTULO 4: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS DOCENTES DO IMEC

4.8 Exerce outra actividade laboral além do IMEC

O docente vivencia mudanças sociais tanto, no sistema de ensino quanto no crescimento notável da economia angolana e também imigração massiva de estrangeiros de varias origens mas sobretudo de chineses brasileiros portugueses na construção civil e serviços; cubanos, nos sectores de educação e saúde, para resolver a escassez de técnicos no país, o professor angolano e outros sectores da economia sociedade assistem a valorização do capital humano estrangeiro.

Assim, diferenças nas tabelas salariais entre os técnicos nacionais e estrangeiros e em condições de trabalho diferenciadas entre si. A construção urgente de instituições escolares em todos os níveis e de certa forma como politicas públicas de emancipação do angolano através de educação e por um lado e por outro a importação de técnicos estrangeiros para administrar aulas nestas instituições devido ao escassez quadros angolanos e em condições de trabalho e de remuneração diferenciados conforme já nos referimos e torna-se no mínimo intrigante.

Entretanto os baixos salários obrigam os professores da função pública procura outras formas aumentar a renda e consequentemente dar mais aulas semanais em várias escolas, mais carga horária Esta situação acarreta grande quantidade de actividades no período e, consequentemente, diminuição do tempo disponível para a preparação de aulas, actualização, discussões matérias com outros professores, o planeamento, convivência com a família e com o lazer etc. O cansaço resultante da sobrecarga leva também o uso frequente de aulas expositivas ou, ainda pior, as aulas de estudo dirigido, em que os alunos lêem o livro e resolvem exercícios que exigem apenas conhecimento ou transcrição literal dos trechos do livro de texto. É comum constatar que, como resultado do excesso de trabalho muitos professores não usam sequer o quadro preto, limitando- se a, sentados ditar a matéria para os alunos. A estafa também determina que o tempo das aulas seja subutilizado, desperdiçado muito dele para fazer a chamada, passar de uma classe para a outra, conversar sobre assuntos não relativos à matéria.

indivíduo, os regulamentos internos, etc." Chiavenato (1994, p. 510). Hersberg defende que estes factores apenas evitam a insatisfação nos empregados, não conseguindo elevar a satisfação, e quando conseguem, não são sustentáveis por muito tempo. Factores motivacionais: Segundo Chiavenato (1994), estes factores estão sob controlo do indivíduo e englobam os sentimentos de auto-realização, de crescimento individual e de reconhecimento profissional. A satisfação no cargo é função do conteúdo ou das actividades desafiadoras e estimulantes do cargo. " 0 oposto da satisfação não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional, e, da mesma maneira, o oposto da insatisfação seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação." CHIAVENATO (1994, p. 511)

Gráfico 14 - Quantidade de docentes do IMEC em relação ao exercício de outra actividade remunerada.

Fonte: pesquisa realizada com os sujeitos.

Muitos docentes trabalham pela na escola pública ―IMEC‖ e outros períodos colaboração em instituições privadas e vice-versa. O professor(a) é trabalhador(a) assalariado(a), na escola pública, cabendo ressaltar que, de forma geral, na primeira, os salários são bons em relação a períodos anteriores ou antes da assinatura dos acordos de paz de Luena 2002.

A província de Cabinda, com característica de Cabinda é a separação geográfica do território da Província face ao restante território nacional. Com efeito, a descontinuidade territorial de Cabinda é um facto incontornável, sobretudo pelas consequências sociais, económicas e até culturais que impõe, não só à escala local, como também à escala nacional e regional. Assim, evidente que a descontinuidade geográfica, tradicionalmente associada a efeitos sociais e económicos negativos, assume aqui um outro significado: pode ser entendida como factor propiciador de interacções internacionais de natureza económica. Torna-se um mercado de consumo mas elevado da região, exigindo dos trabalhadores multiplicarem esforços, trabalhando em mais uma emprego. Como observamos que 42,6% dos professores colaboram em outras instituições escolares privados e empresas não escolares. No IMEC existe 48,7% docentes que não exercem outra actividade, o que indica que o salário pago pela instituição ainda dá para sobreviver e 8,5% não responderam. Conforme o gráfico 14.

As constantes perdas salariais fizeram com que os (as) professores (as) buscassem saídas – uma delas tem sido a ampliação da jornada de trabalho em outras instituições. Num primeiro

momento, para conseguir um equilíbrio económico e, actualmente, para sobreviver. Essa ampliação chega, em muitos casos, a fazer com que alguns professores (as) trabalhem em três períodos durante o dia, durante toda a semana. Acrescenta-se ainda no cotidiano do professor (a) a jornada doméstica. Numa sociedade patriarcal e machista como a nossa, a mulher, além do seu trabalho profissional fora de casa, assume ainda e, muitas vezes sozinha, todos os afazeres/responsabilidades domésticos.

Com relação à carga horária, mais de 60% dos docentes tem entre vinte cinco a quarenta horas semanais dentro da instituição e oitenta horas em outras escolas, e horas actividades que levam para casa. Nas horas de actividades acompanhamos alguns professores e muitos deles utilizavam o intervalo para se desligar do ambiente escolar, aproveitando o pouquíssimo tempo para relaxar. Outros, talvez pela presença do pesquisador, contaram suas experiências docentes, suas frustrações.

Muitos professores relataram que continuam trabalhando, a despeito dos baixos salários, porque se prepararam para a profissão, gostam do que fazem, trabalham há alguns anos, e não têm outra perspectiva de trabalho. É o que sabem e gostam de fazer, declaram.

No que toca às condições de trabalho do professor do ensino técnico profissional público, observamos que nas duas últimas décadas, principalmente, o trabalho docente tem passado por um processo crescente de precarização. Essa situação fundamenta-se fortemente no aumento ínfimo do quadro de professores na educação no ensino médio, quando comparada com outra redes de ensino público como as dos países da América do Sul e até mesmo da África do Sul. Não é difícil perceber que esse dado gera uma sobrecarga de trabalho para os professores que trabalham nas instituições públicas de ensino técnico profissional, afectando negativamente as condições de trabalho docente, salário baixo e desvalorização do profissional provocando, assim, os casais de professores abandonar os filhos ir trabalhar dois ou mais períodos para complementar a renda familiar.