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CAPITULO 5 COM A PALAVRA OS DOCENTES DO IMEC

5.6 Relação Professor Aluno

De acordo com Aquino (1996, p. 34), a relação professor-aluno é muito importante, a ponto de estabelecer posicionamentos pessoais em relação à metodologia, à avaliação e aos conteúdos. Se a relação entre ambos for positiva, a probabilidade de um maior aprendizado aumenta.

A força da relação professor-aluno é significativa e acaba produzindo resultados variados nos indivíduos. Assim, questionados a respeito:

(…) Sou docente participo nas minhas actividades planeadas na escola e das actividades da família (...) o senhor sabe que aqui os homens na maioria são chefes de família participamos como encarregados de educação e nas sentadas familiares e meu caso dedicação com a religião e na escola além de sermos docentes também somos responsáveis por estes jovens e por que não guiá- los. temos esse dever (…) podemos transmitir aquilo que nos ensinaram e tenho feito (…) tal igual no nkoto di kanda – sentada familiar aconselhando-os usando provérbios (Prof. Kebadiela, Setembro de 2013)

Em um mundo marcado pela pluralidade, existe acentuada tendência a se encarar a vida social como um sistema, no qual se considera que as relações construídas são sempre produtoras de significação. Aqui em Cabinda observamos a participação dos homens em sentadas familiares e de certo modo, é imprescindível, pois eles representam a parte, o representante chefe da família e lá64 são eles que dão a decisão final de qualquer assunto referente a sua família alargada. Assim, concordando Brandão (1991, p.18) ―A educação existe onde não há escola e por toda parte pode haver - redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criado a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado (1991, P.13). e nossa percepção de estimular a educação oficial que decorre na escola para ser complementada com outras formas de intervenção educativa na comunidade, accionando processos de animação socioeducativa e cultural, assegurados por agentes educativos tais como professores, mediadores, animadores e agentes de desenvolvimento local.

Cientes de que a relação do professor aluno no IMEC esta imbricada com o papel dos homens como chefe da família e o papel da mulher. Da mesma forma que os chefes de família se encarregam da educação nas sentadas familiares para a resolução dos problemas e aconselhamento tal igual reserva-se também o papel da mulher na educação dos mais novos assumimos o papel de conselheiros dos jovens. (professor Kebadiela, Setembro 2013)

Como referiu Hampatê Ba (1980) ―os velhos, sendo os últimos depositários desses conhecimentos, podem ser comparados com as imensas bibliotecas cujas inúmeras prateleiras estão interligadas – A oralidades e os ritos de Chikumbi, Alambamento e Circuncisão componentes educativas na vida e rituais de passagem e iniciação.

Segundo (Becker 1997,p.147) não há educador tão sábio que nada possa aprender, nem educador tão ignorante que nada possa ensinar. É crescendo e aprendendo junto com o aluno, assumindo o papel de investigador, orientador e coordenador do processo ensino aprendizagem, que o professor conseguirá alcançar os objectivos que geram há cerca da construção do conhecimento

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As trocas entre pessoas onde o saber flui pelos actos de quem sabe faz para quem não sabe aprende. a natureza, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e transmissão da sua forma particular, e exige organizações físicas e espirituais, ao conjunto dos quais damos o nome de educação.

Em um mundo marcado pela pluralidade, existe acentuada tendência a se encarar a vida social como um sistema, no qual se considera que as relações construídas são sempre produtoras de significação. A relação no contexto professor/aluno no IMEC assegura, ―a transmissão do conhecimento exige maior responsabilidade do transmissor. Esta responsabilidade parte do pressuposto de que, atrás do testemunho é o próprio valor do humano, o valor da cadeia de transmissão da qual ele faz parte; a fidedignidade das memórias individual e colectiva e o valor atribuído à verdade em uma determinada sociedade‖ Contudo, o historiador Hampatê Ba (1980, p.199) chega à conclusão de que a tradição oral, tomada no seu todo, não se resume a transmissão de narrativas ou de determinados conhecimentos. Ela é a geradora e formadora de um tipo particular do homem.

Para mim, além do salário que aumentou, a docência emprego é não são as condições existentes de trabalho, mas nas dimensões de vinculo de trabalho, veiculação de conhecimento e da influência formativa sobre outros sujeitos, apresento como inerentes à profissão docente, no IMEC tornando-a uma actividade especialmente sedutora. (Prof. Queba Diela – Entrevista – Setembro 2013)

(conforme aprendemos com os nossos familiares é muito simples diz assim faça como eu faço que vai dar certo (provérbios) e aquilo que é da ciência é isso que pretendo passar para eles é por isso que ainda continuo aqui (…) estou a caminho de aposentar, n nosso dever é passar para eles aquilo que os mais velhos nos ensinaram.

Assim, Os valores educativos se tornam socializáveis pela sociedade. O filho não é pertença de uma mãe apenas, mas de todas, É comum na sociedade cabindense que a criança pertence a mãe biológica apenas enquanto durar o período de gestação. Após seu nascimento esta criança/jovem é pertença da comunidade. Ele é responsável pela salubridade desta criança/jovem. Toda atenção em se processar à educação e os conhecimentos sociais, não se tem o futuro como meta mas, o presente que se vai prolongando através da continuidade das gerações. O valor primário dessas

sociedades reside na solidariedade. O conceito eu não existe. Existe o ―Nós‖. Entende-se que o ―nós― é a aglutinação do ―eu‖ e ―tu‖. O outro como já foi frisado acima não é ―um outro alheio‖, mas ―um outro no eu‖. Este ―outro‖ é aquele que dá no meu ―eu‖ a condição de viver, é o meu (o outro meu lado). Este princípio gerador da vida em sociedade participa em vários sectores das relações humanas em comunidade e são estes, com a entrada acentuada de valores culturais externos carregados de novas pedagogias alheias, a sociedade angolana conclama no resgate dos valores plasmados na solidariedade. Processa-se em todos os lugares e momentos, desde a intimidade familiar aos contextos públicos, permitindo que as aprendizagens se realizem no decorrer das práticas cotidianas.

Nessa perspectiva, a pesquisa buscou compreender o perfil do professor no que se refere as condições de trabalho por um lado e por outro no enfrentamento das diferenças individuais da comunidade escolar no ambiente escolar. O reconhecimento, as condições de trabalho e o trabalho às diferenças do aluno entre as categoria mais frequente nas falas dos professores, que não só reconhecem, mas também trabalham essas diferenças através do desenvolvimento de actividades individuais e grupais, reforço positivo ao aluno e contextualização do conhecimento. No geral, ainda que a maioria dos professores demonstre uma prática pedagógica favorável no trato das diferenças individuais dos alunos, ficou evidente a complexidade dessa questão no cotidiano de sua prática, principalmente ao lidar com alunos que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem ainda é gargalo a ser dissolvido.

Neste ponto concluímos que o nível de escolaridade exerce pouca influência na postura pedagógica dos professores no trato dessas diferenças dos alunos. Evidenciou, igualmente, que a formação na área de educação parece não ser um factor determinante para essa postura pedagógica.